Outro tesouro…
Mês: setembro 2019
Batata Movies – Bacurau. Uma Cidade Que Não Está No Mapa.
“Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, foi um filme que provocou grande estardalhaço antes mesmo de sua estreia, pois ganhou o prêmio do júri em Cannes e faz alusões aos dias autoritários em que temos vivido. Tudo isso criou um clima de curiosidade em torno da película que foi sanado depois de sua estreia. Para analisarmos o filme, vamos lançar mão de spoilers aqui.
Mas, no que consiste o plot do filme? Em primeiro lugar, ele se passa “daqui a alguns anos”, ou seja, num futuro não muito distante, mais exatamente no Oeste de Pernambuco, numa pequena cidadezinha de nome Bacurau. Como muitas cidades nordestinas, ela sofre com a crônica falta d’água, mas tem um estrato cultural muito forte, assim como seu senso de comunidade. Os moradores, por exemplo, repeliam com rispidez o prefeito da cidade, que concorria à reeleição, mas tinha promessas vazias quanto ao problema da água. Um belo dia, vários cavalos soltos de uma fazenda próxima invadiram a cidade. Dois moradores foram à fazenda. Ao mesmo tempo, um caminhão pipa chega com perfurações de bala, assim como dois motoqueiros de fora passam pela cidade. Esses três eventos estranhos mudarão para sempre a rotina da cidade, pois estão ligados à presença de americanos que gostam de alvejar as pessoas por esporte e com suas armas antigas somente para descarregar a tensão. Usando a tecnologia, pouco a pouco os americanos riscavam a pequena cidade do mapa: a apagaram do GPS, tiraram o sinal de celular e a energia elétrica, tudo para ter liberdade para exterminar todo mundo sem deixar rastros. De acordo com as circunstâncias, parece que a cidade não terá a menor chance. Mas como a população de Bacurau é muito apegada às suas tradições a ponto de manter um museu na cidade, e essas tradições estavam ligadas a uma quadrilha de cangaceiros, podemos dizer, no popular de hoje, que “deu ruim” para os gringos.
O filme trabalha uma grande alegoria. O tom distópico encontrado na legenda inicial “daqui a alguns anos” e nos fuzilamentos do Vale do Anhangabaú, exibidos ao vivo na televisão ajudam a associar o macrocosmos do Brasil do amanhã que todos nós tememos com a realidade microcósmica surreal que Bacurau é obrigada a enfrentar: uma população sob risco de massacre por forças políticas que usam como cães de guarda americanos belicistas e tresloucados, com o total desprezo pela vida humana nativa, a quem os americanos associam a macacos. É de se refletir ao ver todo esse panorama no filme e constatar, na vida real, ligações um tanto torpes de grupos americanos e brasileiros que têm um projeto um tanto apocalíptico para nosso país. Pode-se dizer, nesse ponto, que a alegoria funcionou muito bem.
O que podemos dizer dos atores? Temos aqui dois medalhões: Sônia Braga e Udo Kier. A primeira faz Domingas, a médica local, uma personagem muito dura e de arroubos erráticos, sobretudo na morte da líder local ao início do filme, onde a doutora aparece bêbada e deprimida no velório. Sei não, mas esse timing não foi muito bom para a personagem, que adentrou o filme visivelmente transtornada com a perda e ficou com uma impressão inicial de ser ruim das ideias, quando não era nada disso (Domingas consegue até ser bem racional). Já Udo Kier faz Michael, o líder dos americanos zuretas e assassinos. Inicialmente frio, Michael faz um percurso inverso ao de Domingas, abandonando a sua racionalidade e frieza para se confirmar como o pior psicopata da trupe americana, matando até alguns de seus colegas (ou eliminando a concorrência do jogo de “quem mata mais”?). O encontro desses dois personagens, inevitável para o bom andamento do filme, foi problemático, pois soou muito falso Michael não executar Domingas. Mas, da forma que a história foi concebida, parecia não haver muito jeito, pois não dava para Domingas metralhar Michael ou ela conversar com ele moribundo depois de baleado, já que ele foi enterrado vivo e seu castigo era definhar consciente com a falta de comida, água e, principalmente, ar.
Agora, o grande lance foi o passado cangaceiro de Bacurau, manifesto no museu, que assumiu tons macabros e salientou a ideia geral de que “contra a violência reinante em nosso país, ninguém pode”. Mas também foi um embate entre a cultura local e o intervencionismo estrangeiro, entre a tradição e a modernidade, com o humor negro do ex-matador Pacote (interpretado por Tomás Aquino) perguntando aos citadinos se as cabeças decapitadas não foram um exagero. Ainda, com relação à cultura local, os psicotrópicos que entorpeciam a população também tiveram um destaque especial, algo meio indígena de conhecimento de plantas locais que ajudou na empreitada contra os estrangeiros.
Dessa forma, “Bacurau” foi uma grata surpresa, um thriller emocionante e um tanto surreal, que trabalha uma alegoria contemporânea e o embate entre o local e o estrangeiro, a tradição e a modernidade. Um filme que trabalha o tema da resistência, tão em voga nos dias de hoje. Programa imperdível.
Batata Movies – Yesterday. O Que Aconteceria Se…
Um filme esperado. “Yesterday”, de Danny Boyle, conta uma história engraçadinha usando como personagens principais as músicas dos Beatles. Mas o filme convida a uma reflexão bem ao estilo do “O que aconteceria se…”, da Marvel. O se aqui é exatamente o desaparecimento do sucesso dos Beatles da face da Terra. Para podermos analisar esse filme, vamos lançar mão dos spoilers.
Bem, vamos ao plot. Jack Malik (interpretado por Himesh Patel) é aquilo que chamamos por aqui de cantor de churrascaria. Ele sempre procura um lugarzinho para tocar por uns trocados, recebendo pouquíssima atenção do público, mas é estimulado pelos poucos amigos e, principalmente por Ellie (interpretada pela “Cinderela” Lily James), um misto de empresária, amiga de infância e pseudo namorada. Numa bela noite, Jack volta para casa de bicicleta e é atropelado por um ônibus enquanto há um pico de energia de dimensões planetárias. O cara vai parar no hospital sem os dentes da frente, despertando mais graça do que pena. E aí, enquanto se recupera, ganha de presente de Ellie um violão, e começa a dedilhar e cantar “Yesterday”, dos Beatles, deixando os amigos maravilhados, que perguntam que música é aquela. Vai ser nesse momento que Jack percebe que ninguém sabe mais quem são os Beatles. E aí ele aproveita a oportunidade e começa a usar as músicas dos Beatles para alavancar a sua carreira, tornando-se uma estrela mundial. O problema é que o estrelato trará algumas complicações, como, por exemplo, o afastamento de Ellie de sua vida e a distorção do uso dos Beatles em função do interesse contemporâneo pelo dinheiro.
O filme perturba a nossa cabeça, pois ele nos dá a entender que, se os Beatles tentassem a carreira hoje, eles não teriam muito espaço para algumas de suas composições, já que, nos dias atuais, há toda uma tecnologia, um imediatismo e um interesse pelo dinheiro rápido que não está em consonância com os dias mais prosaicos da década de 60. Por exemplo, o álbum “Sargent Pepper’s Lonely Hearts Club Band” foi rechaçado pelos empresários de Jack, pois era um título muito grande e complicado. E o negócio é a rápida absorção, por parte do público, das músicas para se impulsionar logo as vendas e se ganhar muito dinheiro. Vendo essa questão levantada pelo filme a gente se pergunta: e nos anos 60? O empresário dos Beatles também não estava interessado em ganhar dinheiro? É obvio que sim. Entretanto, o ritmo das coisas e as mídias eram completamente diferentes, como se elas permitissem mais brechas para uma liberdade criativa.
Uma coisa que é hilária é que os Beatles não foram os únicos a desaparecer da face da Terra. Outros ícones tais como a Coca Cola e Harry Potter também não existem mais. E quando Jack via que as pessoas não conheciam tais ícones, ele saía correndo em direção a um computador para pesquisar no Google, não encontrando os resultados corretos. Mas, uma coisa é certa: um mundo sem os Beatles era muito pior. Foi o que disseram a Jack dois fãs que ainda se lembravam dos Beatles e que lhes deram o endereço de, ninguém mais, ninguém menos do que John Lennon, que estava vivo, do alto de seus 78 anos. Jack o visitou e descobriu que, nessa realidade alternativa, John teve uma vida muito boa e uma velhice tranquila, sendo a coisa boa desse “O que aconteceria se…”. O mais impressionante foi ver o ator que interpretou John Lennon, o veterano Robert Carlyle, que já foi até vilão de filme de James Bond. O cara estava igualzinho.
Os atores foram bem. Himesh Patel convenceu com o seu tom meio abobalhado e perplexo pela situação inusitada que passava. E Lily James estava fofíssima e serelepe, muito à vontade com sua personagem Ellie. Confesso que gostei muito dela e de sua atuação, mais até do que Patel.
O filme teve um momento mais lento, justamente quando Jack tentava emplacar as músicas dos Beatles e a coisa não engrenava inicialmente. O senso comum do personagem (e o nosso) dizia que o sucesso dos Beatles era algo automático. Mas não foi. Ou seja, sempre se precisa pastar e correr atrás (como os Beatles correram), mesmo se você tem obras-primas à mão. Até elas serem reconhecidas, demora. Outro mito derrubado é o seguinte: mesmo sendo muito popular, não dá para guardar de cabeça todas as músicas dos Beatles. Jack teve que pagar um dobrado para relembrar as músicas e suas letras, agora que elas não existiam mais. Nosso protagonista, inclusive, teve que fazer um tour por Liverpool para refrescar a memória, o que foi um deleite para os espectadores, pois vários pontos turísticos de beatlemaníacos apareceram na película.
Dessa forma, “Yesterday” até não é uma coisa de se encher os olhos, mas tem os seus encantos. A gente se diverte com as músicas e com a interpretação do casal protagonista. A gente reflete sobre as chances que os Beatles teriam hoje, num mundo mais controlado pela alta velocidade da informação (olha aí mais uma vez o embate tradição-modernidade, com a primeira sendo elencada como virtuosa). Por essas virtudes, vale a pena dar uma conferida. E não se esqueça de ficar na sala durante todos os créditos finais, pois tem “Hey Jude” cantada pelo Paul McCartney.
Batata Books – Provação. Guerra nas Estrelas Regada a Sangue.
Falemos hoje de mais um livro que A Editora Aleph lançou do Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”. “Provação”, de Troy Denning, cuja história traz de volta os bons e velhos heróis Han Solo, Princesa Leia Organa Solo e Luke Skywalker. Uma história emocionante que é regada à muita ação e que incrementa ainda mais a saga de “Guerra nas Estrelas”, que deve muito a essas histórias “não oficiais”. Vamos falar um pouco desse bom livro, lembrando que vamos esbarrar em alguns “spoilers” aqui.
Os acontecimentos de “Provação” se passam quarenta anos depois de “O Retorno de Jedi”, quando o Império finalmente fora totalmente derrotado e a Ordem Jedi estava reconstituída. Han, Leia e Luke já estavam mais aplacados pelo peso da idade, mas não tinham saído da ativa. As forças do mal ainda azucrinavam a galáxia distante. Dessa vez, o vilão é uma empresa chamada Tecnologias de Exploração Galáctica (TEG), comandadas por dois irmãos da espécie Columi, Marvid e Craitheus Qreph. Eles tinham grandes crânios que eram dotados de uma inteligência muito pronunciada, somente não maior que suas ambições de controlar economicamente toda a galáxia. Os irmãos Qreph tentavam dominar uma região rica em minérios dentro de uma espessa nebulosa, onde Lando Calrissian tinha uma mineradora. Assim, os Qreph tentavam de todo modo pressionar Lando para que ele vendesse seu negócio. Para fazer suas sabotagens e artimanhas, os Qreph mantinham exércitos mandalorianos, e seres reptilóides conhecidos como Nargons. Como Lando está em maus lençóis com os Qreph, Han, Leia e Luke vão à nebulosa investigar. Mas o imbróglio parece ser muito maior que a ambição desenfreada dos Qreph. Um imbróglio que cheira a Siths.
Essa rápida sinopse nos dá uma ideia de como a história é cativante. Ao contrário da Trilogia Thrawn, onde as querelas políticas se fazem mais presentes, em “Provação”, as fortes cenas de ação são praticamente uma constante na história. Cabe frisar aqui que, em vários momentos, presenciamos uma violência extrema, e o autor judiou muito de nossos protagonistas, enchendo-os de torturas, explosões e ferimentos. Denning chega às fronteiras do sadismo ao descrever com detalhes os ferimentos nos corpos de Luke, Leia e Solo à cada ação mal sucedida, numa violência ao meu ver, um tanto desnecessária, justamente por ser desmedida.
Um problema na história é o excesso de personagens, sendo que alguns deles praticamente são apenas citados e não voltam mais à história, enquanto que outros permaneceram ao longo da trama. Outro problema no livro é que, como se passaram quarenta anos desde o “Retorno de Jedi”, muitas coisas aconteceram nesse meio tempo e são superficialmente contadas pelo autor, parecendo totalmente descoladas da história principal. Faladas tão rapidamente, esses pequenos detalhes nos dão a impressão de que temos várias pontas soltas que pouco ou quase nada acrescentam à trama.
A presença dos Sith na história também é errática e confusa. Denning acrescenta uma série de elementos aos Sith que poderiam ter sido bem explorados nos últimos 25% de texto, mas foram subaproveitados, como se o autor simplesmente não soubesse amarrar bem as pontas soltas (olha elas aí de novo!) para fazer um bom desfecho para a história. Será que isso foi feito intencionalmente como gancho para uma continuação do livro? Pode ser. Mas a verdade é que a coisa ficou um tanto confusa e com aparência de mal escrita. Ainda, a grande vilã Sith, Savara Raine, uma pós-adolescente muito invocada e maligna, foi mal aproveitada na história. A impressão é a de que ela poderia ter sido mais presente na trama. E não empolgou tanto como o Grão Almirante Thrawn da trilogia de Timothy Zahn, por exemplo.
Apesar desses pequenos problemas na estrutura narrativa da história, o livro ainda nos traz interessantes reflexões. A violência dos métodos dos irmãos Qreph levava Leia a explosões de ódio, rechaçadas pelo argumento de Luke de que a raiva e o medo são um caminho para o lado sombrio. Tal discurso aparece recorrentemente no texto. Mas o mais interessante foi uma série de argumentações que o autor fez com o conceito de Força, dando-lha adjetivos altamente antagônicos, levando a coisa a um certo ar, digamos barroco, que também prima pelo jogo com as antíteses. Não vou entrar em detalhes aqui para não dar mais “spoilers”.
Concluindo, se “Provação” nos deu um texto com alguns problemas, por outro lado tivemos uma boa história de ação. Sua leitura é empolgante, embora menos do que a Trilogia Thrawn. Mas ainda assim, vale a pena e é mais uma contribuição interessante ao Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”
Batata Books – Sombras do Império. Um Lagarto Metido a Besta.
Mais um livro do Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas” lançado pela Aleph. “Sombras do Império” se passa entre “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”. Esse livro da série “Legends”, escrito por Steve Perry, busca preencher a lacuna deixada ao final do Episódio V, quando Lando e Chewie vão à busca de Han Solo, sob olhares esperançosos de Luke e Leia num exílio fora da galáxia. A pista é seguir os passos de Boba Fett e tentar resgatar Solo antes que ele fique em poder de Jabba, o Hutt. Mas Luke e Leia não ficarão apenas no aguardo do sucesso de Lando e partem em sua ajuda. O jovem cavaleiro jedi ainda está em treinamento e não domina todas as técnicas. Leia, por sua vez, mal sabe de suas habilidades e ainda as tateia.
Do lado do Império, Vader e o Imperador maquinam planos para capturar Luke vivo e trazê-lo para o lado sombrio, já que seu poder é imenso e Vader quer moldá-lo aos seus desejos. Mas um elemento novo será adicionado a essa trama: a organização criminosa Sol Negro, comandada pelo Príncipe Xizor, da espécie Falleen, cujos ancestrais haviam sido reptilianos. Xizor é uma figura extremamente poderosa e sua influência se estende por vários pontos da Galáxia, numa rede de negociatas e corrupções. Nosso amigo do Sol Negro é extremamente convencido e arrogante, e na sua luta por mais poder e influência, faz um perigoso jogo com o Imperador, o que desperta a ira de Vader. Como há um interesse em Luke por parte do Imperador e Vader, Xizor também vai querer capturá-lo e matá-lo, principalmente para tripudiar com Vader, que percebe seus joguetes. Assim, o grande atrativo do livro é esse duelo entre Xizor e Vader.
Mas há outras curiosidades interessantes. Han Solo estava congelado na carbonita? Tudo bem, foi criado um personagem praticamente à imagem e semelhança de Solo, Dash Rendar, um mercenário altamente convencido e divertido, que inclusive colocava Lando em várias saias justas. E outro detalhe muito instigante. Como Luke Skywalker perdeu seu sabre de luz (e a mão) em “O Império Contra Ataca”, podemos ver no livro todos os detalhes da construção do novo sabre pelo jovem cavaleiro Jedi, um processo que era meticuloso e passível de vários riscos, inclusive fatais. Para quem tem curiosidade de saber como um sabre de luz é construído, esse livro é uma peça fundamental.
Entretanto, o livro tem problemas. Ele está muito centrado no personagem de Xizor, o que chega a ser irritante, dada toda a sua marra. O homem se acha o gostosão não somente em seu poder econômico e até, de uma certa forma, político, mas também na arte da conquista das mulheres, já que ele exala irresistíveis feromônios. E aí o príncipe verdinho vai querer conquistar Leia, que busca contato com o Sol Negro para negociar informações que levem ao paradeiro de Han Solo. Essa atenção excessiva foi deliberada por parte do autor para tornar Xizor tão odioso que a gente chega até a torcer por Vader nesse duelo particular. Todo um detalhamento da vida de Xizor foi feito e, quanto mais sabíamos dele, mais insuportáveis ficavam sua autoconfiança e arrogância. Sabemos que esse foco explícito em Xizor também se deu para tornar o personagem muito conhecido e alavancar suas vendas em “action figures”. À propósito, “Sombras do Império” foi um projeto multimídia lançado pela Lucasfilm em 1996 que tinha, além do livro, quadrinhos e jogos de videogame e só conhecemos detalhadamente a história se tomarmos contato com essas três mídias.
O desfecho do livro foi pirotécnico, interessante por ser cheio de ação e combates espaciais. Mas “Sombras do Império” não foi um dos melhores livros do Universo Expandido. Talvez as melhores partes dele sejam as que se refiram a Vader, onde há uma passagem em que fica bem claro a aversão do senhor sombrio à hipocrisia nas disputas pelo poder. Vader se sentia muito mais à vontade na sinceridade da agressividade do guerreiro do que na falsidade dos joguetes políticos. E isso somente aumentava seu ódio por Xizor, que era um mestre em demagogias e manipulações. E parecia estar manipulando o Imperador em busca de seus interesses. Parecia…
Outros elementos alusivos à Vader são dignos de destaque. Suas técnicas jedi para curar suas lesões, o uso da raiva para sobreviver por um curto período de tempo fora da proteção de sua roupa e de sua câmara, a dor que ele sentia ao sorrir (ou seja, ao estar alegre) quando pensava em Luke. Desse ponto de vista, o livro valeu, e muito. Mas tinha aquele lagartão metido à besta que era o Xizor. Esqueci de falar ainda da androide Guri, o braço direito de Xizor, em formato de mulher loura altamente sensual, mas extremamente perigosa e fria. Fazer uma memória visual dessa personagem foi uma experiência bem agradável e foi uma interessante personagem, pois ela sempre buscava colocar Xizor nos prumos quando ele ficava excessivamente excitado, principalmente por Leia. Era um misto de ciúme e protocolos de sua programação.
Dessa forma, se “Sombras do Império” não chega a ser um grande livro do Universo Expandido, por ter sido desproporcional na atenção dispensada ao personagem Xizor, ainda assim sua leitura é recomendável, principalmente quando o livro se refere a Vader, seus desejos, alegrias e ódios. Mais uma leitura curiosa que a Aleph trouxe para a gente.
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