Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 3), O Fim É O Princípio. Finalmente Ao Espaço.

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Picard e sua amiga bipolar…

Chegamos ao terceiro episódio de “Jornada Nas Estrelas Picard”. E qual foi a impressão inicial? Tivemos um plot um pouco melhor do que vimos no episódio anterior e mais alguns pequenos avanços na história. Está começando a chamar a atenção algumas opiniões de que essa série é mais um filme de dez capítulos que deveria ter sido liberado todo de uma vez no streaming do que em episódios semanais, o que tem dado uma cadência lenta para o desenvolvimento da história, já que os episódios são muito conectados. De qualquer forma, houve alguns fatores mais atraentes dessa vez. Para podermos discutir o episódio, vamos precisar de spoilers como sempre.

O episódio, assim como o anterior, começa com um flashback, para podermos entender o grau de relacionamento entre Picard e Raffi. Esta última mostrou-se bem hostil a Picard no episódio anterior. Mas, no flashback, Picard acaba de sair de uma reunião com o comando da Frota onde ele se mostrou contrário a negação da evacuação de Marte e ao desligamento dos sintéticos e pôs o cargo à disposição se a Frota não voltasse atrás na questão da evacuação. A Frota não voltou atrás e ele se demitiu. Isso deixou Raffi sozinha contra a Frota e ela foi desligada, o que levou-a a mágoa contra Picard, que também não a procurou depois disso. Aqui vão alguns comentários. Apesar de toda a mágoa de Raffi, isso justificava ela apontar um phaser para o Picard quando ela o recebeu? E por que ela estaria tão mal financeiramente (pelo menos é isso que aparenta), se a economia do século 24 é muito diferente da nossa, onde as trocas dos frutos do trabalho são mais atuantes que o uso do dinheiro em si? Ainda, não é do feitio de Picard abandonar seus tripulantes assim e desistir tão facilmente do plano de evacuação, mesmo que isso implicasse em mobilizar milhões de pessoas.

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Um Hugh elegantérrimo…

Na conversa de Picard com Raffi, mais ressentimentos por parte desta última. Vou repetir: mesmo que haja uma rusga entre os dois, a reação de Raffi pareceu muito exagerada. Ela teria que contabilizar a distopia da Frota que cedeu à intolerância e ao medo, nas palavras do próprio Picard. Agindo como agiu, parece que Raffi coloca toda a culpa de seu declínio somente nas costas de Picard e a coisa pareceu muito mimizenta. Ainda, ela começa a fumar umas plantinhas meio esquisitas, num indício de uma cultura tabagista lá no final do século 24, o que parece soar um pouco pesado para o contexto, se tomarmos os parâmetros de hoje, sem querer ser anacrônico (e já o sendo um pouco). Como Raffi saiu tresloucadamente pelo vale, Picard vai atrás dela, que está tomando o vinho de seu chateau no gargalo (esquisito essa coisa de você aceitar um presente de quem você muito repudia, enfim…). Picard a cobre de razões por sua raiva contra ele (talvez para colocar panos quentes no conflito). Picard fala de um possível complô entre a Federação e o Tal Shiar para caçar sintéticos e Raffi fala de que conhece provas concretas de que um oficial da Frota estimulou o ataque a Marte para sabotar o resgate dos romulanos, ao que Picard não acredita muito. Ou seja, ele acredita numa conspiração onde a Federação e o Tal Shiar tomam parte juntos (olha “A Terra Desconhecida” aí de novo!) mas não acredita que Raffi tenha provas concretas de sabotagem de um oficial da Frota? Estranho isso. Picard pede ajuda de Raffi, pois ela tem uma visão ampla das coisas, mas ela não quer se meter em confusão de novo por causa dele e o manda embora. Picard sai sem insistir. Aí, ela muda de idéia e indica um piloto para Picard chamado Rios. Vemos aqui uma primeira manifestação da bipolaridade de Raffi. Num momento, ela é hostil a Picard e não quer ajudá-lo, mas, num instante depois, ela começa a ajudar nosso almirante. Ou seja, a moça tem momentos de Raffi, mas também tem momentos de Raffa. Ficou uma coisa meio forçada e artificial, mesmo que vejamos que a personagem está indecisa com seus sentimentos em relação ao nosso querido ancião.

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Tabagismo no fim do século XXIV…

No cubo borg, um envelhecido e sinistro Hugh, diretor da área cinza, agradece a Soji pelo fato da doutora ter apreço com os assimilados e a autoriza a falar com Ramdha, uma romulana que foi assimilada e era estudiosa de mitos romulanos de onde se podiam tirar práticas terapêuticas. Eles vão para a seção de romulanos que foram retirados da assimilação e todos estão lelés da cuca. Tem até um romulano que joga uma espécie de cubo mágico. Sei não, isso me pareceu um bullyingzinho com quem participou daquela moda lá da década de 80 do cubo mágico. Enfim… Eles encontram Ramdha, que parece ser uma versão mais velha da Tilly de Discovery, e a senhora joga umas cartas triangulares, como se fosse uma taróloga. Soji diz a Ramdha que ela estava na nave romulana que havia sido assimilada por aquele cubo borg em que estavam e que a assimilação dos romulanos teve um problema, perguntando o que houve de errado na assimilação, para estupefação total de Hugh que não sabia de tudo aquilo.  Ramdha pergunta a Soji, depois de colocar uma carta de irmãs gêmeas na mesa, qual das duas irmãs ela é, se e a que vive ou morre. Ramdha pira na batatinha, toma um disruptor e chama Soji de seb-cheneb, a destruidora. Ela ia se matar com o disruptor, mas Soji a rende e tira-lhe a arma. Enquanto Ramdha é rendida, os romulanos lelés olham com uma cara de ódio infinito para Soji.

No Insituto Daystrom, a Dra. Jurati é surpreendida pela Comodoro Oh, que está com um óculos escuro muito estiloso, meio Matrix, meio MIB, e orelhas de abano que parecem mais um aerofólio de Fórmula 1 ou as orelhas daquele piloto lá da década de 90, o Aguri Suzuki. Se desse uma ventania, ela levantava voo. Ela pergunta a Jurati sobre seus encontros com Picard.

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Tarô romulano…

Picard vai a nave de Rios e o encontra, junto com sua unidade médica de emergência (que é a cara dele). Rios está com um pedaço de metal cravado no ombro e fuma charuto, além de beber uma cachaça (pelo andar da carruagem, só faltava incorporar o tranca rua ou o exu caveira; mais um exemplo de tabagismo e, agora, alcoolismo no episódio, assim como a Raffi, que fumava a plantinha esquisita e bebia o Chateau Picard no gargalo; isso ficou muito esquisito e pegou um tanto mal para um século 24 cada vez mais distópico e com cara de século 21). Eles conversam sobre a missão, que ainda não tem um destino, e Picard nota que Rios tem a disciplina da Frota Estelar. Esse vê todo o falatório de Picard com desdém e diz diretamente para Picard contratá-lo ou procurar outra pessoa. Mais tarde, Rios tem uma conversa com seu holograma, que está todo animadíssimo em ver que Rios irá trabalhar com uma lenda viva como Picard. Mas Rios diz que não precisa de um capitão ídolo em sua vida, pois o último que teve foi morto e seus pedaços espalhados à sua frente, o que mergulha Rios num estado de melancolia (mais uma história de personagem para ser desenvolvida mais à frente).

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Que orelhas e óculos escuros são esses, meu Deus do céu???

No Chateau Picard, o almirante e seus amigos romulanos, cada vez mais com cara de Tal Shiar, rechaçam um ataque romulano (ceninha de ação com direito a caratê e kung fu romulanos e o pobre do Picard apanhando quando decide dar umas bengaladas num romulano, embora ele tenha acertado uns dois romulanos com o disruptor). A Dra. Jurati aparece (do nada) e mata mais um romulano. Fica aí a pergunta: essa aparição da Jurati no momento do ataque dos romulanos não é um tanto suspeita? Jurati diz que foi procurada por Oh e disse tudo da conversa com ela com Picard por parecer muito importante e por ser péssima mentirosa, mas ela não falou “uma coisa” (ela irá com Picard na missão). Picard disse que não havia problemas. Um dos romulanos estava inconsciente e foi amarrado para ser interrogado. Picard pergunta ao romulano por que Dahj foi morta. O romulano retruca dizendo que Dahj não é o que parece ser. Picard pergunta se há uma irmã gêmea e o romulano diz que eles a acharão antes de Picard e que essa irmã gêmea é a destruidora. O romulano, então, joga ácido para tudo que é lado e se desmancha perante os olhos de um Pcard que espragueja. Notem que toda essa sequência de interrogatório é simultânea à sequência de interrogatório de Ramdha feita por Soji acima. Soji vai para seus aposentos e fala com sua mãe, perguntando se Dahj está viva. A mãe responde que sim e começa um falatório fútil que mergulha Soji no sono, confirmando as suspeitas de que nesse mato tem coelho para essa mãe aí. Passa-se um tempo e a Soji acorda, quando Narek adentra o quarto. A moça diz que não sabe como as informações da nave romulana assimilada com Namdha foram parar na cabeça dela e acha que essa informação confidencial pode ter sido lida por ela em arquivos não confidenciais onde a informação ficou por lá e escapou dos olhos dos censores romulanos, embora essa história esteja muito estranha e é mais uma das muitas pontas soltas que os episódios vão revelando.

Picard e Jurati vão para a nave de Rios e Raffi está lá, dizendo que achou o Maddox, pedindo a ir à missão, mas não se unindo a Picard (olha a bipolaridade de novo), mas sim quer uma carona para Freecloud, não deixando claro o que é isso e qual a importância. Mas há um detalhe interessante aqui: Raffi implicou com Jurati e repreendeu Picard por ele não ter feito uma verificação de segurança sobre a moça, o que aumenta as suspeitas sobre Jurati. Rios, na cadeira de capitão, olha para Picard, que dá o tradicional “engage” para a nave entrar em dobra. Fim do episódio.

Bom, depois dessa descrição do episódio, algumas coisas a se falar. De pontos negativos, ficou um pouco estranho essa apologia ao tabagismo e até ao álcool, principalmente por parte de Rios e Raffi, personagens mais com cara de badass. Estamos no final do século 24 e vícios que já são rechaçados no século 21 voltam com força total? Isso até pode ser possível, pois não devemos cair no maniqueísmo do anacronismo, que julga um intervalo temporal com os valores de outro intervalo temporal. Mas que é estranho ver isso, por mais distópico que esse século 24 nos pareça, ah isso é. A bipolaridade excessiva e o comportamento quase infantil de Raffi está muito exagerado ao meu ver. Ela poderia ser bem mais sutil nesse quesito, o que levaria a bons diálogos com Picard para aparar as arestas dos dois. Mas sua forma muito ríspida acaba anulando essas possibilidades.

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Engage…

O episódio tem bons pontos positivos. A coisa de Soji ser a destruidora aumenta demais a curiosidade sobre ela e aumenta as esperanças de que a personagem possa ser bem construída. O Hugh ficou muito legal, com uma levada meio envelhecida, meio soturna que caiu bem no personagem. E o personagem Rios, com sua unidade de emergência à sua imagem e semelhança, dá chances a Santiago Cabrera de fazer dois personagens bem diferentes, um mais vívido, outro mais depressivo, onde esse capitão que morreu espalhado à sua frente se constitui num outro mistério que terá que ser explicado. Para finalizar, uma suspeita em cima da Dra. Jurati, que aparece no Chateau Picard imediatamente após um ataque romulano e depois de conversar com a Comodoro Oh, e, ainda, despertar as suspeitas da tresloucada Raffi, onde essa suspeita pode justamente ser um lampejo de lucidez dessa personagem tão bipolar, e pode ser um bom elemento para a personagem Jurati, que, até agora, está muito sem sal. Torçamos para que Jurati seja do mal, e muito. Quem sabe a bam-bam-bam do Zhat Vash?

Resta-nos esperar agora o próximo episódio.

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Uma tripulação prestes a zarpar…
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