Dentre as nossas análises de filmes que concorrem ao Oscar desse ano de 2021, falemos hoje de “Emma”, que concorre a duas estatuetas: Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhor Figurino. Para podermos falar desse filme, vamos precisar dos spoilers de sempre.
O filme fala da história de Emma (interpretada por Anya Taylor-Joy), uma mocinha da Inglaterra do século XIX que tem como diversão principal arranjar casamentos entre as pessoas do seu círculo numa cidadezinha de interior. Cheia de si, arrogante e vaidosa, ela controla a vida das pessoas com a fama de casamenteira que conseguiu. Entretanto, ela é vista com reservas por Knightley (interpretado por Johnny Flynn), que critica a vaidade e arrogância de Emma. Knightley, assim como Emma, também é um observador arguto dos membros daquela sociedade e quase sempre não concorda com as estratégias que Emma tem para as pessoas no que se refere ao arranjo de casamentos.
O filme, baseado numa história de Jane Austen, tem um gostinho de comédia, mas soa mais como uma espécie de crítica à sociedade tradicional do século XIX, onde as vidas das pessoas são regidas por rígidas convenções sociais e a preservação das aparências, ao invés das pessoas serem livres para fazerem suas escolhas afetivas. Emma se vê como uma grande sabichona e conhecedora das pessoas, mas chegará um momento na história em que ela vai errar feio em suas previsões. O preconceito e arrogância da garota também a colocarão numa tremenda saia justa quando ela comete uma indelicadeza com uma senhora, o que a deixou muito mal na fita com todos. A partir daí, suas amizades mais próximas começam a deixá-la. Outros erros de avaliação de Emma se revelam e ela finalmente percebe que tem que assumir uma postura mais humilde e que ela deve desfazer os malfeitos provocados por seu comportamento arrogante. Como a moça se arrependeu de seus atos e tentou consertá-los, a história lhe reservou o happy end que o leitor de repente até já adivinhou: ela se casa com Mr. Knightley, com quem se estranhava constantemente. Ou seja, algo bem óbvio em termos de roteiro.
Já que temos uma história meia boca aqui, onde os diálogos altamente rebuscados deixam a coisa um tanto morosa e o final feliz redime todos os pecados da protagonista, vamos às indicações. A premiação de figurino encontra concorrentes fortes como “Mank” e “Mulan”. Talvez haja uma chance maior para maquiagem e cabelo, embora o trabalho em “Era Uma Vez Um Sonho” também tenha ficado muito bom.
Dessa forma, “Emma” é um filme engraçadinho, mas que não desperta muito entusiasmo pela história que tem até o mérito de fazer uma crítica de costumes, mas que é muito trivial e tem um desfecho altamente conveniente (uma ruína para Emma poderia cair bem melhor aqui). As indicações são merecidas, mas enfrentarão uma grande concorrência.