Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (S03, Ep 06), Piratas. Mais Uma Vez Violando A Hierarquia.

Star Trek: Discovery' borrows from 'The Running Man' in season 3, episode 6  'Scavengers' | Space
Uma gata perplexa…

O sexto episódio de Jornada nas Estrelas Discovery, “Piratas” tem como tema principal mais uma vez a violação da hierarquia. E expedientes que busquem justificá-la, embora desta vez tenham havido conseqüências. Para podermos analisar esse episódio, os spoilers estarão liberados. O episódio foi escrito por Anne Cofell Saunders.

Qual é o plot? A Discovery sofre uma série de reformas que a tornam mais adaptada ao século 32 e agora seu número de série é NCC-1031-A. Vence diz que a Cadeia Esmeralda, do sindicato do crime andoriano-oriano, está nas cercanias do planeta Argeth, com a Federação devendo ficar de prontidão para qualquer movimento e, principalmente, a Discovery, com seu motor de esporos. A tripulação da Discovery recebe uma nova insígnia que vem com comunicador, tricorder e transportador. De repente, a nave de Book chega sem Book mas com seu gato Mágoa (Ou Rancor, depende da criatividade de quem traduz). Book deixa uma mensagem falando sobre uma caixa preta que pode ter as respostas para as causas da combustão, que está em território da Cadeia Esmeralda. Ele foi investigar e programou a nave para ir em direção à Federação caso ele não voltasse em um dia. A mensagem já tem três semanas e, obviamente, Burnham quer pegar a Discovery para ir atrás de Book, mas Saru deixa bem claro que a Discovery está de prontidão para qualquer problema em Argeth (vemos como Saru está bem mais antenado com as obrigações da Federação agora). Burnham, então, decide mais uma vez quebrar as regras e ela vai, às escondidas e com a nave de Book, para salvá-lo, juntamente com Georgiou. O mais curioso é que Georgiou alerta que a insubordinação de Burnham coloca Saru numa situação perigosa. E Burnham, sem medir as conseqüências, retruca dizendo que prefere se arrepender por algo que fez do que por algo que não fez. Pelo menos, Georgiou zoou Burnham dessa vez, dizendo que ela está apaixonada por Book, e nossa protagonista negou. Mas Georgiou começou a ter umas estranhas visões, onde parecia testemunhar uma pessoa morrendo com muito sangue, chamada San, o que a deixou bem zureta das ideias. Ao chegarem ao planeta da Cadeia Esmeralda, são saudados por um oriano. Georgiou toma a conversa e age de forma muito agressiva com o oriano, dentro dos diálogos irritantes de Discovery. O oriano somente aceita que a nave desça à superfície, pois Georgiou diz que tem dilítio.

Star Trek: Discovery – Season 3, Episode 6 Recap: “Scavengers”
Novas tecnologias…

Na Discovery, a gata do Book está nos aposentos de Tilly e, se me perdoarem o trocadilho, faz gato e sapato de Tilly, que precisa da ajuda de Burnham para colocar a gata na caixa (até isso, e todo mundo sabe que gato adora caixa…) e descobre que nossa protagonista não está na nave. Saru vai conversar com Tilly sobre o sumiço de Burnham, do fato dela ter desrespeitado as ordens diretas dele. Saru confessa a Tilly que tem uma enorme desconfiança contra Burnham, a mesma da época da Shenzhou. Tilly diz que Saru deve contar o sumiço de Burnham para Vence, antes que ele descubra por ele mesmo, pois caso isso aconteça, toda a tripulação da Discovery vai ficar manchada (ou seja, a insubordinação de Michael não respingará apenas em Saru, mas em toda a tripulação da Discovery). Saru comunica o ocorrido a Vence, que não dá muita bola no momento, pois as negociações com a Cadeia Esmeralda ruíram e a Discovery pode ter que ser lançada a qualquer momento.

Star Trek: Discovery Episode 3.6 Review: Ups And Downs From Scavengers
Naceles destacáveis… Star Trek cada vez sendo menos Star Trek…

Na superfície do planeta, mais ofensas de Georgiou ao oriano, que diz que é o sobrinho de Osyraa, a verdadeira dona do local. Burnham diz ao oriano que elas procuram pinos autovedantes (citados na primeira temporada de DS9, S01, Ep 14, “Progresso”). Eles andam numa espécie de ferro-velho que tem peças antigas de naves. Book está lá como escravo e ele vê Burnham. Um amigo de Book rouba um pouco de água e é morto pelo oriano, que o obriga a atravessar o campo de força que circunda o ferro-velho, sendo desintegrado (agora vemos a maldade do oriano em cores vivas).

Star Trek: Discovery Season 3, Episode 6 Photos: Book Is Back in "Scavengers "
Tramando mais uma insubordinação…

Adira trabalha na Engenharia e conversa com seu namoradinho do cabelo azul, que combina com o “tudo azul” de Discovery. Stamets aparece e reclama da bagunça na Engenharia. Adira diz que reprojetou a interface do motor de esporos. Agora, Stamets só precisa mergulhar as mãos num gel quando o motor é acionado, não sendo mais um processo doloroso.

Burnham e Book encontram um pretexto para falarem em particular e agora, como que por encanto, eles se tornam namorados apaixonados, algo que não vimos da última vez em que se falaram. Book diz que tem a caixa preta e que é só Burnham pegá-la no alojamento dele. Book tem um amigo andoriano, Ryn, que tentou se revoltar contra Osyraa, e ela cortou as antenas dele, além de obrigá-lo a implantar uma coisa na nuca dos prisioneiros que o episódio não explicou muito bem, sendo agora odiado por todos. Vale ressaltar aqui que esse andoriano não é agressivo como os demais de sua espécie, parecendo mais um coelhinho assustado.

Star Trek: Discovery Season 3 Episode 6 Easter Eggs & References | Den of  Geek
Uma gata fazendo Tilly de gato e sapato…

Burnham destrói um andróide voador que a vigia e o alarme soa. Georgiou improvisa uma arma. Mas as duas são presas. Georgiou continua passando descomposturas para o oriano e esse lhe dá um tapão na cara, dizendo que ela não foi lá para fazer compras. Georgiou continua malcriada. Ryn passa a caixa preta a Book (que mais parece um tubinho) e diz que chamou os prisioneiros para uma fuga organizada (mas ele não era odiado por todos?). A fuga começa e o oriano manda seus seguranças para impedi-la. Burnham e Georgiou começam a sair na porrada com o oriano (pelo menos, desta vez elas não estão batendo num homem branco, mas num homem verde). O problema é que Georgiou novamente tem a visão sangrenta do tal de San e desaba no chão, com Burnham sendo estrangulada pelo verdão, que não é do Palmeiras. Mas Georgiou acorda, dá um chutão na cabeça do oriano e pega os controles do campo de força no bolso dele. O oriano foge, se transportando. Georgiou desliga o campo de força, o que possibilita a fuga dos prisioneiros, mas Ryn, é ferido. Burnham e Georgiou voltam para a nave de Book e passam fogo nos vigias do ferro-velho que atiram nos prisioneiros em fuga. Book e Ryn são transportados para a nave. Os prisioneiros fogem em outra nave. Georgiou atira sobre umas naves que pairam sobre a superfície e elas caem, destruindo todo o ferro-velho. Book passa a caixa-preta para Burnham, que tenta conversar com Georgiou sobre o que acontece com ela, mas Georgiou não sabe dizer e diz que essas visões ocorrem há apenas algumas semanas.

Star Trek Discovery: season3, episode 6: Scavengers (trailer). : SFcrowsnest
Book e seu amiguinho andoriano sem antenas e sem agressividade…

E, depois de muita ação, chegamos ao momento fofo do episódio, onde Stamets vai conversar com Adira, que conversa com seu namoradinho do cabelo azul, que somente a moça consegue ver. Stamets se identifica com Adira, porque ele também perdeu um amor que morreu e voltou a viver. O namoradinho azul diz a Adira que gosta de Stamets. Adira olha para o implante do motor de esporos no braço de Stamets e diz que pode tirar isso dele. Depois de retirado o implante, Stamets fala dessa identificação com Adira e do desejo dele de ajudá-la a interagir mais com a tripulação para Culber, que o estimula a se aproximar da moça.

Star Trek: Discovery: Easter Eggs and References in Season 3, Episode 6, " Scavengers"
Uma Georgiou insuportável com um oriano sem sex appeal…

Na Enfermaria, Ryn convalesce (embora quase não tenhamos conseguido ver isso, pois um andoriano na Enfermaria azul da Discovery se torna praticamente invisível). Book e Burnham deixam a Enfermaria e pegam o elevador. A Primeira Oficial vai ter que encarar o almirante da Frota Estelar por sua insubordinação, mas antes dá um beijo apaixonado em Book, depois de ser rapidamente detida pela inconveniente aparição de Linus no elevador, pois ele ainda não sabe usar o transporte implantado na insígnia, sendo o alívio cômico do episódio.

Star Trek: Discovery Season 3, Episode 6 Photos: Book Is Back in "Scavengers "
Um casal num romance forçado…

Vence está com Burnham e Saru e diz que a missão de Burnham não foi autorizada mas teve bons resultados, valendo o risco (é claro que haveria um entretanto nessa insubordinação de Burnham). Mas Vence passa um esporro federal em Burnham, dizendo que ela colocou a Discovery em risco, pois a nave partiria sem sua Primeira Oficial numa eventual missão a Argeth. E ela só não está presa porque salvou vidas. Burnham concordou com tudo, bem pianinho. Mas ela ainda diz (depois de pedir permissão para falar) que é preciso descobrir o que levou à combustão, caso contrário existe uma chance da Federação nunca mais ser o que foi antes. Vence diz que vamos ver o que se tem na caixa-preta. E que delega a Saru a punição que Burnham vai ter.  Saru, muito magoado, fala da falta de confiança e a tira do cargo de Primeira Oficial, tornando-se apenas oficial de ciências. Burnham ainda acha que pode opinar depois de tudo e diz a Saru que ele está fazendo a coisa certa, como se ela desse o aval para ele rebaixá-la. Mas Saru dá a última palavra dizendo que um  dia todos teremos as respostas que procuramos, deixando nossa protagonista abalada, que retira a insígnia. Fim do episódio.

Star Trek: Discovery Season 3 Episode 6 Review: “Scavengers”
Stamets e Adira. Amizade aprovada pelo namoradinho do cabelo azul…

O que podemos falar do episódio “Piratas”? Em primeiro lugar, esse foi um episódio um pouco melhor que os três últimos, pois trabalhou mais temas. Houve menos melodrama, em doses mais aceitáveis e as cenas de ação voltaram. A Discovery e a sua tripulação sofreram um interessante upgrade e não tiveram dessa vez que provar nada a ninguém, como ocorreu nos três últimos episódios de uma forma muito repetitiva. Tivemos uma História A, onde Burnham e Georgiou foram as protagonistas, que trouxe de volta Book e apareceu uma misteriosa caixa-preta que pode fornecer dados sobre a combustão, que é o arco principal. Aqui ficou a sequência de ação, que sumiu por três episódios. O destaque negativo foi diálogo escrito para Georgiou, agressivo e petulante demais, intolerável para um vilão de um sindicato de crime, mesmo que elas tivessem todo o dilítio do mundo. Um ponto fraco de Georgiou foi exposto numa alucinação que ela tem com alguém com quem ela parece gostar e morreu (então não seria a Burnham a pessoa que Georgiou gosta, citada no episódio anterior, mas sim esse tal de San? Vamos ver). O detalhe é que estamos agora com um problema psicológico de Georgiou para lidar na trama. E o problema de Detmer? Vai ficar por aquilo mesmo? Esperemos que mais essa boa ideia em cima de Georgiou seja bem desenvolvida, até para compensar seus diálogos odiosos e sem qualquer necessidade.

Preview — Star Trek: Discovery Season 3 Episode 6: Scavengers | Tell-Tale TV
Culber apóia a iniciativa de Stamets para com Adira…

Houve uma História B, que novamente ficou mais focada na tripulação da Discovery e mais uma vez se fragmentou em histórias menores. A decepção de Saru com a falta de confiança que ele teve com Burnham por causa da insubordinação dela chamou muito a atenção. Saru, no papel de fandom mais antigo, defende os ideais da Federação com unhas e dentes e deixa bem claro que ele, pelo menos não parece querer abrir brechas para o comportamento rebelde de Burnham (resta ver se ele vai conseguir manter essas brechas fechadas). Um outro núcleo, o de Stamets com Adira, funcionou muito bem, apesar do melodrama, embora esse melodrama a meu ver tenha vindo em doses mais aceitáveis e ajudou a construir mais os personagens e seus relacionamentos. Linus entrou como um bom alivio cômico que funcionou bem.

Burnham & Book Kissing Scene - Star trek Discovery 3x06 Season 3 Episode 6  / Saru "Scavengers" - YouTube
Vence. Deveria ter aplicado uma punição mais forte a Burnham…

E Burnham? Duas palavrinhas, apenas. Em primeiro lugar, esse romance dela com Book simplesmente saiu do nada, pois a interação entre esses dois personagens não deixou nenhuma impressão de que eles tivessem um relacionamento mais íntimo. Me pareceu uma tremenda forçada de barra. E, em segundo lugar, a insubordinação de Burnham foi vista de forma bem crítica nesse episódio, onde ela arriscou a própria tripulação da Discovery para colocar em prática seus atos ilimitados. Apesar disso, sempre parecia que alguém buscava uma justificativa para a insubordinação de Burnham, além da punição de Saru me parecer branda demais e de Vence, que deveria ter sido mais severo contra ela. De qualquer forma, nossa protagonista ainda assim foi atingida em cheio pela decepção de Saru com a falta de confiança que agora ele tem para com ela. Essa forma mais crítica de se ver a Michael é, a meu ver, a melhor mudança que vemos em Jornada nas Estrelas Discovery até agora nessa terceira temporada.

Dessa forma, “Piratas” é um bom episódio de Discovery, pois ele foi trabalhado em várias frentes, onde vimos alusões aos episódios anteriores dessa temporada. Uma História B fragmentada em ouras histórias com a tripulação, e uma História A, onde finalmente Burnham sofre as consequências de seus atos de alguma forma, algo que já tinha passado da hora de acontecer.

Star Trek: Discovery – Season 3, Episode 6 Recap: “Scavengers”
Saru e a perda de confiança. Castigo para Burnham…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (S03, Ep 05). Morrer Tentando. Discovery Submetida A Mais Uma Prova.

Star Trek: Discovery Season 3 Episode 5 Review: Die Trying | Den of Geek
Uma tripulação maravilhada com a Federação…

O quinto episódio de Jornada nas Estrelas Discovery, “Morrer Tentando”, é mais um daqueles em que a tripulação da nave tem que provar suas boas intenções num século 32 cheio de desconfianças. Para podermos falar do episódio aqui, os spoilers estão liberados. Esse episódio foi escrito por James Duff e Sean Cochran.

Qual é o plot? A Discovery finalmente chega à sede da Federação e todos na tripulação ficam maravilhados com naves como a Voyager-J ou a Nog. Mas, quando falam com o Comandante em  Chefe da Frota Estelar, Charles Vance, a coisa não fluiu muito bem, pois não há dados sobre a Discovery ou o Anjo Vermelho. Para piorar, a Discovery, ao viajar no tempo, quebrou regras de um acordo que evitava viagens temporais para alterar o passado (vide Enterprise e sua Guerra Fria Temporal) e, assim, é considerado que foi cometido um crime. Dessa forma, a tripulação da Discovery terá que provar sua fidelidade à Federação. A Discovery irá para reformas e a tripulação será interrogada, readaptada e realocada. Burnham, obviamente, sobe nas tamancas e já quer violar as regras. Há um grupo de refugiados alienígenas que tem uma doença para a qual não existe cura. Burnham quer a lista de onde esses alienígenas estiveram para investigar e buscar uma cura. Mas Saru deixa bem claro que não vai desrespeitar ordens de seus superiores na Frota nem que roubará propriedade da Federação, como Burnham sugeriu.

Star Trek: Discovery Reveals The New Future Starfleet And Its Admiral
Um almirante nada receptivo…

Saru comunica à tripulação que ela será separada e todos fazem carinha de birra de criança de três anos. Hologramas fazem interrogatórios e não entendem o comportamento um tanto bizarro dos interrogados, que, recorrentemente, praticavam o ato de insubordinação de uma forma até meio malcriada (a velha e irritante violação da hierarquia militar que vemos em Discovery, onde oficiais graduados se comportam de um jeito totalmente infantil). Dentre esse interrogatório, temos um destaque especial para Georgiou que, com piscares de olhos na mesma frequência dos hologramas, consegue desativá-los. Mas há um senhor, bem humano, que a começa a interrogar Georgiou (interpretado pelo lendário diretor David Cronenberg, de “Scanners”, “A Hora da Zona Morta” e “A Mosca”!!!). E esse interrogatório foi a melhor parte do episódio disparado, pois esse senhor, de nome Kovich, conseguiu deixar Georgiou muito bolada, pois ele falou que o Império Terrano caiu há mais de quinhentos anos e que não houve qualquer travessia do Universo Espelho para o nosso Universo desde que Georgiou atravessou. Georgiou ainda quis manter sua marra, dizendo que, no nosso Universo, a fraqueza de uma pessoa é outra pessoa. E Kovich rebateu dizendo que isso pode explicar por que Georgiou veio para o nosso Universo, pois ela gosta de alguém aqui (adivinha quem???). Ou seja, a maligna e perversa Imperatriz tem uma fraqueza humana, que é gostar de outra pessoa. Já estava na hora de Georgiou tomar um rabo de arraia desses na série.

Burnham e Saru vão atrás da tenente Willa, chefe de segurança de Vence, pedindo a lista das viagens dos alienígenas doentes. Burnham insiste, sendo um pouco mais diplomática e Willa diz que vai falar com Vance.  Eles conseguem a lista e veem um planeta chamado Urna, que tinha várias indústrias que envenenavam o planeta. Provavelmente os alienígenas pararam no planeta e consumiram alimentos contaminados. O mais interessante é que toda a tecnologia do século 32 não conseguiu detectar isso mas Saru e, principalmente, Burnham, conseguem apresentar a solução do problema, numa forçada de barra. Para curar a doença, serão necessárias amostras saudáveis das plantas consumidas pelos alienígenas. Burnham (sempre ela) diz que havia uma nave da Federação que guardava amostras de sementes de vários planetas da galáxia, a U. S. S. Tikhov. Vence diz que essa nave ainda existe, mas está a cinco meses de distância. Burnham se lembra do motor de esporos da Discovery. Vance ordena Willa que prepare uma equipe para pilotar a Discovery. Burnham diz, de forma malcriada, que a tripulação da Discovery já está pronta para fazer a missão. Vance adverte Burnham contra o seu tom. Saru, diplomaticamente, pede a Vance que a equipe da Discovery seja enviada, com a Burnham como capitã da nave, enquanto Saru se oferece para ficar com Vance para ajudá-lo, por uma questão de confiança. Vance autoriza Burnham a ir, mas com Willa. E, se ela não voltar logo, as conseqüências recairão sobre Saru. Pronto. Agora Burnham será a capitã da Discovery e sua marra subirá a níveis insuportáveis. A Discovery vai para onde a Tikhov está e a nave está numa turbulenta nebulosa. A Discovery consegue tirar a nave da nebulosa com o raio trator e parece que uma família Barzan (da espécie de Nhan) tomava conta da nave. Nhan vai no grupo avançado, juntamente com Culber e, obviamente, Michael. Na Tikhov, eles encontram um holograma da família que guarda as sementes, e a família cantava a mesma melodia do violoncelo de Adira. Nhan mexe no histórico dos hologramas e descobre que a nave passou por uma tempestade de íons. Culber encontra os corpos da família, exceto do pai. Burnham entra no cofre das sementes por teletransporte, mas não consegue acessar o código. O pai da família, Attis, a ataca,  defendendo as sementes, e desaparece estranhamente, como se estivesse fora de fase. Burnham entra em contato com Stamets, Tilly e Reno e explica a situação de Attis. Eles conseguem fazer uma tecnobabble meio chula, que inclui um “arroto figurado” e Willa, do século 32, nada entende sobre essa tecnobabble, constituindo-se em mais um furo de roteiro. Attis reaparece e é teletransportado para o cofre, onde está Burnham e os demais. Nhan tenta convencer Attis a ceder as sementes, sem sucesso. Aí, Culber vai fazer o que? Pedir para Burnham conversar com Attis, é lógico!!! Burnham, com jeitinho, convence Attis a ceder as sementes. Mas ele não quer deixar a nave e ficar com sua família, mesmo que morra em pouco tempo, já que seu corpo foi muito comprometido com a tempestade iônica. Culber se opõe a deixar Attis para trás, assim como Burnham. Mas Nhan se lembra do respeito a outras culturas que a Federação tem. E decide ficar para tomar conta das sementes, pois elas são muito importantes para a Federação e não podem ficar sozinhas. Burnham aceita a entrega de Nhan, apesar de admitir que há um ano discutiria com ela sobre isso e não a deixaria ficar. É claro que rolou uma choradeirazinha básica. E as duas se despediram.

Star Trek: Discovery (Season 3 Episode 5) "Die Trying" - Startattle
Burnham, advertida por sua marra…

De volta à Federação, Vence viu o sacrifício de Nhan e a missão bem sucedida da Discovery. Entretanto, diz que não há mais missões de cinco anos. Saru relembra Giotto, o pintor renascentista que criou a perspectiva dos três pontos de fuga, a profundidade e a totalidade, expandindo a visão de mundo que estava muito restrita com a Idade Média, a “Idade das Trevas”. Isso deu esperança às pessoas e a Discovery agora (segundo Burnham, que intervém na conversa de novo) pode ajudar com o motor de esporos, as informações da esfera e a tripulação. Vence, apesar de achar a tripulação da Discovery instável, aceita, desde que a Discovery obedeça estritamente suas ordens. Burnham força a barra e pergunta sobre a combustão. Vence diz que há mais teorias do que naves e não tem provas. Burhnam retruca dizendo que o desafio de busca de provas está aceito. Os alienígenas são curados. Burnham ainda conversa com Willa sobre a estranha música de Adira e Attis e as duas não chegam a uma conclusão. Burnham vai conversar com Georgiou sobre a música, mas esta parece fora do ar. Quando ela se dá conta de que Burnham está ao seu lado, começa a conversar com ela como se nada tivesse acontecido. O episódio termina com Saru chamando mais uma vez a atenção de Burnham para escolher suas palavras com Vance e fala em esperança.

Star Trek: Discovery – Season 3, Episode 5 Recap: “Die Trying”
Insubordinação nos interrogatórios…

O que podemos falar do episódio “Morrer Tentando” Em primeiro lugar, ele começa com uns easter eggs de naves que os tripulantes da Discovery veem ao chegar à Federação. Uma Voyager-J, uma nave chamada Nog de relance, criando uma expectativa boa, com relação à História A, que é o reencontro da Discovery com a Federação. Entretanto, logo depois a gente vê novamente o que vimos nos dois capítulos anteriores, quando a Discovery, esperando chegar a um lugar que lhe recebesse de braços abertos, lhe dispense, na verdade, um tratamento hostil, como aconteceu na Terra e com os Trills, onde a Discovery teve que provar suas boas intenções. Agora, vai ser a vez da Discovery mostrar que é confiável para a Federação. Isso acabou ficando um tanto repetitivo. Mais uma vez, a tripulação da Discovery teve que enfrentar a arrogância de um grupo. E reagiu muito mal, debochando da hierarquia militar. Vou lembrar mais  uma vez aqui que a hierarquia militar é muito importante em Jornada nas Estrelas, pois ela dá a oportunidade de mostrar a sociedade utópica do futuro, onde o superior tem mais respeito com seu subalterno. O que vemos em Discovery são subalternos malcriadinhos como crianças de três anos birrentas. E isso cansa. Pelo menos, o interrogatório de Georgiou levado por David Cronenberg foi uma gratíssima surpresa. Se no início esse diálogo ainda foi estragado um pouco pelos roteiristas (a questão do interrogador usar óculos para parecer inteligente), depois ele foi muito bem escrito e fez uma coisa que eu particularmente já queria ver há muito tempo que era testemunhar a Georgiou ser desancada. E a coisa foi bem bonita, sendo esse o melhor momento do episódio.   

Star Trek: Discovery season 3, episode 5 recap - "Die Trying"
Georgiou, cheia de marra…

O episódio teve alguns furos de roteiro como a Burnham conseguir resolver o problema da doença dos alienígenas quando toda a tecnologia do século 32 não o fez. Ainda, o não entendimento de Willa à respeito da tecnnobabble de Stamets, Tilly e Reno para trazer Attis também foi um pouco estranho, seguindo a mesma lógica do exemplo anterior.

Star Trek: Discovery "Die Trying" clip with David Cronenberg & Michelle Yeoh
… vai finalmente encontrar alguém que vai colocá-la em seu lugar…

E Burnham? Esse foi mais um episódio de protagonismo excessivo da moça, que podia ser mais bem dividido entre os demais personagens. Por exemplo, já é a segunda vez que Culber pede para Burnham conversar com alguém. Seria muito mais legal, a meu ver, Culber ter convencido Attis com sua forma doce e delicada de atender seus pacientes. Mas o protagonismo de Burnham não ficou somente aí. Ela vai comandar a Discovery nesse episódio e vai colocar Saru, que teve algumas falas interessantes ao início e final, numa posição muito periférica em todo o resto do episódio. Pelo menos, os escritores de Discovery agora procuram relativizar esse protagonismo excessivo de Burnham, e a moça sofreu advertências não somente de Saru mas também de Vance. Ela chegou a fazer carinha de birra em alguns desses momentos, mas sua personagem sabe que se excede na violação da hierarquia e que precisa mudar. Essa foi uma mudança boa para Burnham nessa temporada.

Star Trek: Discovery' Season 3 Episode 5: The Mirror Universe is gone, what  does this mean for Georgiou? | MEAWW
… e vai ficar boladaça…

E a história B, que se passa na Tikhov?  Essa foi uma história mais mediana, onde podemos perceber novamente um certo exagero no melodrama.  A perda da família de Attis e a entrega de Nhan fizeram novamente com que algumas lágrimas vertessem, numa série que ficou muito marcada pelo melodrama nas temporadas anteriores. Era hora de Discovery se desapegar um pouco disso e ser mais ficção científica. Esperemos que a ficção científica aflore mais na questão da investigação da combustão.

Star Trek: Discovery Recap, Season 3 Episode 5: 'Die Trying'
Nhan vai fazer um sacrifício…

Assim, se “Morrer Tentando” não foi o melhor episódio de Discovery até agora, pelo menos tivemos bons momentos como a participação de Cronenberg e ver a Michael precisar rever seus conceitos sobre disciplina. Mas os vícios dos diálogos mal escritos ainda permanecem, sobretudo na tecnobabble do episódio, onde a palavra “arroto” foi usada de forma indiscriminada e despropositada. Mais uma vez, tivemos um episódio de História A e B com arco fechado, o que é bom para a série.  

Preview — Star Trek: Discovery Season 3 Episode 5: Die Trying | Tell-Tale TV
Saru e Michael. Mais advertências para a protagonista…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (S03, Ep 04), Não Me Esqueça. Puxando Demais No Melodrama.

Star Trek Discovery Season 3 Episode 4 Review Forget Me Not — Spoilers |  IndieWire
Uns trills meio zoados…

O quarto episódio de Jornada nas Estrelas Discovery, “Não Me Esqueça”, teve alguns pontos positivos, mas foi marcado por um melodrama excessivo, que coloca a ficção científica para escanteio. Um pouco de emoção sempre é algo bom na construção dos personagens, mas a coisa foi um pouco exagerada nesse episódio, o que deu sono em alguns momentos. O episódio foi escrito por Alan McElroy, Chris Silvestri e Anthony Maranville. Para podermos falar um pouco do que foi visto, spoilers serão necessários.

Watch Star Trek: Discovery Season 3 Episode 4: Forget Me Not - Full show on  CBS All Access
Um planeta um tanto idílico…

O episódio começa com o Dr. Culber em seu diário pessoal dando suas impressões sobre a tripulação, que está sob o stress de procurar o que sobrou da Federação à qualquer custo. Adira não tem lembranças ainda de como ela conseguiu o simbionte. Culber dá duas opções para isso: examinar o hipocampo de Adira, o que seria penoso para ela, ou ir ao planeta dos Trills para conseguir respostas. Adira decide pela segunda opção.

Saru conversa com Stamets sobre a alternativa de o motor de esporos poder funcionar sem ele, já que ele foi gravemente ferido uma vez e o motor de esporos é a única forma de se locomover no século 32. Tilly chega a apresentar um estudo alternativo sobre matéria escura, mas Stamets faz pouco e é grosseiro com a moça.

Star Trek: Discovery season 3, episode 4 recap - "Forget Me Not"
Burnham e sua necessária cena de ação…

Ao chegar a Trill, Culber acha que Michael (como sempre) é a melhor escolha para a companhia de Adira à superfície do planeta, pois a menina precisa de apoio emocional. Ao chegar ao planeta, os trills veem Adira como uma abominação, pois ela é uma humana que contém um simbionte e não uma trill (já vemos Discovery esculachando agora os trills) e que Adira deve ser separada de seu simbionte, algo que Burnham rechaça imediatamente. Um dos trills, porém, acha que Adira pode ser o futuro da espécie deles, pois a combustão dizimou a população trill e há poucos trills capazes de carregar um hospedeiro. Ele quer que Adira vá a uma caverna onde talvez ela consiga se comunicar com seu simbionte, mas os outros trills acham que ela vai contaminar um local sagrado. A líder trill se opõe a ideia de Adira ir à tal caverna e ela, juntamente com Burnham devem abandonar o planeta. Adira chora (tadinha). As duas são escoltadas por um simbionte que exige que o simbionte seja retirado de Adira. Guardas armados veem e Burnham passa fogo em todo mundo (deve ter sido por isso que Culber queria que Burnham fosse ao planeta, para ter a cena de ação do episódio). O trill que queria que Adira fosse à caverna aparece e leva as duas para lá. Ao chegarem à caverna, Adira fica imersa num lago onde ela deve se comunicar com seu simbionte, enquanto os demais trills aparecem. Mas algo dá errado e ela afunda, desaparecendo. Burnham mergulha heroicamente no lago atrás de Adira.

Star Trek Discovery Season 3 Episode 4 Recap: "Forget Me Not"
Ótima participação do Dr. Culber no episódio…

Culber diz a Saru que, depois dos exames, constatou que a tripulação está estressada e é preciso fazer algo que os conecte. Saru pede sugestões ao computador, que altera seu tom de voz e sugere filmes de cineastas como Buster Keaton ou Charlie Chaplin, ou um jantar do capitão com sua tripulação. Saru organiza a janta, mas a experiência é um desastre total, em virtude do stress da população, com Detmer agredindo Stamets e outros lances um tanto bizarros (mais uma vez os malditos diálogos, com os roteiristas estressando os personagens e, principalmente, os espectadores), deixando Saru com uma tremenda cara de tacho, tadinho (agora não fui sarcástico como fui com a Adira acima).

Star Trek Discovery Season 3 Episode 4 Review Forget Me Not — Spoilers |  IndieWire
Um jantar desastroso…

No fundo do lago, Burnham encontra Adira com uns filamentos tentando se conectar à moça. Burnham acha que os filamentos têm relação com o simbionte e pede que Adira permita que os filamentos se unam a ela. Adira revê seu namoradinho, Gray, que era um trill e tinha um simbionte em si. Nas lembranças de Adira, o episódio toma um rumo muito meloso. Mas todo esse idílio é marcado por um acidente onde Gray é ferido mortalmente e seu simbionte tem que ser passado para Adira às pressas. Adira finalmente consegue contato com os hospedeiros anteriores de seu simbionte, incluindo Gray e o próprio Senna Tal. Burnham e Adira voltam à superfície e são bem recebidas por todos os trills quando estes percebem que a união com o simbionte foi bem feita. Adira recebe a oferta para ficar em Trill, mas ela prefere seguir com a Discovery.

Tilly volta à sala de jantar para confortar Saru. Stamets também vai lá para se desculpar com Tilly e retomar a pesquisa com matéria escura. Já Detmer finalmente assume que tem um problema e aceita a sugestão que Culber havia dado a ela de procurar ajuda médica (aquela sequela do segundo episódio). Toda a tripulação é chamada para o hangar. Saru montou uma projeção de Buster Keaton para relaxar a tripulação. Stamets e Detmer fazem as pazes na exibição do filme. Saru e Culber conversam e o kelpiano acredita que a escolha que o computador fez por Buster Keaton na verdade foi uma escolha dos dados da esfera que estão na Discovery e que querem proteger a tripulação, já que os dados são protegidos pela Discovery.

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Apesar do contratempo, o esforço de Saru foi recompensado…

Adira tem as lembranças de Senna Tal e entrega para Burnham as coordenadas que levam à Federação. O episódio termina com Adira tocando um violoncelo e Gray a ajudando a tocar em suas memórias.

O que podemos dizer do episódio “Não Me Esqueça”? Em primeiro lugar, tivemos, como dito acima, um melodrama um pouco exagerado, principalmente na História A, onde Adira se encontra com seu namoradinho Gray. Talvez a coisa tenha ficado um pouco enfadonha até porque ainda não temos uma intimidade suficiente com Adira. Aliás, a História A foi um tanto problemática, principalmente quando vemos a forma com que os trills foram retratados, sempre daquela forma religioso-mística que vemos às vezes em Discovery (as más línguas diriam que, desta vez, os trills foram as vítimas de Discovery no ato de serem esculachados pela série). Burnham teve que ciceronear Adira muito mais pela pequena cena de ação do que qualquer coisa. E estimulou a moça a ir fundo nas suas lembranças para que o processo de interação com o simbionte não fosse de todo prejudicado. Mas devo dizer que achei que a participação de Burnham nesse episódio foi mais periférica e isso foi algo bom, mesmo que a história de Adira tenha ficado um tanto arrastada. Já a História B foi mais interessante, pois teve uma boa participação de Culber, um personagem bom de Discovery que deveria ser mais aproveitado, Saru teve novamente um protagonismo, onde ele queria cuidar do stress da sua tripulação, o que não deu muito certo, para depois o kelpiano acertar a mão com Buster Keaton (definitivamente o melhor do episódio). O grande barato aqui foi ver Stamets e Tilly se entendendo depois de uma grosseria um tanto despropositada (essa grosseria apareceu de um jeito forção somente para haver uma reconciliação depois) e Detmer procurando ajuda médica depois desse assunto ter sido levantado no segundo episódio, além da reconciliação de Stamets com Detmer. A História B também puxou para o melodrama? Sim. Mas ainda assim, essa História trabalha a interação da tripulação da Discovery, o que, na minha modesta opinião, faz o episódio melhorar muito, quando não há tanto foco na Michael e podemos ver os outros personagens interagindo mais uns com os outros. Por fim, as coordenadas da localização da Federação, dando mais um passo no eixo principal da série. Uma coisa deve ser dita aqui. Não parece que estejamos vendo um grande filme de treze capítulos. Há a história principal que transcorre ao longo desses episódios, mas fica a impressão de que os roteiristas também conseguiram fazer histórias independentes em cada episódio, com direito até a História A e B, como vimos nesse episódio e no segundo. Pode-se dizer que isso foi um avanço dos roteiristas na série. Agora, os diálogos continuam cansativos e até um tanto bizarros, principalmente quando vemos a Tilly falando que vomitou em cima de um telarita durante o jantar ou o que a Detmer falou do sangue de Stamets. Nessas horas, realmente não sei o que esses roteiristas têm na cabeça.

Dessa forma, “Não Me Esqueça” é um episódio que, apesar de carregar nas tintas do melodrama, ainda assim tem suas virtudes, tais como a História A e B e novamente uma atenção à tripulação da nave, com um destaque bom para Culber. Alguns diálogos permanecem bem sofríveis, o que é uma constante nesses episódios de Jornada nas Estrelas Discovery.

Blu del Barrio and Ian Alexander Discuss "Forget Me Not," Both Returning  for STAR TREK: DISCOVERY Season 4 • TrekCore.com
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Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (S03, Ep 03), Povo Da Terra. E Volta A Série De Uma Personagem Só.

Star Trek: Discovery Season 3 Episode 3 Review: People of Earth | Den of  Geek
Michael de volta. Começando com choradeiras…

O terceiro episódio de Jornada nas Estrelas Discovery, “Povo da Terra”, infelizmente confirmou um medo: o da volta da série de um personagem só, no caso a Michael Burnham, que volta a se levar demais a sério, assim como os demais personagens que a idolatram, o que foi uma constante nas temporadas anteriores. Esse episódio foi escrito por Bo Yeon Kim e Erika Lippoldt e dirigido por Jonathan Frakes.  Para podermos falar desse episódio, os spoilers estão liberados.

Qual é o plot? O episódio começa com um diário pessoal de Burnham para a tripulação da Discovery explicando o que ela achou no futuro. Setecentos anos depois deles terem partido para o futuro, o suprimento de dilítio acabou. A Federação procurou fazer projetos alternativos de dobra que acabaram sendo não confiáveis. Aí, veio a combustão, onde ninguém sabe exatamente o que aconteceu, mas todo o dilítio ficou inerte num instante, o que provocou a explosão de todas as naves com núcleo de dobra ativo. A Federação desapareceu, sendo somente uma sombra do que já foi. Burnham se tornou uma transportadora, trocando bens por dilítio para explorar os setores e procurando por pistas para descobrir o que causou a combustão e tentar reerguer a Federação. Ela ainda procura a Discovery, ama a todos, etc., etc., e que encontrou um amigo (Book). Um belo dia, o sinal do comunicador soa. E ela encontra a tripulação da Discovery, onde a choradeira é geral, como não podia deixar de ser. Numa conversa com Saru, Burnham diz que enviou uma transmissão para Terralísio e recebeu como resposta que nunca ouviram falar da mãe dela. Burnham conversa com a tripulação que a combustão parece ter ocorrido em um instante e em todo o espaço. Stamets diz que isso é impossível, que nada faria todo o dilítio ser afetado ao mesmo tempo. Georgiou, de forma ríspida, diz a Stamets que ele salta a nave num espaço cogumelo, sendo a primeira mostra dos diálogos insuportáveis que são uma marca de Discovery. Burnham diz que morreram milhões e encontrou uma transmissão da Frota Estelar. A transmissão é de um almirante Senna Tal, que diz que vai esperar por quem quiser se unir a ele na Terra. A mensagem tem doze anos e a Terra estava longe para alcançar.  A ideia é ir para a Terra com o motor de esporos (ele de novo!!!) e encontrar o almirante Senna Tal. Saru quer conversar com Burnham sobre quem vai ser capitão da Discovery, mas Burnham “deixa” o Saru ser o capitão, pois ele ficou responsável pela nave sozinho (essa “permissão” de Burnham revela duas coisas: ela ainda pode tudo na série, até conceder postos de capitão: e foi  atendido um pedido do fandom, onde muitos queriam que Saru fosse capitão, apesar da bênção e graça de Burnham). Saru senta na sua cadeira e enfatiza a importância de se fazer tudo juntos, ou seja, valorizando o trabalho em equipe, parecendo ser essa equipe um pólo destacado de Burnham.

Star Trek: Discovery season 3, episode 3 recap - "People of Earth"
Michael e Saru. Como respeitar a hierarquia???

Tilly e Burnham começam uma conversa de que os parentes já se foram há séculos e se vai existir algo que eles vão reconhecer quando chegar à Terra, como as pirâmides de Gizé ou bolo. Burnham diz que o bolo é eteno (???), algo um tanto piegas. A conversa termina com mais uma choradeira. Se a Burnham do primeiro episódio ainda tentou segurar o choro na frente do Book, quando ela se encontra com a tripulação da Discovery, a choradeira começa de novo, infelizmente. Tilly ainda diz que gostou dos dreads da Burnham e que ela parece mais leve, naquela tentativa de mostrar uma Burnham mudada que, nesse episódio, parece ser cada vez mais a velha Burnham de sempre.

Book é transportado para a Discovery por Georgiou, o que rende alguns daqueles diálogos chatos que somente os roteiristas de Discovery sabem escrever tão bem (ou mal, dependendo do ponto de vista). E, depois, vamos ter a primeira sequência de conversas entre Book e Michael, algo que deixou o episódio um tanto sonolento e até arrastado, pois eles falavam de seu ano de convivência juntos, onde não sabemos de nada o que aconteceu, com a maior naturalidade e desenvoltura do mundo.

Star Trek: Discovery' goes 'Scooby-Doo' in season 3, episode 3 | Space
De volta à Terra…

Michael sugere a Saru para colocar todo o dilítio da Discovery escondido na nave de Book, algo que Saru não gosta muito. O kelpiano também quer saber por que Michael “concedeu” o comando da nave a ele. Ela diz que, no ano que passou no futuro, muito da sua perspectiva mudou. Foi decidido que o dilítio ficará na nave de Book e ele não poderá entrar na nave até que cheguem à Terra.

A Discovery chega a Terra, mas a recepção é das piores. A capitã Ndoye, da Força de Defesa da Terra Unida, diz que eles violaram algumas leis e que devem partir, pois não são bem vindos. Saru fala da intenção deles procurarem um almirante na Terra e Ndoye fala que fará uma inspeção na nave, com muitos oficiais de defesa da Terra se transportando para a nave. Michael ajuda Book a entrar num uniforme da Discovery, enquanto eles continuam falando de eventos que passaram juntos e que não presenciamos.

Star Trek: Discovery Season 3 Episode 3 Review: People of Earth | Den of  Geek
Georgiou e mais diálogos insuportáveis…

Michael e Georgiou conversam no corredor um papo bem emblemático: até onde Burnham se encaixa na Discovery depois dela passar um ano no futuro e fazer o que quiser? Ela respeitaria as regras da Discovery?

Depois, Burnham (sempre ela) vai conversar com Saru e com Ndoye. Saru pergunta a Ndoye do que a Terra tem tanto medo. Ndoye diz que a Terra é autossustentável e que é atacada por piratas que querem roubar dilítio, sendo que a maior ameaça é um alienígena chamado Wen. Saru assegura que a Discovery nada tem a ver com esses saqueadores. Saru diz que somente quer fazer contato com a Federação, mas Ndoye diz que a Federação e a Frota Estelar já não estão na Terra há cerca de cem anos, pois achavam que permanecer no planeta as tornaria um alvo depois da combustão. A autossuficiência da Terra também não faz mais a presença da Federação necessária. Sobre Senna Tal, Ndoye diz que ele já está morto há dois anos.

Star Trek: Discovery (Season 3 Episode 5) "Die Trying" - Startattle
Um capitão muito desrespeitado…

Na Engenharia, Stamets está muito incomodado com uma (ou um?) adolescente de dezesseis anos, de características bem andróginas, que inspeciona o motor de esporos. O nome da moça é Adira. Enquanto isso, as naves de Wen vêm para ataque e Ndoye diz para não responder. Mas Saru diz que ela não tem jurisdição sobre a Discovery e ele quer abrir um canal para comunicação. Wen quer que o dilítio da Discovery seja entregue ou ele atacará. Ndoye diz a Saru que o pedido que ele fez para visitar a Terra está negado e que a Discovery tem que sair da órbita da Terra para que o planeta lide com Wen. Mas, ao se transportar, Ndoye e os oficiais da Terra não conseguiram. De forma muito intransigente, Ndoye diz que a Discovery sabotou os transportes. Saru diz que não sabotaria a força da Terra e que vai lidar com Wen e com o problema do transporte. Ndoye diz para levar o conflito para longe, ou vai entender isso como uma guerra da Frota Estelar contra a Terra. Michael empurra Book para um plano para salvar a Discovery e eles levam a nave de Book abarrotada de dilítio para o espaço, sem sequer avisar a Saru.

Na Engenharia, Tilly e Stamets descobrem um dispositivo, instalado por Adira, que sabota os transportadores da Força da Terra e que, se mexido, pode desligar os escudos da nave. Eles decidem se aproximar de Adira para entender melhor seus planos, depois de mais um diálogo pitoresco.

Star Trek: Discovery Season 3, Episode 3, "People of Earth" Photos Reunite  the Crew | News Break
Uma adolescente um tanto andrógina. Ou não binaria???

Saru quer entrar em contato com a nave de Book, mas Georgiou diz que não, pois isso vai atrapalhar o plano de Michael. Depois, Ndoye decide que a nave de Burnham deve ser alvejada, num festival de desrespeito total à autoridade de Saru como capitão.

O plano da Burnham é fingir que vai entregar o dilítio a Wen. Mas Ndoye quer por que quer destruir a nave de Book. Saru, que não quer atacar a Terra, vai se colocar entre as forças de defesa da Terra e a nave de Book para protegê-la. A Discovery é atingida e um outro tiro atingirá a nave de Book e de Wen. Burnham diz isso a Wen e diz que ele terá que abaixar os escudos para o transporte do dilítio. Wen abaixou as armas e, quando abaixou os escudos, ele foi transportado. Michael, Book e Wen aparecem na ponte da Discovery. Burnham coloca Wen e Ndoye cara a cara para conversarem. Mas os dois não se entendem. Então Georgiou, com sua sutileza de um rinoceronte entrando a toda numa loja de cristais, chuta a perna de Wen e o capacete deste cai, revelando-se um humano. Saru insiste que Ndoye e Wen comecem um diálogo.  Wen é de uma colônia em Titã que se separou da Terra há um século por ser autossuficiente, mas essa autossuficiência foi perdida num acidente, perdendo também a capacidade de comunicações para pedir ajuda. Quando uma nave foi à Terra pedir ajuda, foi destruída. Saru e Burnham intervêm na conversa e dizem que a Terra e Titã agora podem fazer um acordo baseado em trocas, acabando com o estado de litígio entre os dois e com o ideal da Federação consertando as coisas. Ndoye autoriza a visita da tripulação da Discovery à Terra.

Stamets encontra Adira e diz tudo sobre o motor de esporos a ela, além de dizer que é do século 23. Mas pressiona a moça para ela dizer quem realmente é. Ela disse que se tornou inspetora para poder achar uma nave da Federação e que a sabotagem foi para ganhar tempo, além de ter certeza que a tripulação da Discovery fosse confiável. E que Adira quer ir com a tripulação da Discovery, pois conhece Senna Tal.  Mais tarde, Adira revela a Saru que ela carrega um simbionte trill, apesar dela ser humana. O problema é que Adira, por ser humana, tem dificuldade de acessar as memórias dos hospedeiros anteriores, dentre eles Senna Tal. Assim, Adira pode ter lembranças do que ocorreu com a Frota Estelar. Burnham se desculpa com Saru dizendo que deveria ter contado sobre o plano de tirar a nave de Book com o dilítio da Discovery e Saru diz que ela deveria ter contado sim, pois a confiança entre os dois é indispensável. Burnham diz que mudou em um ano e que ainda está assimilando isso, mas que pretende trabalhar com Saru, Os dois acertam que Burnham será a Primeira Oficial. Já Book vai embora. O episódio termina com a tripulação da ponte da Discovery, sem Saru e sem Michael, abraçando uma árvore de cerca de mil anos de idade, que era a árvore onde eles estudavam quando eram cadetes da Academia da Frota Estelar no século 23, sendo essa a permanência que Tilly queria encontrar quando chegou à Terra depois de 930 anos, o que levou também a uma consciência ecológica que já vimos em Star Trek com lacraias gigantes e, não esqueçamos, baleias.

Star Trek: Discovery' Season 3 Episode 3: Crew makes its first step toward  re-establishing the Federation | MEAWW
Precisando trocar umas ideias…

O que podemos dizer do episódio “Povo da Terra”? Em primeiro lugar, esse foi um episódio mais arrastado que os anteriores. E não por causa da ausência de cenas de ação, mas sim por alguns diálogos altamente maçantes (um problema recorrente em Discovery), principalmente entre Michael e Book, que ficaram relembrando várias coisas que fizeram em um ano e que ninguém, apenas eles, testemunharam. Todos os fatos narrados por eles somente faziam algum sentido para eles e isso tornava a coisa chata, já que o espectador não pegava qualquer referência. Confesso que a única coisa que esses diálogos queriam mostrar foi que houve um relacionamento de amizade bem construído entre Michael e Book, onde até tivemos uma Michael mais leve como assinalou Tilly. Entretanto, foram conversas um pouco maçantes a meu ver que afetaram um pouco o ritmo do episódio. Isso sem falar de diálogos mal escritos para outros personagens, como as descomposturas de Georgiou ou o bolo da Tilly.

E a Michael Burnham? Mais livre, leve e solta ou a Michael de sempre? Nos seus momentos com Book, ela parecia mais livre, leve e solta realmente. Mas no relacionamento com a tripulação, os vícios das temporadas anteriores ainda assombram a personagem. A choradeira do reencontro (espero que essa choradeira pare por aqui), a “nomeação” que ela faz de Saru como capitão, a heroína mais infalível que o papa na nave, reconhecida até por Georgiou, que é agressiva com todo mundo.  Pelo menos, a personagem se desculpou com Saru ao desobedecer sua ordem de não levar a nave de Book cheia de dilítio para o espaço, no que Saru afirmou que ela realmente não deveria ter saído com a nave e que a confiança é fundamental. Foi bom ver que Burnham reconhece que gosta de fazer o que quer, tal como ela fez no ano que passou com Book no futuro (e, convenhamos, como ela fez nas duas primeiras temporadas), e que precisa mudar com relação a isso para ser a Primeira Oficial de Saru (parece que aqui mais uma vez os roteiristas assumem essa insubordinação de Burnham do passado para agora fazer uma Burnham um pouco mais comportada que segue aqui a hierarquia militar; torçamos que eles consigam e resistam à tentação de tornar a personagem novamente insubordinada).

Foi muito chato, também, ver Saru sendo desrespeitado por Georgiou e Ndoye. É caso para novamente confinar aos aposentos, retirando da ponte, pois ficar batendo boca não adianta muita coisa. Mas essa não é a índole de Saru, que prioriza o lado diplomático, embora não esqueçamos que a Frota Estelar também já deu suas demonstrações de força. Phasers e torpedos fotônicos servem para que?

Foi criticado por aí que a Terra se transformou nesse episódio numa metáfora dos Estados Unidos da Era Trump. É a velha história do agora século 32 com cara de século 21. Todo esse estado beligerante até poderia ser justificável no contexto apresentado, não fosse por um problema: a escala de tempo aqui não está sendo contada em anos ou décadas, mas sim em séculos. Esse estado de agressividade terrestre mantido por um tempo de longa duração passa a ficar menos crível, pois as relações entre a Terra e Titã já poderiam ter sido resolvidas no espaço de um século. Mas devemos acompanhar a lógica do roteiro. O negócio era usar o espírito da Federação para resolver um conflito, um litígio. E aí, tivemos esse desenvolvimento mal encaixado. De qualquer forma, confesso que ainda gosto desse tino diplomático do Saru, que exalta os ideais da Federação e é cada vez mais um porta-voz do fandom mais antigo.

Review: 'Star Trek: Discovery' Returns To Common Ground In “People Of Earth”  – TrekMovie.com
De volta para casa…

E Adira? Uma personagem bem andrógina, ao estilo Ziggy Stardust do David Bowie. Confesso que achei boa a ideia do simbionte trill par acessar as memórias dos hospedeiros anteriores com o objetivo de se descobrir o que passou nos últimos séculos e, melhor ainda, a coisa do simbionte trill ter um hospedeiro humano, pois assim há uma maior dificuldade de acessar essas memórias. Só achei um pouco problemático esse quê um tanto infantil dado a personagem pelo fato dela ter apenas dezesseis anos. Só espero que isso não traga mais diálogos grotescos.

E o final com a árvore milenar? Confesso que gostei bastante, pois sabemos que existem árvores tão longevas assim, como as sequóias nos próprios Estados Unidos, sem falar que se trabalha novamente a questão da consciência ecológica, tão importante nesses dias de hoje. E já tínhamos visto essa consciência tanto trabalhada com as lacraias gigantes quanto com baleias, como é muito importante frisar aqui.

Dessa forma, “Povo da Terra” é um episódio de Discovery mais arrastado, com alguns problemas, mas também com algumas virtudes. Vamos ver o que os roteiristas nos preparam para os próximos episódios.

the agony booth – obsessing over TV and movies since 2002
Reencontrando uma árvore milenar…