Batata Séries – Especial Naves De Jornada Nas Estrelas (1) – Enterprise NX-01

Enterprise (NX-01) | Memory Beta, non-canon Star Trek Wiki | Fandom
A Enterprise NX-01

A Batata Espacial começa hoje a falar das naves de Jornada Nas Estrelas. E a primeira nave será justamente a Enterprise NX-01, a primeira a ter dobra 5. Construída com o objetivo de exploração espacial, a NX-01 tem armamentos como canhões phaser e torpedos. Com relação à defesa, seu casco é polarizado. Seu comprimento é de 225 metros, com uma altura de 33 metros e sete decks. A nave entrou em operação no ano de 2151, mais especificamente no dia dezesseis de abril (ou vinte de abril, segundo outras fontes), com o objetivo de levar um klingon ferido ao seu mundo natal Qo’nos. Durante a viagem, a tripulação da Enterprise, comandada pelo capitão Jonathan Archer, se depara com a espécie suliban, que seria a primeira espécie a ameaçar os humanos nas suas viagens espaciais. A Enterprise foi a primeira nave da Terra a ter em sua tripulação uma vulcana (a sub-comandante T’Pol, em virtude da desconfiança dos vulcanos para com os humanos em viagens espaciais), além de ser a primeira nave a ter teletransporte, usado inicialmente para carga, em virtude da desconfiança com relação à segurança de seu uso.

Enterprise NX-01 Deck Plans - Album - Album on Imgur
Planta esquemática da Enterprise…

A Enterprise NX-01 teve uma grande importância na geopolítica dos quadrantes alfa e beta, pavimentando a criação da Coalizão de Planetas em 2155 e a posterior fundação da Federação dos Planetas Unidos em 2161.

Para que a humanidade tivesse a capacidade de fazer a exploração espacial, ela teve que desenvolver a tecnologia de dobra 1 (a velocidade da luz). Depois que Zephran Cochrane conseguiu alcançar a tecnologia de dobra com a Phoenix em 2063 (a Phoenix era um antigo míssil adaptado da Terceira Guerra Mundial), no ano de 2119 em Bozeman, Montana, o próprio Cochrane e outros engenheiros como Henry Archer (pai de Jonathan Archer) começaram a desenvolver o projeto que levaria à construção da Enterprise no Complexo Warp Cinco. O motor de warp cinco demorou trinta e cinco anos para ser construído. Com essa velocidade, distâncias interestelares passaram a ser cobertas em tempos menores, da ordem de dias, semanas ou meses, ao invés de anos. A construção da Enterprise foi concluída em 2151 e sua velocidade máxima teórica era de dobra 4,5. Apesar das inovações tecnológicas, a nave ainda não tinha raio trator como as vulcanas, o que era substituído por uma espécie de cabo magnético. A tripulação da Enterprise tinha oitenta e três humanos, sendo um terço do sexo feminino, além da vulcana T’Pol e do denobulano Phlox.

Explosions and damage to U.S.S. Enterprise NX-01 | Star trek enterprise,  Star trek ships, Star trek
A Enterprise sofreu muitas avarias em suas missões…

A escolha do capitão foi um motivo de conflito, pois o embaixador vulcano Soval queria o Capitão Gardner como o capitão da Enterprise. Mas o almirante Forrest, alegando que os vulcanos não tinham jurisdição na Frota Estelar, escolheu Jonathan Archer finalmente. O lançamento da nave foi antecipado em três semanas em virtude da querela com o klingon. Soval protestou veementemente, pois ainda não acreditava na capacidade dos humanos para a exploração espacial. T’Pol foi colocada na tripulação em troca de cartas estelares vulcanas. Como saiu às pressas, os torpedos não estavam calibrados (eles foram calibrados em maio de 2151) e os canhões phasers ainda não estavam instalados (eles seriam instalados em setembro de 2151).

Corridor Enterprise NX-01 Part 01 | 3D Warehouse
Seu interior era apertado e um tanto claustrofóbico…

Dez meses depois de seu lançamento, a Enterprise é chamada de volta à Terra, pois uma de suas naves auxiliares teria incendiado gás tetrazina na atmosfera do planeta Paraagan II, matando 3600 colonos. O embaixador Soval defendeu a ideia de que as missões humanas em espaço profundo só fossem retomadas em dez ou vinte anos. Mas foi descoberto que o acidente fora provocado pelos Sulibans e a Enterprise retomou sua missão.

Enterprise NX-01 Bridge on Behance
A ponte da Enterprise NX-01…

A Enterprise passou por outros contratempos, como um campo minado romulano que provocou avarias em seu casco. Com isso, a tripulação teve que se desdobrar para fazer melhorias na nave durante a viagem. Reed, por exemplo, desenvolveu um sistema tático de alerta para a nave, já que as ameaças alienígenas no espaço eram muito grandes, com Reed sendo mais ativo no quesito de defesa do que Archer.

Storm Front, Part II (episode) | Memory Alpha | Fandom
Seriamente danificada com a guerra Xindi e a solução da guerra fria temporal…

Em março de 2153, as ameaças alienígenas atingiriam seu auge durante a missão da Enterprise com o ataque xindi à Terra. A nave retorna a seu planeta natal em abril e sofre uma série de melhorias como a instalação de torpedos fotônicos,  melhoria do revestimento do casco, atualização do tradutor universal e um novo centro de comando. Um destacamento de MACOs, um grupo armado, fica à disposição de Archer. A Enterprise sai à caça da arma xindi e, por quase um ano, sua missão é muito perigosa, pois esferas inimigas provocavam anomalias espaciais. A arma xindi foi localizada em fevereiro de 2154 e a Enterprise ficou seriamente avariada depois de ataques xindi, obrigando a Enterprise a atacar uma nave alienígena para tomar sua bobina de dobra. A Enterprise consegue destruir a arma Xindi e encerrar a Guerra Fria Temporal de uma tacada só. Com Archer sendo lançado a um passado alternativo e retornando posteriormente.

Jonathan Archer | Memory Alpha | Fandom
Jonathan Archer, capitão da Enterprise e futuro presidente da Federação dos Planetas Unidos.

Depois da volta para casa, os membros da Enterprise foram sagrados como heróis, especialmente o Capitão Archer, que teve o seu nome dado à várias escolas. A Enterprise passou por uma série de reformas, como uma nova cadeira de capitão e melhoras no teletransporte. Os tripulantes da Enterprise ainda seriam muito atuantes em querelas internas em Vulcano, assim como em desavenças entre telaritas e andorianos, buscando a solução de todos os problemas.

T'Pol | Memória Alfa | Fandom
T’Pol, uma vulcana a tutelar os humanos…

A nave foi desativada em 2161 por ocasião da criação da Federação dos Planetas Unidos, ficando exposta no Museu da Federação. O termo NX posteriormente foi usado para designar protótipos. A Enterprise NX-01 não chegou a navegar em espaço desconhecido, já que usava as cartas estelares vulcanas, mas teve importância em vários eventos, como no incidente com os xindi e na formação da aliança entre vulcanos, andorianos, telaritas e terráqueos, que levaria a Coalizão de Planetas, que serviria de base para a Federação Unida de Planetas.

Ex Astris Scientia - A Close Look at Enterprise NX-01
Planta esquemática da visão frontal…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 07), Much Ado About Boimler. Surrealismo Canino.

PREVIEW] STAR TREK: LOWER DECKS Episode 7 "Much Ado About Boimler" + 9 New  Photos | TREKNEWS.NET | Your daily dose of Star Trek news and opinion
Ramsey (direita). Uma nova capitã temporária para a nave…

Dando sequência às nossas análises de Jornada nas Estrelas Lower Decks, vamos ao sétimo episódio, intitulado “Much Ado About Boimler”. Lembrando que os spoilers estão liberados.

Qual é o plot? Tendi faz uma cadela da Terra com engenharia genética, mas ela não parece exatamente uma cachorrinha normal. Essa piada inicial terá relação com o resto do episódio. Enquanto isso, três dos oficiais seniores da Cerritos (incluindo a capitã) vão participar de uma missão e a nave receberá uma capitã interina. Boimler, querendo impressionar a nova capitã, se submete a um teste de teletransporte com Rutherford. Mas algo dá errado e Boimler fica “fora de fase”, onde ele brilha e emite um alto som do teletransporte. Boimler, agora, precisa resolver esse problema para estar mais “apresentável” para a nova capitã. Esta é Ramsey, e é uma antiga amiga de Academia de Mariner.  Boimler aparece na ponte brilhando e emitindo um alto som. Ramsey ordena que Boimler vá até a enfermaria. Lá, Rutherford aparece e consegue, pelo menos, acabar com o alto som de Boimler. A doutora encaminha Boimler para a Divisão 14, que lida com doenças insolúveis e mistérios científicos. Tendi também irá por causa de sua “cachorrinha”. É prometido aos dois ir para a chamada “Fazenda” onde tais casos sem solução vão ficar numa espécie de spa com todas as mordomias. Já Ramsey chama Mariner para ser a sua Primeira Oficial. Mariner aceita a proposta, mas muito relutante.

REVIEW] STAR TREK: LOWER DECKS Episode 7 "Much Ado About Boimler" |  TREKNEWS.NET | Your daily dose of Star Trek news and opinion
Reencontrando uma velha amiga…

Boimler e Tendi, com sua cachorrinha chegam à nave da Divisão 14 para a viagem, e são recebidos por uma figura muito estranha e sinistra. No interior da nave, eles encontram uma série de pessoas com doenças incuráveis e é dito aos dois que a nave já viaja há meses e a “Fazenda” é a própria nave. O grupo de doentes prepara um motim e Boimler entrega todo mundo para a figura sinistra que o recebeu junto com Tendi.  O motim é desbaratado e Boimler é linchado pelos doentes. Eles o colocam numa câmara de descompressão para ser lançado ao espaço, exatamente na hora que sua diferença de fase passa e ele deixa de ser uma aberração. Quando a porta é aberta, ele cai num gramado verde. A “Fazenda” de fato existia. Tendi se despede de sua cachorrinha, que é uma aberração. Boimler, juntamente com a alferes, vão embora do planeta numa nave auxiliar.

Star Trek: Lower Decks Recap, Season 1 Episode 7
Uma cachorrinha não tão cachorrinha assim…

Ramsey, seu grupo avançado e Mariner descem à superfície de um planeta pantanoso para filtrar a água da superfície. Mariner, deliberadamente, comete uma série de erros para irritar o grupo. Depois disso, eles vão encontrar a nave Rubidoux, mas esta está parcialmente destruída. Um grupo avançado vai até lá e Mariner continua fazendo trapalhadas de propósito na frente de todos. Depois de andarem por uma nave abandonada, Ramsey e Mariner chegam à engenharia e encontram a tripulação e a capitã em estado de choque. A capitã diz que há uma entidade alienígena que se alimenta de energia atacando a nave e é por isso que todos os sistemas estão desligados. Mas uma das integrantes do grupo avançado, sem saber do ocorrido, consegue restabelecer a energia e a entidade alienígena volta a atacar. Mariner, então, volta a agir com maturidade para salvar a todos e Ramsey pergunta a ela o porquê da mudança de atitude e que Mariner era a melhor aluna de sua turma na Academia. Mariner retruca dizendo que não queria que pessoas gritassem na cara dela para que ela pudesse ser promovida e que preferia uma vida simples de alferes. As duas conseguem levar toda a tripulação para a ponte e Mariner pede, pelo comunicador, que Ruthterford teletransporte a todos, que chegam à Cerritos com a mesma diferença de fase de Boimler.

Star Trek: Lower Decks Episode 7 Photos: Much Ado About Boimler | Nestia
Testes com o teletransporte…

O episódio termina com Mariner e Ramsey vendo a entidade alienígena terminando de destruir a Rubidoux, que é a mesma que vimos em “Encontro em Farpoint”, de TNG. Elas deixam em aberto uma conversa de Mariner um dia fazer uma espécie de equipe com Ramsey e a primeira ser promovida. Mas Mariner ainda quer um pouco a experiência de ser “Lower Decks”.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 7: Much Ado About Boimler -  Full show on CBS All Access
Mas a coisa não deu muito certo…

O que podemos falar do episódio “Much Ado About Boimler”? Em primeiro lugar, esse foi mais um bom episódio e parece haver uma melhora progressiva na série desde o quinto episódio. Mais uma vez vimos uma construção na personagem de Mariner, onde ela encontra Ramsey, uma velha amiga da Academia da Frota Estelar e sabemos por ela que Mariner era uma aluna exemplar, tanto que ela chama Mariner para ser sua Primeira Oficial. Mas a moça não quer saber de promoções e altos postos, pois isso implica em ouvir calada os gritos de seus superiores, algo que ela não suporta. Essa visão sobre a hierarquia da Frota Estelar é problemática, já que sabemos que essa hierarquia foi construída numa relação de respeito entre os oficiais superiores e subalternos. Não é à toa que Kirk sempre chamava Sulu e Chekov com o termo “senhor” precedendo seus nomes. Mas a era Kurtzman coloca o século 24 com cara de século 21 e, na Frota Estelar de “Lower Decks”, os oficiais seniores são arrogantes e desagradáveis. Eu me pergunto se há consultores de Jornada nas Estrelas para os roteiristas que escrevem esses episódios. Bom, como a série é iconoclasta e propõe zoar as coisas, o que podemos fazer, né? Mas pelo menos a gente entende um pouco mais os motivos da Mariner, lembrando sempre que, segundo o Sr. Spock, entender não significa necessariamente concordar. Essa ligação de Ramsey com Mariner pode, inclusive, ser usada no processo de amadurecimento da personagem protagonista da série, isso se os roteiristas forem inteligentes o suficiente para aproveitarem mais uma ideia boa que eles lançaram na trama. Só ficou de mau tom o soco que Mariner deu na capitã em choque. Eu sei que esse ato foi usado para marcar uma mudança de atitude de Mariner frente ao perigo que enfrentavam, mas isso poderia ter sido feito de uma forma menos agressiva e mais inteligente.

Every Image From Star Trek: Lower Decks So Far | Star Trek
Uma figura sinistra…

Foi interessante ver Boimler e Tendi juntos. Mais uma vez, a forma certinha de Boimler de ver as coisas foi usada para espelhar seu comportamento idiota, onde ele entrega o motim organizado pelos doentes da nave da Divisão 14. E mais uma  vez ele se dá mal no contexto, sendo não um saco de pancadas de Mariner, mas ainda sim um saco de pancadas que serve como alívio cômico um tanto constrangedor na história.

Review: 'Star Trek: Lower Decks' Freaks Out In “Much Ado About Boimler” –  TrekMovie.com
Um motim…

E a cachorrinha? Ouvi algumas críticas por aí sobre ela, pois ela foi um experimento genético. Eu creio que quem escreveu essa história não estava nem um pouco preocupado com as implicações morais da coisa. Eu acho que a cachorrinha foi exatamente aquele humor non sense e surreal que vemos de vez em quando por aí, tipo a formiga gigante alimentada como um cachorro embaixo da mesa por uma garotinha em “Homem Formiga”. Confesso que não me incomodei muito com isso, pois a ideia era justamente dar um toque de surrealismo ao episódio, sem muitas reflexões profundas em cima da questão.

Star Trek: Lower Decks - Ep. 7, "Much Ado About Boimler" - Easter Eggs  [Video]
E a Fazenda realmente existe…

Dessa forma, “Much Ado About Boimler” foi mais um bom episódio de Lower Decks, que mostra uma melhora progressiva desde o quinto episódio. Esperemos que continue assim até o final da série.

Star Trek Lower Decks Much Ado About Boimler references
Enfrentando uma espécie alienígena que já conhecemos…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 06), Terminal Provocations. Somos Starfleet!!!

From Barclay To Clippy, 'Star Trek: Lower Decks' Easter Eggs In “Terminal  Provocations” – TrekMovie.com
Um Avatar assassino…

O sexto episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, “Terminal Provocations”, me surpreendeu, pois, pela primeira vez, senti um clima bem mais leve entre Mariner e Boimler. E, confesso que até ri mais aqui.  Para podermos falar um pouco sobre esse episódio, vamos liberar os spoilers.

O episódio começa novamente com um teaser onde os alferes ficam imitando o som que as naves fazem quando estão em dobra, até que Boimler é rendido por Ransom, que acha aquilo tudo estranho. Ou seja, voltamos a ter uma piada destacada do resto do episódio.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 6: Terminal Provocations -  Full show on CBS All Access
Um novo amigo…

A Cerritos está num impasse diplomático com uma espécie alienígena que quer pegar lixo de naves da Frota Estelar. A capitã Freeman não pode levar a coisa para a guerra e o capitão da nave alienígena está bem intolerante. As duas naves disputam um pedaço de lixo espacial com seus raios tratores. Enquanto isso, no refeitório, Mariner esbarra sem querer na doutora, uma oficial sênior, que começa a maltratá-la. Fletcher, um tripulante, coloca panos quentes na situação. Boimler diz que Fletcher o ajudava a sair de situações complicadas na Academia da Frota Estelar e, parece que Fletcher vai ser um grande amigo do peito dos dois. Já Rutherford e Tendi discutem sobre a possibilidade deles fazerem uma caminhada espacial depois do impasse com a nave alienígena para catalogar todo o lixo espacial. Tendi diz que não fez treinamento de caminhada espacial na Academia e Rutherford lhe oferece a possibilidade de fazer um treinamento de caminhada espacial com seu programa de holodeck para impressionar a moça. Por sua vez, Mariner, Boimler e Fletcher estão com uma carga de trabalho muito pesada e nossos dois protagonistas lamentam não poder participar de uma festa na nave para isso. Fletcher, mostrando ser um cara legal, fala para eles irem à festa enquanto ele faz o trabalho dos três.

Star Trek: Lower Decks Season 1, Episode 6 recap: Terminal Provocations -  Pop Times UK
A festa do Chu Chu…

No holodeck, Rutherford e Tendi iniciam o programa e uma espécie de avatar de símbolo delta aparece para ensinar o tutorial do treinamento. Seu nome é Badgey. A simulação começa e os dois estão no espaço, fazendo uma caminhada, Rutherford pede a Badgey que ele insira o lixo espacial na simulação, mas o avatar trava. Depois de alguns chutes que Rutherford dá em Badgey, o lixo aparece, mas há realmente algo de errado com o avatar.

Boimler e Mariner retornam da festa e encontram Fletcher desacordado. Ele disse que foi atacado com um phaser. Um núcleo que tem ligação com os escudos da nave desapareceu. Boimler e Mariner desconfiam de um ataque de um grupo de alferes intitulado delta shift, mas esses dizem que nada fizeram e, inclusive, estavam na tal festa de Boimler e Mariner. Enquanto os dois grupos discutiam, Fletcher mostrou um descontrole total e quase partiu para a agressão.

Primeiras impressões: "Terminal Provocations" | Trek Brasilis - A fonte  definitiva de Star Trek (Jornada nas Estrelas) em português
Fletcher atacado. A primeira de sua longa lista de mentiras…

A nave alienígena começa a usar o raio trator para jogar lixo espacial na Cerritos e os escudos não aguentam ao ataque de forma satisfatória. No holodeck, a simulação começa a falhar e Badgey começa a ficar agressivo. Os protocolos de segurança estão desativados e Rutherford não consegue ativá-los, o que torna Badgey perigoso. Rutherford troca para a simulação de um mercado bajoriano e os dois alferes continuam a ser perseguidos por Badgey.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Uma simulação em que parecia ir tudo bem…

O núcleo estava na cama de Fletcher. Boimler e Mariner percebem que Fletcher é um grande mentiroso e ele diz o que aconteceu. Ele plugou o núcleo na própria cabeça para ficar mais esperto e fazer o trabalho mais rápido, mas ele estragou o núcleo. Boimler atenta para o perigo de Fletcher falar mentiras e Fletcher chora. Mariner e Boimler vão tentar ajudá-lo (afinal, eles são a starfleet!). mas o núcleo adquire vida e começa a atacá-los. O núcleo quer aumentar a sua inteligência e começa a tentar assimilar todo o tipo de aparelho. E captura Boimler e Mariner. Eles pedem para Fletcher comunicar tudo a capitã, mas este tem medo de perder seu emprego. Fletcher cobra ajuda de Mariner e a chantageia dizendo vai espalhar que tudo foi culpa dela caso ela não o ajude. Mariner diz que isso não é ser starfleet. Fletcher retruca dizendo que Mariner quebra as regras o tempo todo e Mariner finalmente diz por que desrespeita as regras. Ela diz que desrespeita as regras que ela considera idiotas e que a impedem de fazer seu trabalho.

Rutherford e Tendi sobem uma enorme escadaria e percebem que Badgey cansa. Rutherford muda novamente a simulação para um lugar com muita neve e gelo para ver se Badgey congela também.

Star Trek: Lower Decks — "Terminal Provocations" Easter Eggs | Star Trek
Criando um monstro…

Fletcher continua sugerindo mentiras para se livrar do problema que criou. Mariner e Boimler se cansam disso e amarram Fletcher. Mariner diz que não gosta de Fletcher, mas que está gostando de trabalhar em equipe com Boimler. Eles tentam enviar o núcleo para um teletransporte, mas não conseguem. E expelem o núcleo pela comporta de ar que, caprichosamente gruda na nave alienígena e a desabilita.

Rutherford e Tendi andam na neve. O primeiro percebe que Badgey está exausto e ainda tenta falar com ele, mas o avatar continua a fazer ameaças de morte. Os dois começam uma luta muito violenta, enquanto a simulação vai falhando. A luta termina com Rutherford “quebrando o pescoço” de Badgey. A energia da nave é restaurada e o avatar é reiniciado, de forma fofinha novamente. Rutherford e Tendi desconversam e saem do holodeck.

New LOWER DECKS 106 Images: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Fletcher se torna sinônimo de encrenca…

Mariner solta Fletcher e ele continua ameaçando os dois, num sentimento de autopreservação. Quando Ransom pede explicações sobre o que aconteceu, Mariner conta uma mentira descarada de que Fletcher salvou o dia, o que lhe rendeu uma promoção e uma transferência para a Titan. Ela justificou a mentira dizendo que há de se manter os amigos por perto e os inimigos em outro lugar. Boimler achou que talvez a transferência fizesse bem a Fletcher, com novos deveres e responsabilidades, mas seis dias depois, Fletcher foi expulso da Titan. Ele pede ajuda aos dois mas, fingindo estática, desligam a comunicação. Fim do episódio.

Badgieeeeeeeeee! — Star Trek: Lower Decks: “Terminal Provocations” | Tor.com
Fugindo de um Avatar…

O que podemos falar do episódio “Terminal Provocations”? Em primeiro lugar, como eu disse acima, foi um episódio onde finamente vimos um bom entendimento entre Boimler e Mariner. Isso pode parecer pouco para a gente dizer que foi um bom episódio? Para alguns, talvez sim. Mas devo confessar que a arrogância de Mariner e Boimler ser tratado como um saco de pancadas idiota era algo que estava incomodando tanto, mas tanto, que ver os dois se darem bem já foi grande coisa na minha modesta opinião. Até por que os dois tiveram um antagonista em comum, que foi Fletcher, um mentiroso de marca maior que pensava somente em si (não sendo um “starfleet”) e ainda ameaçava os outros com suas mentiras. Ou seja, era vital para Boimler e Mariner darem um jeito em Fletcher, pois ele era muito mais prejudicial do que as briguinhas dos dois. E o ato deles se unirem para consertarem os problemas que Fletcher provocava, além de darem um jeito de se livrarem dele foi a grande coisa do episódio. Alguns reclamaram que foi inventada toda uma mentira no final do filme para salvar a pele de Fletcher, mas eu vejo essa grande mentira do final do episódio como um artifício para se livrar do alferes. Boimler e Mariner, no transcorrer do episódio, falaram a Fletcher que ele devia dizer toda a verdade à capitã, mas o senso de autopreservação dele o impedia. Assim, a mentira inventada por eles salvando a pele de Fletcher foi, mais do que nunca, uma estratégia para se livrar dele, no melhor espírito “a mentira tem perna curta” e, cedo ou tarde, Fletcher ia se queimar sozinho, o que realmente aconteceu.

Star Trek Lower Decks S1 Ep. 6 - "Terminal Provocations" by Star Trek: Age  of Discovery - Listen to music
Uma luta violenta…

Já a história de Rutherford e Tendi teve contornos de filme de terror dessa vez, com um avatar psicótico em virtude de um bug. A coisa foi realmente violenta e a luta final entre Rutherford e o avatar meio que estourou as escalas. Quando Rutherford quebra o pescoço do avatar ficou impossível não se lembrar do filme “O Homem de Aço”, onde o Superman quebra o pescoço do General Zod aos gritos de lamento, como Rutherford fez com seu “filho” avatar, só para tornar a coisa mais psicótica. Foi realmente pesado e incomodou mais que as mentiras da História A, a meu ver.

Review: Star Trek: Lower Decks Episode 6 – Terminal Provocations – Who's  Going To Take The Blame For This One? - Bounding Into Comics
Reiniciando…

E a História C? Há um pouco de exagero aqui com a diplomacia de Jornada nas Estrelas. A era Kurtzman, nas suas tentativas tresloucadas de ridicularizar o que o fandom mais antigo gosta, dá a falsa impressão de que, em nome da diplomacia, a Frota Estelar jamais ataca seus inimigos, por mais belicosos que eles fossem. E sabemos que isso não é verdade. Para que serviriam os bancos phasers e torpedos fotônicos das naves então? Mas isso é conversa para quem viu os mais de setecentos episódios dos cinquenta e quatro anos de série, não para os roteiristas e showrunners atuais.

Dessa forma, apesar dos problemas que semprem aparecem, atrevo-me a dizer que esse foi o melhor episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks que vi até agora. Ainda acho que a série vai trilhar um bom caminho se trabalhar o relacionamento dos personagens protagonistas, sobretudo os pares Boimler-Mariner e Rutherford-Tendi. É só continuar nesse feijão com arroz básico.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Terminal Provocations" • TrekCore.com
Kirk seria diplomático com essa peça aí em cima???

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Lower Decks (S01, Ep 05), Cupid’s Errant Arrow. Um Parasita Entre Dois Amores.

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Boimler e sua namorada…

E chegamos ao quinto episódio de Jornada nas Estrelas Lower Decks, intitulado “Cupid’s Errant Arrow”. Um episódio que voltou com uma carga de humor maior e deixou a tensão e o conflito pesados um pouco de lado. Um episódio que, dessa vez não apresentou aquele teaser introdutório. Para podermos falar desse episódio, vamos liberar os spoilers.

Star Trek: Lower Decks — "Cupid's Errant Arrow" Easter Eggs | Star Trek
Mariner e seu ciúme paranóico…

O plot é o seguinte.  A Cerritos está fazendo uma missão conjunta com a nave U. S. S. Vancouver para demolir de forma controlada uma lua que está implodindo. Mas os habitantes do planeta brigam entre si, pois alguns querem acabar com a lua e outros não, para desespero da capitã Frreeman, que encontra uma solução que agrada quase a todos, menos um habitante da lua a ser implodida, que não quer que se destrua a lua onde ele mora. Mas Freeman decide destruir a lua quando sabe que ele e sua esposa são os únicos habitantes da lua. Enquanto isso, Boimler está radiante, pois ele vai poder se encontrar com sua namorada Barbara, que serve na Vancouver. Isso desperta o pouco caso de Mariner com seu colega, que o acha impossível de conseguir uma namorada. Já Tendi e Rutherford estão radiantes, pois vão poder conhecer – e trabalhar – na Vancouver, uma nave que é tecnologicamente mais avançada que a Cerritos, embora pertença à mesma classe (Parliament). Boimler e Mariner encontram Barbara e a filha da capitã fica surpresa com a namorada de Boimler, pois ela é muito bonita e parece ser uma ótima namorada. Mas ela tem um amigo da Cerritos, Jet, que foi um antigo namorado, para a preocupação de Boimler.

STAR TREK: LOWER DECKS Review: "Cupid's Errant Arrow" • TrekCore.com
Boimler dando suas bolas fora, com medo de perder a namorada para o amigo dela…

Rutherford e Tendi são recebidos por um tripulante da Vancouver e eles terão de  fazer um diagnóstico na nave com um tricorder de última geração com o qual eles sonham muito e, quem terminar o diagnóstico primeiro fica com o tricorder, o que levou a uma acirrada disputa entre os dois.

Watch Star Trek: Lower Decks Season 1 Episode 5: Cupid's Errant Arrow -  Full show on CBS All Access
Tendi e Rutherford: disputa por um tricorder…

Mariner, por achar que Barbara é boa demais para Boimler, acha que ela é uma ameaça e que pode ser um alienígena perigoso ou algo assim, e ela conta um flashback que viveu numa nave quando era amiga de um casal e o namorado se transformou num alienígena que matou a namorada, devorando-a. Assim, Mariner fica obcecada em provar que Barbara é um monstro e Boimler fica obcecado em ficar próximo à Barbara por causa de Jet, o amigo bonitão da moça. Tudo isso vai levar a algumas situações inusitadas no episódio, até o momento em que Barbara pressiona Boimler e ele confessa que está com medo de perdê-la para Jet. A moça, então, diz que ele não precisa ter esse medo e que ele a acompanhe. Mas Mariner acha uma casca de parasita e acredita, dessa vez, que Barbara é uma parasita. Ela corre atrás do casal, lançando mão até de um traje espacial. Ela encontra Boimler nu dentro de uma nave auxiliar e este começa a gritar feito um louco. Os dois discutem mas a lua está cada vez mais instável e a nave sofre um solavanco. Boimler bate com a cabeça e desmaia. Barbara aparece e as duas começam a lutar por Boimler. Na briga entre elas, podemos atestar que Barbara tem as mesmas dúvidas sobre Mariner que esta última tem sobre Barbara. Mas as duas irão parar de brigar quando, acidentalmente, começam a falar das idiotices que Boimler já fez e começam a rir muito com isso. Apesar da amizade, o tricorder ainda acusa a presença de um parasita. Só que este está no couro cabeludo de Boimler e liberava feromônios que provavelmente atraíram Barbara, embora ela negasse isso. Mas a moça disse que precisa dar um tempo na relação com Boimler, pois quer estudar o parasita, deixando o personagem sozinho novamente, sendo consolado por Mariner.

From DS9 To M-113, 'Star Trek: Lower Decks' Easter Eggs In “Cupid's Errant  Arrow” | News Break
Um bom flashback para Mariner…

Já a contenda entre Rutherford e Tendi terminou em empate, o que significa que os dois vão poder usar o tricorder, mas na Vancouver. O tripulante da Vancouver que estipulou a competição entre os dois vai providenciar a transferência de ambos da Cerritos para a Vancouver, mas eles não querem isso e vão roubar o padd dele, o que vai começar uma competição pelo padd até que os dois descobrem que tudo é uma armação para esse tripulante ir para a Cerritos, pois ele não aguenta mais a Vancouver. Ele vai ter que desfazer a transferência para não pegar uma corte marcial e ainda vai dar dois tricorders de última geração para os dois. O episódio termina com Tendi e Rutherford na Cerritos e os dois mostrando um para o outro a bolsa cheia de tricorders que cada um roubou.

Preview “Cupid's Errant Arrow” With 12 New Images And Trailer For 'Star  Trek: Lower Decks' Episode 105 | News Break
Uma História C tumultuada…

O que podemos dizer sobre o episódio “Cupid´s Errant Arrow”? Em primeiro lugar, é um episódio mais leve que os dois últimos, pois não teve o “desastre da semana” e não teve a discussão altamente tensa entre Mariner e os oficiais seniores. Somente esse último detalhe fez com que o episódio não fosse insuportável. Aliás, a Mariner foi um pouco mais aceitável nesse episódio, pois a obsessão da personagem em provar que Barbara era uma ameaça para Boimler, se num primeiro momento podia mostrar uma espécie de descaso com o amigo (ele é ruim demais para Barbara), por outro lado exibiu uma espécie de ponta de ciúme e de preocupação com o amigo, e qualquer tentativa de se mostrar algum sentimento bom em Mariner já é um grande negócio nessa série, já que ela é mostrada muitas vezes de forma muito repulsiva. Ver Mariner correndo desesperada atrás de Boimler, achando que ele estava sob ameaça, foi algo de positivo para a personagem. Só é de se lamentar que cada vez mais fica evidente que Boimler será o saco de pancadas da série e ele sempre será tomado como um idiota nas mãos de Mariner. Vimos isso com Barbara e Mariner rindo das idiotices de Boimler, dele perdendo a namorada e ainda vendo esta fazer planos com Mariner, e de Mariner contar a Boimler as situações idiotas dele que as faziam rir. Ainda há cinco episódios para haver alguma reviravolta, mas está parecendo cada vez mais que Boimler será a parte cômica (e ridícula) da coisa mesmo.

Review: Star Trek: Lower Decks Episode 5 – Cupid's Errant Arrow – Will it  Have You Falling In Love? - Bounding Into Comics
Um parasita sedutor…

Já a História B, de Tendi e Rutherford, onde houve uma competição entre os dois, foi menos desenvolvida e mostrou uma afinidade maior entre os personagens, que depois da situação de competição e de perceberem que estavam sendo usados, ficaram com seus laços de amizade mais estreitos. A única coisa que incomodou muito foi o fato de que eles furtaram um monte de tricorders quando já tinham conseguido um para cada. Quando nos lembramos que essa série é para um público adolescente, mostrar um furto assim de forma tão descarada e impune parece pegar muito mal, ainda mais quando são membros da Frota Estelar que fazem isso e ainda no século 24. Um tricorder desse não poderia ser replicado?

Review: Star Trek: Lower Decks Episode 5 – Cupid's Errant Arrow – Will it  Have You Falling In Love? - Bounding Into Comics
Uma disputa que depois aumentou a amizade…

Assim, “Cupid’s Errant Arrow” é um episódio mais leve de Jornada nas Estrelas Lower Decks, onde pudemos ter a oportunidade de gostar mais de Mariner e vimos um desenvolvimento maior na relação entre Tendi e Rutherford, embora o furto dos tricorders tenha caído mal. A coisa deu uma melhoradinha aqui.

That is messed up!” — Star Trek: Lower Decks: “Cupid's Errant Arrow” |  Tor.com
Tentando dar uma volta em Rutherford e Tendi…

Batata Movies – Quando Desceram As Trevas. Segunda Guerra, Espionagem E Noir.

Ministry of Fear - Wikipedia
Cartaz do Filme

Ainda falando dos filmes da fase americana de Fritz Lang, vamos analisar hoje “Quando Desceram As Trevas” (“Ministry of Fear”, 1944). Esse é mais um filme “Noir” de Lang, enfocando uma história de espionagem ocorrida na Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial, com direito a espiões e bombardeios nazistas. Para podermos conversar sobre essa película, vamos liberar os spoilers de setenta e seis anos.

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Stephen Neale. Um homem que será envolvido numa trama internacional…

O plot é o seguinte. Stephen Neale (interpretado por Ray Milland), passa seus últimos momentos internado num manicômio psiquiátrico, depois de ser condenado a uma pena nesse estabelecimento por ser acusado de matar a esposa. Na verdade, a esposa padecia de um câncer e sofria muito com a doença, sendo que Stephen comprou veneno para aliviar sua dor, mas não teve coragem de ministrá-lo. Entretanto, sua esposa tomou o veneno mesmo assim, condenando o marido a uma pena no manicômio. Agora, fora da prisão, Neale vai para Londres, uma cidade sob bombardeios alemães. Mas nosso protagonista prefere o agito da cidade mesmo em perigo à solidão. Antes de chegar à estação de trem, passa por uma festinha local, onde inocentes senhoras arrecadam fundos de forma beneficente. Mal sabe Neale que elas fazem parte de uma rede de espionagem nazista e, depois da consulta com uma vidente, descobre o peso de um bolo que estava sendo oferecido a quem adivinhasse seu peso. Feliz da vida, nosso Neale leva o seu bolo, sem saber que existe nele um microfilme com segredos militares ingleses. Ao pegar o trem, um velho “cego” o acompanha. Mas o trem para por causa de um bombardeio nazista e o velho o ataca para tomar o bolo, fugindo do trem. Neale o persegue e o velho atira uma pistola contra ele. Mas o velho é atingido por uma bomb e morre. Ao chegar a Londres, Neale procura a instituição beneficente que organizou a festa e ele conhece os amáveis irmãos Willi (interpretado por Carl Esmond) e Carla Hilfe (interpretada por Marjorie Reynolds) e comunica o que aconteceu. Willi o leva para a casa da vidente com que Neale teve contato, mas lá ele vê que se trata de outra mulher, que faz uma sessão mediúnica onde um dos convidados é morto com um tiro depois que apagam as luzes. Como Neale soltou as mãos das pessoas durante a escuridão e ele estava armado, ele acaba sendo declarado o suspeito e foge com a ajuda de Willi. Agora, Neale terá que provar sua inocência e, ao mesmo tempo, desvendar toda a trama de espionagem nazista que ele ainda nem sabe que está acontecendo.

Ministry of Fear (1944) | The Criterion Collection
Um casal pouco convincente…

Lang foi convidado para dirigir esse filme, baseado numa história de Graham Greene que ele gostava muito, mas odiou o roteiro escrito. Mesmo assim, por ética profissional, assumiu a direção. Talvez seja por tudo isso que a história é um pouco enrolada e até enfadonha. O momento da sessão mediúnica só serviu para incriminar Neale, mas a Scotland Yard nem soube do ocorrido, procurando nosso protagonista como suspeito de outro crime, a morte de um investigador que ele contratou e que foi morto pelos espiões nazistas. A falsa vidente (interpretada pela bela Hillary Brooke) parecia que ia ter um destaque maior no filme, mas somente apareceu em mais um momento com o protagonista, sendo pouquíssimo aproveitada. O romance entre Neale e Carla até teve seus momentos de construção, mas pareceu um corpo estranho à história. Ou seja, tivemos aqui alguns floreios (ou barrigas) que tornaram tudo meio confuso, ainda mais para uma película de duração relativamente reduzida (pouco mais de oitenta minutos). Pelo menos, Lang brincou bem com o claro/escuro, sobretudo na sequência de ação final do filme, onde o tiroteio era feito ora sob escuridão completa, ora sob a luz de uma escadaria de um prédio, onde víamos os espiões nazistas. A piada final do bolo foi até engraçadinha, mas um tanto forçada, para coroar um filme que o próprio Lang não gostava muito (ele disse que, anos depois, ao ver o filme na TV, ele adormeceu).

Ministry of Fear (1944) – MUBI
Uma personagem pouco aproveitada…

Assim, “Quando Desceram As Trevas” poderia até ser um filme bom caso o roteiro não fosse um pouco enrolado, roteiro esse que nem Lang gostou muito. Pelo menos o diretor ainda conseguiu salvar um pouco o filme, trabalhando bem o claro/escuro e enxertando algumas boas cenas de ação. Mas há filmes “Noir” bem melhores que esse na carreira do diretor. Infelizmente, não há o filme facilmente à disposição na íntegra. Fiquem com o trailer abaixo.  

Batata Movies – Vive-se Só Uma Vez. Condenação Pública.

You Only Live Once (1937 film) - Wikipedia
Cartaz do Filme

Dentre os filmes da fase americana de Fritz Lang, falemos de sua segunda produção nos Estados Unidos, “Vive-se Só Uma Vez” (“You Only Live Once”, 1937). Esse é um filme que traz Sylvia Sidney de volta fazendo uma parceria com Henry Fonda, que deu muito certo, diga-se de passagem. Para podermos falar desse filme, os spoilers de oitenta e três anos.

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Um casal na mira da justiça…

O plot é o seguinte. Eddie Taylor (interpretado por Henry Fonda) está saindo da prisão pela terceira vez, sendo advertido que, caso volte por algum crime, será provavelmente condenado à morte. Praticamente ninguém tem esperanças de que ele se recupere, exceto sua namorada, Joan Graham (interpretada por Sidney). Os dois procuram começar uma vida nova, onde eles vão dar entrada na compra de uma casa e Taylor começará um emprego numa transportadora como motorista. Mas um único atraso num dia de trabalho foi suficiente para que seu patrão o botasse na rua, muito em função do preconceito contra Hnery ser um ex-presidiário. Pouco tempo depois, acontece um assalto a um banco com bombas de gás lacrimogênio e seis pessoas morrem. O chapéu de Eddie aparece como uma espécie de prova. Ele procura Joan e diz que é inocente, com o seu chapéu sendo utilizado por um ex-comparsa de crimes para incriminá-lo. Eddie diz que precisa fugir mas Joan acha que ele precisa se entregar, já que é inocente. Ele se entrega, mas acaba sendo condenado à morte, não querendo mais falar com Joan. Mas esta vai visitá-lo na prisão, proposta a qualquer coisa para ajudá-lo. Eddie pede então que ela traga uma arma para ele. Joan consegue a arma mas não consegue entregá-la, pois fica retida no detector de metais. Um padre amigo de Eddie, que está com ela na visita, consegue convencer os policiais a não revistá-la e, depois que saem do presídio, o padre pede que ela entregue a arma. Mas Eddie conseguirá um revólver com um amigo de prisão e faz um médico de refém. Quando os dois estão na porta da prisão, prestes a saírem, é chegada uma mensagem ao diretor do presídio, com um indulto a Eddie, pois o verdadeiro culpado do assalto a banco apareceu, sendo realmente o ex-compassa de Eddie, que apareceu morto no fundo de um rio com o carro forte (ele sofrera um acidente na fuga). Mas Eddie não acredita nisso e acaba alvejando seu amigo padre, matando-o. Ao sair da prisão, ele acaba sendo ferido pela polícia e vai procurar Joan. Os dois tornam-se fugitivos da polícia, com Joan grávida, dando à luz durante a fuga. Joan ainda consegue se encontrar com sua irmã para entregar o bebê para pegar a criança de volta depois que atravessarem a fronteira. Mas os dois são alvejados e mortos pela polícia quando já estavam bem perto. Moribundo, Eddie escuta uma voz dizendo que ele finalmente está livre.

Pin en A Monster (Frankenstein)
Lang traz mais uma vez o belo claro/escuro herdado do cinema alemão…

Esse segundo filme de Lang nos Estados Unidos mostra a continuação de Lang de sua preocupação com questões sociais do país que ele começava então a trabalhar. Dessa vez, vemos aqui a impossibilidade de alguém que cometeu crimes e delitos de recomeçar a sua vida mesmo depois que cumpre sua pena, pois a sociedade, eivada de todo um preconceito contra ex-criminosos, não acolhe aqueles que querem se recuperar. O próprio Lang instiga o espectador a lidar contra seus próprios preconceitos quando do momento do assalto ao banco, onde não sabemos se podemos confiar ou não nas palavras de Eddie, que alega sua inocência. Afinal de contas, ele já foi condenado três vezes, parecendo pouco provável que nosso protagonista falasse a verdade. Mas, realmente Eddie não mentia e era inocente, desta vez sendo condenado injustamente à morte. O grande problema é que ele já estava tão barbarizado por tudo o que havia ocorrido que ele não acreditava mais que havia recebido um indulto, matando uma das poucas pessoas que ainda confiava nele, o seu amigo padre, para sacramentar toda essa tragédia social. Mas a coisa ainda poderia piorar, pois Eddie e Joan foram implacavelmente caçados pela polícia, sendo mortos como animais bem próximos da fronteira. Ou seja, se Lang ainda opta pelo “happy end” em “Fúria”, em “Vive-se Só Uma Vez” o desfecho é trágico. Nunca houve escapatória para Eddie. Se ele tentava recomeçar sua vida de forma digna e honesta, a sociedade não o permitiu, tratando-o de forma bárbara. E, quanto mais maltratado Eddie o era, mais ele caía na barbárie, o que somente retroalimentava a barbárie da sociedade contra ele, levando tudo a um beco sem saída, onde a morte era a única alternativa. Lang assim mostrava mais uma vez seu pessimismo com relação ao humano.

You Only Live Once – Senses of Cinema
Um amor entre grades…

Dessa forma, “Vive-se Só Uma Vez” é uma grande obra de Lang, mostrando todo o seu talento e sua visão de mundo pessimista em Hollywood, mais afeito a histórias assépticas e felizes com o objetivo de entretenimento. O realismo cru de Lang seria uma grande contribuição para o cinema americano e mundial, lançando uma série de películas reflexivas. Infelizmente, não temos esse filme na íntegra. Fiquemos com o trailer abaixo.

Batata Movies – Fúria. Fake News E Rancor.

Fury (1936 film) - Wikipedia
Cartaz do Filme…

Dentre os filmes da fase americana de Fritz Lang, falemos de sua primeira película nos Estados Unidos. “Fúria” (“Fury”, 1936) foi um cartão de visitas arrebatador do diretor austríaco em terras americanas. Lang mostra com uma grande crueza até onde o ser humano pode ser venal e destrutivo. Um filme que faz a gente olhar para dentro de si e se questionar do papel que assumimos perante as pessoas e o mundo. Para podermos falar dessa película, vamos liberar os spoilers de oitenta e quatro anos.

File:Spencer tracy fury cropped.jpg - Wikimedia Commons
Joe. Um homem transformado pelo ódio…

O plot gira em torno de Joe Wilson (interpretado por um jovial e eternamente magistral Spencer Tracy). Ele está planejando seu casamento com a doce Katherine Grant (interpretada por Sylvia Sidney), mas o jovem casal ainda está juntando dinheiro e a moça vai ganhar a vida em outra cidade. Joe vai levando a sua vida e tudo vai de vento em popa. Até o dia em que ele consegue comprar um carro e vai visitar sua noiva na cidade em que ela está. Entretanto, durante a viagem, ele é parado pela polícia numa cidade vizinha e é levado para a delegacia como suspeito de sequestrar uma menina, já quee algumas evidências apontam nessa direção. A noticia da prisão de Joe corre a cidade e a população, numa rede de fofocas (ou fake news, só para atualizarmos o tema), já decide que Joe é culpado e deve ser imediatamente punido. Os moradores da cidade, enfurecidos, decidem atacar a delegacia, que pede reforços militares que são barrados por políticos estaduais preocupados com o resultado das eleições. Katherine sabe de toda a confusão na cidade vizinha e, desesperada, vai a pé até lá. Assim que ela chega, já encontra a delegacia em chamas com Joe dentro, e desmaia. Joe consegue fugir da delegacia sem ser visto e deixa de ser o homem doce e alegre para se tornar amargo, rancoroso e com desejo de vingança. O resultado da investigação inocenta Joe e, como ele é dado como morto, vinte e dois moradores são acusados de assassinato. E aí a coisa vira. Os moradores da cidade assistem ao julgamento torcendo pelos seus, mas o promotor está ávido por condenar os acusados. Depois de conseguir imagens filmadas dos acusados incendiando a delegacia, a defesa argumenta que não há um corpo. Joe, que escuta o julgamento no rádio, manda uma carta com sua aliança derretida para o juiz, forjando uma evidência de seus restos mortais. Mas Katherine percebe que a carta tinha um erro ortográfico que somente Joe cometia. Revoltada, ela pressiona seus dois irmãos que sabem que Joe está vivo. A moça os seguirá e descobrirá Joe, que está transtornado e tomado pelo ódio. Katherine diz que, se os acusados forem condenados à morte, Joe terá que andar o resto de sua vida às escondidas e não poderá se casar com ela. Ainda, Katherine diz que o que Joe sofreu na prisão por alguns momentos, muitas pessoas estão sofrendo por muito tempo, pois o julgamento é um processo demorado. Joe sai revoltado para a rua e anda pela noite, sendo assombrado pela sua consciência, vendo imagens dos moradores da cidade em sofrimento, ao bom estilo das alucinações e do claro/escuro tão caro à Lang. O filme termina com o veredicto sendo dado pelo juiz e Joe entrando no tribunal, alegando que quer ficar em paz consigo mesmo e que aceita a punição da justiça, com a esperança de poder reconstruir sua vida um dia com Katherine, que lhe dá um beijo apaixonado.

Fury, de Fritz Lang, ou a transfiguração de pacíficos cidadãos ...
Uma cidade contra um homem…

Esse realmente é um filmaço de Lang. Embora haja um happy end, vemos aqui uma leitura altamente pessimista da alma humana tanto na situação coletiva quanto na individual, mostrando as diferentes manifestações da fúria em si. O pior do ser humano numa situação coletiva se manifesta nos pré-julgamentos e na propagação de falsas verdades, mostrando que o fenômeno nocivo das chamadas fake news é muito mais antigo do que parece. E aí, a turba, enfurecida, acaba se tornando uma massa humana de 100% de emoção e 0% de razão, agindo de forma muito selvagem e inconsequente. Tanto que, durante o julgamento, muitos moradores simplesmente caíam em desespero quando perceberam o barbarismo das ações das quais tomaram parte, como se a fúria coletiva despertasse os instintos mais selvagens do ser humano e ele regredisse a um estado mais ligado à natureza do que à cultura. Mas a fúria de um ser individual também é radiografada no filme. E aí, muitas palmas para esse grande ator que é Spencer Tracy, que tem uma característica toda especial: Tracy, juntamente com Tom Hanks, são os dois únicos atores de Hollywood a ganhar o Oscar de Melhor Ator por dois anos consecutivos. E sua atuação aqui confirma bem isso. No inicio do filme, vemos um Joe doce e amável. Mas o seu quase linchamento o torna uma pessoa rancorosa, cheia de ódio e sede por vingança, o que deixa surpresos seus irmãos e sua noiva. Será o acerto de contas com sua consciência (o momento de herança expressionista do filme) que fará com que Joe decida se revelar vivo perante o tribunal. Se Spencer Tracy deu um show nesse filme, não podemos nos esquecer da fofíssima Sylvia Sidney. Se ela parece frágil e doce, ela tem também muita fibra nos momentos certos, seja literalmente correndo de uma cidade para outra, seja depondo no julgamento de forma firme, seja sendo igualmente firme ao perceber o caminho de revanchismo que Joe tomava. Ou seja, é esse misto de doçura, fragilidade e firmeza que faz a interpretação de Sidney tão especial. Não é à toa que ela trabalhou em três filmes de Frtz Lang nos Estados Unidos.

Director B-Side: Fritz Lang and 'Fury' - mxdwn Movies
Katherine tenta demover Joe de toda a sua revolta…

Dessa forma, “Fúria” foi o grande cartão de visitas de Fritz Lang para o cinema americano. Sua visão realista e pessimista do comportamento humano, seja em nível coletivo, seja em nível individual, pode ser vista como um personagem à parte na película, que também mostra a herança de seus dias expressionistas na Alemanha, com direito ao claro/escuro e às alucinações. Um programa imperdível. Infelizmente, esse filme está disponível apenas no site cinemalivre.net, onde você precisa pagar uma pequena quantia para ter acesso a muitos filmes de diretores consagrados. Vale a pena dar uma conferida. E fique agora com o trailer abaixo.