Por Carlos Lohse
Lamentamos informar, mas não conseguimos a foto do fugitivo. Ele foi mais rápido que nós…
Eu sou o fugitivo.
Vivo fugindo.
Fujo de meus temores,
fujo de minhas angústias,
fujo de meus pavores,
fujo de meus desesperos,
fujo de minhas ânsias.
Minha covardia é pequena.
Fujo, também, de minhas responsabilidades,
fujo de meus riscos,
fujo de minhas paixões,
fujo de minhas tentativas,
fujo de minhas esperanças,
fujo daquilo que eu poderia ser
mas que jamais serei.
Minha covardia cresce.
Essa é a vida do homem em fuga.
O medo o congela,
o medo não o impele a ir adiante,
o medo o desgraça.
O único impulso que o medo dá
é o impulso que leva o homem a fugir
para cada vez mais longe, mais distante.
Minha covardia é grande.
Por isso, fujo. Apenas fujo.
Corro até ao infinito,
até a muito longe de todos
por medo e por vergonha.
Fujo, fujo e fujo.
Minha alma está em frangalhos.
Sou totalmente dominado pelo medo.
Minha covardia é infinita.