Batata Books – O Último Comando. O Fim de uma Saga.

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Capa do Livro…

Falando ainda dos livros do Universo Expandido de Guerra nas Estrelas pela Aleph, temos o último livro da Trilogia Thrawn de Timothy Zahn. “O Último Comando”, que tem a importante missão de costurar todas as tramas da história e dar um desfecho à altura da Trilogia. De todos os livros lançados pela Editora Aleph referentes ao Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”, a Trilogia Thrawn foi, de longe, a mais interessante e bem escrita. A grande virtude da Trilogia foi criar várias subtramas que se interligavam com grande eficiência. O autor ia dando pequenos detalhes que, mais à frente se encaixavam em outras situações, provocando um encadeamento muito bem elaborado. Um detalhe muito bem usado por Zahn foi fazer sempre referências a situações ou falas que apareceram na Trilogia Clássica (os Episódios IV, V, VI), o que dava um grande tom de legitimidade à história. E se você acha que precisa dar uma relida no livro anterior da Trilogia antes de encarar o próximo para recordar detalhes da história, pode ficar despreocupado, pois Zahn relembra todos os pontos necessários. Por essas e por outras, muitos fãs consideram essa Trilogia os verdadeiros Episódios VII, VIII e IX.

Grão-Almirante Thrawn. O cara!!!

Só para falar um pouquinho por alto da trama (alguns “spoilers” de leve para encorajar a leitura), a história se passa cinco anos depois dos eventos de “O Retorno de Jedi”. A Nova República ainda busca se consolidar, sendo formada por vários grupos que ainda não se entendem muito bem. Por outro lado, o Império ainda controla uma parte da galáxia. Esse dado corrige um fato inaceitável em “O Retorno de Jedi”: um poderoso Império Galáctico do Mal ser derrotado por uma facção rebelde ajudada por um grupo de ursinhos de pelúcia beiçudos (por que você fez isso, George Lucas?). E o líder do Império agora é um grão-almirante. Havia doze grãos-almirantes e a Aliança Rebelde pensava que tinha dado cabo de todos eles, numa alusão de que o pau não quebrou somente em Endor (esses detalhes já nos mostram como Zahn leva o Universo de “Guerra nas Estrelas” muito mais a sério do que Lucas). Esse é o grão-almirante Thrawn. Esse é o cara!!! O grande trunfo de Zahn! Ouso dizer que é um vilão à altura de Vader ou até além. Se Vader era o mal em pessoa e era implacável, matando seus desagrados com o uso da força, Thrawn é muito mais maquiavélico, no sentido de que ele morde e assopra. Ele raramente mata alguém e prefere controlar as pessoas com um terrorismo psicológico sem precedentes. Mas sabe também dar promoções aos seus subordinados, mesmo em situações adversas de um ataque fracassado, por exemplo. É só o comandado saber analisar a situação racionalmente, mesmo sob a pressão do medo e buscar alternativas plausíveis para sanar o problema. Isso fazia com que o grande líder fosse simultaneamente amado e temido por seus subordinados, bem ao estilo do que Maquiavel recomendava no capítulo 13 de sua obra “O Príncipe”. Esse quê maquiavélico de Thrawn aparece progressivamente ao longo da Trilogia, sendo coroado agora em “O Último Comando”.

Mara Jade. Uma misteriosa mulher.

Para auxiliar Thrawn na reconquista da galáxia, Zahn criou o personagem C’Baoth, um mestre jedi altamente instável emocionalmente. Essa instabilidade também é crescente ao longo da Trilogia e o motivo dela é algo muito bem bolado, mas essa vou deixar para vocês procurarem lá nos livros. O trato entre Thrawn e C’Baoth consiste no jedi auxiliar Thrawn com a força e o grão-almirante fazer todos os esforços para capturar Luke Skywalker, Leia Organa Solo (a princesa se casou com o contrabandista Han Solo!) e seus filhos gêmeos, para C’Baoth treiná-los e moldá-los aos seus planos de dominar a galáxia. Essa aliança entre o jedi e o grão-almirante vai infernizar a Nova República, ainda frágil politicamente, principalmente pelo fato de que Thrawn é um excelente estrategista em muitas áreas e consegue antecipar todos os movimentos da Nova República. Há, ainda, um grupo de contrabandistas liderado por Talon Karrde, que conta com a ajuda da enigmática personagem Mara Jade, que tem como objetivo principal de sua vida matar Luke Skywalker. Por que? Vá ler o livro!!!

Talon Karrde, o contrabandista

A história ainda se desdobra em mais personagens e subtramas, e assim podemos ver toda a saga visitando vários planetas, detalhadamente descritos por Zahn, que nos ajuda e muito a construir toda uma memória visual. Eu diria que Zahn tem um estilo muito cinematográfico em seus textos, a ponto de, mal comparando, se assemelhar até a João do Rio em alguns momentos, que falava detalhadamente da vida e do cotidiano do Rio de Janeiro no século XX. Uma descrição muito cinematográfica, assim como a de Zahn.

O Mestre Jedi C’Baoth

E o desfecho da Trilogia? Calma, não darei “spoilers” aqui. Só vou dizer que fiquei um pouco decepcionado. A obra foi tão grandiosa que eu confesso que eu queria algo um pouco mais pirotécnico. Zahn tinha dois desfechos simultâneos. E ele priorizou mais um desfecho que outro, o que eu achei uma pena. E o desfecho menos priorizado acabou de uma forma excessivamente simplória. Confesso que queria muito mais. Talvez o que salve esse desfecho simplório tenha sido a fina dose de ironia nele, que não condiz com o que foi apresentado ao longo do livro. Daí a ironia… Mas confesso que fiquei com cara de tacho.

Outra coisa que lamentei foi um número excessivo de erros de revisão no texto. Os livros iniciais da Aleph não tinham tantos erros de revisão. Mas, com o tempo, e talvez com a pressa de lançar novos livros todo mês, os erros de revisão se multiplicaram. Vemos desde erros de digitação até de concordância, verbos mal conjugados, palavras repetidas, palavras que faltam. Toda vez que eu pegava o livro para ler, me deparava com um ou dois erros. E eu peguei o livro para ler várias vezes, pois só posso fazê-lo em doses homeopáticas. Tudo bem, eu sei que errar é humano, que sempre alguma coisa passa, mas tanto em “O Último Comando” quanto em “Um Novo Amanhecer”, os erros de revisão foram excessivos. Eu também sei que esses lançamentos buscaram ser alavancados pela estreia do Episódio VII na ocasião, mas talvez fosse melhor lançar uma quantidade um pouco menor de livros mais cuidadosamente revisados. Todos esses erros acabam pegando mal para um trabalho tão bem feito e elogiado que a Aleph faz. Fica feio…

De qualquer forma, a experiência de ler o Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas” tem sido esplêndida e confesso que não tenho conseguido ler mais nada desde que a Aleph se apossou de nossas almas. Como eu já disse em outras ocasiões, esses livros dão um tom de seriedade à saga que Lucas infelizmente não deu, quando o criador de “Guerra nas Estrelas” buscava um caminho mais lúdico e aventureiro. O Universo Expandido, pelo contrário, tem os pés mais no chão, enreda uma boa trama política, é uma ficção científica mais séria, ou seja, para fazer uma pequena provocação, aproxima “Star Wars” das melhores coisas que vemos em “Star Trek”. E isso é um elogio, pois eu sou um trekker assumidíssimo que também gosta muito de “Guerra nas Estrelas”, que praticamente deu o pontapé inicial em minha cultura cinematográfica lá no final da década de 70. Por essas e por outras, os livros do Universo Expandido são altamente recomendados, por darem novas perspectivas à “Guerra nas Estrelas”.

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Timothy Zahn, o maior escritor de “Guerra nas Estrelas”, sem a menor sombra de dúvida…

Batata Literária – Caos

Grita daqui

Grita de lá

Farofa por ali

Farofa por acolá

Olha a feira!

Gooool!

É nóix!

É quatro por cinco!

Quer um morango?

Olha a banana!

Zás-trás!

Plunct, plact, zuuum!

Olha o pai da moça!

Vamos dançar a quadrilha!

Osquindô, osquindô!

Ziriguidum!

Ilariê!

Tem promoção hoje!

Ô louco, meu!

Avanti!

Rá!

Craw!

Crew!

Krill!

Kiwi!

Interjeições!

Exclamações!

Camaleões!

Bobões!

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Batata Books – Almanaque Jedi. De Fãs Para Fãs.

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Capa do Almanaque

Editora Leya lançou a primeira publicação de autoria de um grupo de fãs no Brasil, o Almanaque Jedi, um livro com o selo do Conselho Jedi Rio de Janeiro. Escrito por Brian Moura e Henrique Granado, o almanaque é um prato cheio para todos aqueles que curtem o Universo de “Guerra nas Estrelas”. Como os próprios autores enfatizam, é um livro feito por fãs para os fãs, e que se estende em conhecimento e conteúdo também inspirado em amigos dos demais Conselhos Jedi existentes no Brasil. Então, podemos ter a certeza absoluta de que o trabalho foi feito com muito amor e de forma espontânea, sendo por isso mesmo muito bem realizado e com um ótimo resultado. É um livro de leitura rápida e agradável, onde ficamos impressionados com algumas informações, rimos muito com outras e nos deliciamos com todas.

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Um livro de leitura rápida…

E o que vemos, afinal, nesse bom almanaque? Lá podemos compartilhar muitas informações preciosas como, por exemplo, quem são os Sith e os Jedi, o que é Cânone e Universo Expandido, quais são as preciosas dicas para se formar um fã-clube, um quiz que tem desde perguntas muito fáceis, passando por várias “pegadinhas” e chegando até àquelas perguntas que somente um fã de carteirinha sabe responder, etc. Um capítulo muito especial é o que fala do histórico dos efeitos especiais. Nunca podemos nos  esquecer que o grande cartão de visitas de “Guerra nas Estrelas” foram os efeitos especiais, considerados revolucionários para a época em que foram feitos (1977) e que mudaram a forma de se encarar o cinema.

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Tem quiz!!!

Outro capítulo muito importante responde uma pergunta muito frequente nas redes sociais, que é a de quais seriam as melhores formas de se começar a tomar contato com o Universo Expandido, falando inclusive da antiga república e do surgimento dos Sith. Você gosta de colecionar “action figures”? Muito bem! Há um capítulo que fala só disso, dizendo quais são os mais antigos e raros, lançados à época do Episódio IV, quais são os mais fáceis e difíceis de achar, o que você deve fazer para não levar gato por lebre, etc. Há, nesse capítulo, até o cuidado de se lembrar que, apesar de uma coleção ser algo legal, você deve preservar o seu bolso e que há coisas mais importantes do que os bonequinhos como, por exemplo, as contas de casa e não ser um chato com as pessoas com quem você convive entupindo a casa com os “action figures”. E se você gostar de videogame? Tem toda uma descrição dos jogos de “Guerra nas Estrelas” para todos os tipos, desde aqueles em que você dá os seus tirinhos até os inspirados em RPG. É falado também dos RPGs em si, não somente dos jogos de “Guerra nas Estrelas”, mas também descrevendo em linhas gerais o que é um jogo de RPG para quem não o conhece. Os filmes feitos por fãs (“fanfilms”) têm um capítulo especial, onde podemos ver excelentes enredos que, se bem trabalhados com todos os recursos, poderiam render ótimas películas. E, é claro, a parte engraçada da coisa, que são as loucuras que os fãs como a petição de 30 mil assinaturas enviadas à Casa Branca pedindo a construção da Estrela da Morte ou sacar seu FGTS para ver a estreia do Episódio I (ainda esse!) nos Estados Unidos. Bom, pelo menos ficou o prazer da viagem e de conhecer um novo país. Não sejamos tão severos assim…

Até a Princesa Leia já comprou!!!

O interessante é que o livro tem curiosidades por todo o canto, seja em letras de música, seja em curiosidades sobre as filmagens (o cachê de Harrison Ford para o Episódio IV foi de apenas dez mil dólares!), seja em pequenos detalhes como, a existência de um material resistente ao sabre de luz.

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Falando de colecionáveis…

Esses são alguns dos detalhes presentes no “Almanaque Jedi”, mais um presente que Brian Moura e Henrique Granado dão aos fãs de “Guerra nas Estrelas” e à cultura pop nerd em geral. Mais uma vez a gente deve agradecer ao trabalho desses incansáveis fãs, que querem compartilhar o prazer de gostar de uma saga que é amada em todo o mundo e que, no Brasil, sofreu uma espécie de hiato em meados dos anos 90, quando ninguém falava de “Guerra nas Estrelas”, onde um grupo de fãs decidiu se unir para começar a cultuar conjuntamente os filmes de George Lucas. Esse pequeno grupo foi crescendo e hoje conta com muitos integrantes, numa prova de que o amor por “Guerra nas Estrelas” existia e somente estava, digamos, numa espécie de “limbo”, que a criação do Conselho Jedi do Rio de Janeiro ajudou a desvanecer. Um dos grandes frutos gerados pela iniciativa de se fundar o Conselho Jedi acabou sendo a ressurreição, ainda que por algum tempo, da velha tradição cine clubística, um pouco esquecida desde os tempos do intrépido Cosme Alves Neto, que fundou a Cinemateca do MAM. Certa vez, Henrique Granado, um dos autores do almanaque, em sessão do Cineclube Sci-Fi, perguntou ao público quem já havia aparecido em outras sessões. Depois de ver as pessoas que levantaram o braço, ele disse: “É, sempre as mesmas pessoas”. Mas isso é exatamente o que um cineclube se propõe a fazer: formar um grupo fixo de pessoas que vão aos filmes não somente para assisti-los, mas também para debatê-los ao fim da sessão com palestras e discussões reflexivas. E quanto mais pessoas fazendo isso, melhor, pois ajuda a manter essa tradição altamente sadia, principalmente num país com uma escassez cada vez maior de cabeças pensantes em todos os setores. Por essas e por outras que devemos sempre louvar tais iniciativas e Brian Moura e Henrique Granado o fazem de forma impecável, ainda mais com o lançamento do “Almanaque Jedi”, motivo de orgulho visível para os dois. Não deixem de conferir.

O autor deste artigo (em pé) com os autores do Almanaque Jedi (Henrique Granado, à minha direita e Brian Moura, à minha esquerda)

Batata Literária – Desgosto

Agosto

Mês de desgosto

Jiboia fica venenosa

A bruxa fica solta

Azar de lazarento

Prédio pega fogo!

Tudo fica seco!

Queimada na beira da estrada!

Cadê a chuva???

O mês não acaba nunca

Nuvens negras de mau agouro!

Nenhum feriado, cacete!

Cinco semanas…                

E o dia 31 não vem

Vem setembro, até…

E quando o dia 13 de agosto

Cai na sexta-feira???

O azar do americano

É mais fraco que o nosso

Mas azarado é o que não se ajuda…

E sucumbe à nuvem escura da crendice

Que bom que eu tenho corpo fechado!!!

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Batata Books – Provação. Guerra nas Estrelas Regada a Sangue.

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Capa do Livro

Falemos hoje de mais um livro que A Editora Aleph lançou do Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”. “Provação”, de Troy Denning, cuja história traz de volta os bons e velhos heróis Han Solo, Princesa Leia Organa Solo e Luke Skywalker. Uma história emocionante que é regada à muita ação e que incrementa ainda mais a saga de “Guerra nas Estrelas”, que deve muito a essas histórias “não oficiais”. Vamos falar um pouco desse bom livro, lembrando que vamos esbarrar em alguns “spoilers” aqui.
Os acontecimentos de “Provação” se passam quarenta anos depois de “O Retorno de Jedi”, quando o Império finalmente fora totalmente derrotado e a Ordem Jedi estava reconstituída. Han, Leia e Luke já estavam mais aplacados pelo peso da idade, mas não tinham saído da ativa. As forças do mal ainda azucrinavam a galáxia distante. Dessa vez, o vilão é uma empresa chamada Tecnologias de Exploração Galáctica (TEG), comandadas por dois irmãos da espécie Columi, Marvid e Craitheus Qreph. Eles tinham grandes crânios que eram dotados de uma inteligência muito pronunciada, somente não maior que suas ambições de controlar economicamente toda a galáxia. Os irmãos Qreph tentavam dominar uma região rica em minérios dentro de uma espessa nebulosa, onde Lando Calrissian tinha uma mineradora. Assim, os Qreph tentavam de todo modo pressionar Lando para que ele vendesse seu negócio. Para fazer suas sabotagens e artimanhas, os Qreph mantinham exércitos mandalorianos, e seres reptilóides conhecidos como Nargons. Como Lando está em maus lençóis com os Qreph, Han, Leia e Luke vão à nebulosa investigar. Mas o imbróglio parece ser muito maior que a ambição desenfreada dos Qreph. Um imbróglio que cheira a Siths.

A espécie Columi

Essa rápida sinopse nos dá uma ideia de como a história é cativante. Ao contrário da Trilogia Thrawn, onde as querelas políticas se fazem mais presentes, em “Provação”, as fortes cenas de ação são praticamente uma constante na história. Cabe frisar aqui que, em vários momentos, presenciamos uma violência extrema, e o autor judiou muito de nossos protagonistas, enchendo-os de torturas, explosões e ferimentos. Denning chega às fronteiras do sadismo ao descrever com detalhes os ferimentos nos corpos de Luke, Leia e Solo à cada ação mal sucedida, numa violência ao meu ver, um tanto desnecessária, justamente por ser desmedida.
Um problema na história é o excesso de personagens, sendo que alguns deles praticamente são apenas citados e não voltam mais à história, enquanto que outros permaneceram ao longo da trama. Outro problema no livro é que, como se passaram quarenta anos desde o “Retorno de Jedi”, muitas coisas aconteceram nesse meio tempo e são superficialmente contadas pelo autor, parecendo totalmente descoladas da história principal. Faladas tão rapidamente, esses pequenos detalhes nos dão a impressão de que temos várias pontas soltas que pouco ou quase nada acrescentam à trama.
A presença dos Sith na história também é errática e confusa. Denning acrescenta uma série de elementos aos Sith que poderiam ter sido bem explorados nos últimos 25% de texto, mas foram subaproveitados, como se o autor simplesmente não soubesse amarrar bem as pontas soltas (olha elas aí de novo!) para fazer um bom desfecho para a história. Será que isso foi feito intencionalmente como gancho para uma continuação do livro? Pode ser. Mas a verdade é que a coisa ficou um tanto confusa e com aparência de mal escrita. Ainda, a grande vilã Sith, Savara Raine, uma pós-adolescente muito invocada e maligna, foi mal aproveitada na história. A impressão é a de que ela poderia ter sido mais presente na trama. E não empolgou tanto como o Grão Almirante Thrawn da trilogia de Timothy Zahn, por exemplo.
Apesar desses pequenos problemas na estrutura narrativa da história, o livro ainda nos traz interessantes reflexões. A violência dos métodos dos irmãos Qreph levava Leia a explosões de ódio, rechaçadas pelo argumento de Luke de que a raiva e o medo são um caminho para o lado sombrio. Tal discurso aparece recorrentemente no texto. Mas o mais interessante foi uma série de argumentações que o autor fez com o conceito de Força, dando-lha adjetivos altamente antagônicos, levando a coisa a um certo ar, digamos barroco, que também prima pelo jogo com as antíteses. Não vou entrar em detalhes aqui para não dar mais “spoilers”.
Concluindo, se “Provação” nos deu um texto com alguns problemas, por outro lado tivemos uma boa história de ação. Sua leitura é empolgante, embora menos do que a Trilogia Thrawn. Mas ainda assim, vale a pena e é mais uma contribuição interessante ao Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas”

Savara Raine

Batata Books – Sombras do Império. Um Lagarto Metido a Besta.

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Capa do Livro

Mais um livro do Universo Expandido de “Guerra nas Estrelas” lançado pela Aleph. “Sombras do Império” se passa entre “O Império Contra-Ataca” e “O Retorno de Jedi”. Esse livro da série “Legends”, escrito por Steve Perry, busca preencher a lacuna deixada ao final do Episódio V, quando Lando e Chewie vão à busca de Han Solo, sob olhares esperançosos de Luke e Leia num exílio fora da galáxia. A pista é seguir os passos de Boba Fett e tentar resgatar Solo antes que ele fique em poder de Jabba, o Hutt. Mas Luke e Leia não ficarão apenas no aguardo do sucesso de Lando e partem em sua ajuda. O jovem cavaleiro jedi ainda está em treinamento e não domina todas as técnicas. Leia, por sua vez, mal sabe de suas habilidades e ainda as tateia.

Xizor, um personagem muito arrogante

Do lado do Império, Vader e o Imperador maquinam planos para capturar Luke vivo e trazê-lo para o lado sombrio, já que seu poder é imenso e Vader quer moldá-lo aos seus desejos. Mas um elemento novo será adicionado a essa trama: a organização criminosa Sol Negro, comandada pelo Príncipe Xizor, da espécie Falleen, cujos ancestrais haviam sido reptilianos. Xizor é uma figura extremamente poderosa e sua influência se estende por vários pontos da Galáxia, numa rede de negociatas e corrupções. Nosso amigo do Sol Negro é extremamente convencido e arrogante, e na sua luta por mais poder e influência, faz um perigoso jogo com o Imperador, o que desperta a ira de Vader. Como há um interesse em Luke por parte do Imperador e Vader, Xizor também vai querer capturá-lo e matá-lo, principalmente para tripudiar com Vader, que percebe seus joguetes. Assim, o grande atrativo do livro é esse duelo entre Xizor e Vader.

Mas há outras curiosidades interessantes. Han Solo estava congelado na carbonita? Tudo bem, foi criado um personagem praticamente à imagem e semelhança de Solo, Dash Rendar, um mercenário altamente convencido e divertido, que inclusive colocava Lando em várias saias justas. E outro detalhe muito instigante. Como Luke Skywalker perdeu seu sabre de luz (e a mão) em “O Império Contra Ataca”, podemos ver no livro todos os detalhes da construção do novo sabre pelo jovem cavaleiro Jedi, um processo que era meticuloso e passível de vários riscos, inclusive fatais. Para quem tem curiosidade de saber como um sabre de luz é construído, esse livro é uma peça fundamental.

Xizor tentará seduzir Leia

Entretanto, o livro tem problemas. Ele está muito centrado no personagem de Xizor, o que chega a ser irritante, dada toda a sua marra. O homem se acha o gostosão não somente em seu poder econômico e até, de uma certa forma, político, mas também na arte da conquista das mulheres, já que ele exala irresistíveis feromônios. E aí o príncipe verdinho vai querer conquistar Leia, que busca contato com o Sol Negro para negociar informações que levem ao paradeiro de Han Solo. Essa atenção excessiva foi deliberada por parte do autor para tornar Xizor tão odioso que a gente chega até a torcer por Vader nesse duelo particular. Todo um detalhamento da vida de Xizor foi feito e, quanto mais sabíamos dele, mais insuportáveis ficavam sua autoconfiança e arrogância. Sabemos que esse foco explícito em Xizor também se deu para tornar o personagem muito conhecido e alavancar suas vendas em “action figures”. À propósito, “Sombras do Império” foi um projeto multimídia lançado pela Lucasfilm em 1996 que tinha, além do livro, quadrinhos e jogos de videogame e só conhecemos detalhadamente a história se tomarmos contato com essas três mídias.

O desfecho do livro foi pirotécnico, interessante por ser cheio de ação e combates espaciais. Mas “Sombras do Império” não foi um dos melhores livros do Universo Expandido. Talvez as melhores partes dele sejam as que se refiram a Vader, onde há uma passagem em que fica bem claro a aversão do senhor sombrio à hipocrisia nas disputas pelo poder. Vader se sentia muito mais à vontade na sinceridade da agressividade do guerreiro do que na falsidade dos joguetes políticos. E isso somente aumentava seu ódio por Xizor, que era um mestre em demagogias e manipulações. E parecia estar manipulando o Imperador em busca de seus interesses. Parecia…

Guri, androide sensual e perigosa

Outros elementos alusivos à Vader são dignos de destaque. Suas técnicas jedi para curar suas lesões, o uso da raiva para sobreviver por um curto período de tempo fora da proteção de sua roupa e de sua câmara, a dor que ele sentia ao sorrir (ou seja, ao estar alegre) quando pensava em Luke. Desse ponto de vista, o livro valeu, e muito. Mas tinha aquele lagartão metido à besta que era o Xizor. Esqueci de falar ainda da androide Guri, o braço direito de Xizor, em formato de mulher loura altamente sensual, mas extremamente perigosa e fria. Fazer uma memória visual dessa personagem foi uma experiência bem agradável e foi uma interessante personagem, pois ela sempre buscava colocar Xizor nos prumos quando ele ficava excessivamente excitado, principalmente por Leia. Era um misto de ciúme e protocolos de sua programação.

Dessa forma, se “Sombras do Império” não chega a ser um grande livro do Universo Expandido, por ter sido desproporcional na atenção dispensada ao personagem Xizor, ainda assim sua leitura é recomendável, principalmente quando o livro se refere a Vader, seus desejos, alegrias e ódios. Mais uma leitura curiosa que a Aleph trouxe para a gente.

Vader irá travar um duelo com Xizor e vamos torcer pelo senhor sombrio!!!!

Batata Books – Um Novo Amanhecer. A Gênese de Rebels.

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Capa do Livro

Vamos recordar mais um lançamento da Aleph do Universo de “Guerra nas Estrelas”. “Um Novo Amanhecer”, escrito por John Jackson Miller (o mesmo autor de “Kenobi”), tem como personagens principais os protagonistas da série “Rebels”. E, segundo Dave Filoni, o produtor executivo e diretor de supervisão da série “Rebels”, o velho conceito de cânone, ou seja, as histórias consideradas “oficiais” pelos detentores dos direitos de “Guerra nas Estrelas”, já não existe mais e, desse ponto em diante, tudo o que é produzido sobre Guerra nas Estrelas, seja em cinema, quadrinhos, “games”, etc., está agora conectado. Assim, “Um Novo Amanhecer” não está incluído na série “Legends”. Devemos nos lembrar que a Aleph publicou livros da série “Legends”, histórias consideradas “não oficiais” por George Lucas, mas nem por isso, menos instigantes. Essa revelação de Filoni é muito importante para que o Universo de Guerra nas Estrelas fique cada vez mais forte.

Kanan Jarrus

Mas, e a história de “Um Novo Amanhecer”? Ela tem como protagonista principal Kanan Jarrus, um homem solitário e de espírito muito independente que carrega explosivos para mineração de torilídio na lua de Cynda, que orbita um planeta chamado Gorse. O torilídio é muito importante para o Império, pois ele é usado na construção de naves espaciais e a história se passa numa época em que o Império quer aumentar a sua frota de destróieres estelares (estamos entre os episódios III e IV) para incrementar seu poderio militar. Quem vai supervisionar a produção de torilídio será o Conde Vidian, um ser cibernético altamente frio, calculista e implacável, cuja força descomunal da parte mecânica de seu corpo é usada para aniquilar fisicamente todos aqueles que levemente o desagradam. Pressionado pelas ordens do Império de aumentar a produção de torilídio, o conde impõe aos mineradores e às respectivas empresas mineradoras às quais pertencem, um regime de produção desumano. Há, também, um veterano das Guerras Clônicas, Skelly, que descobriu que as explosões nas minas de Cynda para a extração do torilídio irão destruir a lua em breve, e ele fará de tudo para avisar Vidian sobre isso. E há, ainda, a bela Hera Syndulla, uma Twi’lek (aquelas lindas mulheres verdes com duas trombinhas – ou lekkus – na parte de trás da cabeça) que é uma espiã de uma nascente força rebelde que vai investigar quais são as pretensões do Conde Vidian desde sua chegada ao sistema Gorse-Cynda.

Hera Syndulla

Essa nova história de John Jackson Miller é regada a boas cenas de ação, mais do que foram vistas em sua outra publicação que chegou até nós, “Kenobi”. Como a própria capa do livro “Um Novo Amanhecer” mostra, Kanan e Hera vão se unir para combater os planos maléficos do Conde Vidian com relação aos destinos de Gorse e Cynda. O trabalhador da região mineradora, cujo passado ele quer esconder de todos, se diverte em bebedeiras e brigas de rua, sem qualquer consciência política. Hera será para ele uma nova perspectiva de vida, onde sua paixão pela Twi’lek sempre ficará implícita.
Já o personagem do Conde Vidian é curiosíssimo. Precisarei dar uns spoilerzinhos aqui. É muito curioso perceber como Miller abordou o Império e seus asseclas neste livro. Ele colocou como uma das faces mais más dessa força do mal a exploração econômica e a corrupção, coisas com as quais estamos muitos familiarizados em terras tupiniquins. O personagem do Conde Vidian é emblemático nesse sentido, pois ele era um funcionário público insignificante nos tempos da República, que gostava de fazer tudo certinho, enquanto via outros funcionários corruptos procedendo da velha e conhecida forma do “armar para se dar bem”. Mas Vidian fora acometido de uma doença degenerativa e, enquanto jazia no leito do hospital, decidiu “entrar no esquema” e começou a acumular poder com uma conta bancária falsa (eu já ouvi isso em algum lugar).

Skelly

Fazendo todo o tipo de armação, ele enriqueceu e o Império só foi um suporte que ele utilizou para se tornar uma figura muito poderosa e implacável. Ou seja, o vilão principal da história é um bom exemplo de como zés preás que não são nada podem utilizar governos ditatoriais para acumular poder e destilar toda a sua mágoa e sentimento de vingança nas costas dos outros por ter passado por uma vida vazia e medíocre. Esses exemplos não faltam por aí e creio que Miller acertou na mosca ao construir Vidian dessa forma. A sanha do Império em aumentar a produção de torilídio, não importa como fosse, explorando economicamente e de forma muito severa empresas mineradoras e seus empregados, onde o bem estar dos trabalhadores e suas vidas pouco importavam, foi outro elemento atraente na história, que nos remete aos primeiros anos da Revolução Industrial lá no século XVIII, onde o capitalismo totalmente selvagem explorava os trabalhadores até os limites da resistência humana e além. É por isso que a literatura de “Guerra nas Estrelas é tão importante a meu ver, pois os escritores dão uma nova forma de se enxergar a franquia e dão um tom de seriedade e reflexão à saga que George Lucas não dava (o criador de “Guerra nas Estrelas” parecia às vezes estar mais preocupado com Ewoks, formigas brancas tocando PVC ou Jar Jar Binks, sendo eu nunca o perdoarei por esse último!).
Assim, “Um Novo Amanhecer” foi mais um tiro certeiro da Aleph, pois vemos aqui a gênese da rebelião contra o Império, encabeçada por dois personagens que, se não são Han, Luke, Leia ou Kenobi, são também cativantes e levam mais interesse do público à série “Rebels”. E tem o grande mérito de mostrar o Império numa forma capitalista e exploratória, algo que vemos em algumas ditaduras sanguinárias por aí, mas também em países que se orgulham de dizer que têm governos democráticos e liberais. É “Guerra nas Estrelas” deixando de ser só um entretenimento juvenil para se tornar um produto cultural mais reflexivo. Como eu ansiava por esse dia!

Conde Vidian