Batata Literária – Frutas

O ancestral poeta dizia

Que a fruta apodrecia

Mas prefiro elas no pé

Ao alcance de quem quer

Mosquinhas na banana

Formiga na jabuticaba

A natureza não me engana

Um dia a fruta acaba

Pois ela vai ficar envenenada

Pelo pesticida proibido

Liberado por lei danada

Matando aos poucos o indivíduo

Mas os vegetais não eram saudáveis?

Consumi-los em atitudes louváveis

Para garantir a saúde das gentes

E, agora vem o câncer

Tornando os naturebas penitentes

Agronegócios, agronegócios

Apoiados por beócios

Vou comer, então, uma batata frita

Mas ela também está contaminada

Minha alma fica aflita

E aí não sobra mais nada

Onde é que isso vai parar?

Será que não sobrará mais nada a alimentar?

Cada dia que passa, mais medo sinto

Frutas intoxicadas, e pensam que minto

Só que o gostinho químico está lá

A nos circundar com a sombra da morte

E ninguém poderá se queixar

Se no futuro houver falta de sorte

E o indivíduo o cataclisma sondar

Tudo pelo lucro, nada pela vida

Falta pouco tempo agora

A essência se esvai, combalida

E não adianta a ajuda do que ora

E as frutas lá, intactas

Não apodrecem mais

Pois ceifam tudo à sua volta

Envoltas em venenos mortais

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Batata Movies – 12 Macacos. Futuro do Pretérito

O Conselho Jedi do Rio de Janeiro organizou, há alguns anos, o Cineclube Sci Fi, no Planetário da Gávea, onde era exibido um filme de ficção científica seguido de palestra com convidados e debate com o público. Vamos lembrar aqui algumas dessas sessões. Uma delas exibiu o filme “12 Macacos” (“12 Monkeys”), produzido já no longínquo ano de 1995, dirigido por Terry Gillian e inspirado no curta francês “La Jetée”, escrito por Chris Marker. O elenco conta com figuras de peso como Bruce Willis, Brad Pitt, Madeleine Stowe, Christopher Plummer e até, acreditem, Frank Gorshin. Não identificou esse último nome? Ele fazia o Charada da série do Batman estrelada pelo Adam West!

Cole e Goines. Doidinhos!!!

Como podemos definir “12 Macacos” em uma só frase? É um surreal futuro do pretérito! A história do filme, altamente distópica por sinal, fala de uma espécie de agente temporal, James Cole (interpretado por Willis), que vive num mundo do futuro cuja humanidade foi praticamente dizimada por um vírus propositalmente criado pelo homem no passado, mais precisamente o ano de 1996. Os poucos humanos que restaram vivem nos subterrâneos e estudam as espécies animais na superfície que sobreviveram ao vírus, que já sofreu muitas mutações e para o qual a cura é praticamente impossível. Assim, faz-se necessário voltar ao passado para poder isolar o vírus antes que ele sofra as mutações. Só que as viagens ao tempo empreendidas por essa geração futura estão, digamos, meio que “descalibradas” e nosso agente temporal cai no ano de 1990, sendo dado como uma pessoa louca e perigosa, e internado num hospício. Lá, Cole conhece a psiquiatra Kathryn Railly (interpretada por Stowe) e o paciente Jeffrey Goines (interpretado por um tresloucado Brad Pitt). Esses personagens serão de suma importância para ajudar nosso protagonista a encontrar a organização secreta “12 Macacos”, que supostamente produziu o tal vírus que destruirá a humanidade.

Cartaz de La Jetée.

Roteiro interessante, não? O filme oferece várias possibilidades além da ficção científica. Num momento da película, a coisa parece mais um estudo da loucura e da psique humana. Sem perder uma forte dose de humor, o filme também consegue inquietar bastante, pois joga a insanidade humana de uma forma um tanto sufocante para cima do espectador. Brad Pitt, por exemplo, conseguia ser simultaneamente engraçado e angustiante, talvez um dos melhores papéis de sua carreira, embora não deva ser tão difícil fazer o excessivamente caricato ao invés de um papel dramático mais contido. Se o personagem de Pitt ainda podia ser classificado como engraçado, Cole, por sua vez, era o agônico por excelência. O homem sofreu demais na película, seja em seu tratamento na cadeia e no hospício, seja nas suas viagens temporais e nas prestações de contas que ele dava às elites do futuro que o enviaram para o passado, como parte do indulto que ele recebia (o personagem cometeu algum crime no futuro que não foi citado explicitamente), seja dentro de sua própria mente perturbada, que a uma certa altura, já não sabia mais o que era realidade ou invenção de sua cabeça. Esse ambiente altamente opressor e angustiante, aliado a um pesado humor negro, acabam tornando o filme altamente surreal, fugindo muito do estilo da ficção científica.

Mas o filme não é só esse embate surreal. Ele também aborda questões muito relevantes ligadas à ciência. Creio que nesse momento, deve-se falar um pouco das palestras dos convidados desta edição. Eles foram: Rafael Studart e Ulisses Matos, ambos roteiristas e fãs de histórias de viagens no tempo, e o químico Gastão Souza. Studart e Matos enfocaram suas falas na questão do paradoxo do tempo das viagens temporais, lembrando que o filme opta por uma lógica circular que torna a situação inevitável e irremediável, o que só faz amplificar a ideia de angústia já mencionada acima. O mais interessante, segundo eles, é que essa não é a única visão de viagem no tempo que existe. Algumas histórias simplesmente chutam para escanteio essa noção de lógica circular e aí surgem paradoxos mais latentes. Claro que isso deve ser feito com alguma responsabilidade ou a história ficará com muitos furos e perderá a qualidade. Ainda, os palestrantes lembraram que, quanto mais se volta ao passado, maior é a instabilidade da lógica circular. Uma alteração no passado que você faz no dia de ontem, pode ter consequências bem menores que uma alteração no passado que você faz há seis milhões de anos. Devemos nos lembrar, no entanto, que isso não é uma regra e depende muito do tipo de alteração que é feita no passado. Eles também falaram um pouco do curta francês “La Jetée”, de 1962, que inspirou “12 Macacos”. Foi mencionado que essa história de vinte e sete minutos era uma espécie de sucessão de fotos estruturadas sob uma narração e que não se furtava de ir somente ao passado, mas ao futuro também, algo que não foi mostrado em “12 Macacos”. Ainda sobre a questão dos paradoxos temporais, a tal história da organização secreta “12 Macacos” que foi o motivo de Cole voltar ao passado teria sido implantada pelo próprio Cole quando ele estava em 1996. Studart e Matos ainda projetaram slides referentes à série de tv produzida mais recentemente e inspirada em “12 Macacos”.

Henrique Granado e Brian Moura (nas extremidades) com os palestrantes: Gastão Souza (de barba), Rafael Studart (centro) e Ulisses Matos.

Já Gastão Souza estruturou sua apresentação em questões mais filosóficas e científicas. O primeiro ponto que ele menciona é a questão da profecia. Joe Cole é aquele que vem do futuro trazendo as “más novas”. Note que as iniciais de Joe Cole são as mesmas de Jesus Cristo (J. C.), considerado outro profeta bíblico. O mito de Cassandra, que sabia prever o futuro, mas totalmente impotente para evitar que algo ruim acontecesse, é também mencionado pelo palestrante, assim como na película. Foucault foi citado pelo palestrante por defender a ideia de que chamar alguém de louco é muito mais o reflexo de uma vontade de dominação política do que um diagnóstico médico. Sentimos isso no filme o tempo todo. Ainda, o personagem de Brad Pitt, Goines, apesar de taxado de louco, fala coisas altamente pertinentes como a crítica à sociedade de consumo, que leva a uma devastação ambiental e ao apocalipse, ou seja, nosso planeta não consegue aguentar todos os excessos praticados pela raça humana e vemos uma destruição paulatina do meio ambiente. Ainda, Goines defende a liberdade para os animais e coloca o seu próprio pai, um grande cientista, na jaula, numa metáfora de volta ao primitivismo, onde os animais livres num mundo sem jaulas remetem a um tempo em que o ser humano não fazia qualquer mal à natureza. Souza ainda menciona o mito da solução científica, onde a ciência busca soluções para os próprios problemas que ela cria, algo também muito presente em “12 Macacos”.

Uma discussão muito interessante que alinhou as falas dos três palestrantes foi a questão de se dar direitos a robôs se eles se tornarem seres com consciência. Tal assunto suscitou muita discussão, com alguns membros do público concordando e discordando dessa posição. Ainda, Souza levantou a questão de que é muito difícil se definir o que é consciência se nem sabemos ainda como nosso cérebro funciona integralmente.

Essas foram as impressões do filme “12 Macacos” na sessão do Cineclube Sci Fi do Conselho Jedi do Rio de Janeiro. Futuramente, vamos lembrar de outras sessões.

Batata Books – O Último Comando. O Fim de uma Saga.

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Capa do Livro…

Falando ainda dos livros do Universo Expandido de Guerra nas Estrelas pela Aleph, temos o último livro da Trilogia Thrawn de Timothy Zahn. “O Último Comando”, que tem a importante missão de costurar todas as tramas da história e dar um desfecho à altura da Trilogia. De todos os livros lançados pela Editora Aleph referentes ao Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”, a Trilogia Thrawn foi, de longe, a mais interessante e bem escrita. A grande virtude da Trilogia foi criar várias subtramas que se interligavam com grande eficiência. O autor ia dando pequenos detalhes que, mais à frente se encaixavam em outras situações, provocando um encadeamento muito bem elaborado. Um detalhe muito bem usado por Zahn foi fazer sempre referências a situações ou falas que apareceram na Trilogia Clássica (os Episódios IV, V, VI), o que dava um grande tom de legitimidade à história. E se você acha que precisa dar uma relida no livro anterior da Trilogia antes de encarar o próximo para recordar detalhes da história, pode ficar despreocupado, pois Zahn relembra todos os pontos necessários. Por essas e por outras, muitos fãs consideram essa Trilogia os verdadeiros Episódios VII, VIII e IX.

Grão-Almirante Thrawn. O cara!!!

Só para falar um pouquinho por alto da trama (alguns “spoilers” de leve para encorajar a leitura), a história se passa cinco anos depois dos eventos de “O Retorno de Jedi”. A Nova República ainda busca se consolidar, sendo formada por vários grupos que ainda não se entendem muito bem. Por outro lado, o Império ainda controla uma parte da galáxia. Esse dado corrige um fato inaceitável em “O Retorno de Jedi”: um poderoso Império Galáctico do Mal ser derrotado por uma facção rebelde ajudada por um grupo de ursinhos de pelúcia beiçudos (por que você fez isso, George Lucas?). E o líder do Império agora é um grão-almirante. Havia doze grãos-almirantes e a Aliança Rebelde pensava que tinha dado cabo de todos eles, numa alusão de que o pau não quebrou somente em Endor (esses detalhes já nos mostram como Zahn leva o Universo de “Guerra nas Estrelas” muito mais a sério do que Lucas). Esse é o grão-almirante Thrawn. Esse é o cara!!! O grande trunfo de Zahn! Ouso dizer que é um vilão à altura de Vader ou até além. Se Vader era o mal em pessoa e era implacável, matando seus desagrados com o uso da força, Thrawn é muito mais maquiavélico, no sentido de que ele morde e assopra. Ele raramente mata alguém e prefere controlar as pessoas com um terrorismo psicológico sem precedentes. Mas sabe também dar promoções aos seus subordinados, mesmo em situações adversas de um ataque fracassado, por exemplo. É só o comandado saber analisar a situação racionalmente, mesmo sob a pressão do medo e buscar alternativas plausíveis para sanar o problema. Isso fazia com que o grande líder fosse simultaneamente amado e temido por seus subordinados, bem ao estilo do que Maquiavel recomendava no capítulo 13 de sua obra “O Príncipe”. Esse quê maquiavélico de Thrawn aparece progressivamente ao longo da Trilogia, sendo coroado agora em “O Último Comando”.

Mara Jade. Uma misteriosa mulher.

Para auxiliar Thrawn na reconquista da galáxia, Zahn criou o personagem C’Baoth, um mestre jedi altamente instável emocionalmente. Essa instabilidade também é crescente ao longo da Trilogia e o motivo dela é algo muito bem bolado, mas essa vou deixar para vocês procurarem lá nos livros. O trato entre Thrawn e C’Baoth consiste no jedi auxiliar Thrawn com a força e o grão-almirante fazer todos os esforços para capturar Luke Skywalker, Leia Organa Solo (a princesa se casou com o contrabandista Han Solo!) e seus filhos gêmeos, para C’Baoth treiná-los e moldá-los aos seus planos de dominar a galáxia. Essa aliança entre o jedi e o grão-almirante vai infernizar a Nova República, ainda frágil politicamente, principalmente pelo fato de que Thrawn é um excelente estrategista em muitas áreas e consegue antecipar todos os movimentos da Nova República. Há, ainda, um grupo de contrabandistas liderado por Talon Karrde, que conta com a ajuda da enigmática personagem Mara Jade, que tem como objetivo principal de sua vida matar Luke Skywalker. Por que? Vá ler o livro!!!

Talon Karrde, o contrabandista

A história ainda se desdobra em mais personagens e subtramas, e assim podemos ver toda a saga visitando vários planetas, detalhadamente descritos por Zahn, que nos ajuda e muito a construir toda uma memória visual. Eu diria que Zahn tem um estilo muito cinematográfico em seus textos, a ponto de, mal comparando, se assemelhar até a João do Rio em alguns momentos, que falava detalhadamente da vida e do cotidiano do Rio de Janeiro no século XX. Uma descrição muito cinematográfica, assim como a de Zahn.

O Mestre Jedi C’Baoth

E o desfecho da Trilogia? Calma, não darei “spoilers” aqui. Só vou dizer que fiquei um pouco decepcionado. A obra foi tão grandiosa que eu confesso que eu queria algo um pouco mais pirotécnico. Zahn tinha dois desfechos simultâneos. E ele priorizou mais um desfecho que outro, o que eu achei uma pena. E o desfecho menos priorizado acabou de uma forma excessivamente simplória. Confesso que queria muito mais. Talvez o que salve esse desfecho simplório tenha sido a fina dose de ironia nele, que não condiz com o que foi apresentado ao longo do livro. Daí a ironia… Mas confesso que fiquei com cara de tacho.

Outra coisa que lamentei foi um número excessivo de erros de revisão no texto. Os livros iniciais da Aleph não tinham tantos erros de revisão. Mas, com o tempo, e talvez com a pressa de lançar novos livros todo mês, os erros de revisão se multiplicaram. Vemos desde erros de digitação até de concordância, verbos mal conjugados, palavras repetidas, palavras que faltam. Toda vez que eu pegava o livro para ler, me deparava com um ou dois erros. E eu peguei o livro para ler várias vezes, pois só posso fazê-lo em doses homeopáticas. Tudo bem, eu sei que errar é humano, que sempre alguma coisa passa, mas tanto em “O Último Comando” quanto em “Um Novo Amanhecer”, os erros de revisão foram excessivos. Eu também sei que esses lançamentos buscaram ser alavancados pela estreia do Episódio VII na ocasião, mas talvez fosse melhor lançar uma quantidade um pouco menor de livros mais cuidadosamente revisados. Todos esses erros acabam pegando mal para um trabalho tão bem feito e elogiado que a Aleph faz. Fica feio…

De qualquer forma, a experiência de ler o Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas” tem sido esplêndida e confesso que não tenho conseguido ler mais nada desde que a Aleph se apossou de nossas almas. Como eu já disse em outras ocasiões, esses livros dão um tom de seriedade à saga que Lucas infelizmente não deu, quando o criador de “Guerra nas Estrelas” buscava um caminho mais lúdico e aventureiro. O Universo Expandido, pelo contrário, tem os pés mais no chão, enreda uma boa trama política, é uma ficção científica mais séria, ou seja, para fazer uma pequena provocação, aproxima “Star Wars” das melhores coisas que vemos em “Star Trek”. E isso é um elogio, pois eu sou um trekker assumidíssimo que também gosta muito de “Guerra nas Estrelas”, que praticamente deu o pontapé inicial em minha cultura cinematográfica lá no final da década de 70. Por essas e por outras, os livros do Universo Expandido são altamente recomendados, por darem novas perspectivas à “Guerra nas Estrelas”.

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Timothy Zahn, o maior escritor de “Guerra nas Estrelas”, sem a menor sombra de dúvida…

Batata Movies (Especial Cinema Centro América) – Histórias Do Canal. O Imperialismo Que Não Nos Contam.

Cartaz do Filme

Ainda dentro da Mostra “Cinema Centro América”, ocorrida na Caixa Cultural Rio de Janeiro no ano passado, sobre a produção cinematográfica recente da América Central, temos o excelente “Histórias do Canal”, produzido no Panamá em 2014, com duração de 106 minutos. Esse filme é contado em cinco histórias, dirigidas por Carolina Borrero, Pinky Mon, Luis Franco Brantley, Abner Benaim e Pituka Ortega-Heilbron. Todas essas histórias orbitam em torno do Canal do Panamá e das relações entre a população local e o processo imperialista dos Estados Unidos na região. Essas histórias se passam em cinco momentos diferentes: 1913, 1950, 1964, 1977 e 2013.

A criança americana que se identifica com a terra dominada…

Em 1913, o canal ainda está em construção e vemos aqui um jovem casal negro que participa das obras. O problema é que um novo capataz americano extremamente racista chega à região e implica com o casal, sendo que, numa briga com o rapaz, acaba morto quando cai ao chão e bate numa pedra com a cabeça. O namorado precisa fugir e a moça, de uma família extremamente religiosa, é obrigada pelo pai (que é o pastor da comunidade) a se casar com o irmão do namorado.

Luta por autonomia dentro do próprio país…

Na segunda história, que se passa em 1950, vemos um garotinho americano, filho do engenheiro que cuidava do canal e recentemente falecido, interagindo com os panamenhos, inicialmente no seu mundinho burguês da zona restrita somente aos americanos, e depois andando pelas ruas de uma cidade dos panamenhos, entrando em contato com toda uma outra realidade com a qual ele se identifica, pois quando ele vai embora de volta para os Estados Unidos com sua mãe, fica com a impressão de que está deixando sua casa.

Casamentos arranjados…

A terceira história, de 1964, fala de um jovem fotógrafo que frequenta a Universidade e se apaixona por uma americana, arrogante toda a vida, que cede aos encantos do moço, mas que logo vão se separar por questões ideológicas. Nesse momento, o Panamá exige o direito de hastear sua bandeira na zona destinada aos americanos, o que é prontamente rechaçado por eles. É uma época de muitos protestos e conflitos, com o Panamá querendo se afirmar diante de seu poderosíssimo “parceiro”.

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Um James Bond hilário…

Já a quarta história, de 1977, mostra um Jimmy Carter começando a dar autonomia para o país centro-americano. Mas um taxista fará um trabalho de espionagem para um grupo nacionalista, gravando conversas de americanos graúdos que discutem se a administração do Canal será passada aos panamenhos ou não. Essa história tem um divertido tom de comédia e temos aqui uma espécie de James Bond cômico.

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Um jovem fotógrafo, dividido entre o amor de uma americana e o amor de seu país…

A quinta história, de 2013, se passa cem anos depois da história de 1913 (com o Canal já sob a administração do Panamá) e se remete a ela. Uma ossada é encontrada num sítio arqueológico, onde está uma pedra que pertencia a moça da primeira história. Como o nome de seu namorado está nela, os cientistas conseguem chegar à sua descendente, que vive em Nova York e é cantora. Sua antepassada se desvencilhou do casamento arranjado e fugiu para os Estados Unidos, deixando seus parentes panamenhos magoados. Agora, muitos anos depois, a descendente volta para a reconciliação e para homenagear os mortos na construção do canal, dentre os quais constam seus familiares. Tal ato foi libertador para ela, pois a moça não consegue mais cantar, e depois da viagem, recupera seu dom.

Uma cantora conhecendo o passado de sua família…

Cinco histórias, cinco momentos em que vemos um povo de um país inteiro sendo tratado de capacho pelos Estados Unidos, da mesma forma como os americanos retratam seus inimigos no cinema. Ou seja, é um filme que nos faz pensar, e muito, sendo uma importante atração da Mostra Cinema Centro América, que foi realizada na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.

Batata Books – Minha Lua De Mel Polonesa. Humor E Esquecimento.

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Idílico Cartaz do Filme

Um filme francês provocador. “Minha Lua de Mel Polonesa”, de Elise Otzenberger, se apresenta como uma comédia mas, no fim das contas, aborda uma temática para lá de séria: a questão do esquecimento e do apagamento da memória, feito de forma muito proposital. Um filme que acaba tendo como objetivo nos colocar em estado de alerta quanto a algumas injustiças que pensamos estar enterradas há muito, mas que ainda pululam alegremente por aí. Para podermos entender melhor o filme, vamos lançar mão de spoilers.

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Um casal buscando as origens…

Vamos ao plot. Anna (interpretada por Judith Chemla) e Adam (interpretado por Arthur Igual) são um casal parisiense de origem polonesa que organiza uma viagem a terra natal de seus antepassados para participar de uma celebração em nome das vítimas do holocausto. Anna tem grandes expectativas de encontrar suas raízes por lá, já que sua mãe nunca quis muito revolver o passado e isso é motivo de fortes discórdias entre as duas, com Anna tomando atitudes que beiram a histeria. Já Arthur também não dá muita ideia para o passado (o evento em que vão até tem mais ligação com sua família), mas acompanha a esposa.

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Anna, uma mocinha bem estressada…

Ao chegarem por lá, a decepção vai tomando conta de Anna, pois ela não consegue se satisfazer com as poucas pistas que vai encontrando sobre o passado dos judeus, além de não ter nenhuma referência sobre o próprio passado, o que entristece demais a moça. Para piorar a situação, o apelo turístico local é todo em torno da cultura judaica fazendo dobradinha com o holocausto, onde temos a inusitada situação de camelôs que vendem, ao mesmo tempo, elementos da cultura judaica juntamente com souvenirs de suásticas, algo que beira o bizarro. A situação vai ter um ponto de virada com a chegada repentina da mãe de Anna, que ajuda a filha a se encontrar com o passado da família. Entretanto, infelizmente a surpresa não será das melhores.

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Um espacinho para romance a la Gene Kelly…

O filme tem violentos plot twists. No início, vemos um casal numa espécie de segunda lua de mel, onde a esposa é muito metódica e agitada, sendo engraçada e chata ao mesmo tempo. Ou seja, a personagem de Anna flerta perigosamente com a caricatura. Mas, com a chegada à Polônia e as consequentes decepções de Anna, a coisa vai mudando de figura. Para ela, não conseguir ter contato com o passado da família vai assumindo um peso doloroso e aprofunda o abismo entre ela e a mãe, que não quer desenterrar o passado. A Anna chata e caricata do início do filme dá lugar a uma Anna com a qual nos solidarizamos e compadecemos. Começamos a nos mortificar com sua tristeza que beira o paroxismo.

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Reconciliação com a mãe…

A chegada da mãe e a reconciliação das duas é uma grata surpresa, mas o filme nos dá outra rasteira quando as duas procuram a casa da avó de Anna e somente se deparam com um terreno baldio cheio de mato, onde será a vez da mãe de Anna se debulhar em lágrimas e ser confortada pela filha. Foi de doer testemunhar a tristeza das duas abraçadas. Agora, esses pontos de virada no filme são fundamentais para cimentar a mensagem principal: por mais que a Polônia viva do turismo do holocausto, ainda assim há um apagamento da memória da cultura judaica e de toda a tragédia ocorrida, relegando-as a um mero souvenir. Os últimos sobreviventes do holocausto estão morrendo, o cemitério judeu tem as lápides saqueadas, a Estrela de David é usada como pichação em tom ofensivo em brigas de torcida de futebol. Ou seja, não se mudou muita coisa no tratamento dos judeus do holocausto da Segunda Guerra Mundial para cá.

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Descobrindo aos poucos uma dura realidade…

E Anna e sua mãe recebem a polarização de toda essa violência que a cultura judaica ainda sofre. Ao usar o recurso dos plot twists para mostrar de forma veemente esse preconceito ainda reinante, a diretora Elise Otzenberger marcou um pontaço, dando ao filme o valor do ingresso e até muito mais. Para a coisa não terminar extremamente melancólica, optou-se por um último plot twist em forma de happy end, com o casal chegando a sua casa em Paris e praticando uma tradição judaica, que foi enterrar o prepúcio do filho pequeno num vaso de flores. Se Anna queria fazer isso na Polônia, as decepções da viagem acabaram levando-a a realizar isso em Paris, cidade que a mãe e a avó escolheram para se esquecer do duro passado na terra natal.

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A competente (e deslumbrante) diretora Elise Otzenberger…

Dessa forma, se “Minha Lua de Mel Polonesa”, num primeiro momento ao assistir o trailer, parecia uma comédia bobinha, acabou posteriormente se revelando um grande filme pelo fato dos plot twists mostrarem a questão do apagamento compulsório da memória de uma cultura que ainda sofre perseguições hoje em dia. E o mais interessante é que a dor desse apagamento se personifica nas personagens de Anna e sua mãe onde a filha, incialmente afastada da mãe por não aceitar que ela quer deixar o passado para trás, depois a entende justamente pelos males que esse passado (e o apagamento do mesmo) provocam. Programa imperdível.

Batata Literária – Caos

Grita daqui

Grita de lá

Farofa por ali

Farofa por acolá

Olha a feira!

Gooool!

É nóix!

É quatro por cinco!

Quer um morango?

Olha a banana!

Zás-trás!

Plunct, plact, zuuum!

Olha o pai da moça!

Vamos dançar a quadrilha!

Osquindô, osquindô!

Ziriguidum!

Ilariê!

Tem promoção hoje!

Ô louco, meu!

Avanti!

Rá!

Craw!

Crew!

Krill!

Kiwi!

Interjeições!

Exclamações!

Camaleões!

Bobões!

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