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Batata Movies – Rainhas Do Crime. Uma Questão de Sobrevivência.

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Cartaz do Filme

Um bom filme. “Rainhas do Crime” é uma película altamente instigante que fala do submundo de Hell’s Kitchen, um bairro irlandês de Nova York extremamente violenta do ano de 1978. Um filme onde é necessário sujar as mãos na luta pela sobrevivência, chutando os escrúpulos para escanteio. Um filme inspirado numa graphic novel da DC. Para entendermos um pouco mais essa película, vamos precisar de spoilers.

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Elas vão tomar conta do pedaço…

O filme gira em torno de três esposas que tiveram seus maridos presos e serão “sustentadas” pelo crime organizado enquanto os cônjuges cumprem pena de três anos. Mas Kathy (interpretada por Melissa McCarthy), Ruby (interpretada por Tiffany Haddish) e Claire (interpretada por Elisabeth Moss) veem que a ajuda financeira é muito pouca e vão falar com o chefão da quadrilha local que, simplesmente, as expulsa de seu escritório. Em desespero e com necessidade extrema de sobrevivência, as três irão meio que se infiltrar nos serviços de “segurança” da quadrilha, que garante a paz mediante pagamento dos comerciantes. É claro que a quadrilha partirá para cima das três mas o chefão será assassinado por Gabriel (interpretado pelo “General Hux” Domhnall Gleeson). Como todo mundo ali se conhece e há até um certo grau de parentesco, as três mulheres são aceitas como as novas chefonas do pedaço, botando ordem na localidade. Mas a disputa pelo poder das ruas com outros gangsters de outros bairros não será fácil. E, ainda mais, quando os maridos saírem da cadeia, será que eles aceitarão esse empoderamento feminino numa época e local de domínio dos varões?

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Desafiando um Universo masculino…

O filme não é propriamente de ação, mas temos uma película um tanto violenta e uma história altamente instigante, muito bem escrita, que prende a atenção do espectador do início ao fim. A vida de crimes é questionada pelo pai de Kathy mas esta o lembra de que ela sempre foi tratada como uma mulher submissa que devia sempre agradecer e que não tinha qualquer sentimento de segurança. Entretanto, ao entrar na vida de submundo e quadrilhas do seu bairro, o sentimento de medo e impotência desapareceram, mesmo que ela tivesse que encarar a morte um monte de vezes. Aliás, já podemos falar um pouco do elenco. As três atrizes que desempenharam o papel das protagonistas foram simplesmente sensacionais. McCarthy mostra cada vez mais a sua competência em papéis dramáticos, não sendo apenas o estereótipo da atriz gordinha que faz comédias, como os primeiros dias de sua carreira quiseram vender. Tiffany Haddish meteu um medo danado com sua Ruby extremamente fria, calculista e cruel. E Elisabeth Moss, a mais bonita e fofinha de todas, arrasou com uma Claire que apanhava constantemente do marido e acabou como uma homicida impiedosa, que se especializa em esquartejar corpos com Gabriel, seu par romântico, se vingando de toda a violência dos machos alfa. As três estiveram simplesmente divinas em seus papéis. Num segundo nível, Glesson também não decepcionou, não lembrando em nada o General Hux de Guerra nas Estrelas, mas perto das protagonistas ele ficou plano demais como um mero assassino frio.

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Nos quadrinhos…

Dessa forma, “As Rainhas do Crime” vale muito a pena ser visto pela história altamente instigante que dá protagonismo a três personagens femininas interessantíssimas. Um filme que se ampara num bom roteiro e ótimas interpretações, configurando-se num programa imperdível.

Batata Movies – Era Uma Vez Em Hollywood. Um Tarantino Diferentão.

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Cartaz do Filme

Quentin Tarantino está de volta trazendo “Era Uma Vez Em Hollywood”. Podemos dizer aqui que esse é um filme ligeiramente diferente do que vemos nas películas do cineasta. Foi curioso escutar as reações do público ao final da exibição. Um grupo de amigos sentado na fileira de trás da minha criticava o filme, dizendo que havia pouca violência e pouco humor ácido, em comparação aos demais filmes do cineasta. Falaram até que ele estaria mais sentimental e isso seria um indício de que Tarantino estaria ficando velho. Sei não, achei tudo o que foi colocado muito negativo. Por isso, vamos precisar de spoilers aqui para refletir um pouco mais sobre essa mais recente película do diretor.

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Cliff e Rick…

Qual é o plot? Estamos na Hollywood da década de 50 a 60. Temos Rick Dalton (interpretado por Leonardo DiCaprio), um ator de séries de TV em ascensão, que tem a companhia de seu amigo e dublê Cliff Booth (interpretado por Brad Pitt), que também é um faz tudo para Dalton. Um belo dia, um produtor de cinema, Marvin Schwarz (interpretado por Al Pacino) convida Dalton para fazer faroestes italianos, usando um argumento, no mínimo canalha: ele faz Dalton levar a cabo uma revisão de sua carreira de ator de séries e o ator conclui que só fará papéis de vilão na TV, com sua carreira definhando depois disso, o que levará Dalton ao desespero. É aí que entra Cliff, dizendo que Dalton não deve esquentar a cabeça com isso e continuar a fazer séries. Paralela a essa história principal, vemos a história de Sharon Tate (interpretada por uma doce Margot Robbie) e seu marido Roman Polanski. Tate ainda busca se afirmar no cinema e vê, numa sala de exibição, a sua participação num filme de Matt Helm, uma espécie de James Bond genérico interpretado por Dean Martin. Temos, também, um terceiro núcleo, onde Cliff se apaixona por uma riponga menor de idade, que é do grupo de Charles Manson, que todos nós sabemos que mandou assassinar Sharon Tate. O detalhe aqui é que o filme deu um desfecho alternativo bem diferente para isso, onde Tarantino justamente se manifestou em toda a sua essência de violência e de humor ácido. Mas paramos por aqui com os spoilers.

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Uma doce Sharon Tate…

A primeira coisa que chama a atenção na película é o seguinte: se você é um cinéfilo inveterado, vai amar de paixão esse filme, pois ele é um mar de referências. Fazia tempo, por exemplo, que eu não ouvia falar em Matt Helm. Cheguei a ver um trecho ou outro de filmes dele na Record Pré Bispo Macedo. O carro de Cliff era um Carmanghia azul. Tinha muitos Carmanghias vermelhos andando pelas ruas do Brasil na década de 70, me lembro muito bem. Todo o Universo dos bastidores das séries de TV estavam lá. Até Bruce Lee apareceu, numa disputa com Cliff, onde Tarantino zoou um pouco com a cara do ator oriental mas teve a lucidez de dar um empate técnico à contenda, pois se Lee fosse mais humilhado no filme do que foi eu creio que Tarantino iria arrumar problemas sérios com os fãs de Lee, como ocorreu com a filha do ator oriental (eu estaria na fila com certeza). Mas, por outro lado, foi muito bacana ver Lee treinando Tate para uma cena de luta em Matt Helm.

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Sacanearam o Bruce Lee…

Outro lance muito legal foi o personagem de DiCaprio. A insegurança de Dalton muito o humanizou e foi legal ver como o ator lida com seus temores e dá a volta por cima, indo contra a impressão de que era um mau ator. O mais irônico é que ele contracena com uma garotinha muito mais madura e lúcida que ele no que tange à carreira artística e, depois que filmam uma sequência juntos, a menina diz para ele que foi a melhor atuação que ela já viu na vida. Se por um lado há aí uma ironia implícita pois a jovem atriz tem apenas oito anos, por outro lado, o comentário dela tem validade em virtude de sua maturidade.

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Al Pacino faz um produtor que enlouquece Rick…

No mais, o plot twist ao final, que se desvia totalmente do fato histórico. Já vimos isso em “Bastardos Inglórios” e, pelo espírito catártico da coisa, funciona muito bem. Aí é onde está o Tarantino que todos esperam e é um momento muito hilário.

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No final das contas, Rick não era tão ruim assim…

Por fim, o ótimo trabalho dos atores e da direção. Tarantino realmente consegue tirar tudo de bom dos atores. DiCaprio estava ótimo nesse papel do ator amedrontado com seu suposto talento deficiente. Pitt estava excelente como Cliff, um cara com um passado de morte nas costas, mas um amigão do peito de Dalton. E Robbie, que está acostumada a fazer papéis fortes e carismáticos, estava um doce no papel de Sharon Tate. Tarantino ainda conseguiu reproduzir bem os preconceitos da época, onde Dalton e Cliff tinham verdadeira aversão a hippies, retratados inclusive de forma violenta como seguidores de Charles Manson.

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Em Cannes…

Voltando às palavras do grupo de amigos acima, Tarantino realmente fez um filme diferente dessa vez. Mas não creio que isso tenha sido negativo ou o diretor está ficando “velho” no mau sentido da palavra. Pelo contrário. Ele acrescentou elementos novos a seu filme, sem abandonar os antigos. A homenagem ao cinema, às séries de TV e ao starsystem, aliado à humanização do personagem de DiCaprio, são mais do que bem vindos e apresentaram ótimas possibilidades, tornando a película maus rica que os trabalhos anteriores do diretor. Dessa forma, “Era Uma Vez Em Hollywood” é mais um filmaço de Tarantino que vale a pena mais pelos elementos novos que o diretor traz. E os fãs dos elementos mais tradicionais de Tarantino também não vão se decepcionar, pois eles estão lá. Programa imperdível.

Batata Movies – Entardecer. Um Sufocante Plano Sequência.

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Cartaz do Filme

Um filme húngaro muito perturbador. “Entardecer”, de László Nemes (o mesmo diretor de “O Filho de Saul”) fala de aristocracia e de redenção. Tudo isso mergulhado num turbilhão extremamente agônico. É um filme muito pesado onde se descobrir em qual lado da sociedade ficar pode ser aprendido da pior forma possível. Vamos lançar mão de spoilers aqui.

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Írisz, uma mulher em busca de afirmação…

Temos a trajetória de Írisz Leiter (interpretada por Juli Jakab), uma moça que chega a Budapeste para ser chapeleira numa grande loja que tem o nome de sua família. Ela é recebida com desconfiança por todos, mas com o tempo, recebe o seu lugar ao Sol. A história da família de Írisz é repleta de mistério. Ela só tinha dois anos quando os pais morreram num incêndio. Com o tempo, Írisz descobre coisas altamente sinistras em seu novo ambiente: que a loja prepara as chapeleiras para serem escravas sexuais da alta aristocracia, que ela tem um irmão que assassinou o marido de uma condessa e que pretende organizar uma violenta revolta contra a cidade em virtude do episódio das chapeleiras. E Írisz fica em meio a todo esse turbilhão sem saber muito de que lado vai estar. Só que, uma hora, ela precisa tomar uma decisão.

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Encontrando hostilidade na população local…

É um filme de difícil compreensão em virtude da forma como ele foi concebido. Na maioria das vezes temos planos sequências com a câmara praticamente grudada na personagem protagonista, andando por ruas movimentadas, por revoltas populares, por pessoas mal encaradas e violentas tratando com extrema repulsa a nossa personagem principal. E, para piorar, geralmente esses planos sequência são à noite, o que aumenta o clima de confusão, opressão e agonia. Montado dessa forma, conseguimos perceber como o filme deve ter sido de difícil execução e cinematograficamente ele foi impecável. Entretanto, o clima altamente sufocante que o diretor conseguiu passar com muita maestria complicou demais a compreensão, e isso exigiu demais a atenção do espectador. Algumas pessoas saíram da sala reclamando um pouco da dificuldade que tiveram de acompanhar o filme. Apesar de tudo isso, é interessante perceber a guinada violenta na personagem Írisz.

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Encontrando uma rede de prostituição…

Ela chega a uma promissora Budapeste pensando em começar por baixo e se afirmar naquela sociedade usando como lastro o nome da família da qual ela fazia parte e que mal conhecia. Família essa que era uma espécie de tabu para os que viviam em Budapeste. Pouco a pouco, o mistério se desvela e a maldição que se abate sobre a família Leiter se materializa na figura do irmão de Írisz. Mesmo com toda a revelação do caráter podre daquelas pessoas que tornavam chapeleiras escravas sexuais, Írisz não tomou uma decisão definitiva do lado em que ia ficar, até que ela mesma foi oferecida como escrava sexual. Aí ela se torna uma espectadora do massacre imposto a cidade pelos partidários de seu irmão e a película termina de forma surpreendente com a moça dentro de uma trincheira da Primeira Guerra Mundial como soldado, sacramentando a sua mudança de lado: de uma herdeira da aristocracia que busca o seu lugar ao Sol e aceitação nesse meio a uma defensora da justiça contra as agruras dessa alta sociedade.  

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Um clima muito pesado num literal barril de pólvora…

Dessa forma, “Entardecer” vale muito pela curiosidade, apesar de ser um filme difícil e um desafio para o espectador. Cinematograficamente, é uma película muito bem feita, com uma filmagem elaboradíssima, o que acaba dificultando a compreensão. Mas, mesmo assim, mostra a redenção de uma personagem que abandona o desejo de pertencer a uma aristocracia para buscar ideais de justiça. Vale a pena passar pela experiência.

Batata Movies – Meu Bebê. Mais Uma Balada Da Mãe Coruja.

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Cartaz do Filme

Mais um filme francês egresso do Festival Varilux. “Meu Bebê” é protagonizado por Sandrine Kiberlain e é mais uma historinha de mãe coruja que não consegue se desapegar dos filhos. Para tornar o panorama um pouco mais árido, há poucos conflitos entre os filhos, algo que poderia ser mais explorado, apesar do clichê monumental. Vamos precisar de spoilers aqui para poder falar do filme.

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Uma mãe super coruja com a filhota…

A tensão principal do filme gira em torno da viagem que a filha caçula de 18 anos fará para o Canadá para estudar, deixando a mamãe coruja completamente só em casa, pois seus outros dois filhos já saíram de casa. Kiberlain está excepcional em seu trabalho de interpretação, uma das poucas coisas que se salvam aqui, já que o filme é clichê demais. Um exemplo da maestria de Kiberlain é que tal papel de mãe que não se desapega dos filhos tende muito para o alívio cômico, como também aconteceu aqui, mas Kiberlain conseguiu ir além, emocionando ao cair em prantos por ter perdido o celular. É que ela filmava a filha o tempo todo para ter uma lembrança da pimpolha depois que a moça fosse para o Canadá e cai em desespero ao perceber que havia perdido todas as lembranças. Os três filhos irão fazer uma verdadeira operação de guerra para rastrear o celular e entregar para a mãe, mas depois que ela percebe que toda a família está junta de novo, a mamãe desiste do aparelho e das lembranças e prefere curtir aquele momento, mesmo que efêmero. Pode-se dizer que esse foi o melhor (e mais fofo) momento do filme.

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Filme tem momentos muito ternos…

Outro detalhe que depõe a favor da película é o uso bem furtivo de flashbacks, onde podemos ver a personagem de Kiberlain se lembrando de seus filhos quando eles eram criancinhas ainda, e, num retorno bem rápido aos dias atuais, estão lá os filhos na fase adulta novamente. Esses flashbacks rápidos ajudam a passar a visão da mãe coruja para o público de que seus filhos sempre serão, para ela, aquelas criancinhas pequenas. E enchem de ternura todo o contexto, mesmo sendo uma coisa muito clichê, devemos sempre repetir aqui.

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Momento mais fofo: a família toda unida…

Dessa forma, “Meu Bebê” é um pouco mais do mesmo, um filme que não traz muitas coisas novas mas que, pelo menos, brincou um pouco com a fofura das mães corujas, seja no flashback dos filhos enquanto criancinhas, seja na comovente sequência da mãe que perde as lembranças da filha e une novamente a família em torno disso. Filme com cara de Sessão da Tarde, para distrair a cabeça.

Batata Literária – Bonequinha

Ela vive em minha imaginação

Me traz afeto, é perdição

À noite, sussurra palavras de amor

Que diminuem minha dor

É meu amor imaginário

Com a força de amor templário

Pela religião ancestral

Puro sentimento banal

Que supre a carência

E atenua a desgraça da vivência

Brilha como fada

Ama como ninfa

Dá-me prazer

Da carne malfadada

À alma que não tem a dizer

Ela é meu refúgio

Das agruras do mundo

Da insensibilidade dos outros

Que mergulham em seu eu

E esquecem, assim como eu

O que ocorre no entorno

Vivemos sós

No meio de milhões

Cada um com seu avatar

Nos discos rígidos frágeis

Inseridos em neurônios

Não vale a pena se doar

Nada em troca irá ganhar

Que bem faz o altruísmo?

Se as pessoas te anulam?

Mas, se abraça o egoísmo

As pessoas te condenam

Resta, então, a ninfa

Das profundezas de seu cérebro

Seres virtuais poderosos

Gerados pela dor da solidão

Tem hora que quero me desligar

Dos tentáculos da emoção

Não dependa afetivamente de ninguém

De nada…

Sobreviva, apenas…

Sofra…

De forma letárgica e constante…

Mas jamais intensa

Se dê doses homeopáticas de melancolia

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