Batata Séries – Jornada nas Estrelas Discovery – Apesar de Você (Temporada 1, Episódio 10). O Tardígrado Agradece.

                 Jonathan Frakes na direção!!!

E “Jornada nas Estrelas, Discovery” está de volta, depois de um pequeno hiato. Teremos, agora, mais seis episódios até o fim da primeira temporada. E começamos com “Apesar de Você” (“Despite Yourself”), dirigido por Jonathan Frakes (já vimos uma pegada mais Jornada nas Estrelas) onde a história é retomada, ou seja, do momento em que a Discovery está numa região do espaço cercada por destroços de naves, com a tripulação sem saber muito bem onde está. E a coisa fica mais confusa quando um cruzador vulcano ataca a nave, que neutraliza rapidamente a ameaça. A tripulação da Discovery acaba recuperando um núcleo de dados klingon e descobre que eles estão, na verdade, no chamado Universo Espelho, onde o planeta Terra governa a galáxia através de um Império Terrestre que se comporta de forma fascista e com ódio a tudo o que é diferente. Assim, o Império precisa lutar contra uma rebelião organizada pelas civilizações alienígenas. Ainda, a estrutura de poder desse Império permite que um militar avance na hierarquia matando o seu superior e tomando seu posto. Como a tripulação da Discovery está presa nesse Universo alternativo, o capitão Lorca passou instruções à sua tripulação de que eles se comportem como se fossem do Universo Espelho, enquanto era procurada uma forma de retornar ao seu Universo. Ainda, Lorca, Burnham e Tyler iriam para I.S.S. Shenzhou com o objetivo de acessar dados sobre uma nave chamada Defiant, que teria vindo do Universo da Discovery do futuro e caído no passado do Universo Espelho. Ou seja, a Shenzhou ainda existia no Universo Espelho e a Burnham do Universo Espelho era a capitã. Já o Lorca do Universo Espelho era o capitão da Buran e teria se rebelado contra o Imperador, sendo caçado por Burnham. Mas esta acabou morrendo numa nave auxiliar alvejada a mando de Lorca. Em represália, o Imperador mandou destruir a Buran, com o Lorca do Universo Espelho fugindo.

          Uma Tilly mais aceitável

Paralela à história do Universo Espelho, está a odisseia de Tyler e seu relacionamento com L’Rell. Agora Tyler tem uma lembrança um pouco mais nítida do que aconteceu e L’Rell deu a entender que ele era um klingon que foi transformado em humano. Tyler irá pedir a Culber que o examine e esse constatou as alterações no corpo de Tyler. Num acesso de fúria e com uma dupla personalidade, com o seu lado klingon se manifestando, Tyler mata Culber.

        L’Rell e Tyler. E ele era klingon mesmo…

Vamos lá. O que podemos falar desse episódio? Em primeiro lugar, a ideia de se ter usado o Universo Espelho, uma fórmula que já deu certo em outras séries de Jornada nas Estrelas, a começar pela Clássica, passando por Deep Space Nine e chegando até a Enterprise. Muito se suspeitou que a própria história de Discovery estivesse no Universo Espelho, dada a forma neurastênica com a qual a tripulação se comportava. Agora, sabemos que a Discovery sim era do “nosso” Universo e ela chega a um Universo de Império Terrestre fascista. Confesso que fiquei um pouco surpreso com a cara de perplexidade da tripulação ao chegar a esse Universo Espelho. Pelo comportamento da tripulação e alguns procedimentos nos episódios anteriores (como torturar tardígrados), era mais para eles se sentirem em casa. De qualquer forma, usou-se algo do cânone que já havia dado certo e Discovery acabou bebendo da mesma fonte, até para se aproximar um pouquinho mais do cânone que, volta e meia, ela parece enxergar somente por um telescópio.

                      Culber é morto por Tyler

A forma como o Universo Espelho brinca com os personagens também foi positiva. Colocar a Tilly como capitã da Discovery no Universo Espelho foi uma boa ideia, onde a atriz ficou visualmente bem mais interessante do que aquela cadete bocó. Mas, como nem tudo é perfeito, a Tilly usou um linguajar com palavras de baixo calão para se passar pela capitã do Universo Espelho, algo que não foi usado em qualquer episódio de Universo Espelho de qualquer outra série. Outra coisa que se reclamou por aí (leia-se o podcast da Seção 31) foi a falta de sensualidade das roupas femininas do Universo Espelho, que cobriam demais o corpo das mulheres. Sei não, mas em tempos de empoderamento feminino e com tantas denúncias de assédio sexual por aí (que a gente nem sabe sempre se são muito ou pouco graves), creio que colocar as mulheres numa posição mais sensual com trajes mais diminutos iria provocar um rebu desgraçado e parece que os produtores não quiseram se arriscar. Sinal dos tempos… Mas a mexida mais efetiva nos personagens ficou nos casos de Burnham e, principalmente, Lorca. A gente se pergunta como seria o Lorca do Universo Espelho. Será um cara legal? Afinal de contas, ele tentou dar um golpe no Imperador. O próprio Lorca faz uma piada a certa altura do episódio dizendo que esperava encontrar uma versão melhor dele naquele Universo. E se o próprio Lorca da Discovery ser o Lorca do Universo Espelho, como algumas pessoas por aí acham? Creio que abriram-se mais possibilidades para esse personagem agora que a história tomou esse rumo, o que deixa ele cada vez mais interessante em detrimento de Burnham, que é a protagonista (ainda). Só para concluirmos a parte do Lorca, confesso que tive um prazer um pouco sádico de ver o capitão na cabine da agonia e de como senti, no nosso Universo, uma risada de tardígrado ecoando na imensidão do espaço.

    Stamets (fundo) e suas misteriosas profecias…

E o nosso Tyler? Eu disse em outros carnavais que seria muito óbvio se ele fosse um klingon. Infelizmente, parece mesmo que a série vai seguir por esse caminho, mas com a pitada de que Tyler seria uma versão alterada do klingon albino que ficou junto de L’Rell lá no início da temporada. Assim, Tyler tem uma espécie de dupla personalidade e está envolvido na missão de achar dados da Defiant junto com Lorca e com Burnham. A expectativa toda está agora em como Tyler vai domar o klingon dentro de si ou não. Outra coisa que a princípio irritou (e muito), foi o fato de Tyler ter matado Culber. Justamente quando Jornada nas Estrelas aborda a temática gay, um membro do casal morre, assim como já tinha acontecido com outros personagens principais da série. Pelo menos surgiu a informação no Facebook e do próprio Wilson Cruz (ator que interpreta Culber) no “Aftertrek” de que o médico ainda vai provavelmente voltar a aparecer na série. E, se a gente fala de Culber, não dá para não falar de Stamets, que está lá todo alteradão, com olhos lácteos, falando de estranhos palácios e de inimigos entre nós, com raros momentos de lucidez, quando seus olhos voltam a ficar escuros. Pelo menos, parece que o inimigo é Tyler. Mas, o que seria o palácio? Expectativas para os próximos episódios. Ainda mais porque não tem motor de esporos agora (e eu digo ufa, pois não aguentava mais ver a Discovery fazendo aquelas papagaiadas de rodopios…).

Assim, podemos dizer que o décimo episódio de Discovery foi relativamente bom, muito em virtude do dedo de Frakes, um cara que conhece o clima de Jornada nas Estrelas e de todas as suas nuances, mas principalmente porque uma fórmula de sucesso do cânone foi utilizada. A se exaltar as versões dos personagens no Universo Espelho e as novas possiblidades para eles. A se lamentar o fator óbvio de Tyler ter alguma coisa a ver com os klingons. Curiosidade total com os rumos futuros de Culber e as profecias de Stamets. Esperemos os próximos episódios.

Quer ver mais resenhas sobre “Jornada nas Estrelas, Discovery” ? Veja aqui

 

 

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