Batata Movies – Um Homem Chamado Ove. Queridos Vizinhos.

Cartaz do Filme

No ano de 2017, tivemos um filme que disputou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Maquiagem e Cabelo, mas não levou nenhum dos dois prêmios. Pelo menos, valeu pela indicação. “Um Homem Chamado Ove” é uma pequena joia do cinema sueco e é uma prova de como a cultura nórdica pode fazer uma película que soa muito engraçada a nós, latinos, e, ao mesmo tempo, é um bom drama com uma grande história de vida.

Ove, um velho rabugento…

Vemos aqui a trajetória do tal Ove (interpretado por Rolf Lassgard), um senhor rabugento que era um antigo síndico do condomínio onde mora. Ele, mesmo não sendo mais o síndico, ainda impõe uma série de regras aos moradores, despertando muita antipatia em todos. As únicas outras atividades de Ove são trabalhar na fábrica em que seu pai trabalhou a vida inteira e visitar o túmulo da esposa no cemitério. Um belo dia, os seus patrões o chamaram para uma conversa, cheios de dedos, pois ele era o funcionário mais antigo, e lhe sugerem um curso de reciclagem. Percebendo a situação, Ove pediu demissão de uma só vez e foi embora. Deprimido e sem escolha, Ove resolve se suicidar. Mas quando vai se enforcar, chega um novo casal de vizinhos que adia a sua morte. A partir daí, suas tentativas de suicídio são sistematicamente interrompidas pelos seus novos (e velhos) vizinhos e surge um amável e terno relacionamento entre o velho rabugento e seus pares.

O jovem Ove. A gente entende por que ele ficou assim…

É um filme delicioso. O primeiro motivo é que, apesar da rabugice e grosseria de Ove, todos os seus vizinhos gostavam muito dele, pois ele era muito prestativo para todos, com uma ou outra exceção. Por ser muito duro, ele era o tipo de amigo que não fala o que você quer escutar, mas fala o que você tem que escutar.

Chama o síndico!!!

Isso tornou o personagem muito simpático e atraente, mesmo com todo o seu mau humor, que o deixava mais engraçado do que antipático. Outra grande virtude do filme foi ver toda a vida de Ove repaginada em flashback, desde a sua infância até a sua velhice, com tudo isso sendo muito bem distribuído ao longo de toda a película, de forma que essas incursões ao passado não provocavam descontinuidades no roteiro, sendo uma prova de que o filme foi bem escrito e, principalmente, bem montado. Ao podermos examinar toda a vida de Ove, compreendemos todos os seus sentimentos, amores, angústias e de como ele chegou ao estado de um idoso mal-humorado e muito hermético. Essa trajetória de Ove só nos tornou muito mais íntimos do personagem, com uma relação de empatia e até de identificação.

Antigos vizinhos…

Com boas qualidades assim, podemos dizer que Ove bate em muito o filme “Tony Erdmann” (que também concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro no ano passado) no humor (é um filme cuja comédia tem uma identificação bem mais rápida com a nossa forma de rir do que o filme alemão) e até no drama, pois os momentos mais comoventes de Ove suplantam em muito os momentos mais sensíveis de “Tony Erdmann”.

… e novos vizinhos amam esse senhor cativante…

Desta forma, “Um Homem Chamado Ove” é uma diversão garantida, que vale muito a pena. É um bom filme de humor e um bom filme de drama, muito digno da indicação que recebeu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Ah, e a indicação de melhor Cabelo e maquiagem também foi justa, pois ajudou muito a reconstituir os costumes da época de juventude de Ove. Vale a pena procurar essa película por aí para assisti-la.