Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery. (Temporada 1, Episódio 13). O Passado É O Prólogo. O Fim Do Arco Do Universo Espelho.

                               Lorca põe as manguinhas de fora…

E lá vamos nós para o décimo-terceiro episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery”. Intitulado “O Passado é o Prólogo”, este episódio resolve o arco do Universo Espelho, marcando a volta da Discovery para o Universo Prime. Mas, antes disso, tivemos um episódio em que as cenas de ação deram o tom, parecendo mais um filme blockbuster do que a série Jornada nas Estrelas em si. Vamos ver inicialmente Lorca libertando seus comandados e liderando um ataque contra a sala do trono, onde ele conta com a ajuda do Stamets do Universo Espelho, com direito a bioarmas e granadas de luz. Já a Imperatriz contava com escudos e transportes de emergência. Aqui, podemos dizer que as batalhas de pistolas de raios deram a tônica da coisa, com muita gente sendo desintegrada. Lorca conseguiu tomar a sala do trono e passou a tentar localizar Burnham.

                           Laundry está viva no Universo Espelho

Uma coisa que destoou dos episódios anteriores foi a tal da orbe da Charon, que drenava energia micelial da rede e a corrompia, levando-a a uma lenta destruição que acabaria com a vida no multiverso. Confesso que eu achei todo esse argumento para salvar a rede micelial um pouco exagerado demais. E por que isso destoa dos episódios anteriores? Vimos há uns poucos episódios que a Imperatriz não tinha conhecimento da tecnologia do motor de esporos. Entretanto, o núcleo de energia principal da Charon era uma orbe formada de esporos que respondia pela energia da nave inteira. Aí fica a pergunta: a Imperatriz não conhecia o motor de esporos, mas já sabia da existência deles, ou nem conhecia os esporos? Isso não ficou muito claro, cá para nós. De qualquer forma, era então necessária a destruição da orbe, mas ela era protegida por um campo de contenção que teria que ser desligado pela Burnham na Charon. Entretanto, a destruição da orbe destruirá a Discovery.  Depois foi visto que não era bem assim e que a nave poderia fugir com uma combinação entre o motor de dobra (cuja bolha de dobra protegeria a nave) e o motor de esporos. Ou seja, se o episódio foi marcado por uma ação blockbuster, houve também espaço para uma tecnobabble um tanto inocente, mas que salvou (infelizmente) a famigerada rede micelial. Há, ainda, dois episódios para se desistir dela, até para que isso tudo se encaixe no cânon. Será que vai acontecer?

                                         Lorca e uma tripulação livre…

Pelo menos o episódio teve um lance bem legal que foi o discurso de Saru para a tripulação. Ele começa seu discurso falando que sua espécie sente a presença da morte e ele não a sente naquele momento. Ele disse ainda que confia na tripulação e que Lorca abusou de seu idealismo. A tripulação não é mais de Lorca e sim ela é nossa e hoje começa uma nova jornada. Ele não aceita um cenário sem vitória e todos têm um dever a cumprir. Foi a melhor coisa que Saru fez na série até agora e fez a tripulação se libertar dos grilhões da neurastenia de Lorca. Alguns membros mudos da ponte já começaram até a se manifestar, sendo esse um indício bom para a segunda temporada. Confesso a vocês que prefiro muito mais Saru como capitão e Burnham como primeira oficial (um mal necessário, já que ela é a protagonista da série, um tanto xoxa, mas ainda sim a protagonista) do que o contrário. E, ainda me arrisco a dizer que esse discurso redimiu todas as trapalhadas que os roteiristas fizeram com esse personagem que, realmente, não merece isso.

                       Burnham e a Imperatriz farão uma aliança…

Bom, como era um episódio de fechamento de arco regado à muita ação, e não havia batalhas espaciais, salvo os tiros da Discovery na orbe da Charon, as batalhas de pistolas vieram complementadas muita porrada na sequência final. Confesso que todo esse exagero nas cenas de ação incomodou um pouco. Mas, cá para nós, a gente também viu muita porrada na Série Clássica, em Deep Space Nine, Nova Geração, etc. Pelo menos, Lorca teve um grand finale, se desmanchando na orbe. E já pudemos ver a tripulação da Discovery trabalhando em equipe no ato da destruição da Charon.

Uma coisa que deve ser falada aqui é novamente uma atitude impensada de Burnham, que conseguiu levar a Imperatriz para o Universo Prime, naquele arroubo meio que desesperado de não perder sua Phillipa novamente. Para que isso não fique configurado como mais uma das doideiras de Burnham, a gente só pode esperar que a Imperatriz tenha um papel decisivo na guerra contra os klingons no quadrante alfa, que é a única coisa que pode justificar a presença de Phillipa no Universo Prime e cuja guerra agora parece perdida. Mas, falando em klingons, alguém sentiu a falta do Tyler e da L’Rell nesse episódio? Os caras simplesmente desapareceram sem deixar satisfações, algo muito estranho, diga-se de passagem.

Pois bem. Agora estamos na reta final, com mais dois episódios para definirmos a primeira temporada. Me arrisco a dizer que Discovery melhorou no seu sprint final mas ainda assim há a impressão da violação da essência de Jornada nas Estrelas. Como as primeiras temporadas das séries de Jornada nas Estrelas nem sempre foram sucesso de público e de crítica, quero permanecer otimista e acreditar que a segunda temporada vá ser menos estranha ao cânone do que a primeira. A torcida é sempre para que a série dê certo e vá adiante. Mas algumas coisas tem que ser corrigidas, a começar por sua alta previsibilidade, por exemplo, passando por um remodelamento da protagonista e chegando até a (complicada) questão da rede micelial. E menos borracha na cara dos klingons também. E, uma última coisa: Saru para capitão! Espero que não melem isso, como meio que já apareceu no trailer do episódio 14. Mas, vamos que vamos…

https://www.youtube.com/watch?v=A5wLH5_12ow

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Batata Movies (Especial Oscar 2018) – O Touro Ferdinando. Dando Um Olé Na Farra Do Boi.

                                    Cartaz do Filme

Dando sequência à nossa cobertura dos filmes indicados ao Oscar, vamos falar hoje da boa animação da Fox, “O Touro Ferdinando”, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha (o mesmo de “Rio”). Essa película concorre ao Oscar de Melhor Animação e é uma história, acima de tudo, de bichinhos, que se passa na Espanha, mais exatamente, de touros que são preparados para o sacrifício nas Plazas de Toros.

       Ferdinando é um touro muito simpático…

Tudo começa com Ferdinando ainda um bezerro, que fica vendo com os outros bezerros seus pais sendo preparados para as touradas, sem saber do destino que os aguarda. Todos os touros são preparados para serem agressivos e violentos. Mas Ferdinando não quer saber de brigas e ainda gosta de florzinhas, o que provoca risadas gerais entre os demais bezerros, que o tratam com rispidez. Cansado de toda aquela neurose, Ferdinando foge e acaba parando na fazenda de Nina, uma menininha que trata o bezerro como um animal de estimação, ou seja, com muito amor e carinho. Para tudo ficar perfeito, a fazenda ainda tem muitas flores, do jeito que Ferdinando gosta. Ele cresce e se torna um forte e gigantesco touro, só que com coração de ouro.

     Com Nina, que o trata como um “animalzinho” de estimação…

Mas, ao ir para uma festa das flores na cidade, foi confundido com um touro violento depois de destruir toda a cidade sem querer, só na base das trapalhadas. E aí ele volta para a antiga fazenda, onde ele encontra seus colegas bezerros já touros crescidos, brigando para ir para as touradas. Quem fracassa, acaba indo para o matadouro. Assim, Ferdinando vai ter que lutar também, com a ajuda de uma cabra, que se torna a sua amiga.

             A animação prima pelo inusitado…

Esse é um filme muito divertido, engraçado e com lances para lá de inusitados, já que estamos falando de grandes touros como os personagens da película. O mais legal aqui é ver a natureza delicada de Ferdinando, agindo como um animal de estimação de uma frágil garotinha, assim como a sua relação com outros animaizinhos menores. O filme também passa uma mensagem que todos nós já conhecemos: de como essas touradas são algo totalmente revoltante e uma covardia com animais irracionais. O simples fato de se ensinar ao público infantil que não é correto um ser racional como o homem agir de uma forma tão covarde e irracional com um bicho que não pensa já vale o filme.

                           Ninguém resiste ao “Flower Power”…

Assim, “O Touro Ferdinando” é mais uma boa animação que concorre ao Oscar com um DNA brasileiro, embora quebrar o favoritismo da Disney, que veio com “Viva, a Vida é uma Festa”, sempre é algo muito complicado. De qualquer forma, vale a pena dar uma passada no cinema, com crianças ou não, para dar uma conferida. Eu garanto, pelo menos, que você vai rir muito com bichinhos, o que, creio, muita gente já fez isso (ou ainda faz) quando assiste aos bons e velhos desenhos animados da televisão. Não deixe de conferir, pois você não vai se arrepender e vai se emocionar com o tourão de bom coração.

 

Batata Movies (Especial Oscar 2018) – Viva, A Vida É Uma Festa. Visitando O Mundo Dos Mortos.

                   Cartaz do Filme

Vamos falar hoje de mais um filme candidato ao Oscar. A animação da Disney Pixar “Viva, a Vida é uma Festa” concorre a duas estatuetas (animação e canção original) e segue a tradição das animações da Disney dos últimos anos de abordar culturas locais. Este ano, foi escolhida uma cultura ali do ladinho dos Estados Unidos, a mexicana, talvez até com um pensamento de abiscoitar o público latino na bilheteria. O aspecto da cultura mexicana mencionado no filme é, talvez, o mais fascinante deles, que é o culto aos mortos, onde o dia dois de novembro é uma data de muita celebração, com oferendas sendo dadas aos seus mortos, que vêm comemorar a data junto de suas famílias. Explorando tal cosmogonia, a animação criou uma história muito divertida e curiosa, onde a gente só mergulhou mais e mais nesse Universo.

                                         Miguel queria ser músico…

A história fala do menino Miguel, que adora música, mas que é proibido pela família de ter qualquer ligação com ela, pois sua antepassada foi abandonada pelo marido que era músico. Miguel cismou que ele era descendente direto de um grande músico do passado, Ernesto de la Cruz, e queria ser como ele. Para participar de um concurso musical, Miguel precisava de um instrumento e ele decidiu tomar emprestado o violão que estava na sepultura de Ernesto.

                       … e tinha um cachorrinho muito simpático…

Mas isso acabou provocando um encanto que o levou ao mundo dos mortos. Lá, ele tentava procurar o seu ídolo, mas também se encontrou com sua antepassada que odiava música. Ele lentamente se transformava numa caveirinha (assim como eram todos os outros mortos) e queria porque queria encontrar Ernesto antes de voltar ao mundo dos vivos. O problema é que, para retornar, ele precisava da bênção de um parente e estava brigado com a família.

                                Os parentes de Miguel do lado de lá…

Esse é um daqueles filmes que mais uma vez promovem um diálogo entre a tradição e a modernidade. Só que, desta vez, a tradição é que é vista como algo positivo. Ao ver a família rechaçando seu gosto por música, Miguel repudia a tradição e, ao buscar o seu sonho, inevitavelmente recai na tradição, onde ele vai perceber toda a importância da família e de seus rituais. Tal abordagem visa novamente o discurso de respeito às diferenças que a Disney tem apregoado em suas animações nos últimos anos, o que tem sido algo muito positivo, já que vivemos em tempos de intolerância extrema e os Estados Unidos, por sua posição hegemônica no mundo, muitas vezes recebe acusações (justas, por sinal) de intolerância, ainda mais com o ambiente propício para isso, provocado pelo avanço de grupos conservadores em todo o mundo. Logo, a inciativa da Disney Pixar de exaltar as culturas locais e ensinar isso ao público infantil, seu verdadeiro público alvo, sempre deve ser muito celebrada.

                                  Sua bisavó é que sabia das coisas…

Uma coisa muito legal na película foi mostrar na cultura mexicana como os animais são encarados como uma espécie de guias espirituais. Quando Miguel passa do mundo dos vivos para o mundo dos mortos, ele passa por uma espécie de barreira, onde ocorre uma espécie de transformação, só que seu cãozinho cruza essa barreira para lá e para cá sem que nada aconteça com ele. Assim, na cultura mexicana, os animais também têm uma importância no lado de lá da vida.

                       Corrida contra o tempo…

Assim, “Viva, a Vida é uma Festa” é mais uma grande animação da Disney Pixar que veio para celebrar uma cultura local, fazendo um grande serviço de divulgar a tolerância entre o público infantil, fazendo isso sempre de uma forma muito divertida. Um filme que é grande favorito ao Oscar.

https://www.youtube.com/watch?v=-Af1mAec0LA

Batata Movies (Especial Oscar 2018) – O Destino De Uma Nação. Humanizando Um Líder.

                                                  Cartaz do Filme

Ainda em nossa série de indicados ao Oscar, vamos falar hoje do esperado “O Destino de uma Nação”, com Gary Oldman em excelente atuação como Winston Churchill, que lhe rendeu um Globo de Ouro de melhor ator de drama este ano. A película também concorre a seis estatuetas (Melhor Filme, Melhor Ator para Gary Oldman, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Fotografia e Melhor Design de Produção). Este é mais um filme histórico sobre a Segunda Guerra Mundial que tem o cuidado de mencionar, quase ao final dos créditos finais que, embora tenha se baseado numa história real, pode ter alguns momentos fictícios.

              Um Gary Oldman irreconhecível…

Qual foi o recorte temporal dessa película? Foi justamente no ano de 1940, quando o nazismo avançava na Europa e estava às portas do Oceano Atlântico, com todo o exército inglês encurralado no litoral francês pelas tropas nazistas. Eram 300 mil soldados e não havia como a Marinha Inglesa resgatar todos esses homens. Em meio à violenta crise, o Primeiro Ministro Neville Chamberlain renuncia e é necessário um nome para um governo de coalizão entre os partidos majoritários do Parlamento Inglês. E esse nome era o de Churchill, por incrível que pareça um político turrão, extremamente grosso, comilão e beberrão, que havia cometidos sérios erros no passado.  Ele vai ter a dura tarefa de conduzir a Inglaterra nesse momento extremamente espinhoso, onde era seguidamente pressionado pelo seu gabinete de guerra a assinar um acordo de paz com a Alemanha. Mas Churchill se recusava terminantemente a isso.

Defendendo duramente suas posições no Parlamento Britânico

É um filme que fala da guerra e de política, mas que está muito focado na figura humana desse político que virou uma verdadeira lenda. Infelizmente os spoilers me impedem de falar um pouco mais. Entretanto, podemos dizer aqui que talvez tenhamos visto o melhor desempenho da carreira de Gary Oldman, irreconhecível com uma maquiagem bem realista.

     Kristin Scott Thomas esteve sensacional…

Uma menção especial deve ser dada a Kristin Scott Thomas, que fez Clemmie, a esposa de Churchill, a única que conseguia segurar o vulcão que era o marido. Outro nome conhecido do elenco é o de Ben Mendelsohn (o Diretor Krennic, de Rogue One) no papel do rei George VI. Devido à natureza rude de Churchill, o filme tem momentos de comédia muito vivos, o que servia para aliviar um pouco todo o drama provocado pela responsabilidade do cargo e pela situação extrema da guerra.

   De Diretor Krennic a Rei George VI. Promoção…

Com relação à reconstituição de época, ela foi um pouco prejudicada pelo cenário do filme, que se passava na maioria das vezes dentro de escritórios e de repartições públicas gerando um ambiente um tanto opressor. O próprio Parlamento Inglês foi reconstituído com uma iluminação com fortes tons de claro e escuro, algo que chamava muito a atenção do espectador, como se todo aquele ambiente pesado reproduzisse com fidelidade o estado de espírito das pessoas que tinham que conviver com o cotidiano da guerra. Só é pena que a película ficou praticamente presa ao ano de 1940 e seu desfecho tenha sido demasiadamente abrupto, bem ao estilo “Ué, já acabou?”. Mas seria complicado, do jeito que o roteiro foi estruturado, colocar mais alguns anos na história do filme.

    O filme é marcado por ambientes sombrios…

Assim, “O Destino de uma Nação” é mais um bom filme que está aí nesse início de ano, já premiado pelo Globo de Ouro e com boas expectativas com relação ao Oscar. Um filme que consagra Gary Oldman, que reproduz mais uma vez o contexto da Segunda Guerra Mundial, que tem um cenário opressor e pitadas muito boas de humor, sem falar que essa película tem uma ligação histórica com outro bom filme de Segunda Guerra Mundial do ano passado, “Dunkirk”. Vale a pena dar uma conferida.