Um grande filme brasileiro sobre uma grande personalidade de nosso esporte. “10 Segundos Para Vencer”, de José Alvarenga, fala da trajetória do pugilista Éder Jofre, um dos dez maiores boxeadores de todos os tempos. Estrelado por Daniel de Oliveira e Osmar Prado, essa cinebiografia lembra grandes filmes sobre esse esporte tais como “Rocky”, “Creed” e “O Campeão”, com a grande vantagem de que temos uma história real aqui que nada fica a dever às fantasias da ficção.
Podemos ver nessa película, a vida de Jofre (interpretado por Oliveira) desde a infância até a conquista de seu segundo título mundial (Jofre foi campeão mundial em duas categorias – peso galo e peso pena – uma proeza considerada rara no mundo do boxe) aos 37 anos, sempre do ponto de vista do relacionamento com seu pai, Kid Jofre (interpretado por Prado), um treinador que exigia muita, mas muita dedicação, o que atrapalhava a vida de nosso protagonista com sua esposa Angelina (interpretada por Sandra Corveloni). O grande mote da história é justamente esse: Jofre continua se dedicando mais à profissão do que à família ou ele abandona o boxe para estar mais perto de sua esposa e de seu filho? Qualquer uma das opções que ele abrace pode trazer pontos positivos e negativos.
O filme também lança mão de imagens de arquivo, onde vemos lutas reais de Jofre com os seus oponentes, intercaladas com imagens tratadas por CGI (para parecerem velhas imagens de arquivo) onde Oliveira e Prado simulam as vitórias do famoso pugilista. Essa é uma escolha interessante, pois dá uma certa legitimidade à coisa, além de nos aproximar com o Éder Jofre real. Ao final da película, uma série de fotografias de Éder, seu pai Kid e sua família aparecem, nos aproximando mais ainda da realidade que o filme buscou ilustrar.
E os atores? Mesmo com Oliveira sendo o protagonista e atuando muito bem, esse filme definitivamente tem um nome: Osmar Prado. Sua atuação foi simplesmente impecável como Kid Jofre, o pai durão que não media esforços para tornar o filho um grande pugilista. Mas, ao contrário do que pode parecer, sua atuação não foi plana, mesmo que o personagem pareça ser de uma característica só.
O velho durão também aparentava fraqueza já na idade avançada com os problemas do pulmão agravados pelo fumo compulsivo. Vemos momentos, também, onde lágrimas sinceras brotam dos olhos do velho, ou a voz embargada quando conversa com o filho antes da luta que irá consagrá-lo com o segundo título mundial. Ou seja, Prado consegue fantásticas nuances emocionais em seu personagem, confirmando todo o talento que tem.
Assim, “10 Segundos Para Vencer” é um filme importantíssimo para nos recordar desse grande ídolo de nosso esporte, que é Éder Jofre, assim também como para apresentá-lo às futuras gerações. Temos um Daniel de Oliveira em boa atuação, pegando o sotaque e os trejeitos de Jofre mas, sem a menor sombra de dúvida, esse é um filme para a gente ver Osmar Prado atuando, o que já vale o preço do ingresso. Um ótimo filme brasileiro e um programa imperdível.