Batata Literária – She Left Home Versão Borboleta Azul

E a Batata Espacial tem sua primeira colaboradora. Minha amiga Rosilene Jorge dos Ramos, professora e poetisa, pertencente ao grupo Gambiarra Profana, apresenta sua poesia “She Left Home Versão Borboleta Azul”. Para conhecerem mais o trabalho da Gambiarra Profana, cliquem aqui. E vejam a poesia declamada pela autora no vídeo abaixo.

Batata Literária – O Barroco

Eu estou em permanente conflito.
Do ser humano, amo tudo que ele tem de mais bonito.
Era como diziam os renascentistas:
com sua inteligência, o homem faz coisas infinitas.
Ele cria a ciência e a tecnologia,
melhora o nível de vida todo o dia.
Suas conquistas são como preciosas minas
tão etéreas, praticamente divinas.
Mas também amo – e temo – a Deus.
Quero a minha salvação e a dos meus.
Os religiosos dizem que estou abaixo do Salvador,
e é aí que começa a minha dor.
As conquistas humanas são coisas de pecador.
Ao valorizar o homem, parece que de Deus perco seu amor.
E, condenado ao inferno estou!
Assim não sei mais quem sou!
Por que é heresia valorizar o humano?
Por que isso me torna tão mundano?
Não podemos ter a liberdade de criar
sem violar a premissa de a Deus adorar?
Somos maravilhosos e sensatos.
Por que ofendemos a Deus com nossos atos?
Será que a religião só valoriza a obediência
e encara a liberdade do homem com demência?
Chego a essa última estrofe arrasado.
Renuncio à grandeza do homem amargurado.
Mas Deus é mais poderoso que eu.
Por isso, minha crença no homem morreu.
Entrego minha alma à salvação
para que Deus possa tomar uma decisão.
Mas, realmente, tudo o que eu queria
era conciliar paixão e fé sem vilania.

Batata Movies – Jack Reacher, Sem Retorno. Mas Voltou, Não Voltou?

Cartaz do Filme

 

Tom Cruise está de volta com “Jack Reacher, Sem Retorno”. Esse filme não foge muito do que foi o primeiro “Jack Reacher”: um filme típico de ação, com direito a muita bomba, porrada e tiro. Mas há um detalhe também não menos conhecido: ele segue a consagrada maldição de que as sequências são piores do que os primeiros filmes. Se no primeiro “Jack Reacher”, ainda houve uma trama que prendia a atenção, independente das cenas de ação, nesta sequência a trama ficou mais fraca e as cenas de ação foram a atração principal. Como resultado, é um filme somente para distrair a cabeça, onde já sabemos que o mocinho vai matar o bandido no final, e a única coisa que interessa é pelo que o mocinho e o bandido brigam.

Jack Reacher está de volta!!!

Nesta história, Jack Reacher (interpretado por Tom Cruise) vai ajudar sua amiga, a Major Susan Turner (interpretada por Cobie Smulders) a se livrar de uma acusação de espionagem e de uma tentativa de assassinato. Ainda, dois subordinados da major foram assassinados no Afeganistão. Reacher ainda foi acusado injustamente de assassinato e de ter uma suposta filha que não reconheceu, Samantha (interpretada por Danika Yarosh), que vai ser perseguida pelos vilões, dadas as suas ligações com Reacher. Aí é aquilo que já conhecemos. Reacher, Tuner e Samantha vão investigar toda a tramoia que foi criada para incriminá-los, além de ter que fugirem da perseguição de seus algozes. É claro que Reacher quebra algumas pernas e braços (quando não quebra pescoços) como sempre faz de hábito.

É uma pena que Cruise seja o único ator conhecido do filme. Se houvesse mais um medalhão, ainda haveria a graça de presenciarmos Cruise contracenando com outro ator que chamasse a atenção, mas isso não aconteceu. Sobrou apenas Cobie Smulders, que foi relativamente bem em seu papel, mas nada que empolgasse muito. Pelo menos, esse foi um filme de ação mais das antigas, onde os CGIs foram substituídos por cenas de luta bem coreografadas, já que a grande virtude de Jack Reacher é ser extremamente ágil e violento em suas surras. Só que isso não é suficiente para dizermos que o filme foi bom.

Esse trio vai ter que desvendar a tramoia contra eles e ainda fugir da perseguição mortal dos vilões. Eu já vi esse filme!!!

Dessa forma “Jack Reacher, Sem Retorno” mostra apenas o que já era esperado, sem empolgar muito e é apenas mais uma produção que Tom Cruise fez para esse personagem que ele parece gostar tanto. Só que o primeiro filme foi bem melhor. Uma pena que a continuação não tenha sido à altura. De qualquer forma, não deixe de ver o trailer abaixo.

Batata Movies – A Criada. Filme Em Camadas.

Cartaz do Filme

Ultimamente, muitos filmes da Coreia do Sul têm aparecido por aqui, sendo alguns bem interessantes, outros nem tanto. Desta vez, assisti em pré-estreia no Joia, lá em Copacabana, a película “A Criada”, dirigido por Chan-Wook Park, que foi um filme bem interessante. Sua principal característica é a de que ele conta a sua história em camadas que vão se interagindo no transcorrer da exibição.

Vemos aqui a história de Sook-Hee (interpretada pela belíssima Tae-ri Kim), uma moça de origem pobre, filha de uma lendária ladra, que juntamente com um colega de trapaças (interpretado por Jung-woo Ha) vai dar um golpe numa família rica composta por Kouzuki, um velho que era aficionado por histórias obscenas (interpretado por Jin-Woong Jo) e sua sobrinha, Hideko (interpretada por Min-Hee Kim). O plano é o comparsa de Sook-Hee vir como um conde que ensina Hideko a desenhar e pintar, seduzindo-a para casar com a moça e aproveitar sua instabilidade emocional para interná-la num hospício. Sook-Hee seria a criada de Hideko. Quanto ao tio depravado, ele seria convencido a viajar para o Japão, país pelo qual tinha muita admiração. Na primeira parte do filme, vemos o golpe sendo colocado em execução e a história é contada do ponto de vista de Sook-Hee. Só que o término da primeira parte não acaba como o planejado e tem um desfecho surpreendente. É hora de tomarmos conhecimento da segunda parte do filme, onde todos os acontecimentos da primeira parte são vistos agora pelo ângulo de Hideki. E a terceira parte do filme é vista mais em terceira pessoa.

Um quarteto e tanto

Por que o filme chama a atenção? Porque essa estrutura narrativa, contada em três capítulos, sendo que os dois primeiros capítulos contam a mesma história do ponto de vista de duas personagens diferentes, é algo que pode até não ser muito novo e original, mas não vemos todo dia por aí. E isso torna a trama mais interessante, sendo contada em camadas que, tais como as peças de um quebra-cabeça, acabam completando a narração da história, quando vamos para a terceira e última parte, que dá todo o desfecho da história. Esse detalhe ajuda a prender a atenção do espectador e torna a história mais deliciosa de se assistir.

Dois vigaristas

O filme tem outras características que chamam a atenção, sobretudo nos temas de forte conteúdo erótico, com tórridas cenas de sexo entre Sook-Hee e Hideko. O caso amoroso entre as duas ajuda, inclusive, a colocar a história de pernas para o ar e deixar a trama mais imprevisível. É interessante perceber como a carga de erotismo do filme podia ser mais delicada e agradável em alguns momentos (como as cenas de sexo das amantes) e altamente agressivo em outros (como nas cenas onde Hideki narrava histórias de cunho masoquista para uma plateia masculina convidada por seu tio). O filme também primava por uma fotografia e figurino deslumbrantes. Mas, aliada a essa parte de maior plasticidade e sensualidade, o filme também mostrou um certo conteúdo de violência que, se não incomodou no transcorrer da película, ficou mais forte ao final. E, ainda, tivemos a oportunidade de ver algumas cenas engraçadas ao longo do filme, embora não possamos classificá-lo propriamente como uma comédia, mas serviram como bom alivio cômico.

Forte conteúdo erótico

Dessa forma, “A Criada” é um curioso filme da Coreia do Sul que já está em nossas telonas e que tem as características de mesclar de forma eficiente erotismo, violência e humor, além de possuir uma estrutura narrativa em camadas, diferente das narrações convencionais que vemos por aí. Definitivamente, é uma película que não vai te deixar indiferente e uma boa experiência cinematográfica. E não deixe de ver o trailer abaixo.

Batata Movies – Sete Minutos Depois Da Meia Noite. Um Monstro Para Uma Situação Monstruosa.

Cartaz do Filme

Um interessante filme com cara de blockbuster paira em nossas telonas. “Sete Minutos Depois da Meia Noite” (“A Monster Calls”), dirigido por J. A. Bayona e baseado no livro de Patrick Ness, que também é um dos roteiristas, parece um daqueles filmes juvenis com ares de fantasia. Mas ele consegue ser mais do que isso. É uma película que, acima de tudo, é uma lição de vida.

Conor, um menino atormentado

Vemos aqui a história de Conor (interpretado por Lewis MacDougall), um menino cuja realidade é altamente cruel. Sua mãe (interpretada por Felicity Jones) sofre de uma grave doença, o pai (interpretado por Toby Kebbell) vive em outro país e ele não tem um relacionamento bom com a sua avó (interpretada por Sigourney Weaver). Na escola, ele é o típico “outsider”, sofrendo constantes “bullyings” dos colegas. Um belo dia, um enorme monstro em forma de árvore (cuja voz é interpretada por Liam Neeson) invade seu quarto e lhe diz que vai contar três histórias e, depois, o próprio Conor terá que contar uma história à árvore monstro. O menino não entende nada e aquela árvore passa a ser uma presença constante em sua vida, enquanto ele precisa lidar com os muitos problemas de seu dia-a-dia.

Pois bem. Dá para perceber que a chave de toda a trama do filme está nessas três histórias contadas pela árvore ao garoto e que Conor desenvolverá a sua história a partir da relação entre as histórias da árvore e da sua vida. A princípio, o menino não entende muito qual o sentido das histórias que não seguem um padrão formal como, por exemplo, mocinhos totalmente bons ou vilões totalmente ruins, mas, pouco a pouco Conor vai percebendo como aquelas histórias se encaixam perfeitamente nas situações reais pelas quais ele passa e com seus dolorosos pesadelos, ajudando-o a encarar a dolorosa perda iminente da mãe. Entretanto, esse processo não será feito sem violentos percalços que surgem a partir da violenta reação do garoto às adversidades da vida, reações essas que aparecem quando ele está em contato com a árvore.

Ele terá que se acostumar com sua árvore monstro

Mais do que uma fantasia para o público adolescente, o filme mais se aproxima de um pesado drama psicológico para o público adulto. Não é uma historinha bonitinha, cheia de magia, mas sim uma forte dor do inconsciente de um menino altamente atormentado, que atinge ao público em cheio.

Explosões de raiva!!!

No mais, podemos falar um pouco dos atores. O garoto Lewis MacDougall, que interpreta Conor, foi muito bem e segurou o rojão de fazer um papel muito complicado onde o choro, o desespero e a raiva eram constantes. Felicity Jones, depois do sucesso de “Rogue One”, aparece menos no filme, mas proporcionou ternos momentos com o MacDougall. Foi um barato ver Sigourney Weaver de volta às telas, agora como avó. O desentendimento com Conor proporcionou boas sequências onde a atriz mostrou bastante carga dramática, sobretudo no momento em que Conor destrói um quarto inteiro, motivado pelo monstro. Ali foi um dos melhores momentos do filme. Weaver olhava estarrecida para toda aquela destruição com um misto de dor, ódio, tristeza, surpresa, decepção, não dizendo uma palavra sequer, o que somente mostra o grande talento dessa atriz.

Foi bom rever Sigourney Weaver

Assim, “Sete Minutos Depois da Meia Noite” pode até não ser um filme que, a princípio chame muito a atenção, por parecer mais um filminho adolescente de férias. Mas com certeza, essa película tem mais conteúdo do que isso. Ela nos remete a um forte drama psicológico recheado de metáforas, que se unem como as peças de um quebra-cabeças à vida de Conor ao longo do filme. E o desfecho tem um ar lúdico, que consegue compensar um pouco a forte carga negativa que vemos ao longo da exibição. É uma experiência curiosa ver essa película. E não deixe de ver o trailer abaixo.

Batata Movies – Assim Que Abro Meus Olhos. Liberdade E Censura.

Cartaz do Filme

Uma co-produção Tunísia, França, Bélgica e Emirados Árabes estreou em nossas telonas. “Assim Que Abro Meus Olhos”, uma produção de 2015 dirigida por Leyla Bouzid, é um grande filme sobre a perda da inocência, liberdade e repressão. Um filme que consegue te deslumbrar e, ao mesmo tempo, chocar. Um filme que exerce a função social do cinema de denúncia em toda a sua plenitude.

Farah, uma menina que ama a liberdade

Vemos aqui a história da jovem Farah (interpretada pela fofíssima Baya Medhaffer), uma menininha tunisiana muito sapeca que leva uma vida regada à muita liberdade. Ela namora intensamente, perde sua virgindade, faz parte de uma banda que canta desde músicas mais tradicionais até um rock pesado, cujas letras são uma reflexão com relação à situação autoritária pela qual seu país passa. Seu sonho é ser cantora e fazer musicologia na faculdade. Mas ela também passou pelos exames para medicina, algo que dá mais futuro que a música, ideia geral essa seja na Tunísia, seja por aqui. A moça tem muitos conflitos com a mãe, que reprova sua vida boêmia e musical e, ao mesmo tempo, quer que ela faça medicina, para ter um futuro mais garantido. Seu pai é obrigado a trabalhar longe de casa e somente conseguirá uma transferência se ele se filiar ao partido do governo, que exerce uma ditadura com mão de ferro, algo que ele rechaça completamente. Outro problema é que a polícia está de olho no grupo de jovens que faz música de contestação, e eles podem ser presos a qualquer momento.

Seu amor é livre

Nem é preciso dizer que tal filme é um produto cultural da já não tão recente Primavera Árabe, quando vários países questionaram seus regimes autoritários, cujo exemplo mais dramático ainda é a guerra civil da Síria. O filme empolga muito pelas belas músicas e letras do grupo de jovens que tem muito a dizer de seu país. Mas os ranços do governo ditatorial estão sempre próximos, ameaçando o grupo de pós-adolescentes e retirando-os paulatinamente de um estilo de vida mais sonhador e utópico, mergulhando-os nas amarguras do mundo real. Amarguras que os pais de Farah já conhecem de longa data e cuja juventude foi também de muita contestação. O mais interessante foi perceber como a mãe, pautada nas tradições da cultura árabe e muçulmana, inicialmente age de forma repressora com a filha, algo que nada adianta, mas com o passar do tempo, o autoritarismo do Estado inverte completamente o papel da mãe que se torna compreensiva e acolhedora com a moça. O personagem do pai também é muito curioso, pois sua natureza pacata vai contra a representação do homem no filme, que é a do ser machista e opressor. O pai, em virtude de seu passado libertário, é muito compreensivo, mas não sem saber ser firme nas horas certas, talvez para que o personagem não caísse no ridículo perante o próprio público. Ou seja, o homem nesse tipo de sociedade pode até ser doce e compreensivo, mas não muito.

Músicas que contestam o regime

Outro detalhe que chama a atenção é que, apesar de ser um filme feito numa sociedade muçulmana e extremamente machista, não vemos mulheres com burkas e a influência da cultura ocidental, com jovens se vestindo como roqueiros e cenas de nudez, é muito presente. Isso ajuda a mostrar que os países islâmicos não possuem uma cultura uniforme, imposta de cima para baixo pela religião. Se há países onde o fundamentalismo é mais presente em várias áreas, ao mesmo tempo, existem países com um grau de secularização um pouco maior, onde a religião nem sempre dita totalmente o dia-a-dia das pessoas.

A relação com a mãe tem altos e baixos

Assim, “Assim Que Abro Meus Olhos” é um daqueles excelentes filmes que cumprem a função social de denúncia do cinema. Um filme que fala de liberdade e autoritarismo. Mas, sobretudo, um filme que fala da perda da inocência. Programa imperdível! E não deixe de ver o trailer abaixo.

 

Batata Movies – O Homem Que Caiu Na Terra. Um Alienígena Afogado Em Agonia.

Cartaz do Filme

David Bowie nos deixou em janeiro do ano passado. E para se fazer a recordação de um ano de sua morte, os cinemas exibem “O Homem Que Caiu Na Terra”, um filme muito louco, mas que aborda questões muito pertinentes. Confesso que nunca achei David Bowie um grande ator. Para mim, sua melhor performance foi em “Furyo”. Em “O Homem Que Caiu Na Terra”, sua fala mansa e jeitão bem pacato (como ele era, realmente), fizeram com que sua atuação fosse um contínuo de inexpressividade, intercalado com raros momentos de explosão dramática, que acabaram soando artificiais. O ambiente esquisitão do filme, dirigido por Nicolas Roeg em 1976, também não ajudou muito nas coisas. A única certeza era a de que Bowie realmente parecia um alienígena… um alienígena muito delicado, por sinal.

Um alienígena delicado

Mas, no que consiste a história? O tal alienígena interpretado por Bowie chega a Terra, pois seu planeta natal passa por uma enorme carência de água, tanto que o extraterrestre sempre está bebendo um copinho do precioso líquido. Não fica claro no filme se ele vai levar água para seu planeta, mas ele consegue enriquecer através do registro de muitas patentes que irão torná-lo o empresário da mais importante multinacional do mundo, que controla todos os setores que existem. Com esse dinheiro, ele quer construir uma nave para retornar ao seu planeta, mas é enganado pelos humanos e mantido como uma espécie de cobaia pelo resto da vida. Ao mesmo tempo, mantém um relacionamento um tanto destrutivo com uma mulher que o ama perdidamente. Por se tratar de um alienígena, ele não envelhece na mesma velocidade dos humanos e vê todos à sua volta passando pelo peso da idade, enquanto que ele permanece jovem, o que dá uma sensação de infinitude ao seu cárcere na Terra e aumenta a impressão de agonia. E o extraterrestre só reage com falas altamente melancólicas e inexpressivas, dizendo que não guarda mágoas ou que não sabe odiar, que se um terráqueo fosse para seu planeta o mesmo aconteceria, etc., tudo com uma fala mansa que é letargia pura. Eu estaria muito revoltado em seu lugar. Cadê a pistola de raios desse extraterrestre para sair desintegrando quem o sacaneou?

Sua real aparência. Credo!!!

O relacionamento do alienígena com a camareira que se apaixona perdidamente por ele é igualmente agônico. Candy Clark, a atriz que fez a camareira, foi muito bem no filme e pudemos sentir toda a sua dor com o sofrimento que sentia ao não se relacionar bem com o alienígena que tinha planos mais amplos em mente do que levar uma vida amorosa a dois aqui em nosso planeta. Seu temperamento hermético fazia com que a moça sofresse bastante. Como se não bastasse, a descoberta de que o amor de sua vida era um alienígena foi algo bastante traumático, sendo esses momentos os de maior carga dramática do filme.

Relacionamento destrutivo com terráquea

Uma forte sexualidade e erotismo também permeiam o filme. Muitas cenas de nu frontal e de sexo devem ter sido muito agressivas para um filme inglês da década de 70, embora não choquem tanto hoje em dia. Talvez a parte mais agressiva tenha sido a cena de sexo entre o alienígena e sua esposa, onde eles estão cobertos de fluidos corporais por todo o lado, algo que aconteceu também com nossa camareira ao fazer sexo com Bowie no estado totalmente alienígena, sendo que nem todo o amor do mundo foi suficiente para ela aguentar todos aqueles fluidos. Argh!!!

Muitas tvs para saber o que acontece no planeta

É interessante notar como o magnetismo do alienígena em apaixonar a camareira e o sexo explícito no filme lembram muito detalhes da biografia do próprio Bowie que, apesar de sua bissexualidade e androginia, conseguia fazer com que muitas mulheres se apaixonassem por ele, com seu jeito delicado e doce, o que lhe rendeu muitas mulheres em sua cama. Mas o filme também é uma crítica ao (mau) caráter humano, onde uma empresa pode controlar tudo e apunhalar pelas costas seu próprio dono, a ponto de transformá-lo numa cobaia para experiências. Era humilhante e degradante ver o alienígena ser submetido a toda uma bateria de exames para encontrar semelhanças e diferenças entre ele e os humanos.

Uma nave espacial muito louca!!!

Dessa forma, “O Homem Que Caiu Na Terra” é um daqueles filmes que chamam a atenção por conter várias curiosidades. Em primeiro lugar, é um filme estrelado por David Bowie que, mesmo não sendo lá um grande ator, chama muito a atenção. É, também, um filme que agride muito por sua sexualidade exacerbada e situações agônicas. E, por esses motivos, uma película pouco convencional e transgressora para a sua época, que é a década de 70. Sem dúvida, uma boa curiosidade e uma homenagem a David Bowie. E não deixe de ver o trailer abaixo.