Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, Voyager (Temporada 5, Episódio 15). Fronteira Negra. Legitimando a Pirataria.

Tomando os borgs de assalto…

Vamos hoje falar de um episódio de “Jornada nas Estrelas, Voyager” no mínimo perturbador. “Fronteira Negra” (“Dark Frontier”) é o décimo-quinto episódio da quinta temporada, dividido em duas partes. É um episódio que gira em torno de Sete de Nove e dos borgs. Mas também é um episódio onde vemos uma Capitã Janeway com uma conduta um tanto questionável.

Falemos do enredo. O episódio começa com a Voyager sofrendo um ataque de uma nave borg, que será destruída pela nave da Federação. Janeway ordena que os destroços da nave borg sejam recolhidos para ver se é possível aproveitar algo. No meio destes destroços está a evidência de que uma nave borg avariada está por perto e com um reator de transdobra à disposição. Janeway então, ao melhor estilo pirata, organiza um plano para que a Voyager aborde a nave borg e roube o reator de transdobra, o que faria a nave ganhar alguns anos na sua viagem de volta à Terra. É claro que, para essa missão, o conhecimento de Sete de Nove será fundamental. Mas a borg mostra muitas inquietações ao fazer as simulações do ataque no holodeck. Logo, ela começa a ouvir vozes: é a rainha borg a chamando e dizendo que conhece o plano de ataque da Voyager, ameaçando assimilar a todos, exceto se Sete de Nove se entregar. Ela o faz enquanto a nave borg é abordada pela Voyager, que precisa fugir para não ser assimilada. Agora, Janeway e sua tripulação precisam organizar uma missão de resgate para tirar Sete de Nove das mãos da rainha borg.

Uma capitã e sua tripulante trabalhando num objetivo comum…

O que mais inquieta aqui? É o fato da tripulação da Voyager, sob o pretexto de que era atacada pelos borgs, se achar no direito de invadir a nave inimiga e fazer pilhagens. Isso lembrava muito aqueles filmes da Sessão da Tarde de batalhas navais ocorridas durante a Idade Moderna, onde galantes almirantes das Marinhas Inglesa e Francesa travavam batalhas pelos sete mares contra inimigos implacáveis. O problema é que esses oficiais de Marinha eram os verdadeiros piratas da época, praticando assaltos a embarcações portuguesas e espanholas, abarrotadas de mercadorias valiosas, usando a guerra como pretexto para a invasão. Qual não é a nossa surpresa quando vemos Janeway agindo como esses mesmos piratas pretéritos? Tudo bem que ela tem o sério problema de tentar abreviar uma longa viagem num quadrante inóspito nalém de carecer de certos recusros, mas chega a ser um pouco assustador ela lançar mão de tal expediente com exatamente as mesmas justificativas e, principalmente, não haver uma alma viva durante todo o episódio que atente para as implicações éticas (ou a falta delas) de tal atitude.

Janeway, a pirata!!!

Apesar desse pequeno porém, o episódio também foi interessante em explorar a personagem Sete de Nove e o seu passado, onde seus pais desenvolveram tecnologias para poder estudar os borgs despercebidos por estes. O único problema nisso foi que eles caíram na armadilha da autossuficiência e foram assimilados. Ainda assim, foi interessante ver Sete de Nove e sua postura desafiadora perante uma rainha borg que queria estudá-la mais a fundo e não abrir mão da individualidade da ex-drone, por ser esta uma característica notável e que a tornava diferente dos demais zangões.

Uma coisa é certa: dá para perceber a flagrante influência do longa “Jornada nas Estrelas, Primeiro Contato”, principalmente pela presença da rainha borg. Ainda, o cenário onde tínhamos várias estruturas borgs pelo espaço, com direitos a muitos cubos voando para lá e para cá, ficou muito interessante e instigante. Sem falar que a “pirata” Janeway foi bem sucedida em sua pilhagem, o que lhe rendeu uma economia de quinze anos na viagem de volta à Terra.

A rainha tentando reaver o seu zangão…

Assim, “Fronteira Negra” é um bom episódio de “Jornada nas Estrelas, Voyager” por novamente trabalhar com a espécie borg e dar a nós o vislumbre do que é Sete de Nove voltar a interagir com a coletividade. O único problema do episódio foi o quê de pirataria de Janeway, algo pouco adequado ao comportamento da capitã de uma nave estelar do século 24, mesmo que essa pirataria seja contra o inimigo. Que se chute a noção de civilização da Federação para lá, que a situação é extrema e de guerra. Mas será que essa é a melhor saída??? Deixo a resposta para os nobres leitores trekkers…

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