Batata Books – Darth Bane, Dinastia Do Mal. Uma Solução Salomônica.

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Capa do Livro

“Darth Bane, Dinastia do Mal” é o livro que encerra a trilogia Darth Bane, de Drew Karpyshyn, editada pela Universo Geek. E o que podemos dizer desse livro? Ele dá uma solução um tanto salomônica (ao estilo Sith) para a dupla de protagonistas Darth Bane e Zannah, mestre e aprendiz. Para podermos entender isso, vamos ter que dar spoilers da história.

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Darth Bane, o maligno criador da Regra de Dois, está de volta…

Mais alguns anos se passaram, desde o segundo livro da trilogia, “Darth Bane, Regra de Dois”. Bane e Zannah vivem agora numa luxuosa mansão muito mais para manter as aparências do que por uma boa vida luxuosa, sendo apenas um artifício para se obter mais poder. Só que Bane tem uma inquietação. Zannah ainda não o desafiou dentro do ritual da regra de dois. O mestre começa a ter dúvidas se sua aprendiz é digna de sucedê-lo ou não. E busca eternizar sua vida, indo através de um antigo holocron de Darth Andeddu, um antigo mestre sith que teria o segredo da vida eterna. Nesse ritual, Bane teria que escolher uma pessoa mais jovem para passar sua alma para o corpo dessa pessoa mais jovem. Entretanto, há um risco: no processo de transferência de almas, o corpo de Bane seria destruído e se a pessoa escolhida para abrigar a alma de Bane resistisse ao processo, haveria o risco da alma do mestre sith se perder para sempre. Bane já sentia o peso da idade, manifesto numa tremedeira em sua mão esquerda e o suposto receio de Zannah o empurrou para a busca da imortalidade. Já a moça, também desconfiada das atitudes de seu mestre, decidiu procurar seu próprio aprendiz e encontrou Set Harth, um jedi sombrio muito convencido e irritante para Zannah, mas que seria útil para as pretensões da moça. O livro ainda traz a personagem Serra, que é filha de Caleb, o curandeiro que salvou Bane e que depois foi morto, sendo que a moça agora é uma princesa e busca vingança contra Bane pela morte do pai, se deixando levar pelo ódio e sentimento de vingança. Para levar seus planos adiante, Serra conta com a ajuda de Lucia, uma espécie de amiga e segurança pessoal, que já foi comandada de Bane no passado, antes dele se tornar um mestre sith e tem uma dívida de gratidão com ele, o que vai introduzir um conflito na cabeça de Lucia quanto ao plano de vingança de Serra.

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Zannah, linda e perigosa…

Esse é um livro cinematográfico, pois não há um combate entre Bane e Zannah, mas dois, onde os duelos são descritos com tal riqueza de detalhes que praticamente os vemos diante de nossos olhos à medida que lemos as páginas do livro. A única coisa que incomoda um pouco é o desfecho do livro, pois ao fim desse duelo, um dos personagens deveria morrer, tal como previa a regra de dois. Entretanto, parece que Karpyshyn abraçou suas crias com todo o carinho e encontrou uma forma de manter os dois protagonistas vivos ao fim do duelo. Confesso que achei que, no fim das contas, o próprio autor do livro meio que traiu a regra de dois. Entretanto, já dei spoilers demais e não vou contar como ele conseguiu essa solução salomônica, dentro de uma perspectiva sith.

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Darth Andeddu…

Outro problema aqui, e que aconteceu também no segundo livro “Darth Bane, Regra de Dois”, foi o desenvolvimento de várias tramas paralelas que tiraram um pouco a importância de Bane no livro. Pelo menos, tanto neste livro quanto no anterior, as tramas paralelas foram bem amarradas ao final, não ficando pontas soltas na história.

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Set Harth

O livro também procura, mais uma vez, justificar a regra de dois. Quando havia um exercito sith, era prática comum os subordinados se unirem para derrubar o líder. O problema é que os subordinados eram siths mais fracos que o líder mas, juntos, eles conseguiriam derrubar o líder, o que levava ao risco da ordem sith se enfraquecer, pois um sith mais fraco poderia assumir a ordem nesse caso. Quando há apenas dois siths, o mestre e o aprendiz, o segundo só pode derrotar o primeiro quando for mais forte que seu mestre, o que fortalece a ordem. Se o aprendiz não é forte o suficiente para derrotar o mestre, a ordem permanecerá forte, pois o mestre vencera. Ou seja, dentro da perspectiva da regra de dois, não há como a ordem sith enfraquecer, somente se tornar mais forte ainda ou, na pior das hipóteses, continuar com a força que já tinha.

Serra, ainda criança, ameaçada por Bane…

Assim, “Barth Bane, Dinastia do Mal” é o livro que encerra a trilogia de Darth Bane, nos dando um belo panorama da ordem sith na Velha República. O livro tem mais uma vez a importância de explicar a lógica da regra de dois, algo que nunca foi explicado nos filmes e parece um tanto quanto sem sentido. Ainda, temos uma narrativa muito cinematográfica no que tange ao combate entre Bane e Zannah. Só é de se lamentar um pouco que Karpyshyn não tenha tido coragem de eliminar definitivamente um de seus protagonistas como a regra de dois exige. Mas, mesmo assim, temos um bom livro aqui  e sua leitura é altamente recomendada.

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Lucia

Batata Movies (Especial Oscar 2020) – Os Miseráveis. Intolerância À Flor Da Pele.

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Cartaz do Filme

Um filme traumático, que chegou aos finalistas do Oscar e do Globo de Ouro a Melhor Filme Estrangeiro. “Os Miseráveis”, de Ladj Ly, mostra o explosivo ambiente das periferias de Paris de uma forma extremamente crua e sem qualquer filtro para os mais sensíveis. Um filme absolutamente necessário. Para podermos falar desse filme, vamos lançar mão de spoilers.

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Três policiais num barril de pólvora…

A película mostra a rotina de três policiais: Ruiz (interpretado por Damien Bonnard), Chris (interpretado por Alexis Manenti) e Gwada (interpretado por Djibril Zonga). Eles são da divisão anticrime e patrulham as periferias de Paris, um verdadeiro barril de pólvora, onde várias etnias vivem numa situação de conflito constante: africanos, muçulmanos, ciganos. Ruiz está no seu primeiro dia de trabalho e veio do interior. Chris e Gwada já têm dez anos de serviço, sendo o primeiro branco e altamente violento, enquanto que Gwada tem descendência imigrante, sendo menos violento, mas igualmente temido. Um menino chamado Issa acaba roubando um filhote de leão de um circo de ciganos, o que provoca a fúria dos mesmos e uma guerra étnica iminente na periferia. Os policiais vão tentar solucionar o caso e conseguem, pela internet, identificar Issa. Eles vão apreender o menino, que estava jogando futebol e os demais garotos começam a apedrejar os policiais. Issa consegue se desvencilhar mesmo algemado e Gwada acerta o seu rosto com uma bala de borracha. O grande problema é que um drone de um garoto apelidado singelamente de Bzz filmou toda a ação policial, o que vai ferrar com a vida de nossos protagonistas. Os três policiais irão, então, correr atrás do menino com o drone e ainda ter que acobertar a besteira que fizeram com Issa, que fica com o rosto desfigurado em virtude da bala de borracha. Para isso, os policiais farão alguns acordos com as lideranças locais do submundo, o que vai despertar a revolta das crianças, que vão reagir de forma extremamente violenta e explosiva.

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Um drone detona uma crise…

O que mais chama a atenção no início do filme é que ele começa com o povo comemorando a vitória da França na Copa do Mundo, e o que vemos nas ruas é uma população massivamente mestiça, negra e estrangeira cantando a Marselhesa, com camisas da seleção da França e com bandeiras francesas comemorando nas ruas de Paris. Até o principal jogador da seleção francesa é mestiço. Ou seja, fica bem claro nas intenções do diretor mostrar que a realidade da França agora é, além de branca, também mestiça.

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Negociações tensas…

E aí, dentro desse contexto, toda a tensão social da periferia parece ainda mais injustificada. Mas Ladj Ly também faz questão de mostrar a natureza fragmentada dessa periferia, onde o ódio é uma via de múltiplas mãos. Todas as etnias se odeiam profundamente, esperando um pretexto, por mínimo que seja, para explodir tudo e começar uma guerra, numa situação que parece cada vez mais ser um beco sem saída. É assustador perceber como essa realidade se aproxima da realidade das nossas periferias brasileiras, onde a fragmentação também ocorre, dentro de outras perspectivas, e a violência também é muito latente. O mais curioso aqui é que uma das poucas vozes coerentes do filme é justamente a do líder religioso muçulmano, ele mesmo com um passado de crimes e tráfico, mas que agora professa a fé e busca agir dentro de uma ética. Essa é uma atitude muito corajosa de Ladj Ly, ainda mais numa época de muito preconceito contra o islamismo em virtude da onda recente de atentados terroristas na França.

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Intimidação sobre os moradores locais…

O desfecho do filme é surpreendente, pois a violentíssima revolta das crianças é um reflexo da violência das inúmeras facções mas, principalmente, uma reação à união das facções e dos policiais em acobertar o caso da bala de borracha disparada no rosto de Issa. Não somente a polícia é atacada, mas também o líder comunitário e os traficantes. A cena final, desesperadora toda a vida, e que fica em aberto, é acompanhada por uma citação de Victor Hugo em sua obra “Os Miseráveis”, deixando-nos uma sensação de desalento e, principalmente, desesperança.

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O diretor Ladj Ly

Assim, “Os Miseráveis” é um filme que poderia muito bem abiscoitar esse Oscar ao qual concorre, embora pareça que já está tudo engatilhado para o coreano “Parasita” ganhar. Seria uma grata surpresa ver “Os Miseráveis” ser premiado, em virtude de sua gritante denúncia do ódio e intolerância nas periferias, onde países desenvolvidos e subdesenvolvidos se igualam tragicamente. Um filme obrigatório.

Batata Movies (Especial Oscar 2020) – O Escândalo. Denunciando Práticas Abusivas.

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Cartaz do Filme

Mais um filme baseado numa história real. “O Escândalo” é uma película que trata de um assunto muito delicado, que é o de assédio sexual na rede de TV americana FOX Channel. Esse filme concorre a três Oscars (Melhor Atriz para Charlize Theron, Melhor Atriz Coadjuvante para Margot Robbie e Melhor Maquiagem e Cabelo). A denúncia do caso realmente provocou um escândalo que foi divulgado no mundo inteiro e deixou escancarada a forma como a mulher é tratada como um objeto até nos países mais desenvolvidos. Para podermos entender melhor o filme, vamos precisar de spoilers aqui.

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Uma âncora consagrada…

A película foca na trajetória de três personagens principais: Megyn Kelly (interpretada por Charlize Theron), Gretchen Carlson (interpretada por Nicole Kidman) e Kayla Pospisil (interpretada por Margot Robbie), as três funcionárias da Fox, que foram assediadas por Roger Ailes (interpretado por John Lithgow) que, se não era exatamente o dono da empresa, era quem a chefiava e ditava as regras. Para Ailes, todas as funcionárias da emissora deviam trabalhar de saias e seus dotes, digamos, físicos tinham que ser explorados nos programas de TV com o objetivo de aumentar a audiência. E aí, as funcionárias tinham uma reunião privada a portas fechadas com Ailes, onde elas eram obrigadas a exibir o seu corpo para passar pela aprovação do patrão. E a fazerem outras coisas mais depois. Gretchen Carlson foi a primeira mulher a denunciar na justiça a prática, sendo demitida sumariamente. A batalha judicial obviamente foi muito desigual, dado o poder da Fox, mas Carlson e seus advogados não esmoreceram em nenhum momento e lutaram pesado, levando a demissão do patrão pelo dono da empresa.

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Uma apresentadora de debates que abre um processo…

O mais interessante aqui é que as histórias das três personagens não se cruzam muito. Ou seja, não é aquela história típica de três injustiçadas que se unem na luta contra o patrão inescrupuloso. Há um único e singelo momento em que as três estão juntas… no elevador. Em outros momentos há, no máximo, um ou outro encontro esporádico com duas de cada vez. É interessante também perceber a posição de cada uma na empresa.

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Uma iniciante…

Enquanto que Pospisil ainda quer alçar postos mais altos, sonhando em ser a garota do tempo, Kelly já é uma âncora consagrada que bate com Trump de frente, quando este ainda era candidato a candidato à presidência dos Estados Unidos, amplamente apoiado pela Fox, reconhecidamente de extrema direita, o que lhe rendia hostilidades de muitos telespectadores da empresa. Mas será Carlson que vai empunhar a bandeira da briga contra o machismo da emissora e as práticas abusivas do patrão.

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O único momento do filme em que as três protagonistas estão juntas…

Nem é preciso dizer que as atrizes foram muito bem. Theron foi muito bem como a âncora independente que tinha uma relação mais antiga e assentada com Ailes, o que a colocou numa posição de conflito e silêncio iniciais com relação à situação do processo em cima do patrão. Já Robbie foi perfeita como a mocinha doce de família religiosa e conservadora que passa por maus bocados com o assédio recente. Kidman, por sua vez faz a personagem que sabe que, para entrar na guerra, vai ter que lidar com perdas, mas que, mesmo assim, está muito determinada. John Lithgow volta mais uma vez do passado com seu enorme talento e seu Ailes conseguiu ser simultaneamente odioso e humano. O filme ainda tem uma “personagem bônus” muito interessante, Jess Carr (interpretada pela “caçafantasma maluquinha” Kate McKinnon), uma amiga lésbica de Pospisil que trabalha na Fox. E Malcolm McDowell como Rupert Murdoch, o verdadeiro dono da Fox, que muito pouco apareceu, mas botou ordem na casa no momento do escândalo.

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Um chefe que assedia, se fazendo de coitado…

Dessa forma, “O Escândalo” é mais um filme de denúncia que o cinema produz, sendo esse um programa obrigatório para entendermos os tempos sombrios pelos quais estamos passando. Uma história que mostra até onde o poder de luta (num país mais justo, diga-se de passagem) pode transformar as coisas, por menores que essas transformações sejam. E um filme que nos ajuda a refletir sendo o filme que estimula a reflexão sempre o mais importante. Vale a pena dar uma conferida.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Picard (Episódio 2), Mapas e Lendas. Exagerando Uma Distopia.

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Um andróide assassino…

A série “Jornada nas Estrelas Picard” chega ao seu segundo episódio e temos aqui, depois do ritmo um tanto frenético do episódio de estreia, algo um pouco mais cadenciado. Por um lado, isso foi bom, pois não tivemos as ceninhas de ação regadas a muita luta. Por outro lado, entretanto, alguns problemas um pouco mais sérios apareceram. Para podermos falar aqui do episódio, vamos precisar de spoilers.

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Um início de episódio meio enrolado

O episódio começa com um flashback que mostra o ataque dos “sintéticos” em Marte quatorze anos antes. O andróide F8 começa todo um ataque e acaba dando um tiro em sua própria cabeça. Ou seja, não parece ter feito isso de vontade própria, como se estivesse sendo manipulado por alguém. Somente a título de curiosidade, vemos aqui um certo preconceito dos humanos contra F8 que remete muito ao preconceito contra os robôs visto nas obras de Isaac Asimov, como se fosse uma espécie de homenagem ao consagrado escritor de ficção científica. O episódio, depois da abertura, corta para a vinícola de Picard, que investiga as imagens dos ataques romulanos contra ele e Dahj, e viram que tanto Dahj quanto os romulanos foram apagados das imagens. Laris, que, junto com Zhaban, fazia parte do Tal Shiar, o serviço secreto romulano, diz que isso foi um ato do Zhat Vash, que é uma espécie de outro serviço secreto romulano. Aqui há um exagero. Para que fazer um segundo serviço de inteligência e não aproveitar o Tal Shiar de uma vez? Isso ficou com uma cara de dedo do Alex Kurtzman, que tinha tais exageros em Discovery, por exemplo. Aliás, essa primeira sequência com a fala de Laris ficou um pouco enrolada e complexa de forma totalmente desnecessária a meu ver, o que ajudou a criar um clima de antipatia para o episódio logo em seu início. Toda essa sequência, em suma deixou três coisas claras: o Zhat Vash tentou apagar todos os passos de Dahj, o Zhat Vash tem aversão (não explicada até agora) a sintéticos e, com uma tecnobabble um tanto desnecessária, Laris consegue rastrear ligações entre Dahj e sua irmã que foram feitas fora da Terra. Confesso que respirei aliviado quando essa sequência terminou, pois as tecnobabbles a deixaram muito cansativa, sem qualquer necessidade disso. Muito papo enrolado para poucas afirmações concretas.

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Um namorado cheio de mistérios…

No cubo borg (ou artefato, ou seja, um cubo borg “quebrado”, separado da coletividade), Narek deixa a entender a Soji que é um homem cheio de segredos que não podem ser revelados. De volta à vinícola, Picard recebe a visita de Moritz, médico dos tempos de Stargazer e este comunica ao almirante que ele tem uma síndrome incurável que o levará à morte, síndrome essa já citada anteriormente no cânon. Picard agora corre contra o tempo em virtude de sua doença e pede a Moritz que ele dê um parecer dizendo que Picard está apto ao serviço interestelar. Essa síndrome acaba vindo a calhar para a dramaticidade da trama, pois Picard tem 90 anos e essa idade no século 24 não seria um problema no que tange a viver mais (devemos nos lembrar que o Dr. Mc Coy tinha, no episódio piloto de TNG, 180 anos).

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Uma conversa muito tensa…

Picard vai ao QG da Frota Estelar em São Francisco para falar com a Comandante em Chefe e não é reconhecido pelo recepcionista, algo estranho, pois ele acabou de dar uma entrevista na mídia de grande repercussão. Ele diz a Comandante que suspeita que Bruce Maddox está usando neurônios do Data para fazer andróides orgânicos e suspeita da participação dos romulanos. Ele pede para ser reintegrado para investigar com uma pequena nave de reconhecimento e tripulação mínima, sendo até rebaixado a capitão, se necessário. A Comandante, falando palavras chulas, diz que Picard é extremamente arrogante, como se ele fosse adepto a uma diplomacia de cowboy no passado. Isso foi, a meu ver, totalmente descabido e de uma grosseria irritante, pois Picard jamais foi adepto de uma diplomacia de cowboy na grande maioria das vezes (essa fama cai bem melhor em Kirk, por exemplo). A Comandante ainda falou outros absurdos como a repercussão negativa da entrevista, da tentativa de  Picard de ajudar os romulanos e da desistência da Federação em resgatar os inimigos depois de 14 civilizações exigirem que os romulanos não fossem ajudados. Picard retruca dizendo que a Federação não pode escolher sobre a vida e morte de civilizações ao que a Comandante retruca dizendo que a Federação tem esse poder de escolha sim. Aqui há sérios problemas. A distopia que a Federação tem mostrado ultimamente chegar a níveis um pouco exagerados na postura extremamente agressiva e arrogante da Comandante, atacando Picard, acusando-lhe de vaidade e de ir para casa. Alguns argumentos em não ajudar os romulanos também aparecem. Se no episódio anterior, os romulanos não foram ajudados devido ao fato de não haver naves suficientes por causa do ataque em Marte, agora são 14 civilizações que se negavam a dar ajuda aos romulanos, o que ameaçava a coesão da Federação. Parece que quem está escrevendo a série reconhece que o teor distópico da Federação está passando dos limites e arruma uma desculpa nova a cada episódio para não justificar a ajuda da Federação aos romulanos. Ainda, todo esse arco está se assemelhando muito à “Terra Desconhecida”, o que pode ser uma boa homenagem caso o roteiro apresente elementos novos e criativos, ou mais um fan service para inglês ver, se ficar uma cópia muito descarada. E, o que mais se teme: essa distopia excessiva seria o começo do fim da Federação que já se insinua na terceira temporada de Discovery, mesmo que ela ocorra lá no século 31? Um crossover aqui definitivamente não cairia muito bem.

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Uma comodoro do mal…

No cubo borg, fica bem claro que há uma zona cinza ainda com borgs que vão ser recuperados pelos romulanos. As instruções dizem que essa é uma zona muito perigosa, embora Narek e Soji não levem muito a sério esse perigo. Na vinícola, a Dra. Jurati visita Picard (ela folheia um livro de Asimov, um “clássico”) e confirma as evidências da existência de Dajh e a possível participação de Maddox na criação das irmãs gêmeas, onde eles se perguntam onde estaria a outra irmã e se os romulanos já a descobriram. No cubo borg, um borg recuperado tem os implantes removidos pelos romulanos. Soji nota uma certa frieza e preconceito por parte dos romulanos contra o zangão que tem sua assimilação revertida.

A Comandante que esculachou Picard entra em contato com a comodoro Oh, que não sabemos se é romulana ou vulcana, só sabemos quea atriz foi par romântico de Daniel em “Karatê Kid II”, e diz que vai investigar as suspeitas de Picard sobre Maddox, o sintético orgânico e os romulanos somente por via das dúvidas. A comodoro chama a tenente Rizzo e fica claro, na fala delas, que elas fazem parte do complô romulano que matou Dahj e que agora vão tentar liquidar Picard. Também fica claro que Narek faz parte do esquema, pois Rizzo conversa com ele (em comunicação por holograma) e fica claro que a aproximação amorosa de Narek para cima de Soji faz parte de um plano dos romulanos para matá-la. Alías, a própria Rizzo é uma romulana disfarçada.

Picard diz a seus amigos romulanos que irá investigar quem matou Dahj e onde está sua irmã, para desespero de Laris. Zhaban sugere que ele junte a antiga tripulação da Enterprise, mas Picard não aceita a idéia, pois não quer sacrificar seus amigos. Então ele procura alguém que o odeia e não tenha nada a perder. Ele vai para uma região deserta numa nave auxiliar onde está escrito “Taxi” (isso ficou um tanto ridículo) e é recebida com um phaser por Raffi, que só aceita ele dentro de sua casa depois que ele fala da questão romulana.

Como podemos ver, o episódio avançou um pouco mais a trama, trazendo a Comodoro Oh e a tenente Rizzo como as conspiradoras que têm Narek como o braço direito no plano de atacar Soji. Elas também vão buscar sabotar Picard. Cheiro de “Terra Desconhecida” no ar, como já falamos acima. Resta ver como esse plot será desenvolvido e quais elementos novos aparecerão nele. A distopia da Federação na figura da Comandante em Chefe mal educada e boca suja pegou um pouco mal. Essa distopia precisa ser mais sutil e não brucutu ao estilo de um rinoceronte entrando a toda numa loja de cristais. Tudo isso tem a cara de Alex Kurtzman, que parece querer colocar a série à sua imagem e semelhança, o que pode sabotá-la completamente. Alguém amarre e amordace esse homem, pelo amor de Deus!!!

Dessa forma, ainda confio numa boa história para “Picard”, mas confesso que esse episódio me preocupou um pouco. Vamos ver o que vem por aí.

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Mal recebido…