Batata Movies (Especial Oscar 2018) – Corra! Terror Motherfucker.

                   Cartaz do Filme

Dando sequência aos nossos artigos de filmes indicados ao Oscar, falaremos hoje de “Corra!”, escrito e dirigido por Jordan Peele. Esse filme está indicado a quatro estatuetas (Melhor Filme, Melhor Ator para Daniel Kaluuya, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original). Peele teve a ideia brilhante de misturar dois gêneros que, aparentemente, não têm nada em comum, mas que se encaixaram como uma luva aqui: o filme de terror, com uma pegada mais de suspense, e o filme de temática social que aborda a questão do racismo.

                                                 Um simpático casal…

Vemos aqui a história de Chris (interpretado por Kaluuya), um rapaz negro que tem uma namorada branca, Rose (interpretada por Allison Williams). Os dois fazem uma viagem de fim de semana para a casa dos pais da moça para que eles conheçam o novo namorado. Chris fica um tanto ressabiado, pois a região para onde vão tem um notório histórico de racismo. Mas Rose assegura que não há problemas, pois seus familiares foram eleitores do Obama. Ao chegar lá, Chris encontra uma família, a princípio simpática, mas, aos poucos, ele começa a se sentir muito desconfortável com as leves insinuações racistas nos argumentos de todos. Para piorar a situação, os pais vivem numa espécie de propriedade rural onde todos os empregados são negros. E esses empregados agem de uma forma muito estranha, ora letárgica, ora estabanada. Isso acontece também com os outros negros que vivem na região, como Chris pôde atestar numa festa promovida na casa. Isso é apenas o início de uma trama para lá de macabra.

                                   Vamos conhecer papai e mamãe???

Eu disse acima que a ideia foi genial, pois conciliar o gênero de terror com o racismo tem tudo a ver e aproxima essa temática social de um público mais blockbuster na forma do entretenimento e não via documentários ou filmes considerados mais reflexivos, que às vezes podem ser vistos como chatos por esse tipo de público, embora nunca possamos rotular ou generalizar. Colocar racistas como criaturas abomináveis enfoca totalmente o ponto de vista dos negros e coloca o espectador junto da posição deles, que tanto sofreram com as práticas racistas nos Estados Unidos. Ver todo o processo pelo qual Chris passa é desesperador e parece que sofremos junto dele, o que justifica sua indicação ao Oscar de Melhor Ator, embora sua interpretação às vezes tenha parecido um pouco plana, como no misto de surpresa e sarcasmo que ele fazia ao identificar uma situação de racismo na família de Rose.

                            Pessoas agindo de forma estranha…

Ele esteve muito melhor nos momentos de agonia e de desespero.  Outro ator que merece destaque foi o divertido LilRel Howery, que faz o amigo de Chris, Rod, um segurança de aeroporto que é especialista em teorias da conspiração, sendo que, no caso de Chris, todas elas deram certo, por mais inusitadas que fossem. Rod funcionou como um bom alívio cômico, embora sua visão estereotipada de negro (que fala gírias e palavrões) incomode um pouco justamente num filme que fale sobre racismo. Apesar desse porém, seu personagem funcionou muito bem no filme e trouxe todo um molho especial para a coisa.

                            Chris nem esperava o que ia acontecer…

Assim, “Corra!” é um filme imperdível (procure nas locadoras ou internet, pois nos cinemas daqui ele já passou e saiu de cartaz) que merece, a meu ver, pelo menos a estatueta de roteiro original. Seria muito legal se ganhasse também o melhor filme, ainda mais com um gênero tão pop como terror. Sabemos que o Oscar é um prêmio de indústria, onde a grana fala mais alto. Mas, para nós que somos cinéfilos românticos, não custa nada torcer. Esperemos a noite da premiação.

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