Batata Books – Tarkin. Explorando um Personagem Pouco Conhecido.

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Capa do Livro

Após a triste notícia de que a Editora Aleph vai parar de publicar livros de Guerra nas Estrelas, vamos nos lembrar de um bom lançamento do Universo Expandido. “Tarkin”, escrito por James Luceno, resgata um personagem do Episódio IV um tanto que mal aproveitado na película que deu origem à saga. Interpretado por Peter Cushing (o lendário Van Helsing dos filmes de Drácula da produtora inglesa Hammer, cujo vampiro era interpretado por Christopher Lee, o conde Dooku dos episódios II e III), o governador Tarkin, ou moff Tarkin, ou ainda mais tarde, grão-moff Tarkin, tem aqui destrinchados o seu passado e sua carreira, o que nos ajuda a entender mais esse intrigante personagem que não tivemos muita oportunidade de conhecer, o comandante da primeira Estrela da Morte, estação móvel de combate, destruída pela Aliança Rebelde, o que provocou a sua morte. Vamos aqui analisar sua trajetória, lembrando sempre que precisaremos dar uns “spoilers”.
A história de “Tarkin” se passa entre os episódios III e IV, quando a estação móvel de combate é construída na base sentinela, localizada na Orla Exterior. Um ataque de uma força desconhecida à base acaba lhe rendendo uma convocação do Imperador em pessoa, onde Tarkin terá a responsabilidade de investigar a origem do ataque com a ajuda de ninguém menos que o braço direito do Imperador, o senhor sombrio, Darth Vader! O grande detalhe é que os conspiradores conseguem roubar a nave de Tarkin, a “Pico da Carniça”, motivo de seu orgulho pessoal, fazendo um jogo de gato e rato bombardeando alvos estratégicos do Império e dando saltos no hiperespaço, provocando uma louca caçada por parte das forças imperiais. Os conspiradores que atacam o Império são também apresentados, assim como seus passados em dias republicanos. Assim, o moff tem um grupo de adversários à altura e ele precisa lançar mão de sua astúcia e competência para deter os ataques desses nascentes rebeldes.
Qual é a grande virtude de “Tarkin”? A noção de centro e periferia, muito semelhante à noção de metrópole e colônia em História. O núcleo da galáxia era a parte mais desenvolvida do Império, onde ficava a grande e urbanizada capital Coruscant. Por sua vez, a periferia estava na chamada “orla exterior” da galáxia, onde os mundos ainda eram muito inóspitos e alguns deles deviam ser conquistados. Era o caso de Eriadu, planeta natal de Tarkin, assim como outros planetas conhecidos do Universo de “Guerra nas Estrelas”, como Tatooine, Naboo (planeta natal do Senador Palpatine) e Geonosis (planeta onde o exército de clones foi usado pela primeira vez contra as forças separatistas do conde Dooku), todos mundos na parte periférica da galáxia. Essa periferia ainda apresentava uma intensa atividade de contrabandistas e piratas. O processo de colonização e conquista de Eriadu muito nos lembra os primeiros colonizadores do continente americano que, em nome da Coroa de seus países, desbravaram um território considerado traiçoeiro, enfrentando culturas indígenas, animais selvagens e insetos jamais vistos e a pirataria de países estrangeiros, querendo um reconhecimento e títulos de nobreza de suas metrópoles por causa disso.

Grão-Moff!!!

E o título de moff? Ele pode muito bem ser visto como uma analogia dos títulos de nobreza que os senhores feudais recebiam do rei no Antigo Regime. Nosso protagonista foi o governante de seu planeta natal Eriadu, mas depois ele recebeu do Imperador o título de moff, que lhe dava um poder maior sobre sua localidade na orla exterior. E, posteriormente, o título de grão-moff lhe daria futuramente poder sobre toda a orla exterior. No caso da colonização portuguesa, tínhamos algo semelhante aos moffs, se pensarmos nos governadores gerais do Brasil ou nos vice-reis e capitães gerais das colônias espanholas na América. E, talvez até um grão-moff, já que em Portugal existia o Conselho Ultramarino, um órgão da Coroa Portuguesa especializado em assuntos das colônias, cujos membros eram pessoas que já tinham alguma experiência em administração colonial.
A infância e adolescência de Tarkin foram marcadas por um ritual de iniciação numa chapada em que ele era submetido às maiores provações, ou seja, os pais desde cedo o alertaram de que poderia um dia perder a sua vida pomposa e confortável e que a dominação das forças da natureza era a única forma de garantir a sua sobrevivência. Tarkin foi submetido a uma violenta disciplina por seu tio-avô Jova na perigosa Chapada da Carniça, onde teria que lutar pela vida contra violentos predadores e mais; ele mesmo deveria se tornar um predador, dominando outras espécies altamente ferozes, estudando-as para atacá-las. Esses anos de aprendizado seriam essenciais para seu sucesso quando estivesse nas fileiras do Império. O grande teste seria feito no “Pico da Carniça”, uma grande coluna escarpada onde ele encontraria… paremos por aqui com os “spoilers”. Esse ritual de iniciação de Tarkin lembra muito o ritual de iniciação de Leônidas, líder espartano do filme “300”. Assim, vemos Tarkin, esse homem de periferia, visto com desdém pelas pessoas do núcleo galáctico, conquistando seu lugar ao sol numa posição central do Império, tornando-se um homem impecavelmente elegante, preocupado com o corte de seus uniformes, mas ao mesmo tempo com um passado selvagem, o que o tornava um militar imperial de sentido altamente aguçado e de uma crueldade sem igual, algo que despertou a atenção do ainda senador Palpatine nos dias da República, tratando logo de arrebanhá-lo para a conspiração Sith que afundaria a República e instituiria o Império.

Parceria com Darth Vader…

O relacionamento entre Tarkin e Vader foi outro momento interessante do livro. Como os dois foram forçados a trabalharem juntos, fica clara uma preocupação de Tarkin com o que Vader pensava por trás daquela máscara, já que era impossível fazer uma leitura facial das emoções e intenções do senhor sombrio em qualquer assunto. E assim, ficava desconfortável para Tarkin qualquer tentativa de um relacionamento mais estreito com Vader. Já com o Imperador, as coisas foram mais próximas desde o início, pois o ainda senador Palpatine manteve os primeiros contatos com o jovem Tarkin, demovendo-o de seguir uma carreira mais próxima do direito quando a caserna parecia mais adequada.
Dessa forma, “Tarkin” é mais um interessante produto do Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”, pois resgata um importante personagem da saga, dando-lhe toda uma história e um passado, além de explorar a noção de centro e periferia no Império Galáctico, muito semelhante às visões dos primeiros conquistadores do período colonial. Nosso grão-moff será um produto do meio em que viveu (ideia defendida pelo iluminista Jean Jacques Rousseau), com sua crueldade sendo proveniente dos rituais de iniciação da Chapada da Carniça, lugar onde desenvolveu seu espírito de conquista, e sua elegância veio de seu passado aristocrático, descendente de uma linhagem dos conquistadores de seu planeta natal, Eriadu. Mais outra leitura obrigatória para quem gosta de “Guerra nas Estrelas”.

Construindo uma Estação Móvel de Combate…

Batata Literária – Penélope Charmosa

Lá vem a Penélope

Charmosa, charmosinha, charmosona

Toda rosadinha!

Perseguida pelo Tião Gavião!

Salva pela Quadrilha de Morte

Em amor platônico

Com uma legião de anões

Ah, Penélope…

Musa dos twenties…

Carinha meio de Clara Bow

Paixão de Infância

Botas brancas…

E corpo puritanamente encoberto…

Ela fazia corridas

Muito malucas

Carro rosa de boca vermelha

Sensualidade explícita

Sexualidade implícita

É programa infantil

A provocação vai até certo ponto

Minha primeira tara

E eu mal sabia…

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Batata Literária – Bonequinha

Ela vive em minha imaginação

Me traz afeto, é perdição

À noite, sussurra palavras de amor

Que diminuem minha dor

É meu amor imaginário

Com a força de amor templário

Pela religião ancestral

Puro sentimento banal

Que supre a carência

E atenua a desgraça da vivência

Brilha como fada

Ama como ninfa

Dá-me prazer

Da carne malfadada

À alma que não tem a dizer

Ela é meu refúgio

Das agruras do mundo

Da insensibilidade dos outros

Que mergulham em seu eu

E esquecem, assim como eu

O que ocorre no entorno

Vivemos sós

No meio de milhões

Cada um com seu avatar

Nos discos rígidos frágeis

Inseridos em neurônios

Não vale a pena se doar

Nada em troca irá ganhar

Que bem faz o altruísmo?

Se as pessoas te anulam?

Mas, se abraça o egoísmo

As pessoas te condenam

Resta, então, a ninfa

Das profundezas de seu cérebro

Seres virtuais poderosos

Gerados pela dor da solidão

Tem hora que quero me desligar

Dos tentáculos da emoção

Não dependa afetivamente de ninguém

De nada…

Sobreviva, apenas…

Sofra…

De forma letárgica e constante…

Mas jamais intensa

Se dê doses homeopáticas de melancolia

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Batata Literária – Lavadeira

Lavadeira no chão da varanda

Lava, lava, lava…

Bate a bunda no chão

Asas batendo a mil

Lava, lava, lava…

Chego perto…

Ela sai em disparada…

Mais rápido que meus olhos…

Sol quente lá fora

Queima meu pé

Volto correndo para a varanda

Não saio de casa

Pulo no sofá azul

Totalmente descosturado

Vejo a TV em Preto e Branco

Ela parece um móvel

Dentro de portas que abrem

Dentro de portas que fecham

Tinha um revólver no jardim

Era de verdade!!!

Pesaaado!!!

Vou brincar com ele!!!

Não tem problema!

Não vou atirar mesmo!

Vou brincar com minha mãe e com minha tia!

Quando entro na cozinha

As duas me olham com medo!

Bobas! Não vou atirar mesmo!

Faço “bang-bang”!

E entrego a arma nas mãos delas…

E, lá fora, a lavadeira me olhando…

“Tsc, Tsc, que mané”, ela pensa

E sai à toda…

Mas, antes, passa na minha varanda

Bate a bunda no chão

E lava, lava, lava…

Vai para a rua em alta velocidade

Dando um rasante na estrada de terra…

Como Nilópolis era prosaica na minha infância!!!

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Batata Literária – Jogos de Amor

Ela me deu mole…

Ela me deu mole???

Ela me deu mole!!!

Acho que não…

Quando eu chego perto

Ela se esquiva

Qual é meu próximo passo?

Insisto?

Não…

Posso grudar como chiclete…

E me tornar insuportável…

Caraca, não sei o que fazer…

E se eu me afastar?

Vou esperar ela tomar a iniciativa?

Vai sonhando, ô mané…

Mas, sei lá…

Tenho medo de chegar junto…

E ela se mandar de vez…

Um belo dia eu ando na rua…

Ela abraçada com um outro…

Acho que agora fui eu quem deu mole…

Ou será que ela não queria nada mesmo…

Estou triste…

E continuo vagando sozinho pelo mundo…

Eu me mereço…

Batata Literária – Tijolos

Olha os tijolos

Cheios de olhos

Formando muros corpóreos

Vermelhos, Faceiros

Sem rebocos costumeiros

Ornando a paisagem

De favelas em desvantagem

Símbolo da sacanagem

Da miséria mortal

Protege do vento vagal

Do frio arremedo

Do inverno brejeiro

No seu pé úmido

Nasce mato matreiro

Junto a musgo único

Que amarga decadência!

Forte na aparência!

Profunda na essência!

Levando à demência!

Volta e meia, à sua beira

Há um corpo moribundo

Vítima da violência

Das entranhas do mundo

Cadê o rabecão???

Só daqui a dois dias

É o mundo cão

E as vidas vadias

Não adianta rezar na missa

Tem que encarar a injustiça

Batata Books – Thrawn. Uma Ascensão Meteórica.

Capa do Livro, pela Editora Aleph…

Dentro da proposta da Editora Aleph de lançar títulos relacionados a “Guerra nas Estrelas”, temos “Thrawn”, de Timothy Zahn. Passando uma rápida olhada na capa do livro, vemos que esta já não contém mais o selo “Legends”, ao contrário de outras obras do autor. Ou seja, essa já é uma obra pertencente ao cânone, dando a Zahn o status que ele sempre mereceu.

Esse era um livro muito esperado pelos fãs, pois ele dá um passado ao Grão Almirante Thrawn, o principal vilão da famosa trilogia escrita por Zahn, que é constituída dos livros “Herdeiro do Império”, “Ascensão da Força Sombria”, e “O Último Comando”, trilogia essa considerada por muitos fãs como os verdadeiros Episódios 7, 8 e 9, ocorrida cinco anos depois da Batalha de Endor, que deu fim ao Império. A grande contribuição dessa trilogia foi dar vida ao Grão Almirante Thrawn, que ainda mantém vivos os resquícios do Império e é um adversário muito perigoso para os antigos rebeldes, agora no governo da República, pois ele é um exímio estrategista militar que estuda o inimigo a partir de sua produção artística e cultural. Thrawn e seu pensamento espelham demais o pensamento de Maquiavel, sabendo provocar, simultaneamente, admiração e terror em seus subordinados. Sempre sereno, Thrawn lança mão do expediente da violência contra seus comandados apenas raramente, mas exige deles inteligência e eficiência. Somente por essas características, vemos a forma elegante e madura como Zahn trata o Universo de “Guerra nas Estrelas”.

Ele está de volta, agora em suas origens…

Mas, voltemos a “Thrawn” (precisaremos dar alguns spoilers aqui). O livro, como foi dito, mostra os primórdios do Grão Almirante, um humanoide de pele azulada e olhos vermelhos que é da civilização chiss, das regiões desconhecidas da galáxia. Com sua alta capacidade de estratégia, Thrawn consegue se infiltrar no Império e logo cai nas graças do Imperador, mesmo que seja visto com muito preconceito pela elite imperial por não parecer humano. Ele será acompanhado por Eli Vanto, que primeiro atuará como seu intérprete, mas ficará ao lado de Thrawn, que ascende rapidamente em sua carreira militar, ao contrário de Vanto. A dupla irá combater contrabandistas, piratas e insurgentes. Mas também irá ter um grande desafio pela frente, que é descobrir a identidade do criminoso Cisne Noturno. Outro problema que Thrawn irá enfrentar será a sua falta de habilidade política em lidar com a elite imperial que tanto o odeia. Para isso, Vanto também lhe será útil ao passar algumas dicas.

Thrawn e Eli Vanto, uma grande dupla…

Há uma história paralela a essa, a de Arihnda Pryce, dona de minas em Lothal, e que as perde para o Império em uma troca (compulsória) por um cargo burocrático em Coruscant. A moça, então, vai ter que lidar com toda a burocracia e politicagem da capital do Império, fortemente regada a clientelismo e muita corrupção. Assim, Zahn nos dá um duplo presente: no núcleo de Thrawn, sua habilidade com estratégias militares usando o estudo de culturas alienígenas dá o tom da história, tendo Eli Vanto como aprendiz de nosso protagonista, e levando a carreira meteórica do futuro Grão Almirante; e no núcleo de Arihnda Pryce vemos uma inteligente intriga política, com direito a muitos altos e baixos da personagem. E, como pano de fundo, um ambiente pesado da maldade inerente ao Império, muito mais presente em Arihnda do que em Thrawn. Estes dois núcleos obviamente irão interagir, embora, na modesta opinião deste escriba, isso tenha ocorrido muito pouco e talvez até tardiamente. Ou seja, essas duas histórias poderiam ter se alimentado mutuamente muito mais. Entretanto, esse pequeno porém não tira a genialidade desta obra literária muito bem escrita, confirmando o que todos já sabem: Timothy Zahn é um dos maiores (senão o maior) escritores do Universo de “Guerra nas Estrelas”.

Arihnda Pryce também esteve em “Rebels”, lembram?

Assim, “Thrawn” é uma obra simplesmente imperdível e obrigatória para qualquer fã que quer ver a franquia “Guerra nas Estrelas” tratada com muita inteligência, elegância e respeito. Não deixe de ler.

Timothy Zahn, o maior escritor de Guerra nas Estrelas de todos os tempos…