Batata Movies – Em Pedaços. A Vingança Basta?

Cartaz do Filme

Um excelente filme que é co-produção Alemanha/França está em nossas telonas. “Em Pedaços” fala de dor, de vingança e de se tal vingança é capaz de aplacar uma dor muito grande. Esse também é um filme de denúncia, mostrando que a barbárie humana pode vir de qualquer lugar e não apenas de grupos que são vistos de forma marginalizada por aí. Também não podemos nos esquecer de que esse filme ganhou o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.

Katja e o marido. Início de uma vida feliz.

Temos aqui a história de Katja Sekerci (interpretada por Diane Kruger), uma mulher alemã que casou com um imigrante de origem turca. Ele havia sido preso por tráfico de drogas, cumpriu a pena e voltou ressocializado para a liberdade e para os braços de sua esposa. Eles tiveram um filho e tocavam um negócio. Mas tudo veio por água abaixo, quando um atentado terrorista à bomba destruiu o escritório do casal, matando pai e filho. Katja mergulha, então, num redemoinho sem fundo e já havia cortado os pulsos quando seu advogado lhe liga e diz que um casal neonazista foi acusado de praticar o atentado. Assim, Katja reúne forças para ir ao julgamento e colocar os assassinos de sua família atrás das grades. Só que essa história ainda vai reservar muitas surpresas.

Logo, uma bela família é formada…

Esse é um filme sobre atentados terroristas que envolve muçulmanos. Mas, ao contrário do que o senso comum (e o preconceito) diria, o muçulmano é que é a vítima ao invés de algoz. O filme tem o grande mérito de denunciar o assassinato de muçulmanos na Alemanha por grupos neonazistas, algo que não é muito lembrado por aí. E o cinema cumpre sua função social de denúncia.

Descobrindo que sua família foi destruída…

Mas a película não é apenas isso, pois testemunhamos toda a via-crucis de Katja em todo o seu sofrimento, sendo algo muito dolorido, e dando a impressão de que nada, nem a condenação dos réus, poderá aplacar a sua dor. Não é à toa que esse filme também foi premiado em Cannes para melhor atriz. Diane Kruger conseguiu uma atuação bem convincente, em todo o seu esplendor e intensidade. Chorávamos com ela, sofríamos com ela, odiávamos com ela. Mas também ficou o alerta de que esses grupos neonazistas são muito bem articulados em toda a Europa, constituindo-se num perigo que os atentados terroristas de grupos islâmicos radicais encobrem devido à sua forte exposição na mídia. Às vezes, é melhor você se preocupar com os problemas que vêm de fora, enquanto que sua própria sujeira é varrida para debaixo do tapete.

Sofrimento no julgamento…

Esse é também um filme de julgamento, gênero que a gente não vê muito por aí hoje e que quando volta agrada, pois todo julgamento é um forte exercício de argumentação e retórica que, se bem construído, vale a pena ser assistido e acompanhado, o que é o caso aqui. Mas essa é apenas uma parte do filme que vai ter outros lances curiosos, mas não posso contar aqui em virtude dos spoilers.

Diana Kruger fez jus ao prêmio em Cannes

Assim, “Em Pedaços” é mais um bom filme que temos da Europa, que trabalha um tema atual – o terrorismo – mas que não fala do islâmico como vilão e sim como vítima. Nesse caso, o terrorista não vem de fora e está dentro de casa. Mais um filme de denúncia e de reflexão.