Batata Literária – O Barulho

Maldito barulho!

Desde o arrulho

dos pombos da praça

Até a queda do bagulho

que a minha orelha arregaça!

É a gritaria no trem!

É a gritaria da criança!

Assim não dá para ficar zen!

E me acaba a temperança!

 

Já percebeu como as pessoas

agora só falam gritando?

E o silêncio inutilmente fico esperando

tal como náufragos em canoas

esperam salvadoras ilhas!

Ai, como eu queria estar a milhas

desse barulho infernal!

Ai, há esporro até no Natal!

E também quando a menina perde o selo virginal!

 

Na cidade, o pau d’água berra

Na estrada, a carreta libera

o som da buzina inquieta

que meu ouvido martela

Nosso mundo é uma fábrica de loucuras

em que cada vez mais raras são as pessoas mudas

Queria estar nos confins do Sistema Solar

onde o barulho jamais vai chegar

e meus tímpanos vão finalmente descansar

 

Não sei por que as pessoas são assim

emitindo seus sons sem fim

Há tanta falta de educação

que não sabem que a quietude é uma salvação

Pais ensinam seus filhos a gritar

sem perceber os rumos que isso irá tomar

Nosso país é a República dos gritalhões

Explosões sonoras aos borbotões

e eu ouvi o brado dos trouxões

 

Chega!

Vou também gritar!

Se todo mundo grita mesmo

darei meu berro de desespero!

 

SOCORRO!!!!