Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 5) “Santos Da Imperfeição”. Micélios, Micélios, Micélios.

Georgiou de volta!!!

O quinto episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Santos da Imperfeição”, foi mais fraquinho do que o anterior. Mas trouxe algumas pontas geradas lá no terceiro episódio. E também trabalhou novamente com a rede micelial que, uma hora, precisa ser fechada e limada da série, dado o seu absurdo até como ficção científica. Mas foi um episódio que também teve alguns pontos bons, como a volta do Dr. Culber, apesar da ópera do absurdo orquestrada em torno disso.

Tilly e a sua amiguinha caçando um monstro…

Bom, vamos ao plot. Ele começa com mais um daqueles intermináveis monólogos da Burnham (pensei que eles já tivessem desistido disso, mas não), até que a Discovery consegue interceptar a nave de Spock que resiste a uma tentativa de comunicação. Depois de conseguir desabilitar a nave do Vulcano, o teletransporte é acionado e é a Imperatriz que aparece. Ela diz que faz parte da Seção 31 e que tinha a missão de interceptar Spock, mas que ele já havia desaparecido da nave quando ela chegou. Leland, o capitão da nave da Seção 31, pede a Pike que libere a Imperatriz e deixará Tyler na Discovery como observador, já que Spock é próximo do capitão e é irmão de Burnham. Enquanto isso, Stamets descobre, usando Lavoisier, que Tilly foi teletransportada pelo fungão para a rede micelial. A moça está realmente lá e encontra a sua amiguinha esquisita May, que diz que a rede micelial está morrendo pela ação de um monstro. A criatura teria chegado depois das intervenções de Stamets na rede micelial. Stamets propõe um mergulho parcial na rede micelial para procurar Tilly, mas os micélios atacarão o casco que vai aguentar por uma hora. Com o mergulho da Discovery na rede, Tilly e sua amiguinha entram na nave. O monstro também entra na Discovery. Elas vão encontrar Stamets e Burnham, contando a história do tal monstro. Gritos ecoam pela nave e acham a criatura que é… Hugh Culber! Ele está coberto por uma casca de árvore que é letal para os micélios. O problema é que os micélios tentavam interagir com o corpo de Hugh e o queimavam. Assim, Hugh cobriu seu corpo para não ser atacado. Hugh sobreviveu pois, quando Stamets achou o corpo do médico, eles estavam imersos na rede micelial e a energia do corpo de Hugh passou para o corpo de Stamets (termodinâmica, foi o que disseram). Mas ao tentar atravessar da rede micelial para nosso espaço, Hugh não conseguia, pois era feito de matéria da rede micelial. Assim, a solução, proposta obviamente por Tilly e Burnham, era pegar uma amostra do DNA de Hugh e colocá-la no fungão para sintetizar o corpo de Hugh no nosso espaço, embora isso fosse fechar o portal para a rede micelial. Enquanto tudo isso acontece, a Discovery está em perigo e recebe a ajuda da nave da Seção 31, através do uso do raio trator, depois de uma “ligadinha” de Tyler, Já livre do perigo, os tripulantes da Discovery vão ao fungão e conseguem retirar Hugh de lá, para a alegria de Stamets (que fofo!). A almirante cara de empada da primeira temporada retorna e dá ordens explícitas a Pike e a Leland para procurarem Spock juntos. O episódio termina com mais um monólogo interminável de Burnham.

Stamets e Culber de volta juntos…

Vamos lá. O que podemos dizer dessa história? Ela até é uma ficção científica relativamente interessante, não fosse os tecnobabbles que encucaram um pouco a coisa. Por exemplo, Hugh não morre pois passa sua energia por termodinâmica para Stamets e quando este está na rede micelial essa energia é transferida para lá e se manifesta no formato de Hugh novamente. Meio louco. Se bem que Spock também ressuscitou no Planeta Gênese. Mas aqui parece um pouco forçado. Ainda mais quando Hugh não consegue atravessar para o espaço comum e uma amostra de seu DNA é extraída para entrar em contato com o fungão e materializar um Hugh novinho em folha. Taí o exemplo de uma ficção científica demasiadamente forçada de forma desnecessária. Teria sido melhor o médico atravessar do espaço micelial para o normal. Entretanto, Burnham disse que isso poderia matar as pessoas todas distorcidas se ocorresse. Como eles atravessaram então? Por que na gaiola do Stamets esse efeito de distorção não ocorre? Percebe-se que o uso indiscriminado de tecnobabbles acaba provocando uns furos meio esquisitos. Tudo poderia ser um pouco mais simplificado aqui a meu ver. Fica difícil até para o espectador acompanhar a lógica de tanta tecnobaboseira. Apesar de tudo isso, gostei da volta de Hugh Culber, ainda mais por causa do Stamets, que é um ótimo personagem que deveria ser mais aproveitado. Quem sabe isso não acontece, pois temos finalmente um par romântico estável novamente nessa série e que muito provavelmente não vai rolar DR, já que eles adoram falar de ópera?

Esse também foi um episódio com uma Tilly e uma Burnham menos boladonas. O resultado disso? Tilly já voltou a ter uma fala constrangedora (a do rifle do grau 3) e os monólogos difíceis de engolir da Burnham deram o ar de sua graça. Ainda acho que essas duas personagens, que têm mais tempo de tela que os demais personagens da nave, devem interagir mais com eles, dando um espírito de camaradagem e companheirismo à toda a tripulação. Isso é fundamental em “Jornada nas Estrelas” e víamos tal situação nas outras séries. Sim, sei que na série clássica havia uma atenção maior na tríade Kirk-Spock-McCoy, mas os demais personagens da série não eram tão esquecidos quanto alguns que vemos em “Discovery” (novamente todos aqueles personagens da ponte, que deviam ser mais acionados nos episódios).

A coisa da Seção 31 se aliar à Discovery (compulsoriamente, diga-se, por ordem direta da almirante cara de empada) pode ser algo interessante a meu ver, se for bem escrito. Está parecendo que a nossa Imperatriz quer pegar o Spock primeiro para poder abrir sua caixa de ferramentas de maldades contra o Vulcano. E aí, a busca por Spock vai mais se tornar uma competição entre a Discovery e a Seção 31, introduzindo aí um elemento dramático novo nessa parte da série. Se isso for usado de forma inteligente (o que nem sempre acontece em “Discovery”), pode dar bons frutos. Mas, ainda falando da Imperatriz: como ela disputou com Burnham o prêmio de “caras e bocas da semana”! As mordidas que Georgiou deu naquela maçã se travestindo de princesa do pecado, para depois ainda imitar uma cobrinha na cara de Burnham foram o suprassumo da vergonha alheia, mesmo com a Michelle Yeoh sendo uma excelente atriz. Da mesma forma que Burnham ficou com a boca aberta, sem sair uma palavra, pois foi impedida por Pike de retrucar uma provocação de Leland, o capitão da nave da Seção 31.

A almirante cara de empada voltou!!!

Por fim, mais uma palavra rápida sobre os micélios. Assim como os hologramas serão substituídos por telas para se adequar ao cânon da série clássica, uma hora essa rede micelial terá que ser chutada para escanteio também. Parece que os roteiristas já estão preparando a cama para isso. Eu realmente espero que aconteça logo, pois esses micélios estão ficando cada vez mais complicados e implausíveis, ainda mais depois desse episódio. Um tecido vivo que está no subespaço e permeia todo o multiverso é algo determinístico demais para o Princípio da Incerteza de Heisenberg, cuja teoria justamente trabalha o multiverso dentro de um contexto mais probabilístico. Agora, a rede micelial ainda pode trazer a vida de volta, associado com termodinâmica? Isso não é mais ficção científica, é uma papagaiada exponencial de quem quer fazer algo espetacular demais e erra na mão. Está na hora de abandonar essa ideia. Uns buraquinhos de minhoca artificiais criados por uma civilização alienígena não seriam de todo ruim perto desse monte de cogumelos. Aliás, cogumelos aqui estão no chá dos roteiristas que criaram a rede micelial.

Chega de micélios pelamordedeus!!!!!

Dessa forma “Santos da Imperfeição” é um episódio de “Jornada nas Estrelas Discovery” que têm virtudes mais pela volta de Hugh e pela Seção 31 no encalço da Discovery em sua busca por Spock. E seu problema está na famigerada rede micelial, cada vez mais implausível e que deve ser abandonada o mais rápido possível. Esperemos que os roteiristas estejam de comum acordo e já estejam preparando a tecla eject dos micélios, que foi um pouco o que pareceu aqui nesse episódio. Vamos ver o que vem por aí.

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