Batata Séries – The Orville (S01 Ep 03), Uma Questão De Gênero. Aceitar Aquilo Que Se Estranha?

The Orville Episode 3 Review: About a Girl - Den of Geek
Uma criança que nasce com o sexo “errado”…

Mais um episódio da primeira temporada de The Orville. Vamos falar do terceiro episódio, “Uma Questão de Gênero”, que mostra, como The Orville busca resgatar os melhores episódios reflexivos de Jornada nas Estrelas, mostrando que o formato que víamos nas décadas de 60, 80, 90 e 2000 ainda é bastante pertinente hoje em dia.

Qual é o plot? A filha de Bortus nasce, mas o casal não está satisfeito. Quando nasce uma fêmea, isso é visto como uma aberração pela cultura de Borthos e é necessário fazer uma troca de sexo. Bortus pede isso a Doutora Claire, que se nega a fazer a cirurgia.

The Orville Season 1 Episode 3 Review: About a Girl - TV Fanatic
Uma cultura afetando profundamente a vida de um casal…

No “holodeck”, Bortus invade o programa para falar com o capitão Ed de forma urgente. Ele reclama que a Doutora Claire se recusa a fazer a cirurgia. Ed acha que isso é antiético. Bortus lembra que os humanos fazem a cirurgia de lábio leporino caso seja necessário. E que no planeta de Bortus não há fêmeas. O capitão diz que eles estão numa nave da União e que o pedido dessa cirurgia violaria muitas leis, negando o pedido de Bortus.

A Orville recebe um pedido de comunicação. É um alienígena da espécie de Bortus que diz que vi enviar uma nave para se encontrar com a Orville para pegar a filha de Bortus. Ed reclama com Bortus que tal atitude pode violar as regras da União e que a espécie de Bortus faz parte da União. Além disso, Bortus acabou passando por cima da autoridade do capitão. Tudo isso vai gerar uma indisposição do capitão para com Bortus.

The Orville Season 1 Episode 3 Review: About a Girl - TV Fanatic
Formas ineficientes de descarregar a tensão…

Ed e Kelly tomam uma bebida no bar. Ed pergunta a Kelly se eles estão se comportando corretamente para com Bortus, pois é muito fácil você condenar uma atitude de uma cultura estranha à sua. Kelly diz que alguns valores universais devem ser respeitados. Por exemplo: e se a filha de Bortus tivesse que ser morta por ter nascido menina? A cultura de Bortus teria que ser respeitada nessa situação? Ed tem uma ideia: ele coloca Bortus para lutar com Alara, que é muito forte e bate nele com força. Bortus diz que está cansado de ver as pessoas dizerem como ele deve tratar a sua filha e vai fazer o que acha melhor para ela. Revoltado, Bortus vai par seus aposentos e recebe as visitas de Gordon e John que querem ver um filme com ele. Bortus, muito a contragosto, aceita. O filme é “A Rena do Nariz Vermelho”, onde a rena em questão nasce com essa “deformidade” que vai ajudar o Papai Noel a entregar os presentes no Natal. Isso dá um “click” na cabeça de Bortus, que vai procurar seu companheiro e dissuadi-lo da cirurgia, pois ela pode fazer grandes coisas como fêmea, ou seja, eles não sabem como a cirurgia vai interferir no futuro da filha. O companheiro se nega terminantemente a aceitar que a filha continue fêmea e revela a Bortus que nasceu fêmea e fez a cirurgia. Revoltado, Bortus pergunta ao companheiro por que não contou a ele e ouviu a resposta de que o companheiro tinha medo que Bortus não entendesse e terminasse a relação. Bortus fica chateado por seu companheiro não ter revelado esse segredo. E insiste, agora, na não operação de sua filha. A nave moklana (espécie de Bortus) chega e seu representante quer levar a criança à força para a cirurgia. Mas agora o casal discorda da decisão da cirurgia. Ed entra em atrito com o representante moklano e Bortus diz que a única solução é solicitar um tribunal em seu planeta natal. O companheiro diz que eles serão totalmente ridicularizados, mas Bortus está determinado a fazer o julgamento e chama Ed para ser seu defensor. Como Ed não tem experiência, ele passa a batata quente para Kelly, que fez um ano de Direito Interplanetário. Bortus e seu companheiro vão com a criança na nave moklana e a Orville acompanhará. Bortus se despede com uma passagem literária de um grande escritor moklano (é um hábito de sua cultura).

The Orville Review: Why Episode 3 About A Girl is Worst Episode Yet |  IndieWire
Ed e Kelly não sabem como lidar com a situação…

O planeta natal de Bortus é altamente industrializado (lembra a zona industrializada de Coruscant). O julgamento se inicia. Bortus defende a tese de que a filha é que deve decidir se vai mudar de sexo ou não. Já o promotor defende a tese de que, até lá, a filha pode sofrer muitos abalos psicológicos por ser rechaçada em sua sociedade. Os moklanos acham as mulheres muito fracas. Kelly coloca Alara para mostrar sua força. Depois, Kelly faz perguntas para Gordon para testar sua inteligência. Ele, deliberadamente, responde errado para provar que os homens podem ter pouca inteligência (os moklanos acreditam que as fêmeas têm menos inteligência que os machos). O promotor pergunta a Doutora Claire se ela faria uma circuncisão em uma criança se os pais pedissem. Ela disse que isso é diferente, que não implica numa mudança de sexo. O promotor retruca dizendo que uma circuncisão é uma mudança física significativa e a criança não tem poder de decisão. A doutora diz que uma circuncisão não implica em uma mudança de vida. O promotor então diz que uma mudança de vida seria injusta para uma criança. A doutora diz que sim. O promotor diz então que uma mudança de vida para uma criança moklana que a deixasse a mercê de ser repudiada seria algo realmente injusto. Assim, a resposta da doutora reforça o argumento do promotor de que a criança deve ser operada.  Ed sai do tribunal e ordena a Isaac uma varredura da superfície do planeta. Ed chama John e Alara para fazerem uma viagem às montanhas do planeta. Lá, eles encontram uma moklana fêmea, que é considerada um renomado escritor do planeta, o escritor citado por Bortus (impossível não se lembrar de Dorothy Fontana aqui). Eles levam a moklana ao tribunal, que se apresenta. Ela diz que seus pais acharam que seria contra a natureza modificar seu sexo. E se esconderam nas montanhas. Ela diz que é feliz como mulher e que é o escritor renomado da cultura moklana. Mas, apesar dessa revelação impactante, foi decidido pelo conselho de arbitragem que a filha de Bortus deve fazer a operação de mudança de sexo. O episódio termina com um Bortus arrasado, recebendo, com seu companheiro, o seu agora filho. Na Orville, Bortus e seu companheiro entram em acordo de que devem dar uma vida boa para a criança, seja ela quem se tornar. Bortus dá um bonequinho da rena do nariz vermelho para seu filho.

O que podemos dizer do episódio “Uma Questão de Gênero”?  Se esse fosse um episodio de Jornada nas Estrelas, seria um típico episódio de violação ou não da Primeira Diretriz. Mas aqui em The Orville ela não existe e a querela cultural se tornou mais ácida. Se num primeiro momento, a obrigatoriedade da cirurgia de troca de sexo de um bebê parece algo abominável para os humanos, os exemplos do lábio leporino e da circuncisão são a contrapartida. Entretanto, Kelly lembrou que nem sempre podemos relativizar tudo e que alguns valores devem ser considerados universais. Ela levantou o caso hipotético da espécie de Bortus acabar com a vida das crianças que nascessem fêmeas. Ou seja, parece que aqui as discussões sobre a relativização de culturas, livres da questão da Primeira Diretriz, foram até mais ricas que o que vemos em Jornada nas Estrelas.

About A Girl - The Orville, Season 1 Episode 3 | SBS On Demand
Cuidar bem do filho, não importa como ele seja…

Esse é um episódio que também chuta o “happy end” para escanteio. Mesmo com o argumento de impacto da escritora fêmea que assume uma identidade masculina e se torna o grande nome literário de um planeta de varões (a alusão à Dorothy Fontana é imediata como dito acima), isso não foi suficiente para o tribunal moklano descartar uma tradição milenar e permitir que a criança continuasse com o sexo feminino. Um final desses soaria demasiadamente heróico, mas falso. Sabemos que a mentalidade de um povo demora para sofrer transformações e, assim, a mudança de sexo se tornou o veredicto final. Para o episódio não ficar muito cabisbaixo em seu final, o casal conseguiu se entender, tentar esquecer as mágoas e se dedicar a dar uma boa vida para seu filho, não importa quem ele será ou não. O toque da rena do nariz vermelho é uma alusão a uma opção de escolha para a criança, pois o bichinho de pelúcia representa uma alusão ao respeito à diversidade.

Dessa forma, “”Uma Questão de Gênero” pode ser considerado o primeiro grande episódio de The Orville (e, talvez, o melhor de toda a primeira temporada), por abordar a questão do respeito às culturas, mas também até onde podemos ir com  essa relativização. A opção por chutar o happy end também atua como um choque de realidade que, às vezes, não vemos nos desfechos dos episódios de Jornada nas Estrelas, quando tratamos de questões de diversidade cultural. Vale muito a pena a revisita.  Fique agora com o vídeo do Diário do Capitão sobre o episódio.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01 Ep05), A Nuvem. Sutura Tamanho Família.

Star Trek Voyager S 1 E 5 The Cloud / Recap - TV Tropes
Há café nessa nebulosa

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, vamos hoje revisitar Voyager no quinto episódio da primeira temporada, intitulado “Nuvem”

Qual é o plot? Janeway sente, com o passar do tempo, e pelas circunstâncias de se estar muito longe de casa, que terá que ver a tripulação com outros olhos, tal como ela se fosse uma família. Mas, pelo seu temperamento, ela tem dificuldades de se aproximar da tripulação. Uma nebulosa com partículas ômicron aparece adiante e essas partículas serão úteis na produção de antimatéria para a nave, gerando mais energia. Será aqui que Janeway dirá a famosa frase; “Há café nessa nebulosa”.

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A necessidade de uma sutura gigante…

Janeway se vira para Chakotay e pergunta sobre o moral da tripulação. Ele diz que as pessoas estão passando por uma espécie de luto, mas que vão melhorar. Chakotay também diz que alguns membros da tripulação seguem uma tradição indígena americana onde eles têm um animal que os escolhe e os segue, orientando-os. Chakotay não pode falar qual é o seu animal, que é uma fêmea, para não ofendê-la, mas ela o orienta muito bem. Chakotay convida a capitã a orientá-la a entrar em contato com o seu guia.

A nebulosa não parece apresentar qualquer problema e eles traçam um curso para um depósito de partículas ômicron. Mas a nave é parada por uma barreira de energia. Janeway ordena que a nave vá contra a barreira de energia e consegue atravessá-la. Do outro lado, há uns pedaços de matéria azulada que grudam no casco e tiram a energia da nave. Janeway ordena que a nave volte pela barreira, mas agora ela só foi perfurada com um torpedo fotônico. A nave consegue atravessar a barreira, mas a Voyager, ao invés de ganhar energia, perdeu onze por cento dela.

Janeway and Neelix | Fandom star trek, Star trek voyager, Star trek  characters
Um oficial de moral…

Kim está dormindo quando Paris o acorda e o leva ao holodeck, que simula um bar em Marselha que Paris freqüentava quando estava na Academia da Frota Estelar.

B’Elanna analisa a matéria azulada e vai fazer uma consulta ao Doutor. Depois, vai ao escritório da capitã, que está procurando o seu animal-guia com Chakotay (sugestivamente é uma lagartixa, ainda mais se nos lembrarmos do episódio “Threshold”, mas isso é outra história) e diz a Janeway que a matéria é orgânica e a nebulosa parece ser um organismo vivo. E a Voyager o feriu. A cura, segundo o Doutor é usar um raio nuclear na fenda que a nave abriu na barreira.

Neelix, contrariado que a Voyager voltará para o ser vivo, reclama com a capitã que diz que vai ajudar a recuperar os ferimentos da nebulosa e não abre mão disso.

Star Trek: Voyager | Netflix
Paris e seu uso criativo do holodeck…

A Voyager tenta chegar próxima à fenda na barreira, mas descargas elétricas atingem a nave e a jogam para longe da ferida. Com os propulsores da Voyager desligados, a nave não mais é atacada pela nebulosa. Eles examinam a nebulosa e descobrem que ela tem uma espécie de sistema circulatório para transportar as partículas ômicron. Janeway decide entrar nesse sistema circulatório para se reaproximar da fenda. Nisso, Neelix e Kes entram na ponte com comida para servir à tripulação, para levantar a moral. Ele se intitula oficial de moral. Janeway, inicialmente a contragosto, e depois aceitando os argumentos do talaxiano, aceita uma iguariazinha.

A nave se aproxima da fenda e os raios nucleares não conseguem grande coisa O Doutor, então, sugere uma espécie de “sutura” na fenda. A Voyager iria “costurar” a ferida com energia. Janeway decide lançar uma microssonda para distrair a nebulosa enquanto eles fazem a sutura, que é um sucesso. Houve uma perda de 20% da energia da nave em todo o processo e agora a Voyager vai para um planeta a 14 anos-luz, por sugestão de Neelix, para buscar fontes de energia.

O episódio termina com Kim levando Janeway para o holodeck, onde há vários tripulantes se divertindo no bar em Marselha. Janeway começa a interagir mais com a tripulação. E se mostra uma excelente jogadora de sinuca. Fim do episódio.

Star Trek: Voyager Rewatch: “The Cloud” | Tor.com
Buscando um animal-guia…

O que podemos dizer do episódio “A Nuvem”? Em primeiro lugar, vamos aqui uma construção a mais na personagem Janeway. Ela, que sempre foi uma capitã que nutriu um certo distanciamento com a tripulação, agora precisa ver seus comandados como uma grande família, dada a força das circunstâncias de se estar no quadrante Delta. E ela faz progressos. Busca um animal guia com Chakotay, aceita a sugestão de Neelix de ser um oficial da moral, joga sinuca com a tripulação no holodeck, se divertindo com os personagens de Paris (essa parte foi um excelente alívio cômico e desfecho para o episódio). Tudo isso deu uma oportunidade de ouro para o fã de Jornada nas Estrelas se afeiçoar mais à capitã.  

Esse também foi um episódio de Neelix, que não gostou de ver a Voyager exposta ao perigo. Mas a ânsia exploradora da tripulação fez com que ele tivesse que aceitar a tripulação e, no seu melhor estilo atabalhoado e altruísta, distribuiu comida na ponte para aliviar a tensão, intitulando-se oficial de moral. Neelix definitivamente é o chato mais simpático que existe. O episódio também foi mais um em que o Doutor teve um destaque especial, sendo engraçado e sarcástico, além de sugerir uma sutura para uma nebulosa viva, uma curiosidade interessante para o episódio, onde a principal mensagem foi recuperar a ferida em um organismo vivo que a própria Voyager provocou acidentalmente. Seria imoral a nave deixar a nebulosa ferida para lá, e mesmo se arriscando a enfrentar novamente as defesas do organismo da nebulosa, o erro acabou sendo reparado.

Star Trek: Voyager Rewatch: “The Cloud” | Tor.com
Janeway boa de sinuca…

O mais interessante aqui é que essa revisita a Jornada nas Estrelas nos faz ver os episódios com outros olhos. Se eu achei chata essa história do animal-guia quando vi esse episódio há cerca de vinte anos (ou mais), hoje achei interessante essa ligação da capitã com Chakotay, um ex-maqui que mostra a sua cultura indígena em toda a sua plenitude. Valeu a pena rever essa perspectiva culturalista do episódio.

Assim, “A Nuvem” é um interessante episódio de Voyager, pois ela nos oferece uma série de fatores para serem apreciados. Mais um avanço na construção dos personagens, sobretudo Janeway, a questão moral de se recuperar um ser vivo ferido acidentalmente, uma olhada em elementos da cultura indígena. Vale a pena a revisita. E fique agora com o vídeo publicado no canal “Diário do Capitão”.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas DS9 (S01 Ep 05), Caça E Caçador. Diplomacia De Cowboy.

Star Trek: Deep Space Nine | Netflix
Um alienígena estranho…

Voltamos às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, revisitando DS9 e o quinto episódio da primeira temporada, intitulado “Caça e Caçador”.

Qual é o plot? Sisko recebe uma queixa de assédio. Quark estaria assediando uma dabo girl. Mas uma nave desconhecida veio pela fenda espacial. O alienígena disse que estava perseguindo uma nave que entrou no buraco de minhoca. Sisko disse que a nave era da estação e que ele viajou 90 mil anos-luz pelo buraco de minhoca. Ele é o primeiro alienígena do quadrante Gama a chegar a estação. O alienígena, nervoso, disse que queria voltar, mas sua nave estava perdendo integridade estrutural. O’Brien foi obrigado a trazer a nave para a estação com um raio de grávitons para ela não se despedaçar.

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O’Brien fará amizade com Tosk…

O’Brien vai à nave e entra nela, não vendo ninguém. Ele tenta consertá-la e o alienígena aparece. Ele se chama Tosk e é todo ressabiado. O’Brien procura ser o mais amistoso possível e o leva para a estação, pois, para fazer reparos na nave, seus reatores precisam esfriar. O’Brien apresenta a Tosk a estação e o leva a um aposento, dizendo que, se ele quiser algo, é só pedir para o computador. Tosk, ainda ressabiado, agradece a O’Brien e, depois que o chefe sai, ele pergunta ao computador onde estão as armas na estação.

O’Brien fala a Sisko que está desconfiado de Tosk, pois a nave dele apresenta uma marca de tiro e o alienígena diz que isso foi provocado pelo buraco de minhoca. Tosk e O’Brien consertam a nave e o chefe diz que ela ficará pronta em dois dias no máximo. Tosk insiste na sua pressa para deixar a estação. O’Brien leva Tosk ao Quark’s Bar e Quark oferece uma holosuíte ao alienígena. Tosk diz que está fazendo uma espécie de grande aventura e jornada. O’Brien pergunta que jornada é essa e Tosk diz que não pode falar sobre isso.

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O caçador vem buscar a caça…

Tosk mexe em alguns circuitos de segurança e é flagrado por Odo, que o leva para uma cela. Sisko quer saber por que ele estava mexendo no sistema de segurança e Tosk diz que não pode contar. Sisko pede para mantê-lo preso. O’Brien tenta convencer Tosk a dizer o que está acontecendo e Tosk diz para O’Brien deixá-lo morrer em paz.

Uma nave igual de Tosk vem pelo buraco de minhoca. Eles tentam transportar alguém da nave, mas Sisko ordena que levantem os escudos. A nave bombardeia os escudos com um pulso de energia e os neutraliza. Três alienígenas se teletransportam para o Promenade. Um tiroteio começa e um dos alienígenas explode a porta da prisão, localizando Tosk, que está camuflado. O alienígena tira o capacete e ele também é um Tosk. Sua espécie faz uma espécie de caçadas a membros de sua própria espécie e a honra é o membro caçado morrer durante a caça. Ser aprisionado vivo é uma tremenda vergonha e o Tosk aprisionado vivo é sujeito a humilhação pública. Sisko se recusa a entregar o Tosk por achar isso muito bárbaro. O Tosk caçador diz que os Tosks considerados caça são preparados a vida toda para a caça e honram a sua tradição. O Tosk caçador faz um acordo, proibindo futuramente as atividades de caça atravessarem pelo buraco de minhoca, desde que o Tosk aprisionado seja entregue. Sisko, sendo obrigado a respeitar a Primeira Diretriz, concorda com isso, O’Brien diz que é uma espécie viva consciente. Kira sugere que o Tosk possa pedir asilo político. O’Brien leva a sugestão de asilo a Tosk mas ele nega, pois ficar com a Federação seria uma grande desonra para ele, que deve enfrentar seus predadores e morrer com honra.

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Tramóias com Quark…

O’Brien não desiste e, depois de uma conversa com Quark, decide desobedecer as regras. Ele se oferece para escoltar Tosk mas prepara uma armadilha para libertá-lo. Sisko ordena que eles sejam capturados, mas pede a Odo que não tenha muita pressa. O’Brien consegue libertar Tosk, que diz que O’Brien também é um Tosk e pede que o chefe morra com dignidade. Depois da fuga de Tosk, Sisko dá um esporro federal em O’Brien, dizendo que mais um deslize desses e ele está fora da estação. O’Brien diz a Sisko que achava que Odo logo colocaria um campo de força para prender Tosk e O’Brien em sua fuga, mas isso não aconteceu. Sisko, desconversando, disse que pode ter se esquecido de um ou outro campo de força. Fim do episódio.

O que podemos dizer do episódio “Caça e Caçador”? Foi um baita de um episódio, com diplomacia de cowboy pura, chutando a Primeira Diretriz para escanteio, dessa vez por uma boa causa e de forma um tanto salomônica, pois a meu ver, ela foi parcialmente desrespeitada. Nas palavras do próprio O’Brien, mesmo que ele tenha feito uma intervenção na cultura alienígena (pós-dobra, diga-se de passagem), ele transformou uma caçada falida e vergonhosa numa caçada com potencial para uma morte honrosa novamente, mesmo que isso tenha custado a vida dos caçadores. Pelo menos, eles morreram dignamente. Assim, se os Tosk queriam uma caçada honrosa, O’Brien deu a eles essa possibilidade. De qualquer forma, Sisko estava também correto, pois não foi a melhor forma de se estabelecer um primeiro contato, ainda mais com uma espécie do quadrante Gama, algo que despertava uma curiosidade muito grande da Federação por causa do buraco de minhoca estável, sendo uma batata muito quente a lidar fazer um relatório de toda essa confusão para a Federação. Mas como a caçada nos lembra o mais repugnante do humano em tempos pretéritos (ou seja, a nossa realidade atual), Sisko acaba realmente dando uma mãozinha para a fuga arquitetada por O’Brien, que foi maroto o suficiente para dar uma de João Sem Braço e perguntar a Sisko porque ele e Tosk não foram pegos por campos de força, sabendo que o comandante ajudou indiretamente na fuga.

Assim, “Caça e Caçador” é mais um bom episódio de DS9, onde a Primeira Diretriz é novamente abordada com uma diplomacia de cowboy típica do século 23 sendo aplicada numa região de pós-conflito no século 24. Tem horas que é bom estar longe do espaço da Federação, o que possibilita uma chutadinha de pau da barraca. E fique com o vídeo que analisa esse episódio abaixo.

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas TNG (S01 Ep 05), Onde Ninguém Jamais Esteve. Pensando Positivo.

Watch Star Trek: The Next Generation Season 1 Episode 6: Where No One Have  Gone Before - Full show on Paramount Plus
Um teste suspeito com a nave…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, voltemos a TNG, mais especificamente para o quinto episódio da primeira temporada intitulado “Onde Ninguém Jamais Esteve”.

Qual é o plot? A Enterprise passará por testes em seus propulsores de dobra com o objetivo de aumentar a eficiência, mas Riker está ressabiado com isso, pois ele fez uma simulação que não mostrou melhoras. Esses testes foram feitos em outras duas naves e houve melhoras. Riker acredita que, por serem mais velhas, alguma ineficiência foi corrigida com os testes. Já a Enterprise, por ser uma nave nova, não apresentou melhoras na simulação. O cientista, de nome Kosinski, chega para fazer os testes e mostra grande antipatia e arrogância. Ele vem com um auxiliar alienígena e Troi não consegue detectar nada da personalidade dele, o que é algo que incomoda muito a conselheira e Riker.

Ao chegar à engenharia, Kosinski fala algumas coisas que parecem ser sem sentido para o chefe de engenharia enquanto seu auxiliar alienígena começa a trocar figurinhas com Wesley sobre o campo de dobra e começa a se interessar pelas habilidades do garoto.

Wesley Crusher: Mycelial Network Traveler | Fandom
Wesley vai desenvolver uma grande amizade…

O teste começa. De repente, o alienígena faz menção de desaparecer mas continua nos controles. A nave passa de dobra dez. Picard manda reverter os motores e, quando estão parados, eles constatam que saíram da Via Láctea e que atravessaram mais duas galáxias, viajando dois milhões e setecentos mil anos-luz. Para retornar à Terra em dobra máxima, a viagem duraria cerca de trezentos anos. Picard, ao conversar com Kosinski, se mostra preocupado em saber se o cientista pode levá-los de volta e este diz com toda a propriedade que sim. Mas o capitão e toda a tripulação estão muito ressabiados. Wesley, que acha que o assistente de Kosisnki foi o responsável pela viagem, tenta comunicar o fato a Riker, mas este nem dá bola para o garoto, o que mostra aqui um pouco caso com o menino prodígio que percebe tudo antes (Wesley, numa conversa com o assistente alienígena, cita que espaço, tempo e pensamento parecem não estar dissociados). A volta começa e o assistente alienígena, que mostra dar sinais de exaustão, começa a desaparecer de novo, e agora Riker nota tal anomalia. Depois da parada total, Data constata que a nave nunca saiu de dobra 1,5 e eles estão num lugar totalmente estranho, nas palavras de Data “Onde Ninguém Jamais Esteve”. Os sensores indicam que a Enterprise está a um bilhão de anos-luz da Via Láctea. Worf vê um targ de estimação, Tasha vê um gatinho, tendo uma ilusão com a colônia onde nasceu e Picard, ao descer de elevador, se depara com o espaço em dobra quando a porta se abre. Outros tripulantes têm ilusões. Picard tem outra ilusão com a mãe morta.  Ao chegar a Engenharia, Picard presencia o assistente alienígena de Kosinski desacordado e atendido pela Doutora Crusher. Com o alerta vermelho acionado, Picard diz que a tripulação que a nave está numa situação onde o que o os tripulantes pensam se torna realidade e pede para a tripulação controlar os pensamentos. Riker diz a Picard que é o assistente de Kosinski o responsável por tudo que está acontecendo. Wesley falou dos desaparecimentos do assistente e a doutora diz que o assistente está morrendo. Picard pede que a doutora acorde o assistente, pois com o tempo, a tripulação poderá não distinguir mais os próprios pensamentos da realidade. O alienígena acorda e diz que é um viajante que usa a força do pensamento para isso, pegando carona nas naves da Frota Estelar e dando todo o mérito das viagens a Kosinski. Picard aceita a explicação, já que eles estão numa situação tão extrema e até absurda. Riker pergunta por que a Federação nunca detectou a espécie do alienígena. Este responde que os humanos nunca foram muito interessantes (e ainda dá uma espetada necessária dizendo que os humanos são arrogantes). Picard pergunta se o alienígena não pode mandá-los de volta. Ele diz que sim, mas Wesley se opõe, pois seu amigo está muito fraco. O alienígena diz que quer ajudar, mas antes quer falar em particular com Picard. O alienígena diz que ele deve incentivar Wesley em suas habilidades com a nave, mas sem que o garoto perceba.

Para que a volta da Enterprise para a Via Láctea aconteça, toda a tripulação tem que pensar na sua missão e no bem-estar do alienígena. Ou seja, vamos pensar positivo aí, meu povo. A viagem é feita e a Enterprise volta à Via Láctea. Entretanto, o alienígena desapareceu definitivamente. Picard chama Wesley para a ponte e o nomeia alferes honorário, com todos os privilégios e obrigações do serviço. Fim do episódio.

Star Trek: The Next Generation – Season 1 Episode 6 – Where No One Has Gone  Before | Earl Grey Jot
A força do pensamento faz o alienígena desaparecer…

O que podemos falar do episódio “Onde Ninguém Jamais Esteve”? Em primeiro lugar, tivemos uma ficção científica que abordou a questão da força do pensamento, um tema que era debatido no quarto final do século XX. Ou seja, o uso da força do pensamento para se tornar o que é pensado realidade. No caso, temos um alienígena de uma espécie muito avançada que consegue tornar realidade aquilo que pensa. Entretanto, esse alienígena tem uma limitação e acaba desaparecendo de nossa realidade ao usar demasiadamente essa habilidade. Esse também vai ser um episódio para ajudar na construção de Wesley Crusher, onde continuamos a ver as suas habilidades de jovem superdotado sendo desenvolvidas. Tal construção é um pouco controversa, pois alguns fãs acham Wesley chato demais por ser um adolescente com capacidades acima da média. Mas ainda assim um adolescente, em toda a sua insegurança e receio perante Riker e Picard. De qualquer forma, o rapaz cansou um pouco da postura do capitão e primeiro oficial que se referiam a ele como “o garoto” e ainda sob sua presença, tal como se ele não estivesse ali. Wesley reagirá, dizendo que ele não é um garoto, seu nome é Wesley e ele está presente. Pelo menos o alienígena pede para conversar a sós com Picard e pede ao capitão para estimular Wesley a desenvolver suas habilidades de forma que isso não fique evidente para que ele não suba nas tamancas da arrogância. Aliás, falando em arrogância, nunca foi tão pertinente essa discussão, principalmente depois dos episódios anteriores onde a tripulação da Enterprise mostrou uma certa arrogância em algumas ocasiões e o alienígena chama a atenção para essa arrogância.

Assim, “Onde Ninguém Jamais Esteve” é um episódio razoável de TNG, onde foi abordada a questão da força do pensamento, houve um avanço na construção de Wesley Crusher e tivemos um alienígena para quebrar um pouco a arrogância da tripulação da Enterprise, que estava exagerando um pouco nesse quesito nos episódios anteriores.

Star Trek: The Next Generation – Season 1 Episode 6 – Where No One Has Gone  Before | Earl Grey Jot
Picard recebe dicas de como tratar Wesley…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas, A Série Clássica (S01 Ep05), Tempo De Nudez. E Spock Chora…

Flashback | Star Trek: The Original Series S1E4: The Naked Time | RSC

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à série clássica e vamos falar do quinto episódio da primeira temporada, intitulado “Tempo de Nudez”.

A Enterprise chega a um planeta congelado que está prestes a se destruir. Há uma base com cientistas que precisam ser resgatados. Mas quando Spock e um camisa vermelha lá chegam, estão todos mortos. Uma mulher está estrangulada e um homem está vestido no chuveiro. Enquanto Spock averigua, o camisa vermelha se contamina todo, passando a mão no rosto por baixo de toda a roupa de proteção. Foi constatado que a equipe de cientistas estranhamente desligou os suportes de vida e a base congelou, matando a todos.

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Mortes estranhas num planeta…

Quando Spock e o camisa vermelha chegam à nave, Spock pede a descontaminação no transporte. Exames médicos são feitos nos dois e tudo acusa normal, mas o camisa vermelha está incomodado com tantas mortes e apresenta uma coceira no corpo.

Na sala de reuniões, há um estranhamento com relação ao comportamento da equipe de cientistas (houve até cientistas dando tiros de phaser). Não há sinais de contaminação ou de qualquer outra coisa que justifique o comportamento estranho dos cientistas. E a Enterprise terá que ficar numa órbita mais baixa para analisar a destruição do planeta. Haverá risco?

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Roupas de proteção não impedem a contaminação…

Sulu e um tripulante (O’Reiley) chegam à sala de recreação, onde o camisa vermelha que desceu à superfície com Spock está. Este tem um comportamento agressivo e irracional, apontando uma faca para os dois, que o imobilizam, mas acabam-no ferindo. O’Reiley começa a sentir coceiras, como o camisa vermelha. Sulu fica com os mesmos sintomas. Eles estão na ponte enfrentando as instabilidades do planeta e tal interferência na órbita da nave. Kirk acaba tocando nos botões que O’Reiley toca e se infecta também. McCoy opera o camisa vermelha e ele morre, mesmo com o ferimento não sendo sério. Sulu começa a mostrar alterações, assim como O’Reiley, e deixam a ponte. O primeiro vai embora sem avisar e o segundo é enviado à enfermaria por Spock. Isso vai ser suficiente para a contaminação se espalhar pela nave (é nesse momento do episódio em que há a famosa sequência onde Sulu mostra a sua competência na esgrima). Sulu sobe à ponte com a espada, ameaçando a todos, mas é colocado para dormir com o toque neural vulcano de Spock. A engenharia está tomada por O’Reiley e os controles não respondem, colocando a nave sob ameaça em virtude da instabilidade do planeta. O’Reiley, aparentando estar embriagado, liga a comunicação interna da nave e fica cantando em voz alta, para desespero de Kirk. Uhura identifica confusões por toda a nave. E grita com Kirk quando este grita com ela. Os dois perceberam que se excederam em virtude do stress e praticamente pedem desculpas um ao outro.

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Sulu, o espadachim…

McCoy e Christine estão cuidando de Sulu e o doutor vai pegar a biópsia. Christine já apresenta sintomas e toca na mão de Spock quando este vai à enfermaria, dizendo que está apaixonada por ele, que fica sem reação e percebe que foi contaminado. Spock sai da enfermaria abalado com a declaração de Christine e engole o choro. Ele se esconde numa sala de reuniões e começa a chorar.

Scotty consegue abrir a engenharia e Kirk toma de volta seu controle. Mas os propulsores estão frios e eles não aquecerão a tempo de impedir que a nave desça à atmosfera e queime. Por outro lado, McCoy descobre a cura. A água do planeta tem moléculas complexas que entram pela transpiração e reagem no corpo como embriaguez. O doutor desenvolveu um soro e Sulu foi o primeiro a ser curado, depois de gritar muito na frente de McCoy com uma injeção na mão (cena muito engraçada, por sinal).

Kirk encontra Spock na sala de reuniões e propõe a ele uma mistura de matéria-antimatéria mais rápida para acionar os propulsores mais rapidamente. Mas isso também pode explodir a nave. Spock está mergulhado em seus problemas emocionais e não escuta Kirk, que começa a dar tapas na cara do vulcano. Spock, então, dá um tapão que joga Kirk longe (lembrando sempre que um vulcano tem três vezes a força de um humano). Kirk também se contamina e fica reclamando que não consegue pegar a Ordenança Rand por causa da Enterprise. E os dois, nesse meio tempo discutem a tal da equação ideal para a mistura matéria-antimatéria. Scotty entra na sala de reuniões e todos conseguem manter uma sanidade temporária. Spock vai dar a tal equação e Kirk dá as ordens para fazer a mistura. Kirk chega à ponte e McCoy rasga a camisa do capitão para aplicar a injeção de soro (os tecidos do século XXIII não parecem muito bons).

Star Trek Re-Watch: “The Naked Time”
Tripulantes se comportam como bêbados…

Spock conseguiu a mistura e a nave fugiu do planeta numa velocidade maior que a possível, o que fez a nave regredir no tempo três dias. Ou seja, eles conseguiram uma dobra temporal, que seria usada como artifício na série posteriormente. Fim do episódio.

O que podemos dizer do episódio “Tempo de Nudez”. Em primeiro lugar, ao contrário do que vimos em TNG, onde o episódio de mesmo tema pareceu fora de hora, aqui esse episódio funcionou bem na construção dos personagens, principalmente Spock e Christine. O vulcano deixou suas emoções aflorarem onde ele chorou por não poder engatar um romance com Christine e sentiu por sua mãe, uma terráquea com emoções, viver em Vulcano, onde a espécie vulcana reprimia as emoções. Esse foi o primeiro episódio onde Spock ficou muito em evidência, passando a receber centenas de cartas dos fãs depois de “Tempo de Nudez”. Já Christine se declara abertamente ao vulcano, algo que seria aproveitado em outros episódios. A doença afeta também Kirk que reclama que a responsabilidade sobre a Enterprise o impede de engatar um relacionamento com uma mulher, sobretudo a Ordenança Rand, que ele confessa estar apaixonado. Todas essas instabilidades emocionais desses personagens específicos tiveram um bom grau de dramaticidade, ajudando o público a desenvolver uma empatia com os personagens. As outras situações de instabilidades de personagens ficaram mais como alívios cômicos. Em TNG, a coisa chegou a um ponto em que todos os personagens caíram no ridículo, mesmo quando eles falavam de suas vulnerabilidades, parecendo algo mais inconveniente.

Doux Reviews: Star Trek: The Naked Time
Christine se declara a Spock…

“Tempo de Nudez” também mostrou um certo humor, o que seria uma das características de Jornada nas Estrelas. Em alguns momentos, esse humor foi voluntário, como as impaciências de Kirk e Spock para com a cantoria alterada de O’Reiley. Mas também tivemos momentos de humor um tanto involuntário, como na troca de tapas no rosto entre Kirk e Spock e no grito retumbante de Sulu perante um McCoy com uma injeção na mão. Ou seja, eu acredito que tenha sido um humor involuntário, pois se foi um humor voluntário, ele foi também muito escrachado.

No mais, foi criada a tecnobabble da dobra temporal, o que abria à série as possibilidades de viagens no tempo, que seriam também usadas nos longas de Jornada nas Estrelas.

Dessa forma, “Tempo de Nudez” é um episódio de Jornada nas Estrelas que trabalha de forma dramática os personagens de Kirk, Spock e Christine Chapel. O episódio também lançou mão de humores voluntários e involuntários, além de criar a tecnobabble de viagem no tempo. Vale a pena dar uma conferida nesse episódio.

REVIEW | Star Trek – S01E04: Tempo de Nudez (The Naked Time)
O famoso choro de Spock, que hiperpopularizou o personagem…

Batata Séries – The Orville (S01 Ep 02), Assumindo O Comando. Mais Referências A Jornada Nas Estrelas.

The Orville Episode 2 Review: Command Performance | Den of Geek
Alara vai enfrentar seu primeiro comando…

Dando sequência às análises de episódios da primeira temporada de The Orville, falemos do segundo episódio intitulado “Assumindo o Comando”. Lembrando que vamos lançar mão de spoilers aqui.

Qual é o plot? Borthos pede ao capitão Ed uma licença porque botou um ovo e precisa chocá-lo por vinte e um dias.  A Orville também recebe um pedido de socorro de uma nave que foi atacada pelos krills e que está com os pais do capitão Ed que, ao falar pelo filho nas frequências de saudação, colocam ele numa tremenda saia justa como alguns pais fazem por aí. Alara, a responsável pela segurança, vai ficar com o comando da ponte, pois o Ed e a primeira oficial Kelly irão para a nave atacada. Vai ser a primeira vez que Alara irá assumir o comando de uma nave e ela fica bem ressabiada com isso. Enquanto Ed e Kelly vão para a outra nave na nave auxiliar, a DR e as saias justas continuam em virtude do adultério cometido. Kelly pede uma canabis comestível para aguentar a parada de falar com a mãe de Ed que, segundo ele, a xingou muito depois que soube do ocorrido. Ao entrarem na nave, eles foram teletransportados para outro lugar. A nave era apenas uma projeção holográfica e capitão e primeira oficial caíram numa espécie de armadilha. Alara abandona a ponte (e seu posto) e vai pedir ajuda de Borthos, mas ele está chocando o seu ovo e praticamente fala para ela se virar, pois ela está no comando.

The Orville Season 1 Episode 2 Review - 'Command Performance'
Ed e Kelly vão ser sequestrados…

Gordon sugere que a nave auxiliar pode ser trazida por controle remoto. Alara concorda e Gordon o faz. Ela também ordena que a bóia onde estava acoplada a nave auxiliar seja trazida à nave por raio trator para ser examinada. Isaac, o andróide não recomenda isso, mas Alara insiste. Quando a bóia está próxima à Orville, ela explode. A Orville ficou cheia de avarias e feridos. Alara sai da ponte novamente e Isaac recomendou que ela não abandonasse seu posto, mas a moça sai toda esbaforida nave adentro. Alara vai para o hangar e para a enfermaria, onde todos trabalham. Alara conversa com a doutora e diz que não pode assumir o comando da nave. A doutora diz que não vai dar dispensa a ela e ainda complementa que comandar uma nave tem a ver com equilíbrio e aprendizado. Ela não vai cochichar respostas certas às perguntas de Alara, mas será a Obi Wan dela como puder.

Isaac descobre um pulso de transporte que saiu da bóia e precisa de energia extra para rastreá-lo. Alara decide transferir energia para a ponte para isso, mesmo comprometendo outras partes da nave e depois de consultar a doutora que concorda com a cabeça. Isaac identifica para onde foi o pulso. E ele está numa região proibida que tem um sistema solar com uma civilização avançada que repudia qualquer cultura com um desenvolvimento tecnológico menor. Os superiores não permitem que o resgate do capitão e da primeira oficial sejam feitos e Alara vi ter que desobedecer ordens superiores para resgatá-los.  Mas ela decide voltar para a Terra como ordenado, o que vai gerar atritos entre a capitã interina e a tripulação. Ela conversa sobre esse dilema com a doutora e esta diz que a moça tem que fazer sua escolha, que tem um risco e pode até destruir sua carreira no caso de se desrespeitar a ordem superior e invadir o sistema solar proibido. Ela fala com Gordon e este diz que o capitão arriscaria a carreira para salvá-la se ela estivesse numa situação de perigo. Alara decide, então invadir o sistema solar. Mas a Orville ia camuflada para ser aceita pela espécie alienígena que se considera superior. Ao chegar ao sistema, eles passam pela sondagem da patrulha. Isaac detectou dois sinais de vida. Alara desce com um grupo avançado numa nave auxiliar e coloca a doutora no comando, que solta um “filha da mãe”.

Bob Canada's BlogWorld: The Orville Season 1, Episode 2: Command Performance
Alara terá que fazer escolhas muito difíceis…

Ed e Kelly acordam em seu antigo apartamento. Será a chance para os dois ficarem juntos e se aproximarem um pouco (mas nem tanto). Ed vê dois alienígenas olhando-os numa vitrine e acaba descobrindo que está numa espécie de zoológico com outras espécies alienígenas atrás de vitrines. Estressados, capitão e primeira oficial começam a brigar. Mas eis que surge Alara e Isaac, que vão conversar com o encarregado do zoológico. Isaac diz que os humanos da jaula estão infectados e o encarregado inicia uma atividade de eutanásia na jaula. Raios começam a ser emitidos na jaula e Ed e Kelly precisam se desviar deles. Alara propõe uma troca com o encarregado do zoológico: liberar todas espécies em troca de milhares de arquivos de reality shows (sugestão do Gordon). O episódio termina com o bebê de Borthos saindo do ovo. É uma menina e Borthos diz que isso é impossível (um gancho para o terceiro episódio). Fim do episódio.

O que podemos dizer desse segundo episódio de The Orville, “Assumindo o Comando”? Em primeiro lugar, ele lembra demais dois episódios de Jornada nas Estrelas TOS: “O Primeiro Comando” (“The Galileo Seven”), onde Spock assume o comando de uma nave auxiliar sob ataque e o clássico “The Cage”, o primeiro episódio piloto de Jornada nas Estrelas. O fato de Ed e Kelly serem aprisionados por uma espécie alienígena que se considera superior nos remete imediatamente a Talos IV, embora sem o nível intelectual do que vimos em “The Cage”. Em “Assumindo o Comando”, a ideia de “The Cage” é mais usada como uma espécie de motivação para os alienígenas aprisionarem Ed e Kelly, não indo muito além disso. Já a alusão a “O Primeiro Comando” é bem maior, pois o episódio trabalhou muito todo o aprendizado de Alara na cadeira de capitão, com suas falhas e acertos, assim como já tínhamos visto com Spock. Ou seja, “Assumindo o Comando” foi um ótimo episódio de construção de personagem, assim como “O Primeiro Comando”.

The Orville" Command Performance (TV Episode 2017) - IMDb
Ed na jaula…

E o humor do episódio? Ele começou um tanto constrangedor, com os problemas de Ed e Kelly em lidar com o adultério e os pais do capitão. Mas o desfecho do episódio foi muito engraçado, onde Alara foi cínica com a empáfia dos alienígenas que se consideram superiores, com seu latido cheio de deboche. A ideia do reality show como moeda de troca na liberação das espécies do zoológico também foi uma boa piada.

Dessa forma, “Assumindo o Comando” foi um bom episódio de “The Orville”, com referências diretas a Jornada nas Estrelas TOS, com um humor ainda constrangedor em seu início, mas com piadas melhores e mais criativas ao final. Vale a pena dar uma conferida.  

Kari Byron - Tory Belleci and I make an incognito... | Facebook
Alienígenas que se acham muito inteligentes…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Enterprise (S01 Ep 05), Terra Nova. Vidas Subterrâneas.

Star Trek Enterprise - 1x06 - Terra Nova
Procurando membros de uma colônia ancestral…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, retornemos à Enterprise para falar do quinto episódio da primeira temporada, intitulado “Terra Nova”.

Qual é o plot desse episódio? A Enterprise vai para Terra Nova, uma colônia humana fora do sistema solar, a menos de vinte anos-luz de distância. Os colonos levaram nove anos para ir, nove anos para voltar. Ninguém ouviu falar de Terra Nova nos últimos setenta anos. Houve um desentendimento entre os colonos e a Terra, que mandou mais 200 colonos. Os colonos de Terra Nova não  queriam mais ninguém, pois já estavam lá há cinco anos. A Terra disse que não havia outro planeta habitável. Os colonos insistiram e houve trocas de mensagens agressivas, até que não se ouviu mais falar dos colonos. Ao chegarem ao planeta, ninguém respondeu às frequências de saudação e T’Pol identificou uma radiação na superfície do planeta. Uma nave auxiliar desce para ver o que está acontecendo. Eles encontram uma cidade abandonada. Mas Reed encontra alguém na floresta. A pessoa se esconde numa caverna. Dentro da caverna, vários humanóides estão escondidos e atacam o grupo avançado com armas de fogo. Reed é capturado e o resto do grupo avançado foge com a nave auxiliar. T’Pol consegue tontear um humanóide e o analisa com o tricorder, constatando que ele é humano.

Terra Nova | Star Trek: Enterprise | The Pensky Podcast
Uma cultura que descende dos humanos…

Archer e Phlox voltam à superfície para estabelecer um Primeiro Contato e são rendidos pelos humanos. Eles se intitulan novans e dizem que seu povo foi dizimado pelos humanos que lançaram uma chuva venenosa sobre eles (a radiação), forçando-os a viver nos subterrâneos. Archer diz aos novans que eles são descendentes dos humanos que chegaram lá há setenta anos e eles unidos podem descobrir o que aconteceu no planeta. Archer e Phlox oferecem assistência médica à mãe do líder dos novans que está com câncer de pulmão para conquistar a confiança deles. Mas os novans são muito ressabiados e agressivos.

T’Pol descobre a fonte de radiação. Ela veio de um impacto de um asteróide há exatos setenta anos, quando a expedição humana à Terra Nova havia chegado.

Reed, que é mantido refém nas profundezas, tenta interagir com os novans, mas eles respondem de forma agressiva. Entretanto, Reed percebe que eles gostam de música, começando a ver aquela cultura com outros olhos.

Hoshi consegue decifrar uma transmissão antiga dos humanos e ficamos sabendo que as crianças do planeta sobreviveram à radiação enquanto que os adultos morreram. Antes de morrerem, no entanto, os adultos confundiram a queda do asteróide com um ataque da Terra, já que os colonos estavam em litígio com seu planeta natal, culpando os humanos da Terra pelo acidente. E aqueles novans de agora são descendentes dessas crianças que viram seus adultos culpando o povo da Terra. Assim, conquistar a confiança dos novans seria algo muito difícil.

Star Trek: Enterprise Season 1 Episode 6
Como mudar o habito de um povo que, há muito, vive nas profundezas???

Phlox consegue curar o câncer da mãe do líder dos novans, mas descobre uma doença oriunda da radiação do meio ambiente do planeta, o que vai obrigar a evacuação dos novans. Eles não querem ir embora, mas Archer mostra uma foto antiga dos colonos humanos à mãe do líder e fala de um nome: Vera Fuller. Uma menininha está no colo dela e é a mãe do líder. Como o líder exige que eles voltem à superfície do planeta, Archer desanima com a situação e ordena os procedimentos para a volta dos novans. Revoltado, Archer diz que precisa convencê-los a sair do planeta. T’Pol atenta para o fato de que reeducá-los como humanos na Terra vai destruir a cultura deles de viverem nos túneis há duas gerações.

Trip descobre que a chuva radioativa não atingiu o hemisfério sul do planeta e Archer propõe aos novans que eles vivam nessa parte não afetada, podendo viver tanto nas profundezas quanto na superfície. O capitão retorna com os novans na nave auxiliar e, quando esta pousa, o solo cede e a nave afunda uns oito metros buraco abaixo. Com a queda da nave, os túneis cederam e um novan ficou preso com uma perna quebrada. Archer e o líder novan tiveram que se unir e confiar um no outro para tirar o novan ferido de um buraco bem fundo. A mãe do líder lembrou de seu passado como filha de Vera Fuller e obriga seu filho a falar a seu povo que o hemisfério sul do planeta é mais seguro. Fim do episódio.

Star Trek: Enterprise – Terra Nova (Review) | the m0vie blog
Archer vai precisar evacuar toda uma civilização…

O que podemos falar do episódio “Terra Nova”? Em primeiro lugar, esse episódio lembra muito o filme “Máquina do Tempo”, de 1960, estrelado por Rod Taylor e inspirado numa história de H. G. Wells, onde humanos foram obrigados a viver nos subterrâneos. Entretanto, se em “Máquina do Tempo” os humanos foram obrigados a viver nas profundezas em virtude de uma guerra nuclear, em “Terra Nova” os humanos foram obrigados a viver nas profundezas em virtude da queda de um asteróide. Vimos, também, a batata quente que cai no colo de Archer, que precisa estabelecer um contato amistoso com os novans, mas as querelas ancestrais entre os colonos de Terra Nova e as pessoas do planeta Terra tornam essa empreitada muito complicada. Esse foi, também, um episódio que trabalha um tema muito caro a Jornada nas Estrelas, que é a questão do respeito às diferenças. Archer quer salvar os novans da situação complicada em que vivem, onde a radiação contamina e adoece a todos. Mas T’Pol atenta para o fato de que tal intervenção vai obrigar os novans a viver de uma forma que não querem, pois já viviam nos subterrâneos há duas gerações e simplesmente trasladá-los para o planeta Terra e obrigá-los a viver na superfície de um planeta que não conhecem seria uma intervenção muito violenta na cultura e estilo de vida dos novans. Até que ponto Archer teria o direito de, sob o pretexto de salvar os novans da extinção, intervir tão violentamente em sua cultura? Debates de uma época pré-Primeira Diretriz. Essa questão poderia ser bem espinhosa caso os roteiristas não tivessem encontrado uma solução conveniente para o episódio, que foi a não contaminação do hemisfério sul de Terra Nova pela radiação, onde os novans puderam confortavelmente viver.  Mas eu fico imaginando a questão espinhosa entre escolher o respeito à cultura dos novans, o que significaria a destruição de sua espécie, ou salvar essa espécie intervindo à força em sua cultura. Sabemos muito bem quais seriam as opções de Archer e T’Pol. Esse também é um episódio que apela à memória, quando Archer mostra à mãe do líder dos novans, uma foto dela criança com os colonos humanos da Terra Nova de setenta anos atrás.

Dessa forma, “Terra Nova” é um interessante episódio de Jornada nas Estrelas Enterprise, onde a referência a “Máquina do Tempo” torna a coisa muito interessante, além de termos aqui mais uma discussão sobre respeito a outras culturas, mesmo que isso possa significar a extinção destas. Vale a pena a revisita.  

Enterprise - "Terra Nova" Season 1 Episode 6 (8/10) Malcolm Reed | Star  trek enterprise, Dominic keating, Star trek characters
Reed aprende com a diferença…

Batata Séries – Jornada Nas Estrelas Voyager (S01, Ep 04), Fagia. Um Insolúvel Dilema Moral.

Star Trek: Voyager Rewatch: “Phage” | Tor.com
Neelix terá seu pulmão roubado…

Dando sequência às nossas análises de episódios de Jornada nas Estrelas, revisitemos Voyager no quarto episódio da primeira temporada, intitulado Fagia.

Qual é o plot desse episódio? A Voyager se aproxima, por indicação de Neelix, de um planetóide Classe M rico em dilítio. Quando o grupo avançado desce ao planetóide, suas cavernas parecem totalmente naturais aos olhos do grupo, mas na verdade há toda uma construção com uma espécie alienígena. Neelix, em sua busca por dilítio, encontra um dos alienígenas, que o alveja com uma pistola de raios. Chakotay e Kim o levam para a enfermaria e o Doutor, depois de sedá-lo, constata que Neelix não tem mais seus pulmões e morrerá em cerca de uma hora, depois que a oxigenação que o Doutor fez no corpo de Neelix acabar.  A única opção é Neelix ter implantado seu pulmão de volta. Janeway, Tuvok e Kim voltam ao planetóide para isso e descobrem a construção depois de perceberem uma diferença de temperatura nas rochas e desfazer o campo de força com um phaser.

Star Trek: Voyager | Netflix
Kes vai ajudar o Doutor a lidar com uma situação difícil…

O Doutor, usando o padrão de Neelix do teletransporte, cria um pulmão holográfico para mantê-lo vivo, mas em estado vegetativo. Kes, que está na enfermaria, aceita essa intervenção, pois a alternativa é a morte de Neelix. A implementação do pulmão holográfico é um sucesso. Neelix recobra consciência e ele fica sabendo de sua condição. Sua reação é ele zoar o teto da enfermaria e perguntar para o Doutor se ele não sabe cantar (olha só, no quarto episódio da primeira temporada). Mal humorado, o Doutor não responde às brincadeiras. Neelix demonstra ciúmes para com Kes, pois Paris está a apoiando nessa situação drástica. Kes diz que Neelix esta com medo do que está acontecendo e que não é para ele se preocupar.

O grupo avançado descobriu um laboratório e os tricorders mostram que os sinais de dilítio vêm desse laboratório, que tem uma série de órgãos guardados, mas os pulmões de Neelix não estão lá. Janeway descobre que uma forma de vida esteve no laboratório há poucos minutos e o grupo avançado vai atrás dela. Eles encontram o alienígena, que consegue fugir para a sua nave e entrar em dobra. Janeway ordena o teletransporte do grupo avançado e a perseguição à nave em dobra máxima. O alienígena deixou para trás um dispositivo que parece ter a função de extrair órgãos de seres vivos.

Star Trek: Voyager | Netflix
Os vidianos. Argh!!!

Neelix fica muito ansioso por estar preso ao pulmão holográfico e começa a hiperventilar. O Doutor é obrigado a sedá-lo e chama Kes para acalmar o talaxiano. Kes pergunta se o Doutor está bem e ele se mostra incomodado por ser uma unidade médica de emergência que não está preparada para amparar psicologicamente um paciente na condição de Neelix. Kes diz ao Doutor que ele está indo muito bem e que pode aprender, com sua experiência a suprir essa deficiência.

A nave perseguida pela Voyager sai de dobra e entra num asteróide. Janeway decide levar a Voyager também para o interior do asteróide. A nave entra numa grande câmara dentro do asteróide e eles veem várias imagens da Voyager e da nave alienígena, que são uma espécie de reflexão das naves originais. As naceles de dobra da Voyager passaram a ter a sua energia drenada pela câmara. Kim acha as coordenadas e Janeway manda dar um tiro de phaser enfraquecido nessas coordenadas somente para identificar a nave alienígena e não provocar danos na Voyager caso o phaser ricocheteie e atinja a nave. Eles acham a nave com dois sinais de vida e Janeway ordena que se trave o teletransporte neles. Eles são os vidianos, que precisam roubar órgãos de outras espécies, já que são atacados por microorganismos que consomem seus corpos. Janeway pede o pulmão de Neelix de volta, mas ele já foi enxertado em um dos vidianos. Os vidianos falam que a capitã não pode entender a situação, pois os vidianos eram um povo educador e amante das artes e teve que tomar atitudes tão deploráveis para poder sobreviver. Janeway diz que, agora está numa escolha muito difícil, pois não sabe como vai escolher entre a vida de Neelix ou do vidiano, pois isso é deplorável na cultura dela. Ela, inclusive, por estar muito longe da Terra, nem pode prendê-los e levar a julgamento. Assim, ela só tem uma alternativa, que é deixar os vidianos irem embora. Mas, caso eles voltem para roubar órgãos, ela vai responder enérgica e mortalmente. O vidiano que está com o pulmão de Neelix, diz que quer ver o talaxiano, pois a medicina dos vidianos é muito avançada e pode fazer algo. Janeway concorda. Os vidianos percebem que um pulmão pode ser doado para Neelix com todas as adaptações necessárias que eles sabem fazer. Kes se oferece para a doação. A operação é um sucesso e o episódio termina com o Doutor dizendo a Kes, ainda no leito da enfermaria, que ele conseguiu a autorização de Janeway para treinar a moça como assistente de enfermaria. A ocampa agradece ao Doutor e o Doutor agradece a ela, pois a moça o fez pensar em muitas coisas. Fim do episódio.

Watch Star Trek: Voyager Season 1 Episode 5: Phage - Full show on Paramount  Plus
Belo episódio de construção de personagens…

O que podemos falar do episódio “Fagia”? Em primeiro lugar, temos um excelente episódio aqui. Devo confessar uma coisa: sempre gostei muito do Neelix. Apesar de muitas pessoas acharem que o talaxiano é um chato, ele tem um espírito altamente altruísta e, na minha modesta opinião, ele é o personagem que encarna com mais perfeição os ideais utópicos da Federação, pois sempre está às ordens para ajudar a todos. E aí, vemos Neelix preso numa cama de enfermaria e isso pode acontecer para o resto da vida. É Jornada nas Estrelas trabalhando, mais uma vez por metáforas, questões da vida real, pois sabemos da existência de pacientes em estados vegetativos e fica a questão de se praticar ou não a eutanásia neles. No caso de Neelix, ele desejou a sua morte ao invés de ficar num estado vegetativo. E o Doutor, um holograma com uma multiplicidade de programas médicos, não sabia como tratar de forma mais humana um paciente nessa situação. O toque para isso veio justamente com Kes, que ajuda o Doutor a lidar com essa situação e, consequentemente, ele quer a Ocampa por perto, para ser a sua assistente na enfermaria. Ou seja, foi um baita dum episódio de construção desses três personagens (Neelix, o Doutor e Kes). Hoje, sabendo o que aconteceu com a personagem Ocampa na série, a gente lamenta muito que Kes não tenha dado certo na série depois que vemos um episódio tão bem escrito como esse.

Mas o episódio foi além. A introdução dos vidianos na série trouxe junto um pesado dilema moral que é a reflexão principal do episódio. Tidos como uma civilização amante da educação e das artes, a bactéria que destrói o corpo dos vidianos os mergulhou numa barbárie imperdoável na luta pela sobrevivência, que é roubar órgãos de outros seres para garantir a manutenção de seus corpos. Janeway entende a situação dolorosa dos vidianos e lamenta profundamente o que aconteceu com eles, mas não dá para perdoar a atitude de destruir a vida de um ser vivo para salvar a de outro. E a força das circunstâncias a obrigou a fazer escolha semelhante, o que a deixou profundamente revoltada com a espécie vidiana, a ponto dela ameaçá-los de morte caso se deparasse com eles de novo. È a distopia dando o ar de sua graça em Voyager já no seu quarto episódio. A situação é tão dramática e sem solução aparente que até o vidiano que recebeu o corpo de Neelix aceita a pena de morte caso seja a solução da querela. Só que isso não alivia a complexidade da questão, não havendo uma saída que não provoque dor. Qualquer que seja a opção para tentar resolver o que vemos vai provocar alguma dor em algum lugar. Um problema praticamente insolúvel, que foi muito bem pensado antes de ser escrito (foi um episódio escrito por Skye Dent, Brannon Braga e Tim de Haas).

Dessa forma, podemos dizer que “Fagia” é um episódio de excelente qualidade de Jornada nas Estrelas Voyager, pois fez um bom trabalho de construção de três personagens (Neelix, Kes e o Doutor) e ainda levantou uma reflexão de uma questão de ordem moral completamente insolúvel, num dilema que não nos deixa alheios e que mostra Janeway nos primeiros passos para uma distopia na série. Esse episódio merece demais ser revisto, dada a sua grande qualidade.  

Watch Star Trek: Voyager Season 1 Episode 5: Phage - Full show on Paramount  Plus
Janeway vai ficar danada da vida com os vidianos…
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