Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos a DS9 e ao quarto episódio da primeira temporada, intitulado “Babel”.
Qual é o plot do episódio? Chefe O’Brien está muito atarefado, pois a estação está com vários defeitos. Um deles é o sintetizador de comida. O’Brien conserta um deles que parece sofrer uma pane inicial, mas funciona corretamente. Quando O’Brien se afasta, podemos ver que há uma maquininha no interior do sintetizador, como se ele estivesse sendo sabotado. Quark, que precisa que seus sintetizadores funcionem, burla a segurança e consegue descobrir quais sintetizadores funcionam na estação. Numa conversa entre Sisko e O’Brien, este último começa a falar coisas desconexas, provocando estranheza em Sisko. O’Brien faz o mesmo com Kira. Bashir o examina e diz que O’Brien parece ter uma afasia, ou seja o cérebro funciona normalmente, mas ele não consegue se expressar nem entende as mensagens dirigidas a ele. Mas não há qualquer evidência que tenha ajudado O’Brien ficar nesse estado. O mais grave é que os sintomas também aparecem em Dax. Bashir descobre que há uma doença parecida com a afasia sendo transmitida por um vírus e Sisko pede que Bashir coloque a estação sob quarentena. Quark não fechou sua casa e alegou a Odo que seu estabelecimento é serviço essencial (já ouvi isso em algum lugar). Odo, que sabia dos problemas dos sintetizadores de Quark, começa a desconfiar dele. E pega o ferengi usando os sintetizadores da tripulação, que funcionavam.
Bashir descobre que o vírus está na comida dos sintetizadores e que uma mutação se propaga pelo ar. Ou seja, toda a estação está contaminada. Kira encontrou a maquininha do início do episódio e, ao examiná-la, ela descobriu que foi ela que produziu o vírus, sendo, então, uma sabotagem. E mais: a tecnologia da maquininha é cardassiana. Mas exames feitos por Bashir constatam que foram os bajorianos que criaram o vírus para atacar a estação quando ela estava em domínio cardassiano. O grande problema é que esse aparelhinho foi criado há dezoito anos e não há sinais de quem o confeccionou. O’Brien queima em febre e morrerá em doze horas caso o vírus não seja neutralizado. Mas o próprio Bashir começa a ser afetado pelo vírus.
Depois de muito procurar, Kira encontra o cientista que sabotou a estação, mas ele desligou na cara dela quando a Major tentou entrar em contato. Kira, explosiva, diz que vai abandonar a estação (e a quarentena) para falar pessoalmente com o cientista em Bajor. Odo recomenda a Sisko que a deixe ir, pois ela é tudo que eles têm agora. Uma nave tenta sair à força da estação e Sisko é obrigado à liberá-la. Mas o mecanismo de trava do anel de atracação enguiçou e a nave corre o risco de explodir, levando metade do anel de atracação. Odo vai liberar manualmente as amarras do anel de atracação, pois Sisko já foi afetado pelo vírus. Já Kira teletransporta à força o cientista para a nave auxiliar e se dirige à estação. Como Kira está contaminada, o cientista também está, o que o obriga a fazer um antídoto. Já Odo consegue a ajuda de Quark para sair das Operações e ir para o anel de atracação via teletransporte. Odo consegue tirar o capitão da nave e destravá-la para explodir no espaço. O cientista pegou as notas de pesquisa de Bashir e conseguiu confeccionar o antídoto. O episódio termina com Sisko felicitando O’Brien por sua volta, mas logo depois chamando a atenção do mesmo, pois o sintetizador não fez o café direito. Fim do episódio.
O que podemos dizer do episódio “Babel”? É um episódio que trabalha ainda as sequelas de uma região de guerra, onde uma arma biológica é disparada por acidente depois da guerra (lembra muito as minas terrestres de Angola que mutilaram muitos civis, mesmo depois da guerra). No caso, a arma biológica desperta um vírus perfeito que se espalha na comida e no ar, infectando toda a estação, deixando a capacidade de comunicação das pessoas completamente comprometida, levando-as à morte. E aí vemos todo um conjunto de procedimentos e discursos que, infelizmente, são muito caros à nós atualmente: isolamento, quebra de isolamento, atividades essenciais, etc. É um episódio que trabalha o tema da epidemia, tema esse bem recorrente e que desperta tanta inquietação.
No mais, pudemos ver bons diálogos entre Odo e Quark, naquele ranço entre o agente da lei e o infrator que desperta algumas atividades hostis, mas que também tem uma amizade implícita bem lá no fundo. É o primeiro episódio onde vemos um ferengi tendo uma atitude mais altruísta, desde que bem recompensada posteriormente. Notamos aqui também que transmorfos e ferengis são bem resistentes a epidemias.
Dessa forma, “Babel” é um episódio de DS9 que trabalha um tema um tanto quanto batido até na franquia de Jornada nas Estrelas que é a epidemia, só que aqui como arma biológica de um pós-guerra. Os diálogos entre Odo e Quark também acabam sendo uma atração à parte, levando a mais um passo na construção desses dois personagens, que têm um relacionamento turbulento com uma pontinha amistosa. Vale a revisita.