Batata Movies – Extraordinário. O Melhor Filme Antibullying.

                 Cartaz do Filme

Toda vez que estreia um filme baseado em livros destinados ao público adolescente e que aborda a questão do bullying e do respeito à diferença, a tendência de muitas pessoas é a de torcer o nariz logo de cara. Filme chato, que cai na mesmice de outros filmes, etc., etc. O livro “Extraordinário”, de R. J. Palacio, já roda por aí nas livrarias há muito tempo. Eu sempre tive a curiosidade de comprar e ler, e oportunidades não faltaram, pois o livro foi até colocado em promoção. Mas eu sempre titubeava ao colocar a mão no bolso para comprá-lo, pois logo vinha à minha cabeça a pergunta: “E se sair um filme dele?”. Bom, o filme saiu e o livro ficou mais caro, obviamente. Pelo menos eu pude ter a oportunidade de ir ao cinema assisti-lo.

                                                                        Uma família presente

A película começa com o tal menininho, Auggie (interpretado por Jacob Tremblay) fazendo uma narração em primeira pessoa de seu parto, onde todas as suas deformações já o colocaram longe dos pais. O menino sofreu várias cirurgias para poder ver, ouvir, falar e ficar com uma aparência, digamos, menos deformada. Ele passou a infância dentro de casa, tendo aulas particulares e ficando totalmente isolado do mundo. Auggie adora ciências, viagens espaciais (tem um capacete de astronauta) e Guerra nas Estrelas. Seus pais (interpretados por Owen Wilson e Julia Roberts) são muito amorosos, assim como sua irmã Via (interpretada por Izabela Vidovic). Mas chegaria o dia em que ele iria para a 5ª série e, consequentemente, teria que frequentar uma escola e conviver com crianças. Foi nesse momento que o bicho pegou e nosso protagonista precisaria encarar a realidade de sair de sua redoma e enfrentar o mundo lá fora, com todos os seus preconceitos e perseguições.

                                                    Um menininho que precisa se enturmar…

Até aí, parece que a película é um rosário de clichês. Pais amorosos, filho com problemas de relacionamento e dificuldade de se adaptar a um mundo hostil, etc. Mas o filme apresentou algo que parece um diferencial. E o que foi esse tal de diferencial? É que o filme não orbitou apenas na figura de Auggie. Foram apresentadas, também, as vidas da Via, de uma amiga dela e de um amigo de Auggie, onde descaminhos na vida de todos esses personagens acabavam por explicar comportamentos que eles manifestavam ao longo do filme e que pareciam ser pouco éticos, mas que eram motivados por outras situações. Isso deu um enorme grau de humanidade ao filme, acabando com o mito de pessoas boas e más, mas apenas de personagens que são seres humanos, com seus desejos e angústias. Todos, por mais “perfeitos” que fossem, tinham seus problemas, inseguranças e medos. E o grande lance do filme foi como o relacionamento com Auggie ajudou as pessoas a enfrentarem suas carências, numa forma bem elaborada e inteligente de combater o bullying ao meu ver.

                                                                         Tentando se enturmar…

Como uma curiosidade, o filme também vai agradar aos fãs de Guerra nas Estrelas, pois sempre que Auggie se encontrava numa situação desagradável, ele usava a imaginação para se sentir mais confortável. E assim, volta e meia Chewbacca aparecia na escola em que estudava. Pode-se até dizer que a participação de Chewbacca em “Extraordinário” foi mais marcante que sua participação no “Episódio VIII, O Último Jedi”.

                                                       A mãe levando o filho para a escola…

E os atores? Foi legal ver Julia Roberts de volta, com uma mãe que tinha que se portar de jeito firme, mas que era bem fragilizada por dentro, em virtude da situação que passava com o filho. Owen Wilson fez o carinha legal e infantil de sempre, caindo como uma luva para esse papel (só faltou o Marley, que no filme foi substituído por uma cadelinha de nome Daisy). Jacob Tremblay conseguiu emocionar bastante. Também pudera. Ele era o menininho lá do filme “O Quarto de Jack”, onde teve boa atuação. A curiosidade ficou por conta de uma rápida participação de Sônia Braga, como a avó da família, aparecendo em flash-back. Aliás, o filme tem algumas alusões ao Brasil. A amiga de Via era chamada de Miranda e, num momento do filme, foi dito que a mãe de Auggie faria uma feijoada.

                                                                               Sônia Braga!!!

Assim, “Extraordinário” pode até ter alguns clichês, mas se diferenciou por não usar o protagonista como único objeto principal do filme e deu destaque a outros personagens, humanizando-os e valorizando a interação entre eles, pois o espectador se identificava com todo o contexto e torcia para que os mal-entendidos fossem esclarecidos. É o tipo do filme com um “happy end” bem meloso, para você sair levinho da sala.