Batata Literária – Gotinhas De Chuva.

Era uma manhã fria

A estrada toda molhada

Eu sentia leves toques gelados em meu rosto

Eram as gotinhas de chuva

Refrescando minha fronte

Trazendo o frio redentor

Afastando de mim o calor

E, bordando em transparentes malhas, a flor

 

Fiquei pensando com minhas gotinhas,

Como elas são testemunhas do mundo!

Pois elas refletem como espelhos

Tudo o que está à sua volta

Vejo nela as árvores,

Os carros da estrada,

Os pássaros voando contra o céu negro,

As formigas em mais um dia de trabalho…

 

Eu só lamento uma coisa:

Com o passar do dia, elas desaparecem

Evaporam-se no ar

Levando, consigo, toda a memória do mundo…

Não verei mais o macrocosmos

Manifesto no microcosmos

Lá se vão os registros

Da natureza na natureza…

 

Agora, é só torcer

Para de novo chover

Pois assim elas voltarão

Em sua delicadeza de água

E testemunho de vida

Nas gotinhas, o mundo voltará a se refletir

Globinhos transparentes de onde viemos

E para onde voltaremos