Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 8) Se Não Falha A Memória. Fan Service Para Os Dinossauros.

Referência direta a “A Jaula”…

Mais um episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”. “Se Não Falha a Memória” pode ser considerado mais um bom episódio da série, considerando o rodízio episódios bons – episódios ruins, e bom também pelo fato de que ele é um tremendo fan service para os trekkers mais antigos, pois faz uma alusão direta ao primeiríssimo episódio piloto de Jornada nas Estrelas, “A Jaula”. Temos, inclusive, a aparição de cenas originais de “A Jaula” no início do episódio, até talvez para que os fãs mais novos que não tiveram contato com outras séries e momentos de Jornada nas Estrelas pudessem conhecer a referência.

As plantinhas ainda estão lá…

Vamos ao plot. A Seção 31 conversa com o comando da Frota Estelar (é a entidade secreta mais conhecida da galáxia) e eles acertam que vão colocar as naves para procurar Burnham e Spock, com exceção da Discovery, por motivos óbvios (Pike é o capitão de Spock e Burnham é tripulante). Mas a Discovery deve relatar à Seção 31 imediatamente se Burnham entrar em contato. A Imperatriz passa essas ordens para Pike, sem falar por que a Discovery está fora da busca, obviamente, e Pike desobedece parcialmente a ordem, ficando parado mas tentando rastrear Burnham, para desespero de Tyler, que prefere que a moça se vire sozinha, pois tem (como sempre) toda a capacidade para isso. Enquanto isso, Burnham e Spock chegam a Talos IV e encontram um enorme buraco negro. Burnham tenta se desviar mas Spock a impede, pois o buraco negro é uma ilusão imposta pelos talosianos como defesa. Enquanto isso, Culber e Stamets se desentendem. O médico não mais sabe quem é e não aguenta mais as investidas do engenheiro, pedindo para que ele tome o seu próprio caminho. Culber também vê Tyler na nave, ficando muito revoltado. Em Talos IV, Burnham encontra Vina e esta fala de toda a história que vimos em “A Jaula”. A moça fala que os talosianos querem ver Burnham e Spock. Eles propõem salvar Spock de sua loucura e dar acesso da mente de Spock a Burnham em troca dos dois compartilharem seu passado de dor com os talosianos. Burnham, como uma menina mimadinha, se recusa a princípio (difícil de entender isso, pois saber o que Spock tem em sua mente é vital para a questão do Anjo Vermelho), mas Vina a convence, mostrando seu rosto cheio de cicatrizes e dizendo que os talosianos não são tão maus como parecem, pois eles lhe deram uma nova vida. Burnham concorda desde que veja a mente de Spock primeiro. A visão de Spock começa com a fuga de Burnham pela floresta vulcana. O menino vê tudo e percebe quando Burnham é perseguida por uma espécie de cachorrinho do mato (um inseto que existe aqui na minha área) gigante. Spock fala com os pais, que a salvam. Spock viu o anjo pela primeira vez ali naquela situação. Anos depois, ele recebe um sinal para ir a um planeta remoto e se depara com o Anjo. Ele faz um elo mental com o anjo e a cara de Burnham aparece (essa sequência dá uma pista – que pode ser falsa ou não – de que Burnham seria mesmo o tal Anjo Vermelho); logo depois, ela vê uma guerra com muitos planetas sendo destruídos, extinguindo a vida na galáxia. Depois disso, a gente vê os dois irmãos batendo muita boca, com Burnham levando a melhor em alguns momentos e Spock levando a melhor em outros. Pelo menos me pareceu que Spock deu mais foras na Burnham (havia muito mais em jogo do que uma mera querela familiar) e confesso que gostei da interpretação do Ethan Peck também por causa disso. Ele foi bem contido, sem inventividades, fazendo o arroz com feijão. E conseguiu convencer com isso, sobretudo com sua voz grave que lembrava Nimoy e também o seu avô, o Gregory Peck, que daria até um bom vulcano vendo essa interpretação de seu neto agora. Mas, voltando ao plot. Spock dá a entender que o anjo tem pensamentos humanos, onde o desespero e a solidão dão a tônica. Os talosianos ainda fazem Burnham ver o que aconteceu com Spock na clínica psiquiátrica e viram que ele fugiu sem matar ninguém, apenas aplicando o toque neural vulcano. Na Discovery, Saru diz a Pike que muitos dados estão sendo enviados para um destino desconhecido e sem autorização. Pike pede que Saru investigue quem manda esses dados para fora da nave. Ainda, Culber sai na porrada com Tyler, com o consentimento de Saru e os dois param de brigar quando um diz para o outro que não sabe mais quem é, ou seja, a briga foi boa no sentido de que houve uma identificação entre os dois. Será que vai rolar algo? Agora, que a pancadaria foi muito pior que o Mortal Kombat da Burnham com a Imperatriz, ah isso foi! Como eles brigam mal!!! E, para piorar a situação, Saru ainda disse ao capitão que deixou os dois brigarem, pois achava que era assim que dois homens deviam resolver seus problemas, ou seja, mais uma questão do macho alfa em pleno século 23 (até Culber quis ser macho alfa, só espero que ele não vire homofóbico agora). Mesmo que digam que Kirk era o macho alfa por excelência, ainda creio que tais equívocos do passado não precisavam se repetir aqui numa série de 2018 falando do século 23. O machismo no futuro deveria ser encarado na série como uma questão já superada e não colocada de forma tão escrachada desse jeito para justificar um empoderamento feminino das personagens com mais protagonismo. As coisas deveriam ser mais espontâneas ao invés de forçadas. Pelo menos, Pike disse que essa situação não deve se repetir, já que a violência não leva a nada e o código de conduta deve ser cumprido. Tenho gostado mais dessa postura de capitão que o Pike tem tomado nos últimos episódios, pois a tripulação da Discovery é rebelde demais e tem horas que o capitão realmente precisa subir nas tamancas.

Vina again…

Voltando novamente ao plot, Pike retorna para sua sala e reencontra Vina, que conversa sobre o passado dos dois e mostra ao capitão uma transmissão subespacial onde Spock e Burnham o põem a par de tudo. Pike decide ir para Talos IV depois da conversa com Burnham e Spock, mas o motor de esporos foi sabotado. A culpa recaiu sobre Tyler, sob a alegação de que ele queria manter a nave parada (tal como queria a Seção 31) e que as mensagens foram enviadas por ele (acharam seus códigos de acesso na transmissão das mensagens). Usando o argumento de que a Seção 31 faz técnicas neurológicas invasivas e Tyler pode ter sofrido tudo isso sem saber, Pike o confina a seu alojamento. E Airiam, com a maior cara de inocente, e as luzinhas vermelhas piscando em seu olho. Em Talos IV, Spock e Burnham, pelo acordo com os talosianos, devem compartilhar suas dores do passado. Burnham fugiu de casa, pois era uma ameaça para a família por causa dos extremistas da lógica. Mas Spock não queria que ela fosse embora. Assim, ela o ofendeu profundamente, para que ele pudesse sentir raiva dela e ela poder ir embora. Ele disse que essa foi uma atitude lógica e que o fez seguir seu caminho. Mesmo assim, o diálogo mostra um ressentimento muito forte entre eles, o que deixa Burnham arrasada.

Emocionante reencontro com Pike…

A Discovery chega a Talos IV com a nave de Leland em seu encalço, mesmo que Pike tenha tentado despistar a Seção 31. As duas naves travam o transporte em Spock e Burnham, podendo despedaçá-los. Pike recua, aconselhado por Vina, e deixa os dois irem para a nave da Seção 31. Mas na verdade, a presença dos dois na nave de Leland era uma ilusão talosiana e Burnham e Spock retornam para a Discovery na nave auxiliar. Spock dá um pequeno sorriso ao rever Pike ao vivo (alusão ao sorriso de Spock Nimoy em “A Jaula”). O episódio termina com a Discovery tendo que resolver o problema do Anjo Vermelho (e da futura destruição de toda a vida na galáxia) e ainda fugir da Seção 31 e da Federação, que estão em seu encalço.

Deixa os machos se entenderem!!!

O que podemos dizer mais desse episódio? A gente pode considerar que esse foi o verdadeiro episódio de estreia de Spock em Discovery, pois no episódio anterior seu estado meio lunático ainda não dava para se tirar qualquer impressão do que seria Spock na série. Retirando o fato de que sempre é bom ver Spock de volta, volto a dizer que comprei a atuação de Ethan Peck. Alguns acham a atuação de Zachary Quinto melhor. Talvez. Me parece que Quinto estudou mais o personagem, havendo a vantagem dele ter podido interagir com o próprio Nimoy. O problema foi a emotividade excessiva que Spock sofreu no Abramsverse. Agora, Peck faz um feijão com arroz, sem muitos trejeitos e que rende bem, mesmo quando tem que se passar por algumas falas ruins como vimos depois que os talosianos obrigam os irmãos a reabrir as feridas do passado. Aquela fala onde ele deixa claro que perdeu tudo foi bem desnecessária. A gente aceita até o momento em que ele diz que mergulhou de cabeça na lógica para não ficar suscetível à experiências emocionais como as que ele teve com Burnham, mas depois ele destrói esse argumento dizendo que ele perdeu tudo, até a lógica. Típica coisa mal escrita por causa de um exagero dramático. Pelo menos, espero que Discovery apresente Spock de uma forma bem mais lógica do que emocional nos próximos episódios, pois aqui ele soube levar as querelas emocionais com Burnham sem explosões de paroxismo. Que continue desse jeito.

Um bom Spock…

A ideia de Talos IV foi boa, pois além do fan service, o argumento de trazer de volta os talosianos foi a capacidade deles de curar Spock e de ser um terreno propício para os dois irmãos interagirem, ligando suas mentes. Ou seja, não se fez aqui um fan service jogado de qualquer jeito. A argumentação para se trazer os talosianos foi válida e encaixou bem na história do arco principal, aproximando mais Discovery de Jornada nas Estrelas.

Confesso que ainda me assusta a ideia de que o Anjo Vermelho pode ser a Burnham. Dar um protagonismo excessivo à essa personagem é um dos problemas mais graves dessa série e a história ir nessa direção só pioraria esse problema. Seria muito melhor a meu ver um personagem inteiramente desconhecido como Anjo, mas pelo rumo que a história está tomando (que o Anjo vem do futuro e é humano) parece que vai ser alguém conhecido mesmo. Que os roteiristas da Discovery não sejam tão óbvios como na temporada passada quando a característica klingon de Tyler ficou bem clara muito cedo.

Relação ainda conflituosa com a irmã…

Agora, que está muito engraçadinho a Airiam com a maior cara de inocente e dando uma volta em todo mundo, ah isso está. Sei não, estou achando essa tripulação incompetente demais para demorar tanto a detectar esse problema. Não se roda um diagnóstico nessa nave e se detecta logo uma invasão do sistema? Eles pelo menos poderiam ter detectado o problema e já começado a investigar demorando um tempo até chegar a Airiam. Do jeito que está, do tipo, “ah, tô enganando todo mundo!” pega meio mal.

… mas, para sacanear a Seção 31, vale até uma aproximação…

No mais, a coisa da Discovery agora estar contra tudo e contra todos, com a Seção 31 e a Frota Estelar juntas atrás da nave como vilãs, dá um ingrediente novo à história, embora isso não tenha a menor cada de Jornada nas Estrelas, devo dizer. Primeiro que a Seção 31 é ultrassecreta originalmente e aqui ela é mais conhecida (desculpem a piada infame) que o agente secreto português Manoel do terceiro andar (todo mundo sabe quem é). E mais: a Federação e a Frota Estelar, utópicas como elas só, seriam tão distópicas agora? Muito esquisito isso. Por isso que eu começo a entender Discovery como uma livre adaptação de Jornada nas Estrelas, sem a menor necessidade de seguir qualquer cânone, assim como aconteceu no Abramsverse. Só gostaria que os roteiristas e os vários showrunners (já estamos chegando ao quinto, caramba!) pensassem o mesmo, pois engolir algumas coisas goela abaixo como cânone está sendo sofrível.

De qualquer forma, “Se Não Falha A Memória” foi um bom episódio. Tivemos um bom fan service e um bom Spock. A nave agora segue como uma renegada, perseguida por todo mundo, e fica a expectativa em cima da Airiam e de Culber. E que o Stamets tenha melhor sorte, tadinho. Deu dó dele nesse episódio.

2 comentários em “Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 8) Se Não Falha A Memória. Fan Service Para Os Dinossauros.”

  1. O único episódio dessa série que eu consegui assistir até o fim e que até consideraria assistir novamente, em um futuro distante. O fato indelével é que Michael é insuportável e a forma com a qual foi reconcebida a Seção 31 é muito infantil, para dizer o mínimo.

    1. tem algumas coisas nessa série que realmente sao complicadas…

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