Batata Literária- Chuva de Estrelas

Olha lá no céu!

O que é aquilo?

São as estrelas caindo?

O mundo se acaba?

O Universo se esgarça?

Que lindo é tal espetáculo!

A retratar tragédia tão violenta!

Que ceifa a vida em tormenta!

Lá vêm as supergigantes azuis!

Luz que cega, queima!

Luz que desintegra…

Meu corpo já não vive…

Mas tamanho espetáculo supera as fronteiras da morte

Ainda vejo a queda dos astros

Gigantes vermelhas, frias

Dão um tom rúbeo ao firmamento

Aí, aparecem as anãs brancas

Corpos frios, densos, brasas espaciais

Que se apagam em anãs marrons

Logo após, estrelas de nêutrons

Ah, suas degeneradas!

Algumas são tão exibidas, mas tão exibidas

Que giram magneticamente, giram, giram!

Tresloucados pulsares!

Por fim, o estágio final

Violentas fontes de raios-X

E nada para ver…

Mas eles estão lá, com certeza!

Tudo atraem, até a luz!

Dilaceram e devoram a tessitura do Universo!

São os enviados do apocalipse!

 

São os buracos negros!

Batata Literária – O Tempo Não Passa

O moribundo poeta dizia

“O tempo não para”

Ahmas não é só isso!

O tempo, também, não passa!

Principalmente se estamos mergulhados

em profunda agonia

Aí, cada segundo é uma eternidade

E a alegria é a falsidade

Ah, relógio! Teus ponteiros se arrastam

Maldita inércia temporal!

Tudo fica lento, muito lento…

Enquanto você trabalha…

A morosidade é o rebento

do sujeito que rala e ralha

Socorro! Acelera o ponteiro!

Assim, nunca acabarei inteiro!

Na praça, a babá socorre o neném

Fraldas sujas e mamadeiras também

O chocalho oscila rápido

Mas o mostrador digital é estático

Temperatura alta, tempo mole

O calor derrete a velocidade

Parece até maldade

Mas não vejo o futuro da cidade

Ah, mas o tempo só correrá

se o prazer chegar

Aí, o tempo sumiu!

Ninguém sabe, ninguém viu!

“Vida louca, vida breve”, assim dizia o poeta

Daí surge a dúvida:

Vivo pouco, mas bem

Ou vivo muito, mas mal???

Batata literária – Fora do Mapa (Chrsitine Córdula Dantas)

Fora do Mapa
————–

Pro fim do mundo eu vou
Praquele mesmo recanto
que sempre me esqueço
sem nunca querer

Onde doces riachos
esquecidos de mim
me permitem em seus sonhos
eu mesma sonhar

Em suas cantigas e rumores
Brandos e aquosos
eu mesma, em silêncio.
cantar

No fim do mundo
onde tudo começa

Num tempo em que o novo
é o tempo passado do tempo
Onde céus repousam
quietos no mar
sem barco algum
à vista a passar

Mas onde ainda sim vejo
seu traço naval
que surge
Rasgando em meu peito
meu longínquo
Mapa Mundi

CCD 16/08/17

Batata Literária – Noite Pensada (Christine Córdula Dantas)

A Batata Literária tem mais uma colaboradora. Minha amiga, astrônoma e poetisa Christine Córdula Dantas, nos traz hoje uma reflexão sobre a noite…

Noite pensada
—————

A faixa branca diluída
no espaço
Poupa-me desse vento
obscuro do tempo

Flutua e dispersa
seu próprio ato
na transparência
de um evento

Faixa branca da vida
que assim, insólita,
desvenda meus mundos,
assalta meus sonhos,
cura meus limites

Que existem, sim,
bem escuros,
na noite que penso
inventar.

CCD 15/08/17

Batata Books – Battlefront. Finalmente A Guerra Chega Às Estrelas.

                       Capa do Livro

Mais um lançamento da Editora Aleph. “Battlefront”, escrito por AlexanderFreed, traz finalmente um clima real de guerra ao Universo de “Guerra nas Estrelas”. Se a saga de George Lucas sempre nos mostrou um lado mais fantasioso e de aventura, com a guerra em si se expressando mais como um pano de fundo, “Battlefront” vem corrigir essa impressão até certo ponto incômoda e traz em cores vivas todos os horrores da guerra. Ao ler as páginas do livro, parece que assistimos a um filme do naipe de um “Platoon” ou “O Resgate do Soldado Ryan”, ou seja, com cenas violentas e sensações de perdas arrebatadoras. Conhecido mais como um jogo de videogame, “Battlefront” em seu formato de livro é mais uma grata surpresa que enriquece a franquia de “Guerra nas Estrelas”.

Mas, no que consiste a história? Ela se passa entre os Episódios IV (“Uma Nova Esperança”) e V (“O Império Contra Ataca”) e vai enfocar as ações da 61ª Infantaria Móvel, também conhecida como Companhia do Crepúsculo, um destacamento de leais e corajosos soldados da Aliança Rebelde. Situados na Orla Média, eles são obrigados a se retirar após uma violenta investida do Império. Como a Companhia sofre muitas baixas, ela precisa fazer constantemente recrutamentos nos vários mundos pelos quais ela passsa. Num desses mundos, eles conseguem capturar uma governadora imperial local que mostrou seu desejo de desertar e ajudar a Aliança com informações estratégicas. Mas, até onde a Companhia pode confiar nela? Quais serão os próximos passos após a retirada? E como sobreviver aos ferozes ataques do Império, que caça a Companhia pela galáxia, ainda mais agora que ela tem a posse da governadora?

O livro é, basicamente, uma sucessão de combates efetuados pela Companhia e de defesas contra ataques do Império. Cabe frisar aqui que (alerta de spoiler) a Companhia está em Hoth combatendo os walkers imperiais, tal como vemos em “O Império Contra Ataca”, onde o protagonista do livro, o soldado Hazram Namir, chega a inclusive bater um papinho com um simpático dono de cargueiro. Falando no protagonista, o livro tem um fio narrativo condutor que é a história da Companhia, mas também tem duas histórias paralelas que aparecem em capítulos esporádicos que tratam da vida pregressa de Namir e da vida de uma stormtrooper. Essas três histórias acabam se amarrando bem ao final do livro. Cabe dizer aqui que as histórias ocorrem em espaços e tempos diferentes, o que muito bem sinalizado ao início de cada capítulo, para que o leitor não se perca em todas essas histórias paralelas.

                              Pesado clima de guerra

Outra virtude do livro é que, como ele apresenta muitos personagens inéditos, fazendo praticamente apenas menção aos personagens consagrados da saga, o autor teve toda uma preocupação em construir muito bem esses personagens, dando-lhes um passado bem estruturado, seja para os mocinhos, seja para os vilões. Isso ajudou o leitor a desenvolver todo um grau de empatia e intimidade com os personagens e não seria nada demais se essse livro tivesse uma continuação. Freed conseguiu cativar muito o leitor com uma descrição detalhada dos personagens.

Agora, a grande atração do livro e o seu diferencial com relação a outras obras literárias de “Guerra nas Estrelas” é o já citado clima real de guerra. O autor descreve com riqueza de detalhes tudo o que acontece nos “fronts” de batalha, assim como as mortes violentas dos camaradas da 61ª Infantaria Móvel. Além do que já vemos de costumeiro nos bons filmes de guerra que assumem um tom mais realista, o livro traz questões de guerra bem atuais como o severo ataque de armas químicas que a Companhia do Crepúsculo sofreu, sendo essa a parte mais pesada de um livro cheio de trechos muito sombrios e traumatizantes, algo nunca visto em “Guerra nas Estrelas”. Trazer esse tipo de gênero à franquia somente a amadurece e a engrandece cada vez mais.

Assim, “Battlefront” é mais um feliz lançamento da Aleph não por trazer uma história relacionada a um jogo de videogame, mas por trazer uma história que acrescenta à “Guerra nas Estrelas” os verdadeiros horrores da guerra e, ainda por cima, traz personagens muito bem construídos e que dependem muito pouco de personagens consagrados. Vale muito a pena ler!

                     Batalha de Hoth como cenário

Batata Literária – Ilha das Ilusões Perdidas

Oh! O que vejo na praia?

Debaixo de coqueiros lilases

Bailarinas rosas, todas meninas, metendo os dedos

Dedos dos pés!

Na areia fofa, a saltitar

Elas são as melhores do mundo!

Todos os êxitos, nenhum fracasso!

E uma multidão a aplaudir

Olho para outro lado

E vejo meninos a jogar bola

Que craques maravilhosos eles são!

Dribladores inveterados!

Passam um, dois, três… e é gol!

Campeões do Mundo!

Taças, títulos e sucessos!

O Universo a seus pés!

Adentro a ilha

A floresta fica densa, escura

Tenho muito medo!

Quando o breu é total

Vejo um pequeno ponto de luz

Me aproximo e acho uma gruta

Cuja luz vem de dentro

Estou com receio, mas entro

Ali, encontro um mundo urbano

Só com adultos…

Um mundo cinza, de gente normal

Fazendo coisas normais

Motoristas, porteiros, professores

Bancários, farmacêuticos, médicos

Engenheiros, comerciantes, faxineiros

Todos com semblantes sisudos

Só aí é que me dei conta

Eles deram as costas para o mar

Abandonaram a infância

Voltaram-se para o real

Assumiram suas responsabilidades

Amadureceram e endureceram

Esqueceram os seus sonhos

E perderam as suas ilusões.

Batata Literária – Fim do Mundo!

Fim Do Mundo! (17/12/2012)

Disseram que no próximo fim de semana acaba o mundo!

Palavra dos antigos Maias

Sairão da terra os moribundos

E voarão pelo céu as arraias

Alguns já subiram a serra

Para olhar, lá do alto

O fim do Planeta Terra

E a agonia do incauto

Mas, será que o mundo acaba mesmo?

Sei lá, para mim, já acabou

Morro se comer muito torresmo

Morro se me portar da forma como eu sou

Morro atingido por bala perdida

Morro pela doença inesperada

Vivo cercado pela criatura combalida

Vivo com a minha paciência atacada

Que mundo que nós criamos?

Sentimentos de raiva, sentimentos insanos

Busca desesperada pelo vil metal

Faz a todos passar muito mal

Guerras exterminam a torto e direito

Deixando os mais otimistas sem jeito

Assim não dá, fica impossível!

Transformamos nosso planeta em lugar terrível!

Chego, então, a uma conclusão

Não é sobre o fim do mundo que devemos falar

Mas sim, sobre como recomeçar

E ver onde o sonho virou ilusão

Buscar renovar a esperança

Pois o humano conhece a temperança

Construir uma Terra de futuro e amor

E purgar de vez a maldita dor

 

(Poema terminado em 31/1/2013, ou seja, os Maias foral mal interpretados…)

Batata Literária – Passando Mal

Primeiro vem o cansaço

Depois, o mal estar

Quando vejo, vou desmaiar

E no sofá, vou deitar

Aí, é melhor ir para a cama

Só me levanto para no banheiro ir me aliviar

Meu corpo dói pra caramba

E estou perto de vomitar

Vem a febre

Vem o frio

Vem a revolta das salmonelas

No dia seguinte, eu acordo

E a bonança depois da tempestade

Meu corpo preparado para outra maldade