Batata Movies – Ilha Dos Cachorros. Denunciando Maus Tratos.

Cartaz do Filme

Uma curiosa animação passou em nossas telonas. “Ilha dos Cachorros”, de Wes Anderson, tem a mensagem implícita da denúncia aos maus tratos com os bichinhos. Só que o filme faz isso de uma forma muito peculiar: usando uma animação ao estilo “stop-motion”, numa história um tanto violenta, original e carregada de algum preconceito. Façamos uma pequena análise do filme, sempre precisando dos spoilers para se aprofundar na reflexão.

Cães em situação degradante…

Vemos aqui uma trama que tem como cenário o Japão de um futuro não muito distante. O prefeito de uma cidade chamada Megasaki decide erradicar todos os cachorros (que já são malvistos no Japão desde os tempos antigos e em detrimento dos gatos), em virtude de uma suposta gripe canina. Todos eles irão para uma ilha de lixo, um aterro sanitário gigante. E o primeiro cachorro justamente a ser “deportado” para a tal ilha é o cão de guarda de Atari, um neto postiço do prefeito. Anos depois, Atari vai para a ilha à procura de seu cão de guarda, que ele mais vê como um animal de estimação, e lá encontra cinco cachorros que o ajudarão a achá-lo. O grande problema é que o prefeito, independente de seu neto correr perigo, elabora um plano para também exterminar todos os cachorros com um veneno à base de raiz forte (aquela pasta verde que a gente encontra nos restaurantes japoneses que arde que nem uma desgraça).

Um líder…

A primeira coisa que inquieta no filme é o fato do Japão ter sido escolhido como cenário de humanos que não gostam de cachorros. Como vemos pessoas fazendo maldades com os bichinhos caninos por todo o mundo, creio que seja injusto colocar toda a culpa disso nos japoneses. Assim, se o filme cumpre a nobre função de denunciar maus tratos a cachorros, por outro lado, usar o Japão somente como terreno para isso é um pouco injusto.

Um menino atrás de seu cachorrinho…

Outro detalhe que incomoda é a violência explícita do filme. Geralmente, quando vemos uma animação, a primeira ideia que vem às nossas cabeças é a de que esse filme é mais destinado a um público infantil, o que não parece ser o caso aqui, mesmo que as brigas se caracterizem por aquela estilização típica dos quadrinhos, onde vemos uma nuvenzinha com socos, pés e cabeças saindo delas. Entretanto, há uma situação em que um cachorro arranca a orelha de outro com uma dentada. E é degradante ver os animais andando em meio a lixões e substâncias tóxicas.

O amor…

O elenco ajuda. Temos vários medalhões fazendo as vozes dos personagens: Bryan Cranston, Frances Mcdormand, Bill Murray, Scarlett Johansson, Harvey Keitel, F. Murray Abrahan. Edward Norton, Jeff Goldblum, e até Yoko Ono. Embora sempre pareça um pouco artificial vozes em inglês nas animações (as versões dubladas em português são mais palatáveis e dinâmicas, enquanto que, nas versões em inglês, parece que os atores leem diante das imagens ao invés de interpretá-las), ainda assim vale a pena ver a versão original em inglês para saborear as vozes de tantos atores consagrados.

O diretor Wes Anderson

Dessa forma, “Ilha dos Cachorros” é uma experiência que o espectador não deve deixar de ter, pois vemos aqui um filme até certo ponto divertido e muito exótico, embora carregado de algum preconceito. Ah, e defende os cachorrinhos, denunciando abusos e maus tratos contra eles, o único laço com a vida real que o filme traz. Vale a pena dar uma conferida quando sair no DVD e Blu-Ray.