O segundo episódio da primeira temporada de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Envoys”, aborda, de forma mais pronunciada que no primeiro episódio, a questão da diferença entre culturas. Para podermos falar mais desse episódio, vamos precisar dos spoilers.
O episódio começa com Mariner e Tendi conversando quando um ser de energia com espírito conquistador e maligno invade a nave. Mariner imediatamente o domina e o ser suplica para ser libertado, dizendo que pode sintetizar qualquer coisa. Ela pede então um tricorder com bateria e ele o sintetiza, ficando bem pequeno. As duas vão embora e a forma de vida, bem pequenininha, tenta atacar a capitã e desaparece.
Boimler comunica a Tendi e Mariner que vai escoltar um Klingon, o General K’orin, até um planeta uma espécie de missão diplomática. É claro que Mariner vai fazer pouco caso disso, enquanto Boimler vai treinando palavras klingons para se comunicar com o general. Enquanto isso, Rutherford sai todo feliz de um tubo jefferies depois de muito trabalho duro. Mas ele vai voltar para recalibrar, feliz da vida. Tendi então o lembra de que eles iam ver juntos um pulsar, o que implica que ele vai ter que faltar seu trabalho. Mas, como um homem da Frota Estelar, ele não volta atrás em suas promessas e vai ver o pulsar com Tendi, o que vai implicar que ele precisa mudar de função na nave. Rutherford pede ao seu superior na Engenharia para procurar outra função e, quando acha que vai receber uma grande bronca, recebe a autorização e os parabéns de todos. Enquanto isso, Boimler chega à nave auxiliar e encontra Mariner lá dentro. Ela mexeu uns pauzinhos para ir com Boimler, que ficou como seu co-piloto, para desespero dele. Quando o General K’orin chega, Boimler o aborda cheio de formalidades, enquanto que Mariner o ataca, para depois caírem na risada. Os dois são velhos conhecidos, para surpresa de Boimler. Durante a viagem, o Klingon se embebeda com Mariner e suja toda a nave. A pedido do General, eles descem num distrito Klingon do planeta. Quando eles chegam lá, o Klingon está dormindo de tão bêbado. Boilmer e Mariner saem da nave, com o primeiro reclamando muito de tudo o que está acontecendo, enquanto que Mariner bota panos quentes. Mas o Klingon acorda e rouba a nave, uma prática corriqueira dele, segundo Mariner. Os dois começam a ir atrás do Klingon, e Boimler passa por tremendas saias justas com várias culturas no planeta por sua inexperiência. Ele não entende por que isso acontece, já que ele passa horas na biblioteca estudando as culturas. Mariner recebe uma informação de que K’Orin está numa cidade andoriana e lá, Boimler provoca um briga generalizada num bar. Mariner para a briga pagando cinco rodadas de bebida para todo mundo com o dinheiro que ela roubou de um alienígena e Boimler, chateado, senta num canto se sentindo um inútil e pensando em desistir de tudo, jogando sua insígnia longe, todo choroso. Ainda procurando K’orin, eles se deparam com um ferengi que oferece um transporte. Boimler, sabendo da reputação dos ferengis, se nega, mas Mariner quer aceitar. Boimler chama a atenção de Mariner sobre os ferengis, mas a moça, se achando a sabichona, aceita, achando que o ferengi é um boliano. Boilmer pergunta qual é o código de pouso da nave ferengi e o ferengi puxa uma faca. Boimler desarma o ferengi com um phaser e diz a Mariner que estava certo. Eles encontram a nave auxiliar com K’orin dentro, desmaiado e bêbado, e deixam em frente à sede da Federação no planeta.
Na nave, Rutherford está no holodeck com o primeiro oficial testando situações de comando na ponte, e a experiência é um desastre total, sempre destruindo a nave ou causando muitas mortes. Rutherford, então, vai para a enfermaria e recebe da médica a ordem de conversar com um paciente para acalmá-lo, mas só consegue deixá-lo mais nervoso ainda. A médica, então, sugere que ele tente a segurança. Numa simulação com borgs, ele consegue destruir vários, e parece que finalmente Rutherford encontrou a sua verdadeira aptidão. Mas ao ver uma moça saindo de um tudo jefferies, ele decide que a engenharia é sua verdadeira paixão.
Na nave auxiliar, Mariner pede que Boimler mantenha em segredo que ela foi enganada por um ferengi e ele diz que não vai contar, pois estão num círculo de confiança. Mas na nave, ele espalha para todo mundo no bar. Mariner sai sem graça do bar depois de ser zoada. Na sua cama, no corredor da nave, ela conversa com seu padd com o ferengi do planeta. Ou seja, Mariner armou tudo para parecer uma tola perante Boimler e fazer o amigo reconquistar a autoconfiança. Já Rutherford disse a Tendi que o lugar dele é na engenharia e que não vai poder acompanhar com ela o pulsar no mirante. A moça de Órion diz que não tem problema e que ia acompanhar do padd mesmo, sendo que ela somente queria uma companhia. O episódio termina com os dois dentro do tubo jefferies, com Tendi olhando o pulsar pelo padd e Rutherford olhando uma peça no tubo jefferies, com os dois maravilhados com o que veem.
O que podemos falar de “Envoys”, o segundo episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks? Em primeiro lugar, esse foi um episódio muito melhor que o primeiro, no que tange ao relacionamento entre os personagens. Novamente tivemos uma História A eee uma História B, sendo que elas não interagiram no final. Na História A, Boimler e Mariner levam o General Klingon para um acordo de paz e acabam perdendo não somente o general como a nave auxiliar. Na busca pelo general e pela nave, Boimler, com a sua experiência de antropólogo de gabinete (ou seja, de um antropólogo que nunca interagiu realmente com culturas e só sabe a teoria), quebrava a cara sistematicamente, sendo sempre socorrida por Mariner, a que tinha a experiência de campo e zero de academicismo. Isso fez com que Boimler se sentisse o pior dos mortais e quisesse desistir de sua carreira. Mas aí Mariner armou o seu desconhecimento sobre os ferengis para que o amigo reconquistasse sua confiança, mesmo que ele a zoasse indefinidamente depois disso. Vemos aí a virtude da camaradagem em Mariner, que é considerada a personagem porra louca e indisciplinada da série, o que foi algo bem bacana. Na História B, vimos também Rutherford abrindo mão de sua carreira na engenharia num primeiro momento para poder assistir a um pulsar com sua amiga Tendi, ou seja, ele faz uma espécie de sacrifício pessoal por sua amiga, mesmo que depois ele retorne à engenharia Foi algo engraçadinho ver o final do episódio com os dois no tubo jefferies, uma vendo o pulsar no padd, outro olhando para as máquinas do tubo jefferies. Está faltando somente Rutherford ser menos tapado para rolar até um clima entre os dois.
Dessa forma, “Envoys” foi um bom episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, sendo melhor que o primeiro, rolando uma boa química entre Boimler e Mariner e entre Rutherford e Tendi, com o episódio construindo uma melhor interação entre os personagens. Vamos ver o que vem por aí.