Um filme que concorreu ao Oscar de Roteiro Adaptado passa em nossas telonas. “A Grande Jogada” é inspirada numa curiosa história real de uma moça chamada Molly Bloom, que era atleta de esqui freestyle até se acidentar e dar outro rumo para a sua vida, onde ela vai ganhar muito dinheiro organizando jogos de… pôquer. O problema é que isso lhe rendeu um violento processo que a ameaçou colocar na cadeia por muito e muito tempo. Mas ela conseguiu contratar os serviços de um advogado muito eficiente para tirá-la dessa fria. Tudo isso por um honorário que era a bagatela de… 250 mil dólares. Parece outra fria? Você nem sabe de metade da história.
De qualquer forma, o filme chama muito a atenção não somente pela trama inspirada pela incrível história real que presenciamos nos fotogramas, mas também pelo elenco. Puxando a fila, temos Jessica Chastain, uma atriz que se destaca por fazer esse papel de mulheres fortes e decididas. Só que, desta vez, foi lhe acrescentado um toque, digamos, de muita sensualidade, pois a moça se vestia de forma simultaneamente provocante e elegante para organizar seus jogos de pôquer em quartos de hotéis de luxo.
E sua clientela era de respeito: atores de Hollywood, executivos, banqueiros, etc. Apesar de todo o sex appeal com generosos decotes (estava muito bom de se ver!), nossa protagonista teve a atitude correta de não se envolver com seus clientes, o que manteve a história numa linha que poderia desbancar para algo mais piegas ou cheio de clichês. Uma outra figura positiva do elenco foi Idris Elba, que interpretou Charlie Jaffey, o advogado de Bloom.
Ele realmente esteve muito bem, fazendo um advogado de postura firme e que acreditava que sua cliente, apesar de sua culpabilidade ao desrespeitar certas leis, não era um diabo tão feio quanto pintavam. A forma firme como Elba conduziu seu personagem deu ao mesmo muita credibilidade e rendeu muita admiração. Foi realmente uma excelente atuação. Talvez até melhor do que a que ele teve em “Depois Daquela Montanha”, onde contracenou e fez par romântico com Kate Winslet. Outro ator que apareceu pouco mas que conseguiu roubar a cena em cada centímetro de fotograma (digital ou não) foi o veterano Kevin Costner. A gente, que já é cinéfilo de longa data, admira os filmes de Costner lá da segunda metade da década de 80 e a primeira metade da década de 90. Ele é um outro ator que consegue dar credibilidade ao personagem que interpreta, mas de uma forma diferente da de Elba. Enquanto este primou pelo sarcasmo em alguns momentos e por um discurso um pouco mais inflamado em outros, Costner conseguiu trazer serenidade a um personagem que podia ser severo em alguns momentos, mas que também poderia ser um apoio para Bloom em momentos mais difíceis.
O filme também leva em consideração uma questão que está muito em voga hoje em dia, que é a delação premiada. Mas como isso vai me levar para o perigoso terreno dos spoilers, paro com minha menção por aqui. Só peço ao leitor que vai ver o filme, que preste atenção em como essa tal delação é encarada no filme, sempre lembrando que a história foi inspirada em eventos reais.
Assim, “A Grande Jogada” pode até ter levado apenas uma indicação ao Oscar e ter perdido, mas é um filme com uma história real um tanto tortuosa (a vida imita a arte) e tem um elenco de três medalhões admiráveis, dois mais novos (Chastain e Elba) e outro um pouco mais antigo (Costner). Apesar de ser um filme relativamente longo (pouco mais de duas horas), vale a pena dar uma conferida.