Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Discovery (Temporada 2, Episódio 2). Novo Éden. Chutando A Ordem Geral Um.

A Discovery chega a um planeta no quadrante Beta

O segundo episódio da segunda temporada de “Jornada nas Estrelas Discovery”, “Novo Éden”, foi menos espetacular que o episódio de abertura, “Irmão”. Teve uma duração menor (cerca de 44 minutos contra uma hora de “Irmão”), assim como também houve um gasto menor com efeitos especiais. Dessa forma, houve um espaço maior para o desenvolvimento da história em si e do roteiro, o que nos ajuda a entender melhor essa segunda temporada. Spoilers serão necessários para se discutir o episódio.

Stamets ainda sofre com a perda de Hugh

Qual é o plot? A Discovery detecta o segundo dos estranhos sinais que estão na galáxia. Ele se situa no quadrante Beta, a cerca de 50 mil anos-luz. Para se chegar lá, o motor de esporos foi utilizado, o que encuca Stamets, pois ele vê seu antigo companheiro Hugh e conversa com o mesmo, ainda que depois de morto, na rede micelial. Chegando ao local do sinal, a Discovery encontra um planeta de classe M com uma pacata população humana e um sinal de socorro que é transmitido há duzentos anos. Pike, Burnham e Owosekum descem à superfície e encontram uma igreja que é uma compilação de várias religiões terrestres. Ao estabelecer contato com a civilização do planeta, eles descobrem que os antepassados dos nativos vieram da Terra de 2053, que estava em plena Terceira Guerra Mundial, e eles foram levados para Terralísio (o presente planeta do quadrante Beta) por um misterioso anjo. Como se trata de uma civilização pré-dobra e a Ordem Geral Um se aplica, Pike acha melhor deixar a civilização, com ela mesmo buscando seu desenvolvimento sem qualquer interferência externa. Mas Burnham, com uma visão mais científica, acha que a civilização tem o direito de saber sobre a existência da Terra e de toda a sua tecnologia. Essa pinimba ética será resolvida entre o grupo avançado da Discovery e Jacob, um habitante local que é descendente de cientistas e mantém o sinal de socorro ligado há duzentos anos. Em troca de uma bateria, que vai dar a energia elétrica de volta àquela civilização, Jacob dará o capacete de um soldado com uma câmara que pertencia aos antepassados e que estava com defeito. Pike aceita essa violação da Ordem Geral Um depois de ser convencido por Burnham que disse que viu o tal do anjo no asteroide do primeiro sinal lá no episódio “Irmão” e eles precisam investigar a natureza daqueles sinais, além de desvendar o mistério do ser alado. Ao consertar a câmara do capacete, Pike vê um grupo de pessoas em desespero dentro da mesma igreja de Terralísio durante a Guerra na Terra em 2053 e, de repente, a igreja decola com a aparição da figura do anjo.

Uma igreja bem ecumênica…

O que dizer desse episódio? Em primeiro lugar, ele segue o arco principal dos sinais que surgem pela galáxia e da figura do anjo. Creio que seria interessante que essa espinha dorsal fosse seguida ao longo da temporada para que uma história mais coesa seja bem construída, com um ou outro episódio mais destacado dessa linha aqui ou ali. Em segundo lugar, é um episódio que lança questões reflexivas, como comparações entre fé e ciência e a obediência ou violação da Ordem Geral Um, temas mais caros ao Universo de Jornada nas Estrelas. Houve um problema, entretanto. Pike pareceu excessivamente religioso (um capitão da Frota Estelar teria que ser um pouco mais comedido e centrado nessa questão) e Burnham continuou com sua empáfia habitual ao defender excessivamente a visão científica e a violação da Ordem Geral Um. Tudo bem que vários personagens já violaram a Ordem Geral Um ao longo de toda a franquia, mas o problema aqui é que Burnham descarta de forma muito sumária uma Ordem tão importante para a Frota. Mais uma mostra de que essa personagem ainda precisa de ajustes e é um problema muito sério nessa série, despertando muita antipatia. Há, também, um desenvolvimento na personagem de Tilly como uma cientista mais qualificada. Sensibilizada com a situação de Stamets, que sofre ao ver Hugh na rede micelial, ela quer porque quer analisar a amostra do asteroide que está no hangar da Discovery, que é altamente energético e é tomado por uma densa matéria escura, o que lhe dá uma enorme força gravitacional. Tilly, inclusive, vai salvar a população de Terralísio, que é circundado por anéis de material radioativo, onde parte desse material se precipitaria sobre a superfície do planeta e mataria a todos. Tilly falará para Saru usar o asteroide no hangar da Discovery para atrair o material radioativo. O mais curioso é que apareceu uma amiguinha da Tilly, que é uma espécie de versão morena dela e muito mais estranha. Essa amiguinha seria uma amizade de infância, mas pelos registros da Frota, a mocinha já havia morrido, o que aumenta o mistério.

Um Pike excessivamente religioso…

Ao ver esses episódios da segunda temporada de “Discovery”, sente-se que houve uma pequena melhora, pois os temas das histórias se aproximam mais do que víamos nas demais séries de Jornada nas Estrelas: um mistério a se desvendar, discussão de temas mais reflexivos, questões de ordem ética. Mas ainda há problemas sérios, como o mau desenvolvimento da personagem principal, Michael Burnham, que é excessivamente perfeita e fica um pouco antipática por isso. Virtudes e defeitos de um personagem devem ser construídos ao longo do tempo. Outra coisa, houve a oportunidade de se construir mais uma das personagens da ponte, Owosekum, pois ela esteve no grupo avançado, e essa oportunidade não foi aproveitada. Temos uma grande variedade de personagens na ponte da Discovery que, em plena segunda temporada, ainda são ilustres desconhecidos. E a Tilly? É um alívio cômico? Tudo bem que seja. Entretanto, ela poderia amadurecer um pouco mais, ainda mais porque agora estão querendo dar a ela um status de cientista. Alguns diálogos de Tilly são excessivamente constrangedores e isso Mary Wiseman não merece (assim como Sonequa Martin-Green não merece uma construção também imperfeita de sua personagem).

Bom, vamos ver o que nos aguarda no próximo episódio. Até lá!

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