Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 2), Mapas e Lendas. Exagerando Uma Distopia.

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Um andróide assassino…

A série “Jornada nas Estrelas Picard” chega ao seu segundo episódio e temos aqui, depois do ritmo um tanto frenético do episódio de estreia, algo um pouco mais cadenciado. Por um lado, isso foi bom, pois não tivemos as ceninhas de ação regadas a muita luta. Por outro lado, entretanto, alguns problemas um pouco mais sérios apareceram. Para podermos falar aqui do episódio, vamos precisar de spoilers.

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Um início de episódio meio enrolado

O episódio começa com um flashback que mostra o ataque dos “sintéticos” em Marte quatorze anos antes. O andróide F8 começa todo um ataque e acaba dando um tiro em sua própria cabeça. Ou seja, não parece ter feito isso de vontade própria, como se estivesse sendo manipulado por alguém. Somente a título de curiosidade, vemos aqui um certo preconceito dos humanos contra F8 que remete muito ao preconceito contra os robôs visto nas obras de Isaac Asimov, como se fosse uma espécie de homenagem ao consagrado escritor de ficção científica. O episódio, depois da abertura, corta para a vinícola de Picard, que investiga as imagens dos ataques romulanos contra ele e Dahj, e viram que tanto Dahj quanto os romulanos foram apagados das imagens. Laris, que, junto com Zhaban, fazia parte do Tal Shiar, o serviço secreto romulano, diz que isso foi um ato do Zhat Vash, que é uma espécie de outro serviço secreto romulano. Aqui há um exagero. Para que fazer um segundo serviço de inteligência e não aproveitar o Tal Shiar de uma vez? Isso ficou com uma cara de dedo do Alex Kurtzman, que tinha tais exageros em Discovery, por exemplo. Aliás, essa primeira sequência com a fala de Laris ficou um pouco enrolada e complexa de forma totalmente desnecessária a meu ver, o que ajudou a criar um clima de antipatia para o episódio logo em seu início. Toda essa sequência, em suma deixou três coisas claras: o Zhat Vash tentou apagar todos os passos de Dahj, o Zhat Vash tem aversão (não explicada até agora) a sintéticos e, com uma tecnobabble um tanto desnecessária, Laris consegue rastrear ligações entre Dahj e sua irmã que foram feitas fora da Terra. Confesso que respirei aliviado quando essa sequência terminou, pois as tecnobabbles a deixaram muito cansativa, sem qualquer necessidade disso. Muito papo enrolado para poucas afirmações concretas.

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Um namorado cheio de mistérios…

No cubo borg (ou artefato, ou seja, um cubo borg “quebrado”, separado da coletividade), Narek deixa a entender a Soji que é um homem cheio de segredos que não podem ser revelados. De volta à vinícola, Picard recebe a visita de Moritz, médico dos tempos de Stargazer e este comunica ao almirante que ele tem uma síndrome incurável que o levará à morte, síndrome essa já citada anteriormente no cânon. Picard agora corre contra o tempo em virtude de sua doença e pede a Moritz que ele dê um parecer dizendo que Picard está apto ao serviço interestelar. Essa síndrome acaba vindo a calhar para a dramaticidade da trama, pois Picard tem 90 anos e essa idade no século 24 não seria um problema no que tange a viver mais (devemos nos lembrar que o Dr. Mc Coy tinha, no episódio piloto de TNG, 180 anos).

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Uma conversa muito tensa…

Picard vai ao QG da Frota Estelar em São Francisco para falar com a Comandante em Chefe e não é reconhecido pelo recepcionista, algo estranho, pois ele acabou de dar uma entrevista na mídia de grande repercussão. Ele diz a Comandante que suspeita que Bruce Maddox está usando neurônios do Data para fazer andróides orgânicos e suspeita da participação dos romulanos. Ele pede para ser reintegrado para investigar com uma pequena nave de reconhecimento e tripulação mínima, sendo até rebaixado a capitão, se necessário. A Comandante, falando palavras chulas, diz que Picard é extremamente arrogante, como se ele fosse adepto a uma diplomacia de cowboy no passado. Isso foi, a meu ver, totalmente descabido e de uma grosseria irritante, pois Picard jamais foi adepto de uma diplomacia de cowboy na grande maioria das vezes (essa fama cai bem melhor em Kirk, por exemplo). A Comandante ainda falou outros absurdos como a repercussão negativa da entrevista, da tentativa de  Picard de ajudar os romulanos e da desistência da Federação em resgatar os inimigos depois de 14 civilizações exigirem que os romulanos não fossem ajudados. Picard retruca dizendo que a Federação não pode escolher sobre a vida e morte de civilizações ao que a Comandante retruca dizendo que a Federação tem esse poder de escolha sim. Aqui há sérios problemas. A distopia que a Federação tem mostrado ultimamente chegar a níveis um pouco exagerados na postura extremamente agressiva e arrogante da Comandante, atacando Picard, acusando-lhe de vaidade e de ir para casa. Alguns argumentos em não ajudar os romulanos também aparecem. Se no episódio anterior, os romulanos não foram ajudados devido ao fato de não haver naves suficientes por causa do ataque em Marte, agora são 14 civilizações que se negavam a dar ajuda aos romulanos, o que ameaçava a coesão da Federação. Parece que quem está escrevendo a série reconhece que o teor distópico da Federação está passando dos limites e arruma uma desculpa nova a cada episódio para não justificar a ajuda da Federação aos romulanos. Ainda, todo esse arco está se assemelhando muito à “Terra Desconhecida”, o que pode ser uma boa homenagem caso o roteiro apresente elementos novos e criativos, ou mais um fan service para inglês ver, se ficar uma cópia muito descarada. E, o que mais se teme: essa distopia excessiva seria o começo do fim da Federação que já se insinua na terceira temporada de Discovery, mesmo que ela ocorra lá no século 31? Um crossover aqui definitivamente não cairia muito bem.

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Uma comodoro do mal…

No cubo borg, fica bem claro que há uma zona cinza ainda com borgs que vão ser recuperados pelos romulanos. As instruções dizem que essa é uma zona muito perigosa, embora Narek e Soji não levem muito a sério esse perigo. Na vinícola, a Dra. Jurati visita Picard (ela folheia um livro de Asimov, um “clássico”) e confirma as evidências da existência de Dajh e a possível participação de Maddox na criação das irmãs gêmeas, onde eles se perguntam onde estaria a outra irmã e se os romulanos já a descobriram. No cubo borg, um borg recuperado tem os implantes removidos pelos romulanos. Soji nota uma certa frieza e preconceito por parte dos romulanos contra o zangão que tem sua assimilação revertida.

A Comandante que esculachou Picard entra em contato com a comodoro Oh, que não sabemos se é romulana ou vulcana, só sabemos quea atriz foi par romântico de Daniel em “Karatê Kid II”, e diz que vai investigar as suspeitas de Picard sobre Maddox, o sintético orgânico e os romulanos somente por via das dúvidas. A comodoro chama a tenente Rizzo e fica claro, na fala delas, que elas fazem parte do complô romulano que matou Dahj e que agora vão tentar liquidar Picard. Também fica claro que Narek faz parte do esquema, pois Rizzo conversa com ele (em comunicação por holograma) e fica claro que a aproximação amorosa de Narek para cima de Soji faz parte de um plano dos romulanos para matá-la. Alías, a própria Rizzo é uma romulana disfarçada.

Picard diz a seus amigos romulanos que irá investigar quem matou Dahj e onde está sua irmã, para desespero de Laris. Zhaban sugere que ele junte a antiga tripulação da Enterprise, mas Picard não aceita a idéia, pois não quer sacrificar seus amigos. Então ele procura alguém que o odeia e não tenha nada a perder. Ele vai para uma região deserta numa nave auxiliar onde está escrito “Taxi” (isso ficou um tanto ridículo) e é recebida com um phaser por Raffi, que só aceita ele dentro de sua casa depois que ele fala da questão romulana.

Como podemos ver, o episódio avançou um pouco mais a trama, trazendo a Comodoro Oh e a tenente Rizzo como as conspiradoras que têm Narek como o braço direito no plano de atacar Soji. Elas também vão buscar sabotar Picard. Cheiro de “Terra Desconhecida” no ar, como já falamos acima. Resta ver como esse plot será desenvolvido e quais elementos novos aparecerão nele. A distopia da Federação na figura da Comandante em Chefe mal educada e boca suja pegou um pouco mal. Essa distopia precisa ser mais sutil e não brucutu ao estilo de um rinoceronte entrando a toda numa loja de cristais. Tudo isso tem a cara de Alex Kurtzman, que parece querer colocar a série à sua imagem e semelhança, o que pode sabotá-la completamente. Alguém amarre e amordace esse homem, pelo amor de Deus!!!

Dessa forma, ainda confio numa boa história para “Picard”, mas confesso que esse episódio me preocupou um pouco. Vamos ver o que vem por aí.

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Mal recebido…
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